Por David da Costa Coelho
Uma das frases mais famosas que li em um livro referia-se a uma conversa entre um pai intelectual e um filho se graduando para o vestibular, o rapaz lhe pergunta:
- Pai, qual o seu maior medo?
- Eu tenho medo dos idiotas, porque eles não sabem nada do mundo, e nem mesmo que são idiotas, e pra piorar, ainda tem direito a voto e elegem todos os políticos, inclusive o presidente...
Os anos passaram e a coisa não mudou praticamente nada, porque a sociedade baseada na pirâmide de ricos e pobres, em que os ricos são eleitos a todos os cargos públicos, e ainda destinam por indicação, para os cargos de comissão, os seus apaniguados e colaboradores fiéis. Nesse meio tempo, li mais de 200 críticas contra a reeleição do deputado e palhaço televisivo [1]Tiririca, nordestino, e um dos campeões de votos daquele ente da federação. Confesso a vocês nobres leitores, que se eu fosse eleitor de SP, com certeza teria dado meu voto ao ilustre parlamentar e palhaço porque o senso de humor da elite paulista é mórbido, elitista, e poucos se permitem críticas quanto a candidatos notoriamente ruins e corruptos, ou incompetentes, pois – reelegeram o Geraldo Alckmin 1º turno, e o José Serra para senador, o personagem que é estrela do livro a PRIVATARIA TUCANA e outros campeões de audiência, inclusive o escândalo do metrô paulista – e nesse caso, precisamos de um palhaço de verdade no congresso, cheio de homens ricos, defendendo coisas completamente malucas, deixo a vocês a pesquisa na net porque se não o texto vira um livro. Ao menos esse foi assíduo, e apresentou propostas ao seu público alvo, pois assim se divide esse conto de fadas mentiroso que se chama democracia liberal.
Os próprios gregos, que idealizaram tal coisa, não só foram extintos e dominados por outros povos, como em seu território jamais tiveram união, somente por um tempo para lutar contra os persas, e no final para se destruírem em guerras de cidades estados, sendo dominados pelos macedônios, e depois pelos romanos; hoje, milênios depois, foram tomados de assalto pelo [2]neoliberalismo e suas políticas vampiras, aquelas mesmas que assolaram a América Latina nos anos 90, capitaneadas por políticos que além de serem ricos, ficaram bilionários, dando a preço módico o patrimônio brasileiro construído ao custo de muita dor, sofrimento e sangue, para as elites nacionais e internacionais.
Um dos maiores escândalos de corrupção da história, mas como a nossa imprensa oficial e corrupta pertence à mesma classe social, e as rádios e tevês públicas também foram dadas a estes senhores, dificilmente o povo leigo descrito pelo pai em questão; jamais pôde se manifestar, ou melhor, pôde sim, ao reeleger os canalhas que os roubam e manipulam, e ao final os chamam de burros quando se revoltam e não escolhem quem eles querem. E pra que isso não volte a ocorrer, eles tentam há décadas outra invenção grega, usada para dar um perfil mais elitista à democracia, chama-se voto censitário, coisa que ocorreu no Brasil império:
"- o direito do voto somente às pessoas do sexo masculino que tinham renda mínima de 100 mil-réis instituída pela Constituição Imperial em 1824 (séc. XIX), ou seja, somente os homens ricos tinha o direito de votar. Era negado o direito de voto aos pobres, às mulheres, tutelados, presos, condenados, criados e escravos.”
Hoje, muitos desses deputados e senadores que foram eleitos, - além de seus eleitores ricos ou abastados - defendem que uma corrente da população brasileira, os clássicos excluídos e que agora se beneficiam das políticas públicas do governo petista, que recebem algum tipo de bolsa, deixem de votar porque são apenas vampiros do estado, e como tal; sempre defenderá nas eleições o pescoço que os alimenta. Claro que não falam nada dos benefícios que a elite dá as empresas particulares, e que mais tarde se reverte em verba para campanha deles, uma espécie de bolsa rico pra eleição de seus defensores e apoiadores; agora já imaginou se milhões de pobres pedirem na net que político financiado por empresa rica perca o direito de concorrer à eleição porque é algo desigual também?
Como eles só defendem-se em causa própria – natural porque são a elite da elite – a eleição em primeiro turno, em que Dilma e Aécio estão no páreo do segundo turno para presidir o Brasil a partir de 2015, e o apoio a atual presidente vem das classes menos abastadas e ‘desinformadas’, ficou novamente claro o racismo que se vê em jogos de futebol, nas ações da polícia contra pobre, preto e favelado, nos tais rolezinhos nos shoppings das grandes cidades, e o extermínio de pobres viciados em maconha, cocaína e crack, lembrando aqui que neste exato momento, se fores a uma praia carioca famosa como Ipanema, ira ver centenas de jovens ou adultos de classe média ou ricos, fumando e cheirando tranquilamente...
Mas com eles nada acontece porque o policial jamais vai descer da viatura e prender os meliantes porque vão enfrentar seus superiores, sendo presos por abuso de autoridade, jogados no serviço interno, ou pior, transferidos para os confins do estado porque mexeram com quem manda e pode tudo. Assim, os policiais que precisam fazer seu nome ou o próprio serviço, tem um mundo de favelas e subúrbios de gente pobre e desqualificada para descer o sarrafo ou matar o público alvo, e mais tarde registrar a morte como auto de infração, em que nada ocorre por exterminar pobre, preto e favelado.
Não bastando isso, ainda existem aqueles programas de exaltação do crime e da violência, onde os apresentadores são uma espécie de animadores do crime e apoio ao estado policialesco e covarde – contra os pobres é claro – afinal os donos das emissoras, que os pagam tão bem para a função, são os mesmos descritos no iniciado. Não sou vidente, apenas um escritor de contos, textos diversos e muitas outras bobagens, mas aposto 1 real contra 1 centavo que Dilma vencerá a eleição, e não porque ela seja pior ou melhor que Aécio, e sim porque o partido do presidenciável mineiro fez o que só um idiota faz; deixar o ilustre príncipe da privataria FHC, abrir a boca no momento errado, no dia seguinte após a eleição, e dizer que milhões de pessoas que não votaram em Aécio são burros.
Bom, os burros às vezes se revoltam, e ao que parece, continuarão sendo burros e dará a vitória a Dilma, e ao Lula em 2018... Quanto ao voto censitário, eu concordo com ele, mas de outra forma, sou contra o voto obrigatório, isso é um crime num estado que se diz democrático, já que mais de 20 milhões de pessoas não votaram no primeiro turno, e acredito que no segundo, talvez fique na metade disso. Mas se ainda assim não for possível acabar com isso... Acredito que rico não deveria mais votar, afinal eles continuarão sendo eleitos pelo populacho; só deveria votar quem ganha até três salários mínimos, afinal, já esta na hora dos pobres terem vez... Ou não...
[1] Após o encerramento da apuração das urnas, milhares de mensagens racistas se espalharam pelas redes sociais, culpando o Nordeste pelos possíveis resultados ruins do Brasil nas urnas. Imediatamente o deputado Tiririca se pronunciou: “Eu que fui um dos mais votados em São Paulo e eles estão chamando os nordestinos de burro. São uns abestados mesmo!”.
[2] Segundo Anderson (2000) em Balanço do Neoliberalismo, este é um fenômeno distinto do liberalismo clássico do século passado. Nasceu logo depois da Segunda Guerra Mundial, na Europa e na América do Norte, veementemente contra o estado intervencionista e do bem estar social. Seu texto de origem é O Caminho da Servidão, de Friedrich Hayeck, escrito já em 1944. Trata-se de um ataque apaixonado contra qualquer limitação dos mecanismos de mercado por parte do Estado, denunciados como ameaça letal à liberdade, não somente econômica, mas também política. Sua pregação tem por fundamento a desigualdade como valor positivo e imprescindível às sociedades ocidentais. O remédio recomendado foi: manter um Estado forte, em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle dos recursos públicos, realizando gastos sociais cada vez menores e transferindo recursos para a sociabilidade do capital. A meta suprema de todo governo deveria ser: disciplina orçamentária, contenção dos gastos com bem estar social, restauração da taxa natural de desemprego, ou seja, criação de um exército de reserva de trabalhadores para quebrar o poder dos sindicatos. O objetivo primeiro era restaurar uma nova e saudável desigualdade social (exclusão da maioria dos benefícios sociais de forma planejada). O neoliberalismo tem no mercado o seu princípio fundador, unificador e autorregulador da sociedade.