POR DAVID DA COSTA COELHO
Quando eu era adolescente, nós morávamos em uma casa alugada que era de uma parenta minha, e como ela tinha outra casa para alugar, um dia veio um senhor com varias esposas e filhos e perguntou se a casa para alugar era grande e se ele podia dar uma olhada, já que estava interessado devido à localização. Ele olhou e acabou ficando. Ele tinha oito esposas e vinte e três filhos. Com o tempo aprendi o nome de todas elas e de alguns dos filhos porque nessa época eu tinha que trabalhar e ajudar no sustento de meus irmãos. O que estranho hoje não é a questão dele ter oito esposas, e sim que ele não era afeiçoado a uma religião especifica que lhe desse direito a tantas mulheres, a exemplo do [1]islamismo, ele tinha uma forma de ver o mundo que hoje chamaríamos de progressista; ao menos no que tange a visão masculina da poligamia, infelizmente para suas esposas não havia na época as benesses da [2]lei nos dias atuais que dariam direitos iguais a todos os filhos e filhas.
Entretanto, com o advento das uniões civis com pessoas do mesmo [3]sexo, o que se vê atualmente em vários cartórios do Brasil é a busca por direitos civis que só uma união juridicamente perfeita pode dar ao casal, concedendo pensão, herança, adoção e tudo o mais que tange a união entre pessoas regidas pela lei. Mas há também aquelas pessoas que desfrutam de relacionamentos fora do consenso preestabelecido pelas religiões monogâmicas. Não a nos dias de hoje motivo algum para que uma pessoa que se relaciona com mais de uma pessoa, que sabem de si e se respeitam nesse relacionamento, não faça uma união estável em cartório. A lei tem a função de ditar normas à sociedade, assim sendo, se há leis, devemos seguir as mesmas, e se elas cabem dupla interpretação, que um advogado resolva a questão, mas se ela não existe, então não há porque se proibir o casamento poligâmico, ou androgâmico porque nada há em contrário; em resumo, se não existe nada contra, então esta liberado...
Evidente que numa sociedade hipócrita e cheia de religiosos de origem cristas, das várias facções que esta religião se divide após a reforma protestante, muitos deles, principalmente pastores fundamentalistas ou padres hipócritas, tendo em vista o histórico de maldades da [4]ICAR pelo mundo, bem como de protestantes, não haveria espaço para estes ‘moralistas’ se posicionarem contra esse tipo de união; uma utopia em se tratando de cristãos porque aqui no ocidente, se você disser que não é cristão ou que não acredita em deus, você se torna pior do que um leproso, ou um ateu, esse ser do mal...
Lembrando aqui que você é um ateu se acredita apenas na sua religião e descrimina todas as demais, ou seja, é um ateu religioso hipócrita. O agnóstico é o verdadeiro religioso porque acredita em todas, mas não segue nenhuma. E em se tratando de ateus e agnósticos, e algumas religiões reencarnacionistas, a minha entre elas, não estamos nem aí se você é gay, lésbica, poligâmico, androgâmico, ou o que desejar com outro ser humano, e sim que você seja o que nasceu para ser, pois é isso que nos importa; case ou não com quem quiser e seja feliz.
Já o cristão, católico ou protestante, esse não fica satisfeito em ter o seu conto de fada religioso só para si, ele quer que todos ao seu redor sigam as palavras santas daquele livro que ele acredita, mas que não sabe ler, e seu leu, só retira dali à parte que quer te empurrar como tabua de salvação. Assim sendo, é evidente que vai meter o pau em uniões homoafetivas, poligamia ou androgamia porque a sua bíblia diz o contrário. Outro conto de fadas porque a bíblia, lido ao pé da letra, é um livro de pedofilia, incesto, guerra, preconceito, racismo, e mil e um atributos que não cabe aqui...
Assim sendo, os religiosos destas facções partem para o ataque contra essas pessoas que se insurgem contra uma forma autoritária do estado gerenciar a vida de pessoas adultas, que pagam seus impostos mesmo a contra gosto porque se não vão presas por sonegação, contudo se você for político - principalmente do PSDB, aí você escapa porque esse partido é intocável pela lei - mas se for petista está lascado porque entra no quesito acima de ateu e leproso; salvo essas exceções, o cidadão comum não escapa ao crivo religioso. Mas e a pessoa que decidiu partir para essa premissa? Ela tem o direito de deixar de viver sua vida de forma legal só porque um religioso imbecil e fanático lhe diz que isso é contra a forma dele de ver o mundo?
Como dito, quando eu era adolescente tive que ralar muito para prover minha família, hoje ainda ralo em escolas de prefeituras, com salário de professor para prover meu filho e esposa, e em nenhum momento vi nenhuma dessas pessoas religiosas que metem o pau na vida alheia, dizendo em que deus tu deve acreditar, qual comida deves comer, ou com quem deve ou não introduzir seu pênis, vagina ou ânus, dar um centavo para cuidar de ninguém a quem eles impuseram suas verdades fascistas. Eu acredito e defendo a liberdade sexual de qualquer pessoa adulta e cumpridora de suas obrigações, e se esse é o momento de ver mais uma mudança de paradigma social religioso, em que as pessoas poderão assumir legalmente suas relações afetivas, seja como uma ou várias, que venham os casamentos homoafetivos, poligâmicos ou androgâmicos porque só se vive uma vez em cada reencarnação...
[1] O Islam é criticado por permitir a poligamia porque a cultura popular no Ocidente vê a poligamia como uma prática relativamente atrasada e empobrecedora. Para muitos cristãos, é uma licença para promiscuidade e feministas a consideram uma violação dos direitos das mulheres e humilhante para as mulheres. Um ponto crucial que precisa ser entendido é que para os muçulmanos os padrões de moralidade não são estabelecidos pelo pensamento ocidental predominante, mas por revelação divina. Deve-se ter em mente alguns fatos simples antes de falar de poligamia no Islã. - O Islam Não Iniciou a Poligamia - O Islã não introduziu a poligamia. Entre todas as nações orientais da antiguidade a poligamia era uma instituição reconhecida. Entre os hindus a poligamia prevaleceu desde os tempos antigos. Não havia, como entre os antigos babilônios, assírios e persas, restrição em relação ao número de esposas que um homem podia ter. Embora Grécia e Roma não fossem sociedades poligâmicas, a concubinagem era a norma[1]. O Islã regulou a poligamia ao limitar o número de esposas e trazer responsabilidade à sua prática. De fato, de acordo com David Murray, um antropólogo, historicamente a poligamia é mais comum que a monogamia.[2] A Poligamia Praticada pelos Profetas de Deus: Os grandes patriarcas hebreus igualmente reverenciados pelo Judaísmo, Cristianismo e Islã – Abraão, Moisés, Jacó, Davi e Salomão, para mencionar uns poucos –foram polígamos. De acordo com a Bíblia: Abraão teve três esposas (Gênesis 16:1, 16:3, 25:1); Moisés teve duas esposas ((Êxodo 2:21, 18:1-6; Números 12:1); Jacó teve quatro esposas (Gênesis 29:23, 29:28, 30:4, 30:9); Davi teve pelo menos 18 esposas (1 Samuel 18:27, 25:39-44; 2 Samuel 3:3, 3:4-5, 5:13, 12:7-8, 12:24, 16:21-23); Salomão teve 700 esposas (1 Reis 11:3).[3]
[2] Em agosto de 2012, na cidade de Tupã, Estado de SP, foi reconhecida uma União Poliafetiva em Cartório Extrajudicial, via escritura pública: um homem unido estavelmente a duas mulheres, com todos os direitos da união estável (certidões, facilitação da conversão em casamento, repartição de bens, reconhecimento da união como entidade familiar para fins de adoção, etc). Os Cartórios Extrajudiciais, a teor do art. 236, CF, são conduzidos por concursados em caráter privado, mas por delegação do poder público, e estão submetidos ao TJ de cada Estado-membro, que os controla mais de perto por meio de suas Corregedorias. A questão da União Poliafetiva é interessante, pois o mundo moderno avança como uma locomotiva sem freios. O STF acaba de julgar inconstitucional o art. 1723, do Código Civil, que vedava a união estável entre pessoas do mesmo sexo (ADPF nº 132-RJ – j. Em 05.05.11). O STJ seguiu o mesmo entendimento (RESP nº 1.183.378 – j. Em 25.10.11). Hoje, 2 pessoas do mesmo sexo podem se unir sem discriminação. E já há juízes de 1ª instância deferindo a conversão em casamento, como reza o § 3º, do art. 226, CF. Falta agora, portanto, aos Tribunais, dar o "pulo" para o plural. União Poliafetiva é o mesmo que "poliamorismo". "Poliamorismo"é um neologismo simpático que não consta de nossos dicionários. É o amor entre 3 ou mais pessoas. Ora, se 2 pessoas do mesmo sexo podem constituir família, lá vem a lógica inquirir: qual seria o impedimento para que 3 pessoas também não o pudessem? Indecência? Nossa CF, no art. 226, §§ 3º e 4º, utiliza as expressões "homem e mulher", e não "1 homem" e "1 mulher" e, ainda, a expressão "qualquer dos pais". A família múltipla, ou "família plural", portanto, constitui-se por laços de afetividade, e não merece nem mais nem menos discriminação do que os homossexuais ou heterossexuais. Os leitores mais antigos, nascidos na década de 60, como eu, lembrar-se-ão de "Dona Flor e seus Dois Maridos", de Jorge Amado, publicado em 1966. Hoje, cremos que a sociedade aceita bem melhor este tipo de união do que à época. Talvez aceite melhor a união da cidade de Tupã acima, entre um homem e 2 mulheres, e não de uma mulher e 2 homens, mas não sei. Há países em que a União Poliafetiva é aceita há muito tempo, e há países em que é realidade há pouco tempo. O certo é que a União Poliafetiva não é criação nova do Brasil para o planeta. Há mais homens com duas mulheres do que o avesso. Bem, mas coisas podem se complicar um pouco. Falamos até agora em triângulos amorosos. E os "quadrados amorosos"?! E uma união entre 2 homens e 3 mulheres?! Daqui a alguns anos, cremos que não mais será possível contermos as formas de amar e de se unir dos seres humanos. A família patriarcal machista e econômica ficou (ou vai ficar totalmente) no passado. As pessoas são iguais. Homens e mulheres são iguais. Amam-se igualmente. A sexualidade e o amor, pois, são cláusulas pétreas. O heterossexualismo, o homossexualismo, o transexualismo e o poliamorismo, ademais de outras variações de sexualidade e formas de afeto e união, em igual peso, são protegidos, na exata e na mesma medida, pela lei das leis que é a Constituição Federal Brasileira. A CF não é preta nem branca. Abarca todas as cores, porque essa é a intenção de seu Título I. A fraternidade é um princípio que diz respeito à sociedade amiga e tolerante. “Liberdade, Igualdade e Fraternidade” eram os vetores axiológicos da Revolução Francesa. E, tanto na Declaração de Direitos Humanos de 1789 quanto na Declaração de 1948 (ONU), o lema se repete.
http://antoniopires.jusbrasil.com.br/artigos/121940655/uniao-poliafetiva
[3]http://brasil.estadao.com.br/noticias/rio-de-janeiro,rio-registra-primeira-uniao-estavel-entre-3-mulheres,1781538
[4] Prefácio: Há cerca de 2000 anos, nascia na Galiléia um fundador de seita, que acabaria crucificado uns trinta anos mais tarde. Algumas de suas últimas palavras na cruz foram “Dêem-me de beber”. E só. A seita que ele tinha fundado tornar-se-ia, com o passar dos anos, a maior de todos os tempos. Ela tomará o poder político dentro do Império Romano, abolirá a liberdade de religião, depois ajuntará montanhas de cadáveres: os seus membros massacrarão milhões de “infiéis”, “hereges”, “feiticeiras” e outros, depois se matarão entre eles próprios, levando a Europa às guerras mais ferozes que ela conheceu. Um passado destes poderia incitar à modéstia, mas os cristãos reivindicam, pelo contrário, o monopólio da ética. Proclamam que adoram o Deus único, que deus é “amor”, e se consideram melhores que o resto da humanidade. http://oportaldoinfinito.blogspot.com.br/2009/05/os-crimes-da-igreja-catolica.html