POR DAVID DA COSTA COELHO
Após se vingar da morte de seus pais, Daniel aquietou sua mente e voltou a lecionar, contudo, ele não era mais a mesma pessoa, afinal agora era de fato um [1]assassino; mas como não tinha mais ninguém para matar, o tédio o deixava irritado. Pensou muitas vezes em sair à noite e matar pessoas inúteis e que nada acrescentavam a sociedade, como os milhares de políticos que existiam aqui mesmo no Rio de Janeiro.
Mas isso não acrescentaria nada porque político corrupto e bandido de morro, ou de colarinho branco, ele precisaria de um milhão de vidas e ainda assim não exterminaria todos. Era realmente necessário um desafio digno de seu intelecto, algo tão espetacular que ficasse para história, mas o que seria?
Voltando para casa após lecionar, em sua frente seguia um carro forte, e aquilo lhe deu um estalo, o que seria mais impactante que roubar um carro forte? Não que ele precisasse de dinheiro, afinal sua família lhe deixou os bens e vários seguros que recebeu. Não, ele queria o desafio.
Voltou à escola onde fez o curso de vigilante e fez mais inúmeros cursos extensivos, inclusive o de carro forte. Ao ver seu diploma de curso superior e todos os demais cursos que tinha, a empresa onde ele estudava quis que ele trabalhasse ali como instrutor, mas Daniel recusou porque só queria saber como funcionava a vida de um vigilante de carro forte, bem como para aonde ia o dinheiro nos fins de semana, ou início de mês ao fazer pagamentos.
Tirou uma licença prêmio da escola e decidiu trabalhar por esse período numa empresa de carro forte. O trabalho era tenso, pois os vigilantes viviam com o coração na mão sabendo que não tinham como escapar sem matar ou ferir alguém, ou se o próprio colega decidisse praticar um roubo.
Por isso as grandes empresas de carro forte só contratavam pessoas com família e um currículo a altura da tarefa. Daniel foi indicado pelo dono do curso, e graças a isto ele pode conhecer todos os bancos e agências e lojas onde o seu veículo levava valores.
Após seis meses ele pediu demissão do emprego com a desculpa de cuidar de uma tia doente em outro estado. A empresa o dispensou, mas deixou as portas abertas para sua volta porque foi um excelente profissional, nunca chegou atrasado, faltou ou deixou de fazer dobra quando pediram...
De posse da rotina e armamentos de suas futuras vítimas, era hora de escolher o local, bem como a logística. Seu alvo foi um carro que levava dinheiro para uma cidade no pé da serra, chamava-se Friburgo, mas antes seguia uma longa rota, passando por matas isoladas. Era um carro muito bem guardado, inclusive com um carro de escolta, ou seja, a dificuldade era tudo que fazia sua mente se excitar. Levava 100 milhões de reais para os bancos fazerem os pagamentos de pensões...
Com esse alvo, era preciso agora os detalhes do plano, Daniel voltou ao Paraguai e comprou quatro [2]bloqueadores de celular e rádio, do modelo melhor e mais caro que existia, capaz de criar uma zona morta de vários quilômetros quadrados, o que resolvia seu primeiro problema, impedir a comunicação dos carros após chegar ao local em que ele demarcou o perímetro de ataque.
Retornando ao Brasil, ele foi atrás de um grupo de criminosos, mas em hipótese alguma poderiam saber quem ele era, assim ele se disfarçou e iniciou conversas com viciados em drogas que compravam numa boca. Eram homens na casa dos 40. Ele passou a comprar também e conversava com eles sobre a vida e o sonho de sair da pobreza, e que tinha planos, mas precisava de uns chegados dispostos a ficar ricos, ou morrer tentando...
Usando peruca, nariz falso, maquiagem para olheiras, tatuagens removíveis pelo corpo, nem sua mãe o reconheceria, além de modular sua voz para um sotaque paulista; graças a isto ele foi adotado pelos caras, principalmente porque ele dava boa parte da cocaína comprada para eles, o resto guardava para um dia mais apropriado. Em menos de um mês os rapazes estavam aliciados e interessados no plano de roubar um carro forte.
Daniel os fez decorar o plano. E que no dia específico, os 8 parceiros estariam juntos num golpe que entraria para história, e a fuga seria mais espetacular ainda porque iriam de avião estacionado em uma fazenda próxima até maricá, e dali de barco para onde quisessem, já que após a notícia do roubo, as vias de acesso por estradas estariam cheias de blitz da polícia militar e federal atrás dos bandidos e da grana, e muitos deles mais interessados no dinheiro...
Com o plano montado era a hora da segunda parte. Daniel comprou dois caminhões velhos em nome dos sócios e treinou com eles cada detalhe do plano e o papel específico dos meliantes, onde e quando a abordagem seria feita, e a rota da estrada. Repetiram a viagem por vários dias e se comunicavam por sinal de luz, pois sabiam que nesse dia não haveria nem rádio ou celular.
A segunda parte do treino foi lhes dar pistolas e treinar seu grupo nas técnicas de tiro. Todos portavam coletes à prova de balas, mas o de Daniel era especial, pois era de porcelana, o que superava os coletes de kevlar que deu aos parceiros. Treinou-os também em tudo que aprendeu nos cursos, deixando-os preparados para entender e reagir à altura.
Daniel era tratado como cabeça porque realmente era o cabeça em todos os sentidos. Mas eles jamais chamariam o chefe assim se soubessem o que realmente estava por vir.
De madrugada os caminhões começaram a seguir seu percurso, seguidos por Daniel e outro parceiro mais confiável, que ia dirigindo o carro possante com motor envenenado e outro que vinha atrás. Era madrugada e a névoa cobria a pista. Tão logo o carro dele emparelhou com a escolta, um sinal de rádio deu a ordem e do carro de Daniel os bloqueadores potentes foram acionados.
Sem comunicação e sem saber o que os aguardava, tiros de pistola com silenciador e balas de [3]tungstênio vazaram o carro de escolta que ia atrás e eles saíram da pista, todos mortos porque Daniel só atirava para matar. Um caminhão à frente do carro forte reduziu bruscamente a marcha e este teve que frear para não bater, impedindo o de mudar de pista porque a mesma era dupla.
Outro que vinha atrás lhe deu uma pancada lateral e ele saiu da pista, rolando vários metros abaixo. De imediato Daniel e seu comparsa ficaram no carro dando cobertura de fuzil, e os outros se aproximaram cuidadosamente do veículo, ele estava tombado de lado. Embora tenha rolado bastante, ainda havia seguranças vivos.
Eles apontaram armas pela janela, mas só podiam atirar para o céu. Daniel não estava com paciência de esperar de seu carro, pegou um [4]lança míssil e disparou para o carro forte, na parte da frente, pois sabia seu efeito e onde estava o dinheiro.
A explosão frontal penetrou o casco, matando seus ocupantes. Rapidamente eles explodiram as portas dos veículos e o cofre, enquanto carros passavam e olhavam, mas temiam parar ao ver homens de máscaras, armados de pistola e fuzil.
Eles entram, pegam os malotes e ao sair jogam coquetéis [5]molotov dentro do carro forte e voltam para seus carros com os malotes. Deram a volta e seguiram para o lugar onde estava marcado o ponto de encontro.
Todos eufóricos, mas com medo porque essa era a parte mais perigosa do plano. Pararam os caminhões numa estrada de chão isolada e atearam fogo nas cabines. O dinheiro foi para o carro de Daniel, e os outros seguiram no segundo carro.
Finalmente chegam ao sítio onde estava o pequeno avião que Daniel havia adquirido com nome e brevê de um piloto paraguaio. Eles colocam os bloqueadores e tudo o mais no avião e partem para Maricá, voando baixo para evitar radar. Antes das 7 da manhã eles pousam no local combinado e parte para a casa alugada em outro carro que o último comparsa os aguardava, uma Van.
Na casa alugada eles ainda estão eufóricos, mas sabem que agora precisam de calma para cada um sair com sua parte do dinheiro porque policiais estariam de olho, e no mínimo teriam que esperar umas duas semanas na casa preparada para isso. Foram bem instruídos nesse sentido anterior ao golpe...
Ainda portando suas armas e coletes, eles olham para Daniel, felizes como se ele fosse cristo porque o plano foi melhor que filme de cinema. Na mesa há comida, bebida e cocaína para todos, mas eles querem ver o dinheiro no quarto, jogar notas para o alto, e o chefe deixa.
Daniel cheirou a droga também, mas não havia droga em seus tubos, apenas talco. Depois de comemorarem o roubo do século, tiram aquelas roupas, depois comeram e beberam ouvindo música, e ligaram a tevê, e nela o ato nefasto estava em todos os jornais e internet, principalmente os guardas mortos e o roubo de 150 milhões de reais, mais Daniel sabia que eram apenas cem, então alguém da seguradora estava roubando o roubo deles...
Os homens comiam e bebiam armados, pois temiam que algo pudesse dar errado, e daria. Daniel se levantou para ir ao banheiro, e ao voltar para a mesa, trazia sua pistola com silenciador engatilhada, e como um robô, ele dispara rapidamente e mata todos seus comparsas com tiro na cabeça e nos olhos. Os oito homens ainda tentaram revidar, mas suas balas eram de festim. O som do rádio alto tocando Funk encobriu os disparos deles.
A mesa e a sala viraram um mar de sangue. Mas Daniel já tinha seu plano para isso também. A casa tinha uma churrasqueira grande, e era isolada de outras casas. Então ele jogou um a um dentro dela e queimou com gasolina todos eles, até que só restou osso.
As ossadas ele destruiu numa bigorna até ficar pó de osso. Depois retornou com elas à churrasqueira e queimou vários sacos de carvão até fazer um saco grande de cinzas. Depois levou para uma ponte que ligava o mar e a terra e deixou seus parceiros viajarem nas ondas oceânicas. A casa ele limpou com solvente especial que retirava manchas de sangue, afinal, ele viu todas as séries de crimes e limpeza de espionagem; depois a deixou limpa e perfumada, mas estava alugada para ele por um ano...
A Van foi levada para um lugar distante e queimada. E ele voltou no carro que sempre foi dele. O avião ele queimou e desmontou todas as peças. E na volta para casa ele ainda ouvia o rádio e a perseguição implacável que a polícia fazia aos criminosos em toda aquela região. Era uma operação pente fino, e todos eram parados e revistados.
Daniel apenas ria de tudo aquilo porque jamais o pegariam. Nem as cápsulas de balas que ele usou tinham digitais porque foram carregadas com luvas por ele e sua equipe. Os caminhões tinham os números dos chassis raspados e estavam sem nada que o identificasse, além de queimados, assim como os carros. E ele estava muito, mas muito longe da região serrana, afinal, a visão do mar e da praia era mais bonita.
Todo dinheiro que ele gastou no empreendimento ele devolveu para as suas contas, e agora restava saber o que iria fazer com os milhões. Decidiu comprar um sítio num lugar mais reservado e lá escavou uma parte de uma pedreira que estava em seu terreno. Alugou uma escavadeira e fez o buraco. Depois trouxe pedreiros do Rio e fez uma espécie de casamata para guardar ferramentas, e coisas de família. E dentro dessa repartição, colocou um cofre oculto por uma parede falsa. Dentro dela ficou o dinheiro até que ele pudesse resolver como dar sentido a ele, mas sem perigo algum.
Suas férias terminaram e ele voltou a lecionar. Do roubo histórico só havia notícias esporádicas, mas as famílias dos vigilantes mortos não tiveram os direitos que eles precisavam e ele decidiu que era necessário fazer algo nesse sentido. Buscou auxílio de várias ONGS, mas elas não se interessavam por vigilantes mortos.
Foi até a escola onde fez seus cursos e pediu ao dono informações sobre o sindicato e pessoal que apoiava a categoria deles.
- Isso não existe Daniel. Os vigilantes estão divididos em vários sindicatos, e quando morrem, fica difícil o governo pagar o que é de direito. Precisamos unir a categoria, mas acho mais fácil encontrar político honesto...
Depois de ouvir tais palavras do delegado Paulo, que era o dono da escola onde ele se graduou e decidiu que iria abrir uma [6]ONG. Ela se chamaria vigia dos guardiões. Mas como a burocracia para isso era grande demais, ele foi atrás de pessoas que tinham ONG, mas sem grana para nada. Conversando nos bastidores com os donos, ele conseguiu através de muito dinheiro se tornar presidente de uma, e colocou colegas professores como secretários.
O tesoureiro seria outro colega, um amigo do pai, já bem idoso, mas com uma mente brilhante e um grande advogado tributarista, que durante anos, ensinou seus amigos ricos e poderosos a [7]lavar dinheiro de forma legal...
Assim, de uma hora para outra ele conseguiu que várias escolas de formação de vigilantes fossem parceiras da ONG, oferecendo a elas o dinheiro da reciclagem dos vigilantes que fizessem parte dos amigos da Associação que ele presidia, e graças a isto ela começou a receber quantias pequenas dele mesmo para esse fim, e uma contribuição módica de 1 real mensal de cada vigilante filiado, mas que poderiam fazer cursos de reciclagem e aperfeiçoamentos pagos pela entidade.
Graças a isso, ele iniciou com uma média de 10 mil reais por mês, no primeiro ano, e com esse dinheiro ele ajudava as famílias dos vigilantes mortos em serviços, e oferecia também trabalhos jurídicos. No ano seguinte ele dobrava a quantia, e com o tempo, sua ONG crescerá e organizará mais sindicatos, e ao longo dos anos ele foi esvaziando seu cofre, afinal dinheiro só é bom quando usado para o bem...
[1] Em sua casa ele tinha imprimido inúmeras fotos do juiz e do deputado que estavam no carro, e a única coisa que o nutria nesses dias era o ódio àquelas pessoas. O pensamento de matá-los, vê-los comidos por vermes no cemitério o devorava, já havia até comprado uma arma ilegal através de um amigo que morava numa favela. Contudo, ele não queria ser preso, a exemplo dos policiais que tinham matado uma juíza anos antes no RJ. Eles foram pegos pelo sistema de câmeras e depois por conversas de celular, em resumo, deixaram pistas...
[2] Os bloqueadores de sinal são equipamentos que “poluem” determinadas frequências de ondas, fazendo com que os aparelhos que operam nela não funcionem. No caso dos celulares, o bloqueador emite um sinal muito forte, que congestiona toda a frequência e não permite que os aparelhos se comuniquem. “É como se duas estações de rádio tentassem transmitir na mesma frequência. Ninguém conseguiria ouvir nada”, compara Eduardo Tude, presidente do Teleco. Para bloquear os celulares dentro de uma determinada área – uma penitenciária, por exemplo – é preciso montar um sistema com alguns pontos de emissão de sinal. http://idgnow.com.br/mobilidade/2006/05/17/idgnoticia.2006-05-17.9123231186/
[3] O tungstênio é um metal com uma enorme gama de usos, largamente utilizado na forma de carbonetos (W2C, WC). Os carbonetos, devido à elevada dureza, são usados para revestir brocas de perfuração de solos utilizados em mineração, indústria petrolífera e indústrias de construção. O tungstênio é extensivamente usado em filamentos de lâmpadas incandescentes e válvulas eletrônicas e, como eletrodos, porque apresenta um ponto de fusão muito elevado e pode ser transformado em fios muito finos. Compostos de tungstênio são usados como substitutos do chumbo em projéteis balísticos pelo seu poder de resistência e penetração no alvo (balas de armas de fogo).
http://www.quimlab.com.br/guiadoselementos/tungstenio.htm
[4] A robustez, simplicidade, baixo custo e eficácia do RPG-7, tornou-o a mais usada arma antitanque, equipando mais de 40 países, sendo fabricado em uma série de variantes por nove países. É também muito popular entre guerrilheiros e forças irregulares. O RPG tem sido usado em quase todos os conflitos em todos os continentes, desde meados dos anos 1960, a partir da Guerra do Vietnã, até as atuais Guerras no Afeganistão e Iraque.O RPG-29, seu modelo mais avançado, conseguiu penetrar a blindagem de um carro Challenger 2 e de um M1 Abrams, no Iraque.
[5] O coquetel molotov é uma arma química incendiária geralmente utilizada em protestos e guerrilhas urbanas. A sua composição inclui uma mistura líquida inflamável e perigosa ao ser transportada, como petróleo, gasolina, ácido sulfúrico, clorato de potássio, álcool e éter etílico, misturados no interior de uma garrafa de vidro, e pano embebido do mesmo combustível na mistura dum pavio.
[6] SAIBA COMO CAPTAR RECURSOS PARA A SUA ONG
Todas as organizações sem fins lucrativos já fazem de alguma maneira a captação de recursos. No entanto, é preciso adotar um perfil mais empreendedor para esta atividade. A captação de recursos vai muito além de simplesmente pedir dinheiro. Por isso, nos últimos anos, o termo “captação de recursos” vem sendo substituído por “mobilização de recursos”, cujo objetivo principal é otimizar os recursos existentes.
Os recursos podem ser físicos (dinheiro, doações de produtos etc.) e humanos (trabalho voluntário), e, para captá-los ou mobilizá-los de forma eficaz, especialistas do Terceiro Setor (expressão utilizada para identificar as organizações sem fins lucrativos que atuam com finalidade pública de caráter social) recomendam que a execução dessas atividades envolva os seguintes aspectos:
- Análise
- Planejamento
- Pesquisa de fonte de recursos
- Estratégias de captação de recursos
Antes de iniciar qualquer programa mais intenso de captação de recursos, é preciso debater internamente com os líderes da organização qual será a política em relação a esse setor, como será a relação com os financiadores, como serão geridos os recursos e que tipo de prestação de contas dos recursos doados deve ser feita. A captação de recursos, além de financiar o trabalho desenvolvido, promove a ONG. Por isso, a organização é a chave do sucesso de qualquer trabalho. É preciso manter um arquivo, sempre atualizado, com os dados dos doadores, o histórico de suas doações, as formas como a pessoa prefere colaborar etc., como também os dados financeiros da entidade devidamente comprovados.
Dessa maneira, fica mais fácil acompanhar os resultados de cada atividade promovida pela ONG e elaborar os demonstrativos financeiros da entidade. Esse controle servirá também como ponto inicial para fazer uma projeção de orçamento para os próximos anos. Outro fator importante também é divulgar os resultados. Divulgar entre os colaboradores o quanto suas doações contribuíram para que objetivo fosse alcançado. As pessoas precisam de estímulo para contribuir, precisam que seu interesse seja despertado. É importante fazer com que os doadores se sintam como parte integrante e ativa do trabalho e o quanto o seu envolvimento faz a diferença no trabalho da organização. A entidade pode adotar várias estratégias para divulgar esses resultados entre os seus colaboradores, como, por exemplo, informativos, boletins, cartas, eventos comunitários etc.
Em relação à captação de recursos, outro aspecto que requer atenção é a valorização das doações recebidas. Sempre que uma pessoa fizer uma doação é de suma importância agradecer e valorizá-la de acordo com o tamanho e a natureza da doação. Isso aumenta a chance de a pessoa voltar a contribuir com outras doações no futuro. O ideal é enviar uma carta de agradecimento dentro de 24 horas ou no máximo dentro de 72 horas.
Os responsáveis pela ONG também devem doar, nem que a quantia doada seja simbólica, mas os líderes devem servir como exemplo para os demais e, portanto, serem os primeiros a valorizar o trabalho da organização. Alguns líderes alegam que já doam seu tempo e que não seria justo ter que doar dinheiro também. No entanto, é preciso entender que tempo e dinheiro andam juntos.
Ação Social – Análise: Antes de partir diretamente para a captação de recursos, é importante efetuar uma análise da organização para saber se ela está ou não pronta para implementar suas atividades ou um determinado projeto. Nesse processo de análise da organização todo, principalmente o responsável pela captação de recursos, devem saber claramente qual a missão da organização, qual seu público-alvo, como a ONG atua etc. É preciso ter em mente a resposta para a seguinte pergunta quando se iniciar o processo de captação: ?O que moveria uma pessoa a doar para a nossa ONG?
Planejamento: O planejamento é muito importante porque serve como um guia para os envolvidos no trabalho da entidade. A elaboração de um calendário de atividades é essencial na distribuição de tarefas e também permite uma visão geral das principais ações que precisarão ser tomadas para a captação de recursos.
Em síntese, um planejamento com proposta de trabalho deve conter:
- a lista das ações necessárias
- o tempo para cada uma das ações
- os responsáveis para cada ação
- os recursos necessários
Veja aqui algumas dicas de como fazer um bom planejamento com cronograma de atividades
É preciso também avaliar os resultados de cada ação. Assim, será possível verificar os pontos fortes e fracos para serem melhorados num próximo trabalho. Em relação à captação de recursos, esta análise facilita a tomada de decisão por parte dos responsáveis pela ONG, pois estarão cercados de informações. Com as informações nas mãos, é possível saber onde investir menos ou mais dinheiro e o que pode ser cortado.
Uma boa captação de recursos deve buscar fontes diferentes, sem que nenhuma delas represente 60% ou mais das receitas. A ONG não deve depender apenas de uma só fonte para não correr o risco de ter de interromper um projeto ou ter suas atividades prejudicadas pela falta de recursos. É importante ter previamente definido as estratégias que serão empregadas para substitui o doador quando ele deixar de apoiar.
Pesquisa de fonte de recursos - Em relação às fontes de recursos podem ser oriundas de:
- empresas
- fundações
- pessoas
- agências internacionais de financiamento
- instituições locais
- governo
- venda de serviços
- eventos
Pesquisa de Fonte de Recursos - Empresas
As empresas têm como objetivo principal gerar lucro para seus acionistas e, portanto, não cabe a eles o compromisso de divulgar as ações sociais de caráter público. Por isso, ao solicitar algum tipo de ajuda às empresas, é preciso ser bem objetivo e transparente com as informações. O ideal seria que esse tipo de abordagem na captação de recursos perante empresas constasse na política de captação de recursos da ONG para que todos tenham a mesma informação.
Fundações
A grande maioria das fundações é criada pelas próprias empresas para atender às demandas de solicitações que elas recebem todo o ano.
Pessoas
As pessoas precisam ser motivadas a doar. Do ponto de vista do captador de recursos, essa motivação envolve dois pontos: o vínculo que a pessoa tem com a ONG e o interesse dela em ajudar. O vínculo e o interesse ocorrem gradativamente na medida em que o doador vai conhecendo melhor o trabalho e obtendo experiências positivas.
Agências internacionais de financiamento
Existem muitas instituições do hemisfério norte, como por exemplo, Canadá, França e EUA, que apoiam financeiramente organizações filantrópicas em países como o Brasil. Para obter informações, procure pelos consulados ou pelas agências de cada governo no Brasil.
Instituições locais
São consideradas instituições locais: as igrejas, os clubes, os grêmios estudantis, as associações comerciais, as associações de profissionais e outras semelhantes.
Na maioria das vezes, é mais fácil conseguir ajuda de instituições locais devido à proximidade com o local de atuação da entidade. Construir relacionamentos é vital para toda organização não governamental, ainda mais quando a instituição local fica próximo da ONG. Vale ressaltar a importância de sempre reconhecer qualquer tipo de ajuda e apresentar os resultados, isso resulta em experiências positivas para quem doou.
Governo
Ao solicitar algum tipo de ajuda governamental esteja preparado para infinidade de documentos que serão solicitados. Muitos desses documentos já fazem ou deveriam fazer parte da rotina de uma organização não governamental. Por isso, é extremamente importante que a ONG ao longo do exercício de suas atividades mantenha seus arquivos sempre atualizados e organizados. Dentre os documentos que são solicitados (podem variar dependendo do tipo de parceria que a ONG procura) destacam-se:
- Demonstrações Financeiras auditadas (Balanço Patrimonial assinado por um contador devidamente credenciado)
- Documentações da ONG (Ata de fundação, estatuto social, CNPJ, CCM, Certidão negativo de Débito junto á dívida ativa da União, Atestado de Regularidade junto ao FGTS etc.).
- Relação dos membros da diretoria
- Atestado de antecedentes criminais dos membros que fazem parte da diretoria
- Orçamento do exercício atual
- Descritivo das propostas dos programas/projetos
- Relação das famílias e/ou crianças beneficiadas pela ONG (por faixa etária)
Venda de produtos ou serviços
A geração de renda pode vir também com a venda de produtos que muitas vezes a própria ONG pode vir a desenvolver por meio de projetos voltados a, por exemplo, Oficinas de Arte. Muitos talentos podem ser descobertos na comunidade e revertidos em prol dela própria. Trata-se de formas alternativas de produção, as quais não visam o lucro, ou melhor, o excedente é revertido integralmente para a entidade sem fins lucrativos.
Eventos
O planejamento de um evento é uma boa saída para promover o trabalho de uma ONG, captar recursos e integrar as pessoas. É preciso que as pessoas que estão organizando o evento sejam motivadas, entusiasmadas e, principalmente, compromissadas para que o evento seja um sucesso. Todos devem ser envolvidos no evento, desde os líderes até os voluntários.
Esse planejamento deve ser feito com meses de antecedência, a fim de que haja tempo suficiente para preparar uma ampla divulgação, buscar doações, organizar a programação etc.
Estratégias de captação de recursos
As estratégias de captação de recursos devem ser aplicadas de acordo com o tipo de fonte, que podem ser institucionais, empresariais, ou individuais.
No caso de fontes institucionais, o encaminhamento, solicitando proposta de financiamento, deve ser feito de maneira formal e muito bem elaborada. Nessa proposta devem conter:
- Carta de apresentação
- Sumário
- Apresentação da ONG
- Descrição do problema
- Metas e objetivos do programa
- Metodologia/atividades
- Avaliação
- Financiamento
- Orçamento
- Anexos
Para doadores individuais, a abordagem para a captação de recursos pode ser feita da seguinte maneira:
- Eventos especiais
- campanhas de porta em porta
- estandes
- venda de produtos ou serviços
- outros
Estratégias de captação de recursos
Fontes institucionais
A proposta de trabalho de uma ONG é o seu cartão de visita. Portanto, deve ser muito bem elaborada. Existem alguns tópicos que devem constar na proposta. São eles:
Carta de apresentação
Tem como objetivo apresentar formalmente ao financiador a proposta de trabalho (projeto) da organização.
Sumário
É um resumo da proposta de trabalho e, por isso, o ideal é que seja redigido após a conclusão e não ultrapasse uma página. Sua finalidade é fazer com que o avaliador compreenda, em poucas palavras, o sentido e o objetivo do projeto.
Apresentação
A organização deve descrever, de maneira clara e objetiva, a data e o motivo de sua criação, seu público-alvo, sua missão e suas metas, como ela atua a realidade de sua comunidade, como é sua estrutura organizacional, com que recursos sobrevivem se possui sede própria, os dados de identificação (CNPJ, parcerias etc.) etc. Isso possibilitará ter uma visão global da atuação da entidade.
Justificativa do projeto
Deve ser especificada a realidade da comunidade na qual a Ong está inserida e consequentemente o motivo que resultou na sua criação. Inserir dados populacionais e índices sociais da região baseados em fontes oficiais (IBGE, Prefeitura etc.) Especificar também se existem fatores que favorecem a realização do projeto ou até mesmo os que dificultam e que precisam de ajuda.
Objetivos e metas
O avaliador deve entender qual é a finalidade do projeto. Onde, quando e como a Ong pretende implementar o projeto. Neste item, devem constar também quais serão os beneficiários (público-alvo) e de que forma irá atender as expectativas da comunidade.
Público-alvo
É importante mencionar o público-alvo que receberão os benefícios do projeto, se crianças, jovens, adolescentes ou idosos. Especificar a quantidade de beneficiários e se possuem carências específicas como, por exemplo, desnutrição, desemprego etc.
Metodologia de ação
Deve-se descrever as atividades, com os devidos prazos de implementação, que serão realizadas para alcançar os resultados esperados. É importante avaliar se os prazos estão compatíveis com o prazo do projeto.
Recursos
Relacionar quais são os recursos humanos, materiais e financeiros que serão necessários para viabilizar o projeto.
Avaliação
Especificar o que, como e por quem vai ser avaliado o processo e os resultados do projeto.
Anexos
Devem ser encaminhados quando solicitados. Em geral, são anexados os seguintes documentos nas propostas:
- Balanço financeiro dos últimos dois anos
- Documentação de identificação da instituição (CNPJ, estatuto, ata de fundação, relação de membros da diretoria, certidão negativa de débito etc.).
- Estrutura organizacional da entidade
- Orçamento
- Descrição dos principais programas
Estratégias de captação de recursos
Doadores individuais
A captação de recursos junto a? Pessoas físicas? Podem ser feitas de diversas maneiras. Entre elas, destacamos:
Eventos especiais
Eventos possibilitam promover o trabalho de uma ONG, captar recursos e integrar as pessoas. Para manter os custos baixos e aumentar a receita líquida de um evento, muitos itens podem ser conseguidos por meio de doações ou até mesmo a preços baixos. Neste caso, as instituições locais são a melhor fonte de recursos para eventos especiais, pois já conhece de alguma maneira o trabalho executado pela ONG.
É importante que as pessoas responsáveis pela organização do evento estejam motivadas, entusiasmadas e, principalmente, compromissadas para que o evento seja um sucesso. Parte desse sucesso será garantida com um bom planejamento que deve ser feito com meses de antecedência, a fim de que haja tempo suficiente para preparar uma ampla divulgação, buscar doações, organizar a programação etc.
Campanhas de porta em porta
Apesar de exigir um esforço maior por parte dos voluntários, as campanhas de porta em porta, em geral, apresentam um índice de resposta alto. O resultado pode ser ainda melhor quando a abordagem é feita por pessoas que são conhecidas no bairro.
Estandes
Existem instituições, uma delas o Centro de Voluntariado de São Paulo, que oferecem.
Oportunidades das organizações cadastradas divulgarem seus trabalhos por meio de estandes localizados em pontos estratégicos como, por exemplo, num shopping. Esta pode ser uma excelente maneira de fazer contato com novas pessoas que poderão vir a ser voluntárias na organização.
Venda de produtos ou serviços
A geração de renda pode vir também com a venda de produtos que muitas vezes a própria ONG pode vir a desenvolver por meio de projetos voltados a, por exemplo, Oficinas de Arte. Muitos talentos podem ser descobertos na comunidade e revertidos em prol dela própria. Trata-se de formas alternativas de produção, as quais não visam o lucro, ou melhor, o excedente é revertido integralmente para a entidade sem fins lucrativos.
Outros
Coletores
Alguns estabelecimentos permitem que as organizações sem fins lucrativos coloquem caixas de donativos em seus espaços. A entrada de dinheiro pode ser pequena, mas constante. É preciso planejar adequadamente para que este tipo de método funcione de maneira eficaz. Também é importante definir os responsáveis pela arrecadação em cada estabelecimento, a periodicidade com que serão recolhidas as doações etc.
Mala Direta / Telemarketing
Tanto a mala direta quanto o telemarketing envolve custos. É preciso analisar detalhadamente cada etapa deste tipo de abordagem. Algumas organizações utilizam a mala direta para solicitar a primeira doação. Somente quando a pessoa efetua uma segunda doação é que as organizações partem para uma abordagem mais específica, que pode ser feita pelo telefone.
Escrito por: Ingrid Cicca: Para saber mais, visite o SEBRAE.
[7] A maneira mais comum é por meio de empresas de fachada, ou seja, negócios “de mentirinha” controlados pela própria organização criminosa que quer lavar a grana. Os criminosos pegam o dinheiro que ganharam de um jeito ilegal (tráfico de drogas, falsificação de dinheiro ou sonegação de impostos, por exemplo) e fazem parecer que ele foi ganho por essa empresa, que, no papel, tem uma atividade honesta. O trambique também rola quando não é o uso, e não a origem do dinheiro, que é ilegal. É o caso de igrejas que não poderiam gastar o dinheiro doado por fiéis comprando bens para seus líderes, e sim em obras de caridade.
http://mundoestranho.abril.com.br/cotidiano/como-e-feita-a-lavagem-de-dinheiro/