Quantcast
Channel: O PORTAL DO INFINITO
Viewing all articles
Browse latest Browse all 339

CONTOS DE FICÇÃO: O IMORTAL!!!!!....

$
0
0


AUTOR: DAVID DA COSTA COELHO

Sonac estava tendo o prazer da primeira caçada com os guerreiros de sua tribo. Caçavam um parente distante dos alces, mas com o dobro do tamanho. A manada era perseguida rumo a um rio, e os homens aguardavam numa bifurcação por onde os animais eram obrigados a passar. Ele e outros rapazes mais jovens assustavam os animais com tochas e gritos, e após meia hora daquela brincadeira para ele, mas essencial à alimentação da tribo, eles conseguiram direcionar os animais ao local da emboscada, e as lanças derrubaram vários daqueles animais, dando aos guerreiros a certeza que suas famílias teriam alimento para muitas luas.
 O mentor de Sonac deu a ele uma honra destinada só a quem mata sua caça, retirar o olho da presa e comer, saboreando a vida que vinha dos olhos. O guerreiro tinha matado o animal, e cabia a ele os dois olhos, e um deles foram para seu pupilo de caça. Sonac tinha dois mentores, pois o irmão de Humat, Sadat, era pajé da tribo, e Sonac seu aprendiz e herdeiro como pajé quando a hora chegasse, mas o rapaz amava mais a aventura de caçar e alimentar a tribo, e assim, sempre que tinham caçadas, Humat levava o adolescente.
A chegada à tribo foi uma festa porque havia fartura como não se via há meses, e Sadat estava contente também pelo sorriso de seu aluno místico. Contudo, algo estranho lhe veio em segundos como aviso místico, às nuvens acima deles abriram o sol, mas ele foi devorado pela escuridão. Era um eclipse e um sinal de mau presságio para eles, mas depois de alguns minutos de rezas do pajé, o eclipse termina e eles atiram lanças ao céu comemorando a grande mágica. Durante a noite eles fazem um banquete e todos se fartam e dançam porque a vida e boa e existe agua, comida e futuro...
No dia seguinte, esse sonho de futuro encontra seu fim. Uma criatura insuperável em poder e fome, muita fome de sangue humano, viscoso e quente se aproxima da aldeia. Essa criatura é um vampiro, cansado das leis vampíricas que proíbe de se alimentar de humanos porque eles são poucos, e não suportando mais o sangue de mamutes e outras bestas. Ele esta ensandecido e faminto de vida humana, e hoje ele as terá seu banquete, ainda que correndo riscos devido a lei.
 Esse não é um [1]vampiro comum, e sim o vampiro que será o criador do ser mais poderoso deste planeta, Yula, a Imperatriz dos vampiros e dos lobisomens, alguém que merecerá o título de deusa, mas ainda faltam quarenta mil anos para ela nascer, e cinquenta mil anos para ser tal deusa. E ele não sabe disso e nem se importa, só quer sangue e agora vai ter seu banquete.
Sem nada poder fazer diante de seu poder de dominar mentalmente suas presas, eles se aproximam e se entregam de corpo e alma as presas do vampiro. Nem mesmo o pajé pode esboçar alguma reação, seus dons nada representam para impedir de ter sua garganta rasgada e o sangue fluir de seu corpo para alimentar a criatura imortal.
Depois de se fartar de todos, tendo Sonac sido o primeiro, ele parte porque sabe que em breve lobos e chacais irão devorar os restos que ficaram, e desta forma, encobrir seu crime. Não que ele temesse a fúria de sue povo, afinal, todos eram semelhantes em força e poder, mas havia acordos e se um quebrava, todos poderiam fazer o mesmo e em breve não haveria mais humanos para alimentá-los.
 Sabia que era preciso dormir para manter a energia e o poder que os humanos lhe deram, e como não se interessava em manter a dieta de sangue de mamutes, ele hiberna para dar tempo aos humanos de crescer em números. Ele acordará novamente e cometerá mais um crime contra sua raça, mas não agora...
Horas após Sonac desperta. Sua garganta está curada e ele sente fome, muita fome. Mas a cena que vê o aterroriza. Homens, mulheres e crianças mortas, gargantas rasgadas e animais comendo o que um dia foi seu povo. Há muitos lobos e chacais ali e é perigoso permanecer e fazer perguntas que responderiam aquela tragédia. Ele parte em direção à cabana de seu mentor e pega lanças e facas, um pedaço de carne defumada e parte dali o mais rápido possível. Sabe que os carnívoros não o seguirão porque o banquete é farto...
Por horas ele caminha pela pradaria até retornar ao rio onde sua tribo abateu os animais. Ali ele faz um abrigo, acende o fogo e acaba de consumir o pouco que trouxe. Aquilo só aumentou sua fome, mas era o que tinha para aquele dia de tragédia. Ao acordar, esta com tanta fome que sua barriga ronca alto. Vai até o rio e bebe água e olha ao longe os mesmos animais que abateram anteriormente. Ele está só e precisa ser realmente um caçador ou morrerá de fome se não caçar para viver. Por horas ele aguarda em silêncio até que uns poucos vêm ao rio beber água e ele escolhe o alvo. É imenso e aumenta suas chances de não errar o arremesso. E ele não erra, na verdade a lança atravessa o animal de um lado a outro e o animal já cai morto. Os demais se assustam e fogem sem olhar para traz.
Sonac refaz o ritual de seu mestre e come os olhos, depois abre o peito do animal e retira os intestinos, mas deixa os miúdos, saboreando ainda cru o fígado. Por mais que ele coma, sua fome não diminui. Sem perceber a força que tem, ele joga o animal nas costas e leva até seu abrigo e assa as partes moles e consome. O coração, os rins e os pulmões assados dão a ele muita energia e satisfação momentânea. Mas ele dorme e acorda com fome e continua comendo, bebendo água e comendo por 4 dias. Finalmente satisfeito ele coloca um tronco grosso na fogueira para manter o fogo e os predadores longes e dorme em seu abrigo.
Ele acorda dois dias depois e de seu fogo só restam cinzas, mas nesse meio tempo algo mais ocorreu. Ele não é mais um adolescente. Seu corpo cresceu e ele se tornou um homem alto e forte, maior que seus mentores. A sede o leva ao rio e ele se assusta com sua nova imagem e gesticula para ter certeza de quem é. Não há explicação para sua vida após ser atacado pelo vampiro ou do que ocorreu.
Após se refazer de si mesmo ele decide voltar a sua aldeia. Foi uma caminhada longa e ao chegar não há mais nada ali a não ser os restos de lança e cinzas, até as peles das cabanas os animais comeram. Ao chão ele encontra os apetrechos mágicos do pajé e percebe o quão inútil eles foram porque viu os lobos rasgando o corpo do homem que um dia foi seu mestre.
Sonac parte e caminha por dias em busca de uma tribo que o aceite, e isso não foi difícil porque nesta época havia poucos homens, mas muitas mulheres sem marido que morriam nas caçadas, e uma mão a mais representava mais carne para a tribo. Como caçador ele era insuperável porque sua força e precisão lhe premiava com caças abundantes para a tribo e para as três esposas que possuía.
 Dez anos após ele era pai de 12 filhos, e 30 anos após, suas esposas estavam envelhecendo e sendo avos, mas ele continuava o mesmo. Em 50 anos ele tinha muitos netos e bisnetos, suas esposas já envelhecidas e as portas da morte e ele percebe que não faz mais parte do mundo onde suas filhas, filhos, netos e bisnetos viviam. Sonac ainda assim decidiu permanecer ali mais um tempo, e graças a isso ele viu suas esposas morrerem de velhice, seus filhos, netos e bisnetos. Deixou inúmeros descendentes nos duzentos anos que viveu ali.
Cansado da morte de quem ele viu nascer, ele parte e começa a vida de estudioso das coisas místicas, talvez uma explicação do que ele se tornou. Nessa busca ele conheceu xamans, pajés, e muitos homens místicos e sagrados, mas nenhum deles entendia como ele era invulnerável ao tempo. Sabiam que vampiros eram imortais, mas homens não, e ele era um homem e sangrava como tal, tinha esposas, filhos, e necessidades humanas, mas não envelhecia e morria, assim como os demais humanos...
Vivendo fora dos limites do tempo, ele passa milênios aprendendo sobre tudo que a magia podia ensinar, mas ele tinha uma pretensão maior, saber tudo sobre os vampiros, o que eles eram e como surgiram, e por que ele havia sido morto junto com sua tribo e retomado à vida, mas não se tornou um vampiro? Essas perguntas permeavam sua existência e os milênios foram passando, mas ele nunca mais casou, apenas dormia com mulheres sem nenhum entrosamento além de sexo. Mas um dia ele conheceu outra espécie que se alimentava de humanos, os lobisomens.
Sua aldeia foi atacada e a criatura partiu para cima dele com toda sua fúria e poder, mas ele não só se defendeu como atirou longe a criatura mista de homem e lobo. A criatura retomou seu ataque, mas Sonac varou seu corpo com uma lança, e aproveitando o avanço da criatura, enfiou a mão onde a lança varou o monstro e arranca seu coração.
Estendida no chão a criatura retorna a forma humana, e uma luz invisível aos humanos deixa a criatura rumo ao desconhecido, mas o imortal percebe e se intriga se seria a alma dele ou as dores de seus massacres?
Depois daquele dia ele decidiu abandonar de vez a vida fora do conhecimento e da erudição. Seguiu por milênios todos os homens sagrados e foi discípulo de Buda, de Jesus e de Maomé. Soube séculos depois que eles se tornaram [2]vampiros e ansiava sempre o mesmo destino que lhe era negado porque para ser vampiro era preciso ser escolhido...
Depois de todos esses milênios, já na idade média, ele vivia agora em um mosteiro na Alemanha há século. Mas esse dia seria especial, pois pela segunda vez na sua vida ele seria atacado por um vampiro.  Mas não qualquer vampiro e sim [3]Marcus o filho de Yula, a futura imperatriz.
Marcus suga todos os monges e finaliza com Sonac. O sangue dele é delicioso e inebriante, e apesar de ser forte a ponto de matar lobisomens, vampiros estavam além desses dons. Mas antes de morrer ele pede mentalmente ao vampiro que o torne um, mas esse vampiro em especial jamais será criador de nenhum vampiro. Satisfeito da fome e cheio de energia do imortal, ele parte e ficarão séculos sem se verem novamente...
Depois de horas dado como morto, Sonac desperta novamente. Seus ferimentos curados e a fome que o devastou da primeira vez que acordou da morte era intensa. Ignorando os mortos no mosteiro, ele se encaminha a dispensa e pega presuntos, pães e vinho e come até se fartar. Adormece e acorda novamente faminto, mas resiste e se entrega a dor de ser apenas alimento e não digno de ser mais que um imortal. Desejando ser um vampiro, uma divindade.
Cansado de ser o que é ele decide que chegou a hora de encontrar suas esposas e filhos mortos há milênios. Ele vai a uma montanha, sobe os picos mais elevados e ao chegar lá ele decide voar como um vampiro, e morrer como humano. Atira-se do precipício e abre os braços num momento de liberdade e felicidade. Foram segundos em queda livre que valeram sua eternidade vivida até se espatifar no chão, quebrando todos os ossos do corpo e órgãos internos...
Horas após a metamorfose se inicia e seu corpo começa o processo de regeneração de dentro para fora, e um dia após ele acorda com seu corpo perfeito e a fome que rasga suas entranhas, mas ele não quer se render a ela, e decide tentar novamente e se atira num imenso lago e nada para as profundezas até desmaiar. Três dias depois ele acorda numa praia, e a fome o devora como ele jamais sentiu antes. Ensandecido pela fome ele não esta mais consciente e chega a uma casa. Lá não há ninguém porque os moradores estão no campo trabalhando, mas há linguiças no fogão a lenha e pães e vinhos. Ele devora tudo, mas a fome ainda o devora e ele parte para o campo onde vê uma vaca.
Ele corta a vaca com um machado e arranca suas entranhas e come os olhos, o coração, os rins e o fígado. Esta banhado em sangue do animal, devorando-o, mas  a fome continua. Enquanto come, ao longe ele vê pessoas se aproximando e não muito satisfeitas com o que ele fez. Estão armadas de foices e enxadas, mas ele ainda não esta ciente de nada, só da fome que o devora. Ele pula sobre eles e os mata a todos com rapidez e ferocidade. Depois lhes arranca os olhos e come, e os órgãos internos. Após o banquete ele desmaia e acordada de novo ciente de quem é e do que fez, mas não se importa. Ele sabe que embora aparente ser um humano, ele não é. Não é um lobisomem, nem um vampiro, mas é um ser especial, uma força da natureza; e como tal, viver e matar para viver, sejam animais ou homens, este era seu preço...
Depois daquele dia ele inicia uma jornada rumo ao oriente, trajando suas vestes de monge. Conforme a nação que esta, ele troca às roupas para a da religião especifica e chega à Índia e se fixa nos templos. Devora escritos sagrados deles, aprende técnicas de luta, esgrima e culinária, artes e escritas, e tudo o mais que aparece. Sua imortalidade deveria ser prazerosa e será. Ele se entrega a orgias, gulas e lutas corporais com os maiores lutadores de cada estilo criado nas nações que viveu. E como sempre, nenhum humano pode vencer alguém com sua força e experiência de vida.
Depois de séculos ele esta em Londres, e pela terceira vez ele é atacado por um vampiro, o mesmo do mosteiro na Alemanha. Marcus havia retornado a Londres após salvar sua mãe. Seu poder e força não se comparava a de nenhum vampiro vivo, exceto sua genitora agora adolescente. Sonac estava no [4]Soho quando o vampiro apareceu e o arrebatou...
 Marcus não precisava de sangue, mas algo no homem abaixo o fez desejar o sangue que farejou e que lembrava o mesmo que uma vezes provou. Em sua ânsia de beber ele não percebeu que era a mesma pessoa que ele havia sugado.
Sonac acorda e desta vez não esta tão faminto porque o vampiro não precisava tanto de sangue e sim saborear do pouco que se deu ao luxo de beber. Ele se recompõe e volta a sua casa e se alimenta e anseia de novo reencontrar Marcus porque deseja mais do que nunca ser um vampiro.
Décadas após uma onda mental varreu o planeta. Era Yula se tornando a imperatriz após devorar seu pai e seu avô. Tempos depois uma segunda onda surge ao devorar o sangue de seu segundo criador. E embora não pertença a nenhuma das espécies, ele ouve as ordens dela com relação a vampiros e lobisomens.
Nessa segunda transformação Yula sentiu também outra coisa, afinal o sangue do imortal estava no seu avó e em seu filho, e ela farejou seu sabor doce. Com a mente mais poderosa do planeta ela acessa a vida dele do dia que ele nasceu até o ultimo segundo que leu sobre sua vida. Visualiza seus sonhos, suas dores e amores, o encontro com seu avô que o fez imortal sem ser vampiro, o que de certa forma os tornava parentes. As duas vezes que foi sugado por Marcus e suas tentativas infrutíferas de morrer, coisa que só um vampiro poderia fazer por ele.
Ela tinha o conhecimento e a memória de milhões de humanos de quem os vampiros que matou e sugou possuíam. Mas em nenhum momento da história soube de um imortal que não fosse um vampiro. Mas nem mesmo os vampiros conheciam sua origem, e um dia ela iria investigar tal coisa porque desejava saber sua origem, assim como os humanos haviam decifrado a teoria da evolução. Mas certamente essa era uma das respostas já que os vampiros eram o ápice da evolução, muito além de qualquer ser humano.
Yula sabe agora que o maior desejo de Sonac é ser um vampiro, e sabe que ele tem os dons para isso, e só não se tornou um porque seu avô só lhe viu como alimento numa época de escassez, e seu filho, Marcus; insiste em não lhe dar um neto e ela jamais o pressionou para tanto. Não cabe aos pais impor desejos pessoais as suas crias. Mas ela gostou muito de saber da vida erudita e religiosa que ele fez e de ter conhecido Buda, Jesus e Maomé, vampiros não tão velhos, mas que legaram aos humanos suas religiões hipócritas pelas quais eles se matavam ainda hoje em nome de deuses que na realidade eram vampiros...
Ele, assim como os vampiros, era uma evolução além da humana, e portanto mais poderosa, e era hora de saber se ele seria um vampiro digno de ser filho da Imperatriz. Ela estava evoluindo, transcendendo em seus dons e descobriu em si um novo poder. Ela não mais precisava voar até suas presas, podia fazê-los voar até ela.
Sonac sente a invasão de sua mente pela Imperatriz e é forçado a reviver cinquenta mil anos de vidas em menos de um minuto. Aquilo quase dilacera sua alma. Mas haverá ao final a recompensa que ele anseia há milhares de anos. Sua mente recebe um dom, o de voar, e como se visse uma estrada de energia, ele flutua e inicia o seu maior sonho. Voa mais alto que a maior montanha da terra, olha o planeta azul e sorri, isso era melhor que viver para sempre. Traça uma linha reta até a imperatriz e se joga em direção a ela.
Yula sabia que o maior desejo dele era ser vampiro porque vampiros podem voar. E sendo assim ela o aguarda não em terra, e sim flutuando sobre seu local de nascimento há milhares de anos. E quando ele chega e vê a criatura mais linda e poderosa desse planeta, ele sabe que esta diante de Deus, pois ela é mais poderosa do que todos os deuses inúteis que os vampiros criaram para as mentes infantis dos humanos.
Seu rosto é lindo, liso e radiante, seus cabelos da cor do fogo mais vivo, e seu poder emana uma aura que só pode ser visto por xamans, pajés ou criaturas supremas, era uma espécie de sol particular de energia gigantesco. Por milênios ele viu tal energia em muitos homens, principalmente em Jesus porque ele estava tomado pela alma de Buda. Mas não naquela escala. Era algo transcendental.
Ela olha nos olhos do imortal e lhe fala:

- Você hoje está completando um aniversário de nascimento, e como tal, nada mais justo que ganhar um presente. Vi que desejou muito ser como somos, mas também vi que já tentou desistir de quem é. Posso lhe dar qualquer um desses desejos, mas acredito que a morte não é mais um deles, não é?

- Não, minha Imperatriz, meu desejo único e verdadeiro é ser como sua espécie, e se me der esse presente, viver mais milhares de anos não será um fardo e sim a extensão desse presente!

- Pois que seja. Tenho apenas um filho e você já o conheceu por duas vezes, agora o conhecerá, mas não como um ser inferior e alimento e sim como irmão mais velho, muito velho...


Yula se aproxima do imortal e lhe morde a jugular. O sangue dele é fantasticamente doce e saboroso, mais saboroso do que tudo que já provou na terra, até mesmo superior ao sangue dos vampiros velhos, exceto em poder. O sangue é tão fantástico que ela não se segura e o suga até mumificá-lo, mas sabe que ainda há vida nele, e se continuasse, ele realmente morreria. Mas ela o quer como filho. Em seguida ela morde sua língua e beija a boca dele com o sangue mais poderoso da terra. Mas algo ocorre nesses segundos que duram milênios...
Ela vê Sonac com um de seus filhos, e segue a linhagem de seus descendentes até uma menina, a menina que nasceu milênios depois e que foi mordida por um vampiro, Sodak, que lambeu sua ferida a curando, e lhe dá saliva de vampiro, quase tão poderoso quanto o seu sangue, vê a si mesma sendo cuidada por seu segundo pai imortal e criador dos [5]lobisomens, Ganeshe. Milênios depois ela vê seu crescimento de uma menina para adolescente, e depois para mulher ao devorar seus criadores. Isso não era um dom natural dos vampiros e sim de um garoto que se tornou imortal há cinquenta mil anos, e que era seu ancestral, um avô, e depois de milhares de anos, antes mesmo de ser vampira. Naqueles segundos ela chora porque tem sim um parente vivo, e além de tudo um filho que agora seria um vampiro como ela foi...
Enquanto seu novo filho e ancestral dorme, ela usa seus dons mentais e vasculha a essência de todos os humanos da terra em busca do mesmo tipo de sangue que tem seu ancestral. Mas para sua tristeza, não há mais nenhum ancestral humano vivo, pois ao longo de milênios, aquele sangue especial foi farejado e consumido por vampiros e lobisomens. E agora jamais haveria outro porque vampiros não tinham filhos como humanos, e sim escolhiam qual humano seria seu filho vampiro. Mesmo possuindo o dom, nenhum deles se tornou imortal, Sonac foi um paradoxo da natureza, mais se não tivesse sido extinto esse dom em seus descendentes, outros poderiam ter se tornado imortais com o tempo...
Ao despertar, Sonac acordou com a mesma fome anterior a todas as suas mortes, mas agora havia uma diferença, ele era um vampiro, filho da imperatriz, e com um corpo idoso e imortal mais velho que todos os vampiros acordados. Ele sente não só a fome superior a todas as anteriores que viveu, mas também um poder que apenas poucos vampiros velhos na terra possuíam. Graças a isso, antes mesmo de se alimentar e estar pleno com sua nova essência, uma onda de energia varre seu corpo com sua transformação em ser supremo e antigo, e assim como seu irmão, ela se irradia para a mãe imperatriz esse poder. E no instante seguinte ela absorve mais poder supremo e sente o mesmo fogo de energia de seu avô e de seu pai lobisomem novamente. O poder dela em seguida se expande ao globo e varre as mentes de todos que estavam sob seu domínio, acordando novamente aqueles milhares de vampiros velhos que insistiam em dormir enquanto sua imperatriz lhes fala com a alma. 
Marcus está ao lado dela nesse dia, e recebe o mesmo dom do irmão vampiro porque tem o mesmo sangue, afinal é seu ancestral, mas Yula sente algo mais nesse momento, há uma vampira na terra que é sua [6]irmã, ela não tem ainda tanto poder ainda, mas ela tem algo especial para ter, e terá, pois assim como Marcus, e que de forma inconsciente o escolheu como filho devido ao seu dom latente.  Ela sabe disso porque procurou o dom dela e dos filhos entre humanos, não entre sua espécie, e quando vasculhou cada um deles, descobriu que  ela tem...
Como boa mãe, ela dividiu com os filhos tudo que descobriu mentalmente. Mas havia algo mais a fazer, Sonac tinha fome, muita fome, a maior fome desde que se viu imortal e agora vampiro supremo...
Eles voam em família e chegam a um transatlântico lotado de pessoas, e ali Sonac terá acesso à mente de todos, e também o controle e seu banquete de nascimento. Com sangue farto, saudável e variado porque no navio havia gente de varias partes da terra, comendo, bebendo, amando e se divertindo no último cruzeiro de suas vidas. Em breve todos estarão mortos exclusivamente por Sonac, sua mãe e seu filho já não precisam mais de sangue humano, apenas em ocasiões especiais e festivas...
 O navio será afundado logo após por eles, levando para as profundezas abissais os milhares de cadáveres. Lá eles serão novamente alimento para os carniceiros, mas isso faz parte do ciclo da vida. Na natureza há os que servem de alimento e os que são imortais, e ser imortal significa matar para permanecer assim...
Por cinquenta mil anos Sonac viveu como humano, teve esposas filhos e descendentes, mas sempre foi mais que humano, e agora, graças a um de seus parentes distantes, ele terá mais milênios pela frente, continua imortal, mas não uma ser inferior e sim eternamente como vampiro, um príncipe de sua espécie, o filho da imperatriz que é também sua neta e herdeira...











[1] O mais velho deles, um vampiro chamado Win Lao, da Antiga china, se dirigiu até ele de forma respeitosa, sabendo que poderia ser morto sem nem saber de onde veio o golpe. A energia de Yurgol era tão poderosa que se quisesse, poderia matar num só dia todos ali presentes e muitos mais. https://oportaldoinfinito.blogspot.com.br/2014/01/contos-de-terror-o-despertar-do-vampiro.html

[2] Buda estava completamente no controle do corpo naqueles instantes finais, jamais permitiria que o jovem Jesus padecesse as dores e o suplicio que os romanos infligiam a cada chicotada. Depois de tanto sofrimento ele é posto numa cruz e atado a ela. Ele ficaria ali por uma semana e morreria como qualquer infrator das regras romanas, mas o tempo de Buda na terra estava no fim. Contudo, ele sabia que Jesus não podia e nem devia morrer nesta época e lugar, na verdade ele escolheu o rapaz para passar a mensagem que em vida não terminou, e também para dar a Indra um companheiro para a eternidade.

Maomé terá inúmeros descendentes antes de morrer como humano alguns anos depois, pois assim como seu pai antes dele, ao ser informado de seu legado, ele não quis mais ser humano. Seu pai o mordeu e levou seu corpo para uma das montanhas mais altas do mundo, transformando-o em vampiro. Com o pai e a avó, ele viveu e se saciou por séculos, até decidir hibernar e ali ele permanece congelado até hoje.

[3] Após Marcus matar o velho, o cheiro da morte entra por suas narinas e o faz querer chorar, mas lagrimas não saem, e aos poucos ele entende que seus familiares estão além de seus sentimentos, e que a morte de seres humanos se tornou sua verdadeira fonte de vida. Procurando pela aldeia ele encontra os ossos de sua filhinha, Narrini, o colar de ossos que lhe fez foi o que levou a reconhecer e se perguntar como alguém tão infantil pode morrer sem ter sequer vivido?

[4] Soho é um distrito de Londres, na Inglaterra, localizado no borough de Cidade de Westminster.
É um distrito de entretenimento que, durante a última parte do século XX, adquiriu certa reputação devido aos seus sex shops e por sua vida noturna, assim como à indústria cinematográfica.

[5] Ganeshe a queria para sempre e partiu a procura de seu amigo, mas ele não o encontrou e agora precisava de outro vampiro para lhe fazer um favor, e muitos já o conheciam, mas ao contrário de Sodak, eles não apreciavam o lobisomem, contudo; nenhum deles era forte o suficiente para tentar uma luta em que a própria morte era óbvia. E só havia uma vampira com quem ele podia contar; Yula...
Ele havia lhe dado seu sangue, e como tal podia sentir a presença dela em qualquer lugar. Mas ela jamais percebeu isso, e nem que ele podia lhe ordenar de forma inconsciente sem que ela se desse conta disso. Após se alimentar num dado dia, Yula dorme tranquilamente em uma caverna e não sente ali a presença das criaturas...

[6] Estranhamente as palavras da antiga mestra não tiveram nenhum efeito sobre Veruska, não era mais humana, e o fato de ver o que teria se tornado a fizeram na verdade jamais querer ser dessa espécie inferior. Compreendia agora o mundo a sua volta com mais entendimento e conhecimento que a própria xamã que levou a vida inteira para saber e jamais chegaria a seu estágio. A vida humana, ou de qualquer ser era apenas energia em movimento, e nela os corpos eram apenas invólucros para que a vida seguisse sem caminho. Não havia mais espaço para sentimentos inferiores nessa jornada, ela era agora uma filha dos deuses, e os humanos seu prazer e alimento.

Viewing all articles
Browse latest Browse all 339