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RELACIONAMENTO: A DOR DA SEPARAÇÃO E O RECOMEÇO DA VIDA...

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POR DAVID DA COSTA COELHO


Dizem que a morte de alguém que você ama é uma dor tão profunda que quase não a suportamos, e se deixar, de tanta dor somos capazes de ir também; e nos anais da história e da terapia há casos de pessoas que não suportaram tal dor e morreram poucos dias após. Mas há também outro tipo de dor, às vezes até mais intensa e sofrida porque ao contrário da morte, a pessoa se foi para longe de nós e jamais a teremos novamente, e essa é uma dor tão profunda que causa depressão, solidão profunda e até morte por suicídio...
Perder o amor de sua vida por qualquer motivo que seja é de longe uma morte maior do que aquela que se vê em sepulturas, e apesar de reconhecer que é preciso saber quando se acaba uma etapa da vida, se insistirmos em permanecer nela, depois do tempo necessário, perderemos a alegria e o sentido do resto, mas que resto há se o que nos dava motivos de viver e lutar se foi?
E nessas horas a dor vem funda, rasgando sua alma porque seu corpo e sua alma anseia o ser humano que se foi de sua vida para fazer seu destino longe, enterrando seu amor, mas estando livre de ti para seguir com outras pessoas; e a dor da separação é maior que faca nos rasgando a carne porque a pessoa nos vem à mente a cada instante, mas o que fazer?
Acabou a relação? Chore, sofra se rasgue, mas aceite. A amizade acabou também junto com a relação, mesmo havendo promessas de serem amigos eternos, inseparáveis depois de tudo que viveram? Quem termina uma relação afetiva – salvo raras exceções - não te quer por amigo porque sabe que teria que continuar mentindo para você para as perguntas que lhe faz e não quer responder, então deixar de ser seu amigo é a resposta mais fácil de quem um dia supostamente lhe amou com a mesma intensidade que você...
Mas aí vem a pergunta, como eu sigo em frente? Nós não podemos estar no presente, ainda que sofrendo tal ausência, sentindo falta do passado. O que aconteceu, aconteceu. Não podemos ter vínculos emocionais com quem não quer estar vinculado a nó se é desejo dele nos excluir de sua vida real e até virtual; coisa comum hoje em dia com os famosos bloqueios...
Para isso temos uma máquina do tempo secreta chamada lembrança, onde guardamos tudo de bom e ruim que aquela pessoa nos trouxe, a disposição sempre que queremos amar o passado e sofrer mais um pouco, afinal temos essa necessidade fisiológica de às vezes nos apegarmos à dor para saber se haverá algum dia alegria que possa curá-la...
Mas o passado não nos define, e sim o hoje e a luta para seguir em frente. Se ainda tem amor ou apego a vida, e as pessoas que gostam de ti, sejam familiares, amigos, ou nova tentativa de gostar de outra pessoa, se apegue a isso. Mas lembre-se do mais doloroso de tudo, a pessoa que você amou e está ainda se rasgando por ela, bem, é apenas mais um ser humano na terra; e há bilhões deles, talvez piores ou melhores, desde que você se permita...
E se você a ver desta forma, verá que ainda gosta desta pessoa e sente falta dela, afinal humanos são definidos por suas necessidades de crenças, e amor eterno é uma delas, mas há caminhos novos, amigos novos, amores novos, vida nova, desde que é claro você decida sair de seu casulo de autopiedade pelo passado, e seguir em frente, porque cicatrizes, sejam elas reais ou emocionais, são feitas da mesma forma que tatuagens; rasgando a carne e colocando dores e tintas, seja vermelha de sangue ou colorido para as imagens ou emoções perdidas e doídas...
Quando você entende que seu amor era só mais um ser humano entre bilhões, com qualidades e defeitos que você amava e ainda ama, cedo ou tarde poderá começar o processo de amar outra pessoa com mais intensidade; você mesmo [a]. Se amar é saber que tudo vem, assim como tudo vai, e nesse meio tempo cabe a você entender desse luto da separação de seu antigo amor e buscar refazer sua vida se entregando aos motivos que lhe darão vida.
Ache o seu em rotinas construtivas, conversas com aqueles amigos desgraçados de terríveis que só jogam verdades em sua cara, que você odeia ouvir, mas sabe que tem razão. Em se permitir ver prazer na vida que você excluía por só fazer do seu antigo amor a sua vida. Conhecendo novas pessoas, mantendo as antigas e queridas perto porque são seu lastro com sua herança histórica de estar vivo...
Mas há lições do passado para aprender porque nós somos mais vulneráveis emocionalmente e menos racionais quando há emoção envolvida, e perder o amor de nossa vida é inimaginável emocionalmente, mas se ocorre, o real que habita em nós deve seguir em frente com as dores da alma e as cicatrizes do coração porque a vida segue sempre para frente, nunca para trás, exceto em nossas lembranças...
Podemos nos apegar a dor da perda ou podemos pegar essa dor e moldarmos nossa força, e a maior força do mundo não vem do prazer e sim da dor. Ninguém muda o que vence ninguém quer sair de sua zona de conforto, mas que conforto há na dor a não ser lutar? Essa é a natureza da dor, nos tornar mais forte do que o amor que perdemos porque enquanto a vida existir há sonhos e amores a percorrer e novas tatuagens na alma a serem esculpidas...
Os namoros, casamentos e amizades começam e terminam sem os mesmos motivos que se iniciaram, terminaram porque você já não se encaixa mais ali. Nunca mais seremos os mesmos, e nem o mundo à sua volta, porque a vida não é estática. Faz bem à saúde mental cultivar o amor por você mesmo, desprender-se do que já não está em sua vida. Lembre-se de que nada nem ninguém é indispensável. É um trabalho duro e pessoal aprender a viver com o que dói, pois sem dor não há aprendizado, deixar ir é aprender a desprender-se...
Nós não sabemos quanto tempo nós temos de vida é uma incógnita estranha porque saber nos permitiria não perdermos tempo em dores inúteis que nada trazem de bom, ainda mais sabendo a data de partir; por isso se não aprendermos com as dores elas nos destroem o corpo e a alma antes da hora porque sofrimento faz tatuagens primeiro nos olhos e no rosto, e depois se espalha pelo corpo...
 Tenho amigas mulheres lindas que já conversei e fiz terapias, mas que se entregaram tanto as dores dos desamores que elas envelheceram para além de sua idade, mulheres com 40 e 50 anos com cara de 60 70, homens com 35 a 50 com cara e corpo de 60 e 70; e isso é o resultado da tatuagem na alma que impõe cicatrizes em seu corpo. Sofrimento e dor emocional envelhece o corpo porque castiga a alma, daí a necessidade de se libertar do desamor antes que ele o jogue nos estágios acima...
Mas eu seria um péssimo escritor e terapeuta se não tivesse vivido tudo isso, e tenho sim muitas cicatrizes no corpo e na alma para me lembrar de que também tenho minha dose de sofrimento e tatuagens na alma, mas apesar dos meus 51 anos, a caminho dos 52, ainda têm cara de 40 quando aparo minhas dores, barba e cabelo. Eu não supero minhas dores, ao contrário, carrego todas com orgulho porque são tatuagens que a vida me impôs, mas eu as superei e sigo em frente...
E a parte que mais gosto nesta história é olhar para o passado e lembrar-se das pessoas pelas quais sofri tudo que ocorre com quem já viu o outro mais do que a si mesmo, apenas mais uma cicatriz e um rosto na multidão. Se continuarem como amigos, eu os admiro porque fizeram e ainda fazem parte de minha história, respeito, ouço e aconselho e desejo o melhor em suas vidas com quem quer que seja, mas se me excluíram delas, eu entendo e lembro que há mais rostos na multidão, e o delas já não estão mais lá...




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