Bradley Manning Tells Court Public Have the Right to Know About US War Cr
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PAUL JAY, editor sênior de TRNN: Michael Ratner, advogado de Wikileaks, assistiu à audiência, ontem, em que Manning falou, em tom firme, com inteligência e confiança, detalhando as inúmeras brutalidades às quais assistiu e que o levaram a enviar os documentos que, sim, enviou a Wikileaks. Aqui, Michael Ratner fala à TRNN e conta o que viu.
Michael, que fala conosco de New York City, é presidente emérito do Centro de Direitos Constitucionais; é presidente do Centro Europeu pelos Direitos Humanos e Constitucionais em Berlim; é o advogado que defende Julian Assange nos EUA; e também é membro do conselho editorial de The Real News Network. Obrigado pela entrevista.
MICHAEL RATNER: É um prazer estar com você, Paul.
JAY: Você ontem viveu dia muito fortemente emocionante, assistindo ao julgamento histórico de Bradley Manning. O que aconteceu lá?
RATNER: Fui cedo para Fort Meade, e foi coisa de dia inteiro. Bradley Manning estava na sala do tribunal. A maior parte de imprensa foi direcionada para um auditório, e só uns poucos – eu também, mas não sou jornalista – fomos autorizados a entrar na sala em que Bradley Manning depôs. Foi dia especial, porque o advogado de Bradley Manning e o próprio Bradley decidiram que Bradley se declararia culpado em algumas das acusações, com penas menores; mas não nas acusações de espionagem e colaboração com o inimigo..
Fato é que, para mim, no plano emocional, foi um dia devastador. No fim do dia, sentia-me uma ruína, emocionalmente devastado. Mas, ao mesmo tempo... Quem lá estava viu, afinal, quem é Bradley Manning. É um herói. Um desses raros homens que, diante de um crime para o qual todos fecham os olhos, encontra o que fazer e age.
Tecnicamente, Bradley, hoje, declarou-se culpado em nove acusações. E, quando o acusado se declara culpado, a corte tem de ter certeza de que o acusado entende perfeitamente o que está fazendo, que entende a natureza da confissão de culpa. Então, a corte pede ao acusado que narre detalhadamente as próprias ações. Bradley Manning declarou-se culpado de distribuir, ou de transferir a WikiLeaks (que são meus clientes), todos os documentos dos chamados “Iraq War Logs”, dos “Afghan war logs”, o vídeo “Collateral Murder”, telegramas do Departamento de Estado, os 13 telegramas de Reykjavik, etc.. Mas o mais interessante, nessa admissão de culpa em nove acusações, foi que a juíza permitiu que Bradley lesse uma declaração de cerca de 30 laudas. A leitura durou duas, quase três horas. E esse documento, sim, permitiu ver que tipo de homem é Bradley Manning. Foi declaração profunda, imensamente emocionante.
Começa com quando ele se alistou no exército; fala depois de sua primeira missão no Iraque. E essa primeira missão já foi associada a algo que se conhece como SigAct, abreviatura de “atividades significativas”: são os relatórios diários de tudo que acontece em campo. E Bradley, quanto mais lia aqueles relatórios, mais perturbado se sentia com o que via acontecer no Iraque: número de mortos, número de... Bradley disse que entendeu rapidamente que estavam assassinando pessoas cujos nomes constavam de uma ‘'lista de matar'’. Que absolutamente não estavam ajudando a salvar ninguém. E conta que concluiu que teria de haver discussão muito séria sobre a contrainsurgência: se existe para ajudar alguém ou para ferir inocentes e matar alvos predefinidos.
Ao mesmo tempo em que trabalhava com os arquivos da guerra do Iraque – era parte do seu trabalho – trabalhava também com os arquivos da guerra do Afeganistão, material muito semelhante, condições semelhantes, locais semelhantes. Todos esses arquivos passaram pelas mãos de Bradley.
Também ao mesmo tempo, ouviu falar da organização WikiLeaks. E ouviu falar de WikiLeaks porque WL acabava de divulgar – nem lembro quantas dezenas de milhares de SMSs, aquele, com as mensagens de texto de pessoas que estavam dentro do World Trade Center quando foi atacado. Assim, ele tomou conhecimento da existência de WikiLeaks. Em seguida fez algumas pesquisas pelo computador, e descobriu que, em 2008, havia um documento do governo dos EUA sobre como desmontar a organização WL.
Quer dizer... Foram dois processos: Bradley lendo os arquivos da Guerra do Iraque, os arquivos da Guerra do Afeganistão e, em seguida, fazendo contato, como fez, com WikiLeaks.
Mas, no início, só havia os arquivos da Guerra do Iraque e os arquivos da Guerra do Afeganistão, e Bradley cada vez mais perturbado com o que lia. De início, não fez qualquer movimento. Mas, em certo momento, ele viajou aos EUA já com todos aqueles arquivos baixados em seu computador, acho, ou num CD, talvez num pequeno cartão para transporte de dados. Estava em Maryland. Nevava muito. Bradley não conseguia decidir-se sobre o que fazer com os arquivos. Falou sobre eles com um amigo, seu namorado, pelo menos durante algum tempo, e perguntou a ele “o que você faria se tivesse com você coisas que todos os norte-americanos têm de ver?” O rapaz nada disse de relevante. Bradley continuou a pensar nos arquivos, que continuavam a incomodá-lo.
Quando voltava de Boston a Maryland, entrou numa loja Barnes & Noble, para fugir da tempestade de neve e, também, porque precisava do acesso à banda larga, e, dali, enviou os documentos a WikiLeaks. Enviou pela própria página de WL, na qual há uma sessão para envio anônimo de documentos. Depois, Bradley, como já dissera antes, diz que se sentiu muito aliviado; “eu tinha certeza de que era algo que o povo norte-americano tinha de ver; que todos têm de debater essa guerra. E eu esperava que os arquivos da Guerra do Afeganistão e os arquivos da Guerra do Iraque modificassem a situação”. Assim, o primeiro bloco de documentos estava enviado.
A partir daí, é claro, há correspondência, de algum modo, entre Manning e WikiLeaks. Manning nunca soube quem estava na outra ponta do contato por computador. Diz que, em algum momento, é possível que tenha sido o próprio Julian Assange, ou, talvez, alguém chamado Daniel Schmitt (um rapaz alemão que esteve com os WikiLeaks durante algum tempo, Domscheit/Schmitt). Mas Bradley não sabe quem seria. Diz que, sim, bem poderiam ser outras pessoas das organizações WikiLeaks. “Eu nunca soube com quem me comunicava, da organização WikiLeaks. Todos os contatos eram anônimos”.
Bradley Manning e Assange
Bradley diz também que, ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou-o para que lhes desse mais informação. “A decisão de entregar documentos a WikiLeaks foi exclusivamente minha”, ele disse. É bem claro que Bradley é pessoa politizada. Pelo menos, entende claramente que a opinião pública tem de conhecer exatamente o que fazem os governantes.
Depois disso, o grande acontecimento foi o vídeo “Collateral Murder”. As pessoas, nos gabinetes no Iraque, discutiam se os vídeos seriam legais, se estariam de acordo com as leis de guerra e do serviço militar, ou não. Bradley decidiu ver, ele mesmo, os tais vídeos. E viu. E horrorizou-se porque “primeiro, sim, até se poderia argumentar que tivesse sido acidente”, quando os dois jornalistas da Reuters foram mortos com tiros de arma que atirava do que parece ser um helicóptero. E, sim, é possível que tenha acontecido um engano, como Bradley disse. E há discussão até hoje sobre se teriam, mesmo, de assassinar os jornalistas da Reuters.
Mas o problema é que, em seguida, aparece uma caminhonete para socorrer as pessoas feridas... E os atiradores no helicóptero atiram contra a caminhonete. E isso, Bradley parece não ter dúvida alguma, é crime de guerra, ação bem claramente proibida. Era pessoal de resgate, que vinha resgatar os feridos. Ninguém portava armas. Mas o vídeo permite ouvir as falas dos militares dentro do helicóptero, a sanha por sangue. E a expressão que ele usou: sanha de sangue [orig. bloodlust]. Quando veem alguém que rasteja no chão, aparentemente já ferido, alguém diz no helicóptero que “tomara que ele saque a arma”. Evidentemente, para terem o pretexto necessário para matá-lo.
O vídeo também o incomodou. Incomodou-o, sobretudo, o fato de o vídeo não ter sido entregue à Agência Reuters, apesar de a Reuters tê-lo requisitado, em nome das famílias dos dois jornalistas mortos. E o governo dos EUA, o CENTCOM, os militares responderam que nem tinham certeza de que tivessem o tal vídeo. E o vídeo lá estava. Outra vez, o que temos é Bradley profundamente incomodado com o que via e agindo, reagindo, tomando uma atitude.
Essa é a segunda acusação face à qual Bradley declarou-se culpado: ter entregado aquele vídeo, outra vez, como antes, enviado à página de WikiLeaks. Esse vídeo sequer estava classificado como secreto – o que é interessante. Mas Bradley enviou o vídeo, sim, à organização WikiLeaks.
O terceiro caso é com a polícia iraquiana. Pediram que Bradley ajudasse a polícia do Iraque, a polícia de Bagdá, que os ajudasse a identificar, insurgentes, não sei, ou outros desse tipo. Àquela altura, 15 pessoas foram entregues à polícia iraquiano. E Bradley examinou aqueles casos; pediu para examiná-los. E descobriu que nada havia contra aquelas pessoas; no máximo, acusações de terem colado cartazes criticando a corrupção no governo iraquiano. Mais uma vez o caso incomoda Bradley, porque aqueles prisioneiros foram terrivelmente maltratados. Bradley temeu que fossem mortos ou desaparecessem ou, até, que fossem mandados para Guantánamo, se fossem entregues aos EUA.
Então, sua primeira providência foi tentar relatar o caso aos seus próprios superiores, os quais, é claro, não lhe deram qualquer atenção. Bradley, outra vez, enviou os arquivos relacionados àqueles prisioneiros, para WikiLeaks. WikiLeaks não publicou aqueles documentos, mas, é claro, Bradley continuava conversando com WikiLeaks. Mas o caso dos iraquianos presos chamou a atenção de Bradley para outro tópico: Guantánamo.
O que Bradley disse à corte foi “[incompr.] tem direito de interrogar pessoas, é claro, mas Guantánamo é moralmente questionável. O que fazemos ali é manter encarceradas pessoas inocentes, pobres, gente de escalão muito inferior, e Barack Obama prometeu fechar Guantánamo. Minha opinião é que manter aquela prisão fere os EUA”.
Prisão de Guantánamo, território cubano ilegalmente ocupado pelos EUA
A partir daí, Bradley passou a trabalhar no que hoje se chama “arquivos dos detentos”, arquivos sobre cada um dos prisioneiros de Guantánamo. E, quando falou com WikiLeaks, disse que mandaria aqueles arquivos; WikiLeaks respondeu “OK, são arquivos antigos, já perderam o conteúdo político, mas são historicamente importantes para o caso Gauntánamo; e podem ser úteis aos advogados”. Então, os arquivos foram enviados para WikiLeaks.
Na sequência, a última coisa sobre a qual Bradley falou foram os telegramas do Departamento de Estado. Houve telegrama anterior, chamado “Reykjavik 13”, que, de fato, foi o primeiro documento, pelo que sei, que WikiLeaks divulgou online. Reykjavik 13 foi recolhido de uma website que tem algo a ver com a Islândia. E, de repente, lá estava a Islândia – no coração da crise financeira. – E havia terríveis pressões, pelo Reino Unido e pelos EUA, sobre a Islândia, para que o país se rendesse aos programas de resgate e de austeridade. E a Islândia recusou. E o tal telegrama falava das pressões que os EUA estavam fazendo sobre a Islândia. E Bradley Manning – que sabia o que mais ninguém sabia – reagiu. Denunciou que os EUA estavam assediando a Islândia. Que não pode ser. Que nada, naquele caso, poderia ser secreto.
Com isso, claro, Bradley chegou aos telegramas diplomáticos. – Bradley leu todos os telegramas sobre o Iraque, cada um daqueles telegramas, disse ele; e percebeu que, basicamente, todos aqueles telegramas incluíam crimes, criminalidade de diferentes níveis. O que o convenceu de que aquele tipo de diplomacia também prejudica os EUA: diplomacia de segredos inconfessáveis dos quais o público jamais toma conhecimento. Em seguida, então, enviou a WikiLeaks os telegramas diplomáticos.
Mas o que se vê em cada um desses casos, é que Bradley foi influenciado, sempre, pelo que viu ou leu. Foi sincera e profundamente atingido e influenciado. E não conseguiu nada, nas tentativas que fez para alertar, primeiro, os seus superiores. Se não conseguia fazer nada dentro da estrutura onde estava – o que mais poderia fazer? Então, decidiu que todos, todos os cidadãos dos EUA, toda a opinião pública, nos EUA e no mundo, tinham de ser informados. Porque era preciso discutir aquilo tudo. Supôs que talvez, com a discussão, se conseguiria mudar aquelas políticas.
Mas... Houve vários momentos muito interessantes, no depoimento. A certa altura, quando já havia voltado para Maryland, pensando em divulgar os arquivos sobre o Iraque e o Afeganistão, Bradley contou que, em primeiro lugar, fez contato com outros veículos. Telefonou a um dos editores do The New York Times e deixou uma mensagem na secretária eletrônica, ou na página do editor. Jamais houve resposta. Telefonou ao The Washington Post e, disse ele, ninguém, ali, o levou a sério. Foi quando entendeu que nada conseguiria, em matéria de divulgar os fatos, nem doWashington Post nem do New York Times. Disse que, então, começou a procurar outros meios para divulgar os arquivos. No final, considerando o que WikiLeaks já fizera no passado, Bradley disse que concluiu que seria o melhor meio de divulgar os arquivos.
O que pensei, naquele tribunal, vendo e ouvindo aquele rapaz, 22 anos, que se alistou no Exército aos 20 anos, e que aos 22 já distribuía aqueles documentos para WikiLeaks, porque se sentiu horrorizado, perturbado... O que pensei ali, naquela hora, é que esse rapaz é um herói. Bradley Manning é um grande herói. Um homem que viu o que os militares dos EUA faziam no Afeganistão, no Iraque, em Guantánamo, que viu o que o Departamento de Estado fazia pelo mundo... E decide que é indispensável agir, fazer alguma coisa.
Infelizmente, pagará preço muito, muito alto pela sua coragem...
Para que todos entendam, tenho de explicar um pouco como aquilo funciona. Não é como o que se vê nas cortes comuns, quando é possível fazer um acordo com o Procurador, quando há pena máxima e pena mínima, conforme o crime que o acusado escolha confessar. No caso desse tribunal militar as coisas não funcionam desse modo.
Trata-se, nesse caso, do que a juíza chamou de “naked plea” [lit. “admissão nua”(?) (NTs)]. Significa que Bradley apenas decidiu declarar-se culpado nessas nove acusações. Então, a juíza requereu que ele narrasse todos os atos praticados.
Mas essas não são as acusações mais graves. Até aí, só se falou de acusações que, se o acusado for condenado, gerarão pena de 20 anos de prisão. Mas a questão é que o procurador não é obrigado a aceitar coisa alguma. Ele pode dar andamento ao processo e exigir julgamento de todas as demais acusações, as mais graves. Pode até usar elementos do que Bradley Manning confessou ter feito e de como agiu.
E esses desdobramentos é que serão realmente decisivos. Mas o primeiro passo também conta muito. Bradley demonstrou que é homem que faz e assume a responsabilidade pelo que faz. A declaração que leu no tribunal é perfeitamente verossímil, faz perfeito sentido, é crível. De fato, é documento impressionantemente sincero e claro. Pode-se esperar que o juiz seja tocado por aquela fala. Pode-se esperar que a sentença considere que o acusado declarou-se culpado de alguns feitos. Mas não, de modo algum, se declara culpado das acusações que a Procuradoria amontoa contra ele e que podem condená-lo à prisão perpétua. Foi um dia de tribunal realmente impressionante, Paul.
JAY: Muitos disseram que Manning seria homem perturbado, pessoa fraca... Que impressão você teve. De que tipo de homem se trata?
RATNER: Sabe... Vi Manning pela primeira vez na audiência em que ele testemunhou sobre os abusos e a tortura que havia sofrido, durante praticamente um ano, no Iraque e na prisão de Quantico. Já naquele dia, via-se que não é fraco, nem perturbado; é, de fato, muito diferente disso. É homem forte, muito inteligente. Já se via claramente na audiência sobre a tortura e viu-se novamente agora, o mesmo homem.
Em primeiro lugar, é visivelmente pessoa muito inteligente. Não fosse, não teria sido enviado para missão no serviço de computação de alto nível, computadores, informes. É evidente que ele entende do que fazia e fez, em serviço para o qual foi selecionado e nomeado.
Mas também é pessoa que tem personalidade política, que percebe as implicações do que pensa, de como se apresenta. Não é fraco nem é voz fraca.
Num certo momento da audiência, a juíza lhe fez uma pergunta; Bradley respondeu que não poderia responder, porque teria de revelar informação secreta. Muitos riram, porque... ali, sob processo, sob ataque do Promotor, ele ainda pensou mais em proteger informação secreta do que em responder à juíza. Alguns riram. Outros permaneceram sérios. Outros baixaram a cabeça.
Mas é claro que foi dia duríssimo para Bradley Manning... Será sentenciado a pena muito longa. Esperemos que não receba a pior sentença. Esperemos que considerem essas acusações nas quais ele declarou-se culpado.
Ainda se deve registrar aquela declaração lida, umas 35 páginas, que não foram distribuídas a ninguém, nem a advogados nem a jornalistas presentes. Só a juíza recebeu o documento. Mas havia cópias circulando entre aqueles caras que andavam por ali, no salão, em uniforme de camuflagem. Nós não recebemos. Evidentemente, não é documento secreto. Eu, como outros, ouvimos a leitura de todo o documento, palavra a palavra; claro que não é secreto. O que há é que essa corte é conhecida por demorar muito, inadmissivelmente demais, para distribuir documentos devidos à defesa.
Já há importante processo iniciado contra essa Corte, pelo Centro [de Direitos Constitucionais]. Já obrigamos essa Corte a liberar alguns documentos devidos à Defesa. Mas a declaração que Manning leu no tribunal é documento muito, muito importante. Todos, jovens, velhos, que leiam aquela declaração hão de sentir-se tocados. Talvez mais gente se disponha a agir, a fazer o que possa, para que esse país seja forçado a andar na direção do estado de direito, na direção do respeito à lei. Para que os EUA deixem de ser a máquina de matar que, me parece, Bradley Manning viu, com clareza, em escandaloso funcionamento.
[Agradecimentos. Fim da entrevista]
Vídeo original e, inglês
Fonte: http://therealnews.com/t2/index.php?option=com_content&task=view&id=31&Itemid=74&jumival=9779#.UTEkYzCG1Vp
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Bio
Michael Ratner is President Emeritus of the Center for Constitutional Rights (CCR) in New York and Chair of the European Center for Constitutional and Human Rights in Berlin. He is currently a legal adviser to Wikileaks and Julian Assange. He and CCR brought the first case challenging the Guantanamo detentions and continue in their efforts to close Guantanamo. He taught at Yale Law School, and Columbia Law School, and was President of the National Lawyers Guild. His current books include "Hell No: Your Right to Dissent in the Twenty-First Century America," and “ Who Killed Che? How the CIA Got Away With Murder.” NOTE: Mr. Ratner speaks on his own behalf and not for any organization with which he is affiliated.
Transcript
PAUL JAY, SENIOR EDITOR, TRNN: Welcome to The Real News Network. I'm Paul Jay in Baltimore. And welcome to this week's edition of The Ratner Report with Michael Ratner, who now joins us from New York City.
Michael is president emeritus of the Center for Constitutional Rights in New York. He's chair of the European Center for Constitutional and Human Rights in Berlin. He's also the U.S. attorney for Julian Assange. And he's also a board member of The Real News Network.
Thanks very much for joining us.
MICHAEL RATNER, PRESIDENT EMERITUS, CENTER FOR CONSTITUTIONAL RIGHTS: Good to be with you, Paul.
JAY: So you spent a hell of a emotional day at a remarkable trial of Bradley Manning today. What happened?
RATNER: I went down to Fort Meade, and it was an all-day affair. Bradley Manning was in the courtroom. Most of the press goes to a theater room, but a few of us—I'm not press—go into the room with Bradley Manning. And it was a special day because it was a day in which Bradley Manning's lawyer and Bradley had decided to plead guilty to certain of the charges, but really lesser included charges, not the top charges of espionage and aiding the enemy and all of that.
But I was devastated by the day emotionally. I was devastated by it. But at the same time, you really saw who Bradley Manning was, what a hero he was, and how when he saw wrong, he basically acted.
Technically what happened today is he pleaded guilty to nine charges. And when you plead guilty in a court, the court wants to make sure you understand what you're doing, the nature of the plea, and asks you to describe what your actions are. And so Bradley Manning pleaded guilty to many of the distribution or the transferring of documents to WikiLeaks, who is my client, all of the documents from the Iraq War Logs, the Afghan war logs, "Collateral Murder" video, Department of State cables, the Reykjavik 13 cable, etc.
But what was amazing about this guilty plea to nine charges is the judge allowed him to read a statement that's probably a 30-page statement—it took two or three hours—that really gave you a sense of who Bradley Manning was. And it was an incredibly moving statement. He started out by when he joined the military, and then he described what his first job was in Iraq. And his first job was really compiling and working with something called SigAct, which are significant activities. And those are the daily log reports of what happens in the field. And as he read those reports, he got more and more disturbed by what he saw going on in Iraq, the amount of killings, the number of—the fact that they were killing people on a kill list, he said, rather than helping people. And he thought there should be a serious discussion of counterinsurgency, what it meant, what it meant to really help people instead of hurt them.
At about the same time as he was looking at these and working—this was part of his work, the Iraq War Logs. And of course the Afghan war logs, similar material, were in the same sort of location, so he got to see those as well.
The same time that he's doing this, he's also becoming aware of the organization WikiLeaks, and he's primarily becoming aware of it through the fact that they released—I forgot how many tens of thousands of SMSs, those special—you know, the text messages from people who were in the World Trade Center when it was hit. And that was, I guess, an exposure by WikiLeaks. And then he did some research on WikiLeaks while he was at his computer, and he found out that in 2008 there was a report done by the U.S. government about how to counter WikiLeaks way back in 2008.
So you have these two things going along—him getting disturbed by the Iraq War Logs, the Afghan war logs, and then him being in contact, at least, with WikiLeaks.
The first thing that happens is the Iraq War Logs and the Afghan war logs, and what happens is that he gets disturbed by it. He doesn't do anything with it, but he goes to the United States at some point with those logs downloaded onto his computer, I guess, or onto a chip, really, like, a little SD card. And he's in Maryland, and there's a snowstorm. He can't decide what to do with it. He talks to someone who was at least his boyfriend for a while and said, what if you had things that the American people ought to see. The boyfriend is noncommittal. He keeps thinking about it. It keeps bothering him.
And ultimately, when he goes back to Maryland from Boston, he goes into a Barnes & Noble becauses there's a snowstorm and he needs to use their broadband, and he uploads the documents to WikiLeaks. He uploads them through their site where it's an anonymous upload to WikiLeaks. And then he said afterwards, I felt really relieved; I felt that this was something the American people had to see; they had to debate this war; and I hoped, I hoped that the Afghan war logs and the Iraq War Logs would change the situation. So that's the first set of documents.
At the same time, he's then in, of course, correspondence of some sort with WikiLeaks. He doesn't know who's at the other end of the computer. He says at some point, maybe it's Julian Assange, maybe it's someone named Daniel Schmitt, who was the German guy who was at least with WikiLeaks for a while—Domscheit/Schmitt. He doesn't know who it is. He says, it might be other people in WikiLeaks' organization; I don't really know who I was communicating with; it's anonymous.
And then he also says during the course of this day that I was not pressured at all by anybody from WikiLeaks; this was a decision I made on my own.
So the first set of documents, you already see he's very politicized and thinking about people ought to see what the government is doing.
The next big event that happens is the "Collateral Murder" video. People are in his Iraq office, and they're discussing, you know, these videos and did it comply with the rules of engagement or not. And so he decides to go look at it himself. And he sees it, and he's really upset by it, 'cause first he sees what looks like you could argue was a mistake when the two Reuters journalists are killed from what he calls a—whatever it is, an aerial gunship. And then—and he says, well, they mistakenly shot them. And, of course, there's a dispute about whether that was a mistake or whether they should have killed those two Reuters people.
But then a van comes to try and rescue people, and the people in the helicopter fire on the van. And at that point, that's—he thinks that's just outside of the rules of engagement. These people were coming to rescue them. They had no weapons. And then he hears the bloodlust of the people in the helicopter—and that's the word he used, bloodlust. When they saw a guy crawling along the ground who apparently was wounded, they said in the helicopter, we hope he picks up a gun—essentially so they can shoot him.
And he gets very disturbed by this, very disturbed by the fact that it wasn't given to Reuters, even though Reuters asked for it on behalf of their dead journalists in their own organization and that the U.S. government or CENTCOM, the military, said they weren't even sure they had it. And there it was. So that's again him being upset by what he saw and doing something and acting on it. So that's the second thing he pleads guilty to is giving that video, again, uploading it to WikiLeaks. It turns out not to have even been classified, which is interesting. But he gives it to WikiLeaks.
The third incident is with the Iraq police. He's asked to help out with the Iraq police, the Baghdad police, help them identify, you know, insurgents or other things, I think, something like that. At some point, 15 people are turned over to the Iraq police. And he looks into what their case is. He's asked to do that. And the case against them was nothing but putting up posters about the corruption of the government in Iraq. He gets very upset by this because these people are treated badly. He's afraid they're going to be disappeared, and he's even afraid they're going to go to Guantanamo if they're turned back to the United States.
So what he does: he tries to report it to his commanders. They of course—they disregard it. And at that point, he again uploads that to WikiLeaks. WikiLeaks does not happen to publish that, but he continues, of course, talking to WikiLeaks about documents that—or at least about continuing to be in touch with WikiLeaks about documents. And that got him intrigued by something he'd been upset by for a while, which is Guantanamo.
What he said in court was, look it, [incompr.] have a right to interrogate people, sure, but Guantanamo really is morally questionable; what we're doing is keeping innocent people there and people who are very low-level, and Barack Obama promised to end it, and I think it just hurts the United States to keep it open. And that got him interested in finding what are called the detainee files, and those are files on each of the detainees in Guantanamo. And then he says when he talked—when he said to WikiLeaks, here's what I'm going to give you, and WikiLeaks says, well, what is it, and then WikiLeaks responded, well, they're old and they're not that political but they're important historically for Guantanamo, and they may help the lawyers as well. So then those get uploaded to WikiLeaks.
And then, of course, the last thing he talked about was the State Department cables. And there was an earlier State Department cable called the Reykjavik 13, which was actually the first document, I think, put up online by WikiLeaks. Reykjavik 13 he got off a website having to do with Iceland. And there was—Iceland during the financial crisis, there was huge pressure by the U.K. and the United States on Iceland to concede to all the bailouts and the austerity program, and Iceland refused. And this cable talked about the pressure that was being put on Iceland by the U.S. And he reacted, Bradley Manning reacted by saying, they're bullying Iceland, and I think this ought to get out; I don't think this kind of stuff should be secret.
And that got him, of course, into the diplomatic cables, which—he read every one on Iraq, he said, and he read them more broadly eventually, and he saw that basically they were hiding criminality and that he believes that that kind of diplomacy hurts the United States, secret diplomacy and that's not out in the public. And then that was the diplomatic cables that were released.
But what you see in each of these incidents is that in each one, he was affected by what he read or what he saw, and deeply affected, and he couldn't really do much with going up the chain of command. He couldn't do much with—what could he do with it? And he decided that the public, the U.S. people, and the world ought to know about it, because they ought to discuss it, and maybe that would change policy.
Now, there were a couple of other very interesting moments. There was a moment when he's back in Maryland about to want to releasing the Iraq and Afghan war logs, and he first tries to get them into another media, not WikiLeaks. He calls up The New York Times public editor and leaves a message on the public editor's website or answering machine, never gets a call back. He calls The Washington Post, and he said The Washington Post really didn't take him seriously. And so he felt that he couldn't do anything with The Washington Post or The New York Times. He said he was looking at some other places to do it. But in the end, because of what WikiLeaks had done in the past, he felt that would be the best way he could do it.
I guess for me sitting in the courtroom and seeing this young man, [incompr.] 22 years old, joined the military—20 years old, and at 22 started to upload documents to WikiLeaks because he was so disturbed, it made you realize what a hero Bradley Manning is. I mean, here he saw what the U.S. military was doing, what they were doing in Afghanistan, Iraq, Guantanamo, and what the State Department was doing, and he decided that I should do—that he should do something about it. And, unfortunately, he's going to pay a high price for it. The plea that he took, if—.
Let me just say how the pleas work here. This is not like a plea we see in a regular court. Normally you make a deal with the prosecutor. You go before the judge. There's a maximum sentence, or at least there's a plea to what might be a maximum sentence.
It's not the way this plea worked. This is what the judge referred to as a naked plea, which means he just decided to plead guilty to these nine specifications on his own with his lawyer and detailed what happened. They're not the highest charges. They're charges that cumulatively could give him 20 years. The problem is the prosecutor doesn't have to accept it and can go ahead and still prove the higher charges, using even elements of what Bradley Manning has pled to.
So that's going to be the important thing here. I think it's an important step. He's showing that he took responsibility for his actions. He gave an incredible, really, statement, moving statement about why he did it. And, hopefully, the judge will be moved, and, hopefully, his sentence will reflect what he actually pled guilty to and not the charges that can end up with a life imprisonment for Bradley Manning that the prosecutor wants to pile on. So it was an amazing day in court, Paul.
JAY: Now, he's been kind of depicted to some extent as sort of a weak person, sort of disturbed. What kind of man did you witness?
RATNER: You know, this is—the first time I saw it was when I went to Bradley Manning's hearing, where he actually got on the stand and testified about the abuse and torture that he underwent for almost a year between Iraq and Quantico. And at that point you realized this is not a weak, this is not a disturbed—this is something very different than that. This is a strong person, very intelligent. That came out in the hearing on the abuse, and it came out today.
First, he was obviously very intelligent. I mean, he was put into this high-level computer thing. When you heard him talk about computers, he just knows a heck of a lot.
But in addition, he's a strong person politically about what he thinks, about how he presents himself. He didn't have a weak voice. There was even a couple of funny moments in this very difficult day. At one point, the judge asked him a question, and he couldn't answer without revealing, he said, classified information. So everybody laughed about it, 'cause here he is now actually in the process, when he's asked a question, of protecting classified information from the judge's question. So everybody got a little bit of a laugh out of that.
But of course it's a tough day for Bradley Manning, that he's going to be sentenced to certainly a fairly long-term—hopefully not that long, and, hopefully, they'll accept these charges.
But what I sat there and realized is here you had a 22-year-old person who really acted on what he saw and his belief, and he's going to be someone who we can—.
As a last point here, the 35-page statement or whatever it was was not given to any of us. It was given to the judge, it was given to all these guys in camoflage and everybody else. We didn't get it. It's not because any of it was classified. I heard every word of it. It's because this court doesn't give materials out very readily. And we have lawsuits, the Center has a big lawsuit going on about this. We've gotten them to release a few things. But this document is so important, in my view, I think young people, old people reading this document will be moved to act themselves in a way that will try and make this country really adhere to the rule of law and stop being the killing machine that I think Bradley Manning saw that it was.
JAY: Alright. Thanks very much for joining us, Michael.
RATNER: Thank you, Paul.
JAY: And thank you for joining us on The Real News Network.