POR DAVID DA COSTA COELHO
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Tempos atrás postei em meu blog que o Brasil caminhava a passos largos para se tornar um estado religioso, não que já não seja, pois as nossas cidades e estados tem nomes católicos devido à historicidade dessa religião com os portugueses que colonizaram o País, nossa moeda, por imposição de religiosos no congresso, contem ali o nome de deus, originado do judaísmo; nossos feriados são em maioria referentes a algum santo católico, e a comemoração natalina, outra festa supostamente católica, mas na verdade em comemoração ao deus Mitra, adorado pelos soldados romanos com pão, hóstia e nascido em 25 de dezembro que a ICAR, transformou no nascimento do suposto Jesus, pois historicamente ele não existiu.
Ainda hoje nossos juízes católicos mantem em suas salas de audiência crucifixos dourados, de inox, e madeira, todos eles pomposos e deslumbrantes, alguns bem grandes por sinal, como o que pude ver numa audiência contra um banco em finais de 2012. E quem ostentava o mesmo era uma juíza, supostamente uma defensora do estado laico e das leis. Quase lhe perguntei se eu podia colar ali na parede ao lado as inúmeras terras paralelas, símbolo de minha religião reencarnacionista; mas não podemos falar diretamente com eles, pois para isso pagamos advogados, e basicamente para o tema em pauta, então deixei pra lá. Ao olhar fotos dos juízes do STF, vi ali um crucifixo gigantesco, e de novo vem à pergunta, esse estado é laico ou um estado somente dos católicos?
Para piorar a questão, depois da reforma protestante, em que católicos e facções religiosas opostas, mas crentes no mesmo deus se mataram e torturaram aos milhões, o protestantismo se espalha na nação como praga de gafanhotos, não respeitando outras religiões, embora oficialmente digam isso para aquelas pessoa que não sabem que estamos em uma guerra religiosa, onde cada pastor condiciona seu ‘rebanho de ovelhas’, com palavras sagradas da Bíblia, um apanhado de literatura fantasiosa copiada de outros povos ao longo de milênios pelos judeus, semelhante a literatura de cordel do nordeste, e reunidas em um livro após o concilio de Niceia, comandado por Constantino, o Grande.
Essa guerra só passou a ser visível com o advento da IURD, do bispo e doutor em teologia, Edir Macedo, cá entre nós, um dos poucos religiosos que admiro e respeito por seu nível acadêmico, e ser religioso ao estilo brasileiro, na base do jeitinho, onde obtém as coisas sem atacar diretamente as demais religiões, coisa que faziam no começo de sua famosa igreja. Dentro da linha fundamentalista, ninguém supera o psicólogo e pastor Silas Malafaia, não que ele esteja errado em proferir sua verborragia, afinal ele é o que se tornou devido sua grande eloquência, e também devido a seu livro sagrado, assim nada mais justo ele gritar a todos os cantos que a Bíblia é seu livro de cabeceira e de vida. E ali deus fez coisas realmente fantásticas para o homem, e todas as pessoas deveriam viver segundo aqueles gentis seres tribais de milhares de anos atrás.
As partes de fazer guerra, ter escravos, matar pessoas que não acreditam em javé, e ainda levar os prepúcios masculinos obtidos em batalha, a isso não é do contexto, e sim de uma época, e nós, de outras religiões não entendemos o poder de deus e suas palavras. Mas nesse mesmo capitulo, há também aquele em que se diz que homo afetivos são imorais, por isso deus destruiu Sodoma e Gomorra e tantos outros pecadores, e os negros são assim por que foram banidos, ou filhos de algum descendente de Adão que não seguiu a cantilena, inclusive a ICAR justificou os 400 anos de escravidão negra com essa passagem da bíblia.
Quando vemos na teve ou no congresso, pastores que se elegeram deputados com o poder do voto de suas ovelhas, eles não estão ali para garantir direitos iguais às minorias, ou lutar por menos impostos, retomar as riquezas nacionais levadas embora por multinacionais em seus acordos escusos com nossas elites, a exemplo do nióbio; e sim para impor uma visão de mundo que estão nas escrituras de sua religião, e de interpretação livre de cada denominação evangélica, pois diferentes dos cristãos, eles não tem um Papa com um dizer a ser seguidos por todos, lembrando aqui que a ICAR defende coisas muito semelhantes aos protestantes, e em matéria de corrupção, pedofilia, e se intrometer na vida e saúde das pessoas, são de fato, campeões mundiais...
Uma espécie de discípulo de Silas Malafaia, que caiu nas graças das redes sociais, é o pastor e deputado Marcos Feliciano, que preside a comissão de direitos humanos, mas como escrevi em outro tema aqui em minha pagina, apenas ficção cientifica da melhor qualidade, e não passa disso. Ao defender suas posições, não são as do estado laico, e sim as da bíblia e do povo que já morreu a milhares de anos, mas suas palavras copiadas de outros povos, e tornadas sagradas por imposição estatal e religiosa durante milhares de anos, podem agora ser aplicadas porque ele tem o poder de deputado federal. Ao contrario do que imaginam os leigos no que tange a democracia, ela não se atem aos direitos das minorias, e sim das maiorias que se elegem representantes, e como tal, eles ao se uniram em bancadas, e estão ali para defender o povo que os elegeu, bem como visão de mundo, mesmo que religiosa e retrógada...
Em poucos anos, se o nível de educação nas escolas não melhorar, e existirem aulas qualificadas de historia, geografia, filosofia e sociologia, com certeza terão mais ovelhas sendo arrebanhadas por qualquer esperto que saiba manipular pessoas carentes de uma denominação, e se deixem levar por lideres religiosos fundamentalistas, e políticos espertos como Jose Serra; aquele mesmo que é contra o aborto, mas mandou a esposa fazer, não aceita a religião se intrometer no estado, mas beija o Malafaia nas eleições, e vai a tudo quanto é culto evangélico e também católico, a exemplo de sua ida a Basílica de Aparecida... Mas como sou professor de História, e ela me faz ser cético antes de tudo, ainda mais lendo esses dias que o governador de são Paulo, do PSDB, extinguiu os cursos acima propostos no 2º grau, ficando só português e matemática, se essa moda pega em todos os estados governados por essa denominação, só restara aos professores destas matérias largarem o magistério e virarem pastores, pois se pessoas comuns, muitas sem um canudo de curso superior pode arrebanhar e manipular as ovelhas; imaginem então nós, com um conhecimento de mundo que poucas pessoas tem?