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ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO...

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"Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança negra recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, jamais fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton. Isso justamente pois os brancos são espíritos superiores, mais antigos e assim muito mais evoluídos do que os espíritos mais novos e primitivos que não se distinguem de macacos." Allan Kardec
POR Orlando Fedeli

É bem sabido que o darwinismo suscitou uma grande onda racista. Pois se a luta pela sobrevivência causava a seleção das espécies, a luta entre as raças causaria o aperfeiçoamento da espécie. Assim, o nazismo foi um dos efeitos do darwinismo. O que, porém se deixa à sombra, é a influência do darwinismo no racismo de Allan Kardec, o fundador do espiritismo "moderno". Kardec, cujo verdadeiro nome era Hypolite Léon Dénizard Rivail, foi um homem que aprendeu bem mal a Gnose típica das sociedades secretas a que pertenceu. Nessas sociedades do século XIX, se ensinava uma doutrina mais ou menos influenciada pelo romantismo, doutrina em geral originada do cabalista Jacob Boehme. Se Kardec aprendeu mal essa doutrina teosófica e romântica, ensinou-a pior ainda. Daí nasceu o sistema gnóstico grosseiro e cheio de contradições do espiritismo moderno.
 
Lendo os livros de Kardec, tem-se a impressão de ler textos de um aluno de ginásio que, não tendo compreendido bem a lição que recebeu, e com presunção própria aos ignorantes, escreve obras sem nexo, contraditórias e mal feitas. O resultado é uma Gnose de "basse cour", isto é, uma "gnose de galinheiro". Por ela se passa pisando como em "lama" pseudo intelectual. Pois lendo -- com repugnância -- o livro A Gênese de Allan Kardec (Ed . Lake, São Paulo, 1a edição, comemorativa do 100 o aniversário dessa obra) pode-se encontrar o seguinte texto, escandalosamente racista, do fundador do espiritismo moderno:
 
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso. Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados" (Allan Kardec, A Gênese, ed. cit. p. 187, o sublinhado e o negrito são meus).

Kardec afirma aí o mais grosseiro e brutal racismo.  Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro - Vimos já várias citações escandalosamente racistas de Allan Kardec, frutos de sua doutrina caudatária do evolucionismo darwinista. Queremos apresentar mais um texto desse autor, que, embora tendo baixíssimo nível intelectual, vem causando muito mal, particularmente no Brasil. Na obra intitulada O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta:
"6 --Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126). Já a pergunta denota certo racismo, pois supõe que uma criança hotentote, ainda que educada nas melhores escolas, não teria possibilidade natural de alcançar o nível de um cientista branco. Allan Kardec explicita seu racismo brutal e grosseiro na resposta que dá a essa pergunta, por ele mesmo feita:
"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).

Como é possível se imprimir e difundir, ainda hoje, uma doutrina racista tão brutal e tão grosseira? É patente, nas frases citadas, que Allan Kardec considerava a raça branca -- a caucásica -- superior à raça hotentote. E Kardec chega ao absurdo de levantar a hipótese de que um hotentote não seria um homem! Hitler aprovaria a doutrina racista de Kardec. E os espíritas tupiniquins, repudiam eles esse racismo grosseiro e brutal, ou o aceitam? Se o repudiam, como poderão continuar aceitando a doutrina espírita de Kardec como revelada por "espíritos superiores"? E será que esses "espíritos superiores" eram "caucásicos", isto é, arianos? Não há dúvida, pois: Allan Kardec era um racista grosseiro e brutal. E a doutrina espírita é racista. Daí, o orgulho que ela suscita em seus seguidores, que -- se são caucásicos -- se julgam superiores aos demais mortais, quer porque os consideram de raças inferiores, quer - quando se comparam a outros brancos -- os julgam pouco evoluídos espiritualmente.

Allan Kardec foi de fato um racista grosseiro e bruto, acrescentando ao evolucionismo darwiniano a sua doutrina gnóstica, muito mal aprendida e pior explicada. Seus textos indicam um homem cheio de contradições e de baixo nível intelectual. Quero citar dele novos textos, comprovantes desse evolucionismo bruto e grosseiro do espiritismo kardecista. No mesmo livro A Gênese, que já mencionei, se pode ler o seguinte:
"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados" (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187. O negrito é do original e o sublinhado é meu).

Nesse texto do fundador do espiritismo moderno, está explicita a tese de que Kardec considerava os selvagens e a raça negra como inferiores. O que é racismo bruto e grosseiro. Se algum espírita ousar defender esse racismo kardecista, hoje, estará cometendo uma violação das leis antirracistas vigentes no Brasil. E Allan Kardec considerava raças inferiores não só os indígenas e negros, mas também os indivíduos de raça amarela. Raça superior seria só a branca. Para o racista grosseiro e bruto que foi Allan Kardec também os chineses seriam de uma raça inferior. Eis a prova do que estou afirmando, retirada de outro livro de Allan Kardec:
"Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse na sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado" (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Edição da Federação Espírita Brasileira, Brasília, 32a edição, sem data, pp. 206-207. A edição original de Qu'est ce que le Spiritisme é de 1859).

Portanto, para Kardec e para os espíritas, também os amarelos (japoneses, chineses, etc.), teriam que se reencarnar em raças superiores ou mais adiantadas. Hitler não diria muito diferente. E Allan Kardec, esse racista bruto e grosseiro, pretendia que sua palavra fosse superior à palavra de Deus, na Sagrada Escritura; Pois ele escreveu:
"A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição; só os Saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As ideias dos Judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não estavam claramente definidas, porque não tinham senão noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação" (Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Instituto de Difusão Espírita, Araras 1978, p. 59. O negrito e o sublinhado são meus. O itálico é do autor).

Portanto Allan Kardec se considerava mais "judicioso" do que a Bíblia, porque, naquilo que os autores inspirados por Deus erraram, ele Kardec elucidou. Além de ser, então, um racista brutal e grosseiro, Allan Kardec era um presunçoso soberbo, que se colocava até mesmo acima da Bíblia.
FONTE:
Orlando Fedeli - "Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=kardec&lang=bra
Online, 26/04/2013 às 00:50h

“ENTRE FRENOLOGISTAS E ROUSSEAUNIANOS: A INTERPRETAÇÃO DE ALLAN KARDEC SOBRE AS RAÇAS” (uma análise histórica do texto “Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra” - 1862).

Por: Roberta Müller Scafuto Scoton

“Kardec era racista?” Essa é a questão que tem vindo à tona nos últimos tempos com o ressurgimento da discussão em torno de um artigo escrito pelo codificador da doutrina dos espíritos, Allan Kardec. Artigos de periódicos brasileiros de circulação nacional e textos de internet demonstram o reaparecimento da polêmica. Por um lado, os adeptos do espiritismo “defendem” Kardec, contextualizam, afirmam ser o periódico Revue Spirite, no qual foi publicado, somente experimental etc. Por outro lado, os contrários ao espiritismo utilizam este texto como “arma”, como uma forma de mostrar que Kardec era “um racista brutal e grosseiro”. Diante destas constatações e da atualidade da polêmica – em decorrência, em nossa opinião, das discussões em torno do decreto do Presidente dos EUA, George W. Bush, sobre a implementação nas escolas norte-americanas do ensino do criacionismo ao lado das teorias de Darwin – analisaremos o texto de Kardec, levando em consideração o contexto cultural em que foi produzido.

A epígrafe deste artigo – “A raça negra é perfectível?” – é a frase que inicia o texto de Allan Kardec, Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra, publicado na Revue Spirite, Journal d‟etudes psychologiques, em abril de 1862, na França. Nele, o autor se questiona sobre a perfectibilidade da raça negra e tenta responder a questão tomando como fio condutor as discussões no âmbito de uma ciência de destaque no período, que é a frenologia. A fim de elucidar algumas questões, tomamos como suporte algumas ideias expressas por Kardec em dois outros textos publicados no mesmo periódico: A cabeça de Garibaldi, de março de 1861 e A Frenologia e a Fisignomonia, de julho de 1860. Pensamos que o artigo Frenologia espiritualista e espírita seja uma síntese das idéias apresentadas nestes dois ensaios anteriores, os quais versam sobre assuntos próximos e são referidos no texto de 1862. No artigo A Frenologia e a Fisignomonia, Kardec analisa as ciências frenológicas e a fisignomonia sob o ponto de vista da doutrina espírita. E no artigo A Cabeça de Garibaldi, examina uma carta publicada no periódico francês O Siécle, de 04 de fevereiro de 1861, em que contém o resultado dos exames frenológicos feitos pelo Dr. Riboli no crânio de Garibaldi. Tais textos dialogam com as correntes científicas do período, como a fisignomonia, o evolucionismo e, principalmente, a frenologia. Além disso, observamos a presença de ideias filosóficas, como é notado, por exemplo, ao adotar o conceito de “perfectibilidade”, cunhado por Jean Jacques Rousseau, pensador francês do século XVIII. Neste artigo, analisaremos a influência destas ideias e como se deu a apropriação das mesmas por Allan Kardec, principalmente no que se refere à sua fala acerca das raças, tendo em vista que neste período havia o predomínio do paradigma das raças. Antes de iniciarmos a análise, situaremos o sujeito-histórico Allan Kardec e o contexto intelectual e científico da Europa no século XIX, dando destaque às principais teorias científicas e ideológicas, ao surgimento do Espiritualismo Moderno e a formulação da doutrina espírita por Allan Kardec, principalmente acerca dos temas da reencarnação e evolução espiritual.

O Espiritualismo Moderno foi um movimento de caráter religioso e intelectual que reuniu de forma eclética e difusa, tradições e filosofias de origens diversas (Espiritismo Kardecista, Teosofia de Helena Blavatsky, orientais, pré-cristãs...), as quais possuíam como perspectiva comum, de um lado, o enfrentamento dos valores da modernidade e preceitos da ciência, e de outro, a crítica à tradição cristã. Tal movimento nasceu em meados do século XIX, opondo-se a crença dominante na necessidade de um plano progressivo da história desvinculado da idéia de um plano divino. A emergência do denominado "Cientificismo" levou ao confronto acirrado entre ciência e religião, principalmente através da eliminação de Deus como princípio metafísico de explicação, sendo substituído pela ciência enquanto forma de conhecimento que comportaria uma garantia da própria validade.

O movimento espiritualista era centrado na relação com a morte, no contato sistemático e regular com os mortos, nas manifestações conscientes dos espíritos e nos ensinamentos por eles transmitidos. Embora o movimento se origine de uma reação ao materialismo cientificista dominante no século XIX, o movimento incorpora princípios da ciência positivista, da filosofia secularizada, do materialismo político e racional. Segundo Eliane Moura Silva, o "movimento incorporou princípios científicos, investigou os fenômenos na sua lógica e veracidade e combateu o materialismo simplista lançando novas bases para pensar verdades religiosas tradicionais." Outra característica importante do movimento foi o papel central dado às comunicações com os mortos, inaugurando, em um movimento de caráter científico e filosófico a alcunha de ser inspirado pelos Espíritos e não por seres vivos. Tais contatos com o mundo dos mortos tinham, como objetivo trazer as „revelações‟ dos Espíritos sobre a morte, a vida após a morte e a questão do aprimoramento espiritual. Também teve destaque o incentivo à educação, tanto como ao incentivo ao estudo, à aquisição de conhecimentos e ao aprimoramento intelectual e moral. A educação passou a ser um fator benéfico na compreensão de mensagens mais profundas, de ensinamentos mais elevados, que se pretendiam ser a fonte para mudar o homem e a sociedade, tornando-a mais justa e igualitária.

Os estudiosos do Espiritualismo Moderno e Espiritismo concordam em afirmar que o movimento espiritualista e as primeiras comunicações entre o mundo visível e o invisível, tiveram início na ladeia de Hydesville, do Condado de Wayne, próximo a Nova York, em março de 1848, na casa dos Fox, com pancadas nas paredes que perturbavam o repouso da família. Foi quando duas meninas, Katherine, de nove anos, e Margaretha, de doze, passaram a imitar as batidas que eram ouvidas, e a falar para o “desconhecido”, que respondia por meio de pancadas. A partir daí, estabeleceram um código, a partir do qual se tornou possível a comunicação com os espíritos. Além disso, as irmãs Fox demonstraram possuir a faculdade de mover objetos pesados ao mais leve toque de suas mãos. Tais fenômenos, que pareciam questionar as leis da Física, tornaram-se conhecidos na América, na Europa e em outros lugares do mundo. Estimulou a formação de grupos para estudar a comunicação entre o mundo dos vivos e dos mortos, e se tornou popular o costume de grupos de pessoas se reunirem em volta de uma mesa para fazê-la girar ou responder a perguntas. Havia duas correntes de explicação para o fenômeno: a dos que acreditavam realmente na influência dos espíritos e a dos que julgavam que fosse uma decorrência da ação do fluido magnético descoberto por Mesmer no século XVIII. O fato é que as mesas girantes e falantes foram alvo do interesse de magnetizadores, místicos e ocultistas, além de se constituírem no passatempo predileto do momento.

Caberia a um francês partir da observação dos fenômenos das mesas girantes e falantes e chegar à elaboração de uma doutrina que buscava conciliar a religião com a ciência. O corpo doutrinário que organizou foi fruto da seleção a que submeteu as informações fornecidas por diversos espíritos intermediados pelos médiuns, que ele tentou adequar às descobertas mais recentes nas diversas áreas do conhecimento. Em relação aos fenômenos espíritas propriamente ditos, ele procurava manipulá-los e explicá-los de acordo com o procedimento científico, isto é, passando-se pelo crivo da observação e experimentação. A legitimação científica foi buscada, ainda, na ampliação do campo fenomenológico, com a inclusão das manifestações dos espíritos na ordem natural.

O francês que organizou a doutrina dos espíritos foi Hippolyte Leon Denizard Rivail, que nasceu em 03 de outubro de 1804, em Lyon, França, onde seu pai era juiz. Realizou seus estudos até os 10 anos em sua cidade natal, sendo enviado posteriormente, para complementá-los, no estabelecimento de ensino instalado por Jean-Henri Pestalozzi, educador liberal e protestante inspirado nas doutrinas de Rousseau, num castelo em Yverdon, cidade suíça no Cantão de Vaud. Durante o período que permaneceu no instituto de educação de Pestalozzi, Rivail teve acesso aos conhecimentos reservados à juventude bem-nascida da primeira metade do século XIX. A partir dos 14 anos tornou-se colaborador no educandário, depois submestre, tendo lecionado várias matérias. Rivail conhecia profundamente o idioma alemão, inglês, holandês, algumas línguas neolatinas, latim e grego. Para o alemão verteu excertos de autores clássicos franceses, com destaque aos escritos de Fénelon, dentre os quais, Telêmaco foi posteriormente publicado para uso em educandários.

Radicando-se em Paris, Rivail dedicou-se ao magistério, a traduzir obras em inglês e alemão, e preparar textos didáticos e de organização do ensino. Continuador de Pestalozzi que, por sua vez, inspirava-se em Jean Jacques Rousseau, acreditava ser a educação básica a mais importante e o ambiente familiar o mais adequado à formação das novas gerações. Sob este aspecto, o pensamento de Kardec também se identifica com o de Auguste Comte, igualmente rousseaniano, e que defendia que a transmissão da cultura cabia à mulher durante o período da educação básica e que caberia a ela a formação de novas gerações. Em 1826, Rivail fundou um estabelecimento de ensino em Paris, a “École de Premier Degré”, porém o educandário sofreu a concorrência com as escolas congregacionistas, como as demais escolas leigas, e encerrou suas atividades oito anos depois, com a falência precipitada pelo outro sócio. Com o fechamento da escola, Rivail passou a fazer a contabilidade de três casas comerciais e, à noite, continuou a dedicar-se à tradução de obras em inglês e alemão, além da preparação de cursos para alunos de ambos os sexos.

Em 1832, casou-se com Amélie-Gabrielle Boudet, professora diplomada, filha de um tabelião de Paris. A partir daí, ambos passam a se dedicar, por algum tempo, à educação feminina, fundando e dirigindo um pequeno pensionato nos arredores de Paris. Interessado na questão do ensino diferenciado que era ministrado às crianças do sexo feminino, Rivail apresentou, em 1847, por ocasião de uma nova lei de educação, sugestões para a organização do ensino em geral, e do ensino nos educandários para meninas em particular.

Toda esta atividade didática caminhava a par com a busca do conhecimento do psiquismo humano e da transcendência da alma. A influência de Pestalozzi não se restringia ao aspecto intelectual da formação de Rivail, sendo também seu pensamento religioso e moral, impregnado de tolerância, absorvido pelo discípulo que, mais tarde, sistematizaria a doutrina dos Espíritos no sentido de conciliá-la com as várias correntes religiosas. Pestalozzi era um pouco ortodoxo, que aceitava o espírito da doutrina cristã, mas não os dogmas, fazendo com que atraísse sérios ataques à instrução religiosa que seu instituto ministrava aos alunos, tanto protestantes quanto católicos. Ele não admitia o dogma do pecado original pois, como educador, Pestalozzi acreditava no potencial de cada criança, na possibilidade de cada uma imprimir um rumo à sua vida, na responsabilidade individual, ou seja, no livre-arbítrio, daí a importância da educação no processo de desenvolvimento do indivíduo. A identificação com o pensamento de Pestalozzi se fez através dessa espécie de cristianismo sem dogmatismos, da crença na bondade intrínseca do ser humano, e da tolerância para com as mais diferentes crenças.

As experiências com o magnetismo animal haviam feito grande sucesso em Paris desde a chegada do médico austríaco Franz Anton Mesmer, em 1778. Mesmer afirmava a existência de um fluido que cercava e penetrava todos os corpos e, a partir daí, desenvolveu uma teoria sobre a causalidade das doenças e a técnica de cura. Segundo esta teoria, as doenças eram causadas por um obstáculo ao fluxo desse fluido através do organismo, e para restabelecer a saúde a pessoa deveria controlar a ação do fluido, afastando os obstáculos a seu fluxo, o que era feito através de toques ou massagens em certos pontos induzindo uma crise que restauraria o equilíbrio. De início, Rivail interessou-se pela aplicação do magnetismo à terapêutica, observou a força magnética que todos os seres humanos possuem e tornou-se um magnetizador. Foi quando o fenômeno das mesas girantes e falantes tornou-se a grande atração. As explicações variavam: muitos acreditavam na atuação de espíritos dos mortos, outros relacionavam o fenômeno ao magnetismo dos participantes. Rivail interessou-se também por essas sessões se efeitos físicos e pelas primeiras tentativas de escrita mediúnica em pedra ardósia. Observou as ocorrências, passou-as pelo método da experimentação, e concluiu que tinha uma causa inteligente, com o que afastou a teoria de que seriam resultado da força magnética.

A partir de 1855, dedicou-se a estudar profundamente os fenômenos e as crenças relacionadas a uma vida após a morte. Recolheu mensagens, deu início a uma série de sessões de perguntas e respostas sobre as mais diversas questões e, algum tempo depois, percebeu que o material coletado, se devidamente organizado, constituiria um corpo doutrinário passível de ser transmitido ao público em geral. Ele tentou expurgar qualquer traço que pudesse dificultar a aceitação da doutrina por parte das várias correntes religiosas e concedeu tanta ênfase à parte mítica quanto à parte moral, „que exige de cada um a reforma de si mesmo‟. Em 18 de abril de 1857 saía a primeira edição de O livro dos Espíritos, obra que expõe as comunicações espirituais com as quais teve contato, organizadas e sistematizadas em forma de perguntas e respostas. Espécie de „catecismo comentado‟, o estilo dessa obra guarda ainda muito do ethos pedagógico no qual Kardec fora educado. Quanto ao conteúdo, o primeiro livro da codificação de Kardec apresenta-se como uma demonstração, objetiva e comprovável para seu autor, da existência de entidades espirituais e como um conjunto de ensinamentos revelados por espíritos elevados e puros, versando sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, a pluralidade das vidas e dos mundos habitados, e as leis morais que regem o presente e o porvir da humanidade. A obra era assinada por Allan Kardec, pseudônimo que Rivail. Alan Kardec fora o nome druida de Rivail em uma das encarnações anteriores, ao tempo de Júlio César, segundo seu guia espiritual.

Visando dar expressão às adesões e fazer frente a doutrinas rivais, Kardec e alguns amigos lançam em 1858 a Revue Spirite, apresentada como um “Journal d‟études psychologiques”. A Revue Spirite torna-se logo uma referência internacional para os simpatizantes das ideias contidas em O livro dos espíritos, publicando casos de comprovação da existência dos espíritos, comunicações espirituais e artigos de uma centena de colaboradores, entre os quais figuravam o escritor Victor Hugo, o dramaturgo Victorien Sardou e o astrônomo Camille Flamarion.) Kardec manteve-se na direção do periódico até a sua morte, em 31/03/1869, vítima da ruptura de um aneurisma, quando Leymarie assumiu o cargo. A 1º de abril do mesmo ano a Societé Parisienne des Études Spirites foi organizada por Kardec, sendo a primeira sociedade com esse caráter a ser regulamentada na França. É baseando no caráter experimental desta revista que os muitos espíritas atualmente defendem o espiritismo e a figura de Allan Kardec. Um dos argumentos é de que deve-se “distinguir o que são apenas opiniões pessoais das questões qualificadas como conceitos doutrinários estabelecidos”. Essa afirmação é embasada na idéia dos espíritas de que as obras da codificação seriam ditada por espíritos bons, que revelariam a verdade; enquanto nas demais obras prevaleceria a opinião pessoal. No mesmo artigo citado anteriormente, afirma-se que existem verdades ditas pelos espíritos que os homens não estão preparados para entender, já que são limitados pelo contexto em que se encontram. O próprio Kardec em A Gênese, afirma que a Revue Spirite representa um “terreno de ensaio”, no qual se sonda a opinião dos homens e dos espíritos sobre alguns assuntos, “antes de admiti-los como partes constitutivas da doutrina”.

Como vimos, Allan Kardec teve uma formação intelectual no instituto de Pestalozzi, onde sofreu influência de várias correntes filosóficas e suas linguagens, tais como: Grande Arquiteto, tolerância, liberdade, igualdade, evolução, progresso, etc. Da mesma forma que seu contemporâneo Auguste Comte, para ele o progresso humano se realiza de etapas sucessivas e necessárias. A diferença é que, para Comte, a evolução do homem começa e termina no mundo físico, enquanto que para Kardec, a evolução transcende a matéria e desdobra-se pela vida espiritual, passando pelas reencarnações, como essenciais neste processo.

Segundo Lilia M. Schwarcz, o termo “raça” é introduzido na literatura mais especializada em inícios do século XIX, por Georges Cuvier, inaugurando a idéia da existência de heranças físicas permanentes entre os vários grupos humanos. Esta visão aparecia como uma reação ao Iluminismo em sua visão unitária da humanidade, e que supunha uma igualdade entre os seres humanos das diferentes regiões do mundo. A partir deste período, passa-se a discutir sobre o problema das origens da humanidade, apresentando duas vertentes nas quais se aglutinavam os autores que pensavam sobre a origem do homem: a visão monogenista e a poligenista. A primeira, que foi dominante até meados do século XIX, congregando pensadores que acreditavam que a humanidade era uma, em conformidade com as escrituras bíblicas. Pensava-se na humanidade como um gradiente, sem pressupor uma noção única de evolução. Por outro lado, a visão poligenista, predominante a partir de meados do século XIX, transforma-se em uma hipótese plausível, respaldada pela crescente sofisticação das ciências biológicas e diante da contestação ao dogma monogenista da Igreja. Partiam esses autores da crença na existência de vários centros de criação, que correspondiam às diferenças raciais observadas.

A versão poligenista permitiu o fortalecimento de uma interpretação biológica na análise dos comportamentos humanos, que passam a ser crescentemente encarados como resultado imediato de leis biológicas e naturais. Esse viés interpretativo é contemporâneo da frenologia e da antropometria, teorias que passam a interpretar a capacidade humana tomando em conta o tamanho e proporção do cérebro dos diferentes povos. Recrudescia uma linha de análise que cada vez mais se afastava dos modelos humanistas, estabelecendo rígidas correlações entre conhecimento exterior e interior, entre a superfície do corpo e a profundeza de seu espírito. Nasce no mesmo período a antropologia criminal, que teve como maior expoente Cesare Lombroso, que argumentava que a criminalidade seria um fenômeno físico e hereditário.

“Retornando a Hipócrates, o poligenismo insistia na idéia de que as diferentes raças humanas constituiriam „espécies diversa‟, „tipos‟ específicos, não redutíveis, seja pela aclimatação, seja pelo cruzamento, a uma única humanidade. (...) A „perfectibilidade‟ anteriormente encontrada no „bom selvagem‟ agora lhe era recusada, assim como era questionado o voluntarismo, próprio do século das Luzes.”

Com a publicação e divulgação de A origem das espécies de Charles Darwin, o embate entre poligenistas e monogenistas tende a amenizar. A partir deste momento a teoria de Darwin passa “a constituir uma espécie de paradigma de época, diluindo antigas disputas. Segundo Kwame Appiah, a partir das idéias de Darwin, estas disputas se dissolveram e chegouse à conclusão de que “todos os seres humanos descendem de uma população original (provavelmente (...) da África) e que, a partir dela, as pessoas se espalharam de modo a povoar o globo habitável”.

Na doutrina kardecista, “a autoridade conferida às fontes decorre (...) da submissão destas a expedientes diversos de validação: (...), foram confrontados com a experiência contemporânea dos „dos espíritos‟.” Utiliza como estratégia de argumentação o confronto com a tradição bíblica e a discussão das idéias postuladas por correntes diversas do pensamento científico da época. O uso de referências oriundas da ciência, não só como citação, mas também como estratégia argumentativa, evidencia que à época as relações entre ciência e religião se haviam complexificado, não se podendo reduzi-las à simples oposição e/ou exclusão.

Algumas doutrinas religiosas surgidas na Europa passaram a reivindicar o estatuto de ciência, entre elas o Espiritismo e a Teosofia, os quais se autodefiniram como sendo ciência, filosofia e doutrina ao mesmo tempo. A fim de legitimar a reivindicação do estatuto de científico, foi central a importância conferida ao tema da evolução por exemplo, por ser esta uma questão em pauta na produção científica da época. Tal tema foi apresentado como argumento e não como dogma, aparecendo nas obras dos propagadores da doutrina como uma hipótese a ser comprovada. Para se atestar seu caráter científico, recorreram a evidências empíricas e fontes documentais, a fim de construírem seus argumentos por meio do confronto de interpretações. Kardec confrontava a tradição bíblica com as recentes descobertas científicas. Um exemplo é o fato de não descartar a idéia da criação, sustentada pela tradição bíblica, mas buscar uma posição conciliatória, mantendo a idéia da criação divina do homem, apenas incorporando a possibilidade de se repensar a datação de sua origem.

Em O livro dos espíritos (1857) – obra inaugural de Kardec que é apresentada em forma de perguntas e respostas – Kardec coloca na pergunta nº 50: “a espécie humana começou por um único homem?” Responde: “Não, aqueles a quem chamais de Adão não foi o primeiro, nem o único na Terra”. Na pergunta 53: “O homem surgiu em muitos pontos do globo?” Responde: “Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma a outras raças, novos tipos se formaram”. Na continuação da pergunta 53: “estas diferenças constituem espécies distintas?” Responde: “Certamente que não; são todos de uma mesma família. Porventura as múltiplas variedades de um mesmo fruto são motivo para que deixem de formar uma mesma espécie?”

Kardec teve contato com as ideias de Charles Darwin após a publicação de O livro dos espíritos (1857), já que a obra que consolida o novo paradigma científico da época, A origem das espécies, é de 1859. Tal visão foi incorporada no livro de Kardec A Gênese, de 1868, atualizando pressupostos da doutrina espírita acerca da origem do homem. Porém, antes mesmo de ter contato com o novo paradigma de Charles Darwin sobre evolução, Kardec apresentava ideias sobre progresso espiritual, em O Livro dos Espíritos afirma que a alma humana reencarnava sucessivas vezes para se aprimorar e progredir. Tal progresso espiritual se efetuava através de uma longa cadeia de existências encarnadas, provas e sofrimentos que contribuíam para o aprimoramento do ser humano. Desta maneira, dentro da concepção evolutiva e progressiva apresentada pela doutrina espírita, os ciclos sucessivos de reencarnação permitiriam o aprimoramento da alma para chegar às formas espirituais superiores e puras, cumprindo missões cada vez mais adequadas, até alcançar estágios superiores da espiritualidade. Segundo Sandra Stoll, haveria uma tensão entre duas forças, as quais definiriam a concepção espírita de evolução: por um lado, o processo de evolução como uma lei, que remeteria à formulação das ciências naturais e, por outro, coloca também a sujeição do funcionamento do processo da evolução ao exercício do livre-arbítrio do homem.

Como vimos, O livro dos espíritos (1857) é publicado dois anos antes do livro de Darwin, A origem das espécies (1859), que consolida o novo paradigma científico da época. Nesta obra, Kardec reproduz a visão científica dominante à época, que é a poligenia e, portanto, “neste primeiro livro de Allan Kardec, a idéia de uma origem comum a todas as raças humanas, tese difundida pelos monogenistas, não se coloca”. A publicação do livro de Darwin (1858) dilui os debates: postula a unidade da espécie e a origem comum de todas as raças humanas. Estas ideias tiveram impacto no Espiritismo, havendo algumas mudanças na postura de Allan Kardec sobre o tema. Na obra A Gênese (1968), atualiza “pressupostos da doutrina espírita em razão da incorporação de ideias que traduziam o pensamento das novas correntes que vinham conquistando hegemonia no campo científico”. Nesta obras, descarta a idéia de Criação, porém não endossa todos os postulados das novas teorias evolucionistas, sendo reticente com relação a questão da origem das raças humanas. O que Kardec sustenta é uma combinação de ideias que se sedimentam em versões concorrentes do evolucionismo: 1) defende a tese corrente entre os monogenistas de que a humanidade teria uma origem única (a princípio divina, depois natural); 2) mantém o argumento dos poligenistas quanto a pluralidade de origem das raças que conformam o gênero humano.

No artigo “Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra”, Kardec se propõe a analisar a capacidade de a raça negra de se aperfeiçoar, perguntando-se “a raça negra é perfectível?”, que é a frase que serviu de epígrafe a este o texto. Perfectibilidade é um conceito-chave na teoria humanista de Jean Jacques Rousseau, exposta principalmente em sua obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Tal expressão se refere a capacidade do homem de se aperfeiçoar, através da educação e seria uma especificidade humana que o distinguiria dos animais. Distancia-se da concepção dos evolucionistas do século XIX, no que se refere à capacidade singular e inerente a todos os homens de sempre se superarem. Como vimos, baseia-se nos pressupostos filosóficos deste pensador francês, com os quais teve contato no instituto de Pestalozzi, quando se habilitava como pedagogo. Nesta escola “procurava seguir os ensinamentos de Jean Jacques Rousseau, especialmente no que se refere à importância da educação infantil”.

Para responder a questão sobre a perfectibilidade da raça negra, toma como fio condutor às hipóteses vinculadas a uma corrente científica em voga, que é a frenologia. No final do século XVIII, o cientista Camper se interroga sobre a significação da morfologia craniana e por meio de suas pesquisas acerca do assunto, descobre um meio de calcular o grau de inteligência dos homens. Analisa a estrutura morfológica dos crânios de animais e de todas as raças humanas e conclui que existe uma relação íntima entre a inteligência e o volume da massa cerebral: nos indivíduos de fronte alta o cérebro pode desenvolver-se amplamente, mas, quando a fronte é projetada para trás, a massa cervical comprimida tem sua expansão prejudicada. Baseando-se nestas premissas, ele inaugura um método gráfico que permite calcular o “quociente intelectual” de qualquer ser vivo, seja um ser humano ou um animal. A partir destas idéias, Camper postula hierarquia: galinhola, crocodilo, galgo, cão de caça, buldogue, mono, o grande macaco da Índia, orangotango, negro, americano, diferentes tipos de caucasianos e de europeus, Apolo de Delfos. Portanto, em sua classificação, o negro encontraria-se a meio caminho entre o homem e o macaco. Tais estas ideias de Camper e de outros craniologistas foram debatidas e refutadas já no início do século XIX. Porém, foi mantida a certeza de que um europeu possui uma capacidade cerebral de um décimo superior à dos negros e de que podiam medir, através desta ciência, a capacidade da caixa craniana das diferentes raças. Outra ciência que teve destaque ao lado da craniologia foi a fisignomonia, criada por Jean Gaspard Lavater (1741-1801), teólogo, filósofo e poeta suíço, e exposta em sua obras Ensaios de fisignomonia (1781). A fisignomonia pretendia descobrir os segredos da alma e da inteligência fundando-se não no exame dos crânios, mas no estudo da fisignomonia, que postula uma relação entre os traços do rosto e o caráter.

Franz Joseph Gall, fundador da frenologia, desenvolve a tese segundo a qual a morfologia craniana é modelada pela forma do cérebro em função da personalidade do indivíduo. Em sua obra "Anatomia e fisiologia do sistema nervoso e do cérebro em particular, com observações sobre a possibilidade de reconhecer várias disposições intelectuais e morais do homem e dos animais pela configuração de suas cabeças", publicada em quatro volumes, entre 1810 e 1819, analisa, através de exemplos e gravuras, as 27 localizações cerebrais que determinam a geografia cerebral. Ele também manda modelar em gesso quatrocentas cabeças de homens apanhados em sua diversidade, do mendigo ao príncipe, do idiota e do surdo-mudo ao sábio. Portanto, para a frenologia, analisando-se a morfologia cerebral, chegava-se a conclusões sobre as capacidades do indivíduo. No texto de Kardec observamos que o autor tem conhecimento acerca destas teorias no âmbito da frenologia, ao afirmar:

(...) é admitido em princípio que todas as partes do cérebro não têm a mesma função. Além disso, é reconhecido que os cordões nervosos que, do cérebro como fonte, se ramificam em todas as partes do corpo, como os filamentos de uma raiz, são afetados de maneira diferente segundo a sua destinação; é assim que o nervo ótico, que chega ao olho e desabrocha na retina, é afetado pela luz e pelas cores, e transmite sua sensação ao cérebro numa porção especial; que o nervo auditivo é afetado pelos sons, e os nervos olfativos pelos odores. Que um desses nervos perca sua sensibilidade por uma causa qualquer, e a sensação não mais ocorre; fica-se cego, surdo ou privado do olfato. Esses nervos têm, pois, funções distintas e não podem, de nenhum modo, se substituir, e, no entanto, o exame mais atento não mostra a mais leve diferença em sua contextura.

Afirma que a frenologia acredita que o tamanho e formato do crânio, resultado do volume do órgão – o cérebro – determinam o desenvolvimento de faculdades. Além disso, Kardec critica esta perspectiva da frenologia, afirmando que ela não leva em consideração “o meio, os hábitos e a educação” como significativos para o desenvolvimento e aprimoramento de certas características dos indivíduos, já que eles seriam determinados somente por suas características físicas:

Enganar-se-ia estranhamente crendo-se poder deduzir o caráter absoluto de uma pessoa só pela inspeção das saliências do crânio. As faculdades se fazem, reciprocamente, contrapeso, se equilibram, se corroboram ou se atenuam umas pelas outras, de tal sorte que, para julgar um indivíduo, é preciso ter em conta o grau de influência de cada um, em razão de seu desenvolvimento, depois fazer entrar na balança o temperamento, o meio, os hábitos e a educação.

A partir desta crítica a frenologia o autor passa a analisar a correlação entre, por um lado, tipo físico e raça, e por outro, faculdades e capacidades do indivíduo. Faz tal análise sob o ponto de vista do espiritualismo kardecista. Afirma a existência de dois sistemas opostos que teriam dividido os frenologistas em materialistas e em espiritualistas. No texto A cabeça de Garibaldi, escrito publicado em março de 1861, na Revista Espírita, também faz referência a estas duas escolas do que denomina “discípulos de Gall”. Acerca dos materialistas afirma que estes defendem

que o pensamento é um produto da substância cerebral; que o cérebro segrega o pensamento, como as glândulas a saliva, como o fígado a bílis; ora, como a quantidade de secreção é geralmente proporcional ao volume e à qualidade do órgão secretor, dizem que a quantidade do pensamento é proporcional ao volume e à qualidade do cérebro, que cada parte do cérebro, segregando uma ordem particular de pensamentos, os diversos sentimentos e as diversas aptidões estão na razão do órgão que os produz.

O autor critica esta perspectiva por transformar o “homem [em] uma máquina” e também denuncia esta vertente em relação à imputabilidade criminal, já que os atos maus seriam consequência da imperfeição do organismo, sendo, portanto, “toda punição (...) injusta e todos os crimes (...) justificados.”

Por outro lado, os espiritualistas afirmariam “que os órgãos não são a causa das faculdades, mas os instrumentos da manifestação das faculdades, que o pensamento é um atributo da alma e não do cérebro.” Para os espiritualistas, haveria, portanto, uma inversão “da frenologia: para eles, não seria o órgão que determinaria a faculdade, mas o contrário, a faculdade inerente ao espírito modelaria o órgão, como é expresso no trecho: “(...) um homem não é poeta porque tem o órgão da poesia; tem o órgão da poesia porque é poeta (...)”. Kardec, embora afirme que a explicação espiritualista seja mais plausível se comparada a dos frenologistas materialistas, julga-a incompleta e afirma que só o Espiritismo pode dar explicações mais precisas baseando-se na “preexistência da alma, sua anterioridade ao nascimento do corpo, o desenvolvimento adquirido segundo o tempo que ela viver e as diferentes migrações que percorreu.” Partindo destes pressupostos do Espiritismo, que para Kardec seriam suplementar ao Espiritualismo, afirma que a alma ao reencarnar, unindo-se ao corpo, leva as qualidades boas e más que adquiriu nas outras existências, “daí as predisposições instintivas; de onde se pode dizer, com certeza, que aquele que nasceu poeta já cultivou a poesia; que aquele que nasceu músico cultivou a música; que aquele que nasceu celerado foi mais celerado ainda”. Portanto, haveria faculdades inatas aos espíritos, as quais produzem nos órgãos destinados a sua manifestação, um desenvolvimento interior e molecular.

Após apontar o posicionamento do Espiritismo no âmbito dos debates envolvendo frenologistas materialistas e espiritualistas, inicia o exame da questão do que denomina “anterioridade de certas raças e de sua perfectibilidade”. Kardec indaga-se sobre a possibilidade de o “selvagem feroz” adquirir as qualidades que lhe faltam em uma só existência; e se através da educação desde o berço poderia desenvolver faculdades, como as artes, a oratória etc. Responde negativamente, afirmando ser “materialmente impossível”. Afirma que a única “possibilidade de um progresso” para o selvagem é através de sua alma, tomando novas existências. Indaga-se:

Mas, então, por que nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania? Em corpos brancos antes que em corpos negros? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua? Por que, então, procurar fazê-lo cristão? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios? Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus. Eis, pois, (...) duas existências extremas: a do selvagem e a do homem mais civilizado (...).

Nesta citação percebemos alguns elementos importantes do pensamento de Kardec acerca das raças. Primeiramente, ele parte de uma hierarquia entre os povos, ao afirmar que os espíritos “civilizados” e “esclarecidos” nascem na Europa e não na Oceania. Portanto, para ele, os espíritos evoluídos e esclarecidos tenderiam a nascer entre os povos do continente europeu. Outro elemento importante do trecho é o fato de admitir a possibilidade de progresso e evolução, ao afirmar que o progresso da alma do europeu é anterior e o do selvagem é um progresso ulterior, posterior. Admite, portanto, que o europeu em um momento foram “selvagens”, porque todas as almas partem de um mesmo ponto de partida, de acordo com a justiça de Deus. Neste trecho, coloca-se para nós de maneira clara a adoção de pressupostos evolucionistas e positivistas, principalmente na idéia de que, tanto sociedade quanto espíritos evoluem e tem como fim a alcançar o progresso e a civilização. Estas idéias são a base para a doutrina kardeciana, notadamente no que tange a questão da reencarnação e da natureza dos espíritos. Por outro lado, também devemos analisar sob o ponto de vista das diversas teorias raciais produzidas durante o século XIX, em que as diferenças raciais eram centradas na biologia, nas diferenças físicas externas, como a cor, os cabelos, os ossos. Além disso, a concepção científica do século XIX sobre raça colocavam a raça negra em uma posição de inferioridade racial. Por estes modelos, os povos “selvagens” conhecidos pelos europeus eram considerados primitivos, no sentido de “primeiros homens”. Tal visão pressupunha uma evolução única e com uma perfectibilidade possível.

Maria Laura Cavalcanti, em seu livro O Mundo Invisível, em que analisa o ritual e cosmologia espírita, afirma que “o motor da trajetória espiritual é a relação que o Mundo dos Espíritos estabelece com o Mundo Visível ao longo de sucessivas encarnações”. O mundo visível, caracterizado como material e imperfeito, seria o local importante onde se daria a possibilidade de progresso do espírito: “neles os Espíritos originalmente iguais diferenciam-se, tornando-se mais ou menos imperfeitos, mais ou menos próximos da perfeição. O Mundo Visível é o lugar da produção de uma desigualdade justa, pois que fundada no mérito.”

Esta mesma autora resume a hierarquia dos espíritos, os quais seriam distribuídos em três ordens: Espíritos imperfeitos, bons e puros, segundo o quadro abaixo:



Retomando o texto de Kardec, ele afirma que as encarnações sucessivas para alcançar o progresso e civilização devem se dar de forma gradual, passando a alma do selvagem por existências intermediárias até chegar a do homem civilizado, europeu. Entretanto, mostra que nem sempre essa passagem se dá de forma gradual, havendo, por vezes, a encarnação de almas de selvagens em indivíduos do continente europeu. Para isso, cita o caso de Dumollard: “(...) em lugar de seguir os degraus da escala, vencer todos de repente e sem transição entre nós, e nos dará o odioso espetáculo de um Dumollard, que é um monstro para nós [europeus], e que nada apresentou de anormal entre as populações da África central, de onde talvez saiu [seu espírito].” Neste trecho, o autor faz referência a Martin Dumollard de Montuel, francês, que foi sentenciado á morte em 1861 na França, por matar meninas para beber o seu sangue. Kardec supõe que esta alma tivesse se originado da África Central, porque julga que esta prática diosa‟ seria corriqueira e comum entre os povos desta região. Desta maneira, Kardec explica a desigualdade de comportamentos na própria Europa civilizada: não seriam todos civilizados e evoluídos neste continente por conta de reencarnações ocasionais de espíritos pouco evoluídos de selvagens em corpos de indivíduos europeus. Portanto, a alteridade entre os “iguais” europeus era explicada pela alteridade entre a alma dos europeus e os “outros”.

Posteriormente a esta discussão, retoma a questão da frenologia. Afirma, baseandose em pesquisas frenológicas, feitas por cientistas, que entre os “povos pouco inteligentes”, predomina-se as faculdades instintivas e que há a atrofia dos órgãos relacionados à inteligência. Conclui que “o que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças”, ou seja, a pouca inteligência seria comum entre algumas raças e raro entre os povos “avançados”, europeus. Kardec pergunta se essa diferença seria uma injustiça e responde negativamente, afirmando, ao contrário, que é “sabedoria”, pois, “a natureza (...) nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos ainda infantis, podendo-se assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes”. Portanto, para Kardec, os espíritos selvagens são como crianças, estando em um estágio evolutivo espiritual ainda inferior, o que não permitiria a eles, quando encarnados, de desenvolverem certas faculdades.

Percebemos, portanto, que Kardec posiciona-se de uma maneira intermediária entre os frenologistas materialistas e os espiritualistas. É a favor da hipótese da frenologia sobre a corelação entre faculdades intelectuais e tipos físicos e raças; e, no que se refere aos espiritualistas, são a favor da idéia de modelação do corpo pelo espírito. Entretanto, distancia-se das duas proposições ao partir dos pressupostos de que existem, por uma lado, raças e tipos humanos e povos diferenciados e, por outro, espíritos em diferentes estágios de desenvolvimento: haveria uma evolução tanto do mundo material quanto do espiritual, e que ambos processos estariam relacionados. Espíritos pouco evoluídos tenderiam a nascer entre os selvagens, portanto, desenvolveriam as faculdades mais rudimentares para serem capazes de viver entre os povos desta raça. Essa situação seria mais comum: espíritos não evoluídos e infantis não necessitam de corpos sofisticados, com órgãos e faculdades desenvolvidas, já que entre os selvagens, onde tais espíritos encanarão, só são necessários os desenvolvimentos de faculdades mais rudimentares e instintivos.

Diverge da hipótese espiritualista ao afirmar “seu espírito [de um membro do Instituto Francês] ao desenvolvimento dos órgãos [encarnado entre os povos africanos Hotentote]? De órgãos fracos, sim; de órgãos rudimentares, não”. Portanto, para ele, mesmo que um espírito encarne entre os selvagens, ele não teria condições “materiais” de desenvolver suas faculdades em um corpo pertencente a uma raça que não desenvolveu algumas faculdades importantes. Conclui que:

A Natureza, portanto, apropriou os corpos ao grau de adiantamento dos Espíritos que devem neles se encarnar; eis porque os corpos das raças primitivas possuem menos cordas vibrantes que os das raças avançadas. Há, pois, no homem, dois seres bem distintos: o Espírito, ser pensante; o corpo, instrumento das manifestações do pensamento, mais ou menos completo, mais ou menos rico em cordas, segundo as necessidades.

Chegando ao final do texto, Kardec retoma a questão da perfectibilidade das raças, afirmando haver duas formas de se tornarem perfectíveis: pelo espírito ou pelo corpo. O espírito se desenvolveria através de suas sucessivas migrações, via reencarnações, em que em cada vida vai adquirindo as qualidades que lhes faltam. Portanto, “ora, sendo insuficientes os corpos constituídos para seu estado primitivo, lhes é necessário encarnar em melhores condições, e assim por diante, à medida que progride”. Há também a perfectibilidade pelo corpo, a qual se daria “pelo cruzamento com as raças mais aperfeiçoadas, que lhes trazem novos elementos que as enxertam, por assim dizer, os germes de novos órgãos”. O cruzamento se daria em épocas de guerras, de conquistas e por emigrações. Porem, afirma que há raças que não se misturam com outras e que degeneram ao invés de progredir e levam ao seu desaparecimento inevitável. Ao discutir sobre os negros afirma:

Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muito coisa; mas, por cuidados inteligentes, pode-se sempre modificar certos hábitos, certas tendências, e já é um progresso que levarão numa outra existência, e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições. Trabalhando para o seu adiantamento, trabalha-se menos para o presente do que para o futuro, e, por pouco que se ganhe, é sempre para eles um tanto de aquisições; cada progresso é um passo adiante, que facilita novos progressos.

Neste trecho, afirma que os espíritos dos negros são inferiores e primitivos, como crianças, as quais se pode se ensinar “muita coisa”, mas que só poderão usufruir destes ensinamentos em uma vida posterior, em que tomará “um envoltório em melhores condições”. Ou seja, os ensinamentos foram válidos para que nas suas próximas vidas progrida mais rapidamente e nasça entre povos mais evoluídos: “Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas; mas, enquanto Espíritos, é outra coisa; ela pode se tornar, e se tornará, o que somos; somente ser-lhe-á preciso tempo e melhores instrumentos”.

Outra afirmação importante é sobre o desaparecimento de raças selvagens. Como vimos acima, Kardec afirma que há a extinção de povos que se negam ao cruzamento com outros grupos e famílias. Porém, o autor coloca outro meio que faz com que as raças desapareçam, tornando-se, portanto, inevitável a extinção de raças inferiores e selvagens. Afirma que, mesmo em contato com a civilização, as raças selvagens permanecem selvagens, mas, com a ampliação das raças civilizadas, “as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras”.

Conclui o artigo afirmando algo muito constantemente endossado pela doutrina: de que o Espiritismo é complementar à ciência, que abre horizontes novos a todas as ciências, acreditando que ela abrirá “um novo campo para o progresso da ciência”. Neste texto de Kardec estão expostas preocupações e questões vigentes na época, como a da raça e da ciência da frenologia. O autor dialoga e apresenta um ponto de vista novo, fazendo uma síntese entre idéias da frenologia materialista e do espiritualismo moderno, embasando no paradigma das raças, que teve seu auge no século XIX.

Como apontamos anteriormente, nos dias de hoje, com o fim do paradigma das raças que teve respaldo até meados do século XX, este ensaio escrito por Kardec é retomado por adeptos do espiritismo e também pelos que são contrários à doutrina. Os “inimigos” utilizam o texto como prova de que Kardec e sua doutrina são racistas e preconceituosos e, por outro lado, os kardecistas defendem-no afirmando que a Revue Spirite tinha um caráter experimental, um “laboratório” e que não era uma obra, como as da codificação, ditadas por espíritos superiores, sendo portanto, passível de “erros mundanos” próprios ao período em que ele vivia e as incertezas científicas deste momento. Neste texto, nos propomos a uma análise que distancia destas duas perspectivas, analisando as idéias expressas por Kardec no ensaio a partir da história intelectual e científica, no contexto do século XIX, em que havia a predominância do paradigma das raças e em que a ciências, como a frenologia, a craniometria, a fisignomonia e o evolucionismo darwinista estavam em “moda”. Portanto, tentamos analisar neste artigo, a figura de Kardec como um “homem de seu tempo” e seus escritos impregnados de idéias difundidas por filósofos e homens da ciência.”

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Fontes:
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La tête de Garibaldi. Revue Spirite. Journal d‟etudes psychologiques. 4º année, mars, 1861.
Allan Kardec. A Gênese. Rio-RJ: FEB, 1995.
_________. O Livro dos Espíritos. Rio-RJ, 1995.

Sites e revistas:
FEDELI, Orlando. Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro. MONTFORT Associação Cultural: http://www.montfort.org.br/; capturado em 09/01/2006.
SOBRINHO, Paulo da Silva Neto. Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro?!?: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/allan-kardec-um-racista.html
FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. O polêmico texto de Kardec sobre a raça negra. Revista Universo Espírita. Ano 2, nº 24, 2005.

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DARMON, Pierre. Médicos e assassinos na Belle Époque: a medicalização do crime. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
GIUMBELLI, Emerson. O cuidado dos mortos: uma história da condenação e legitimação do Espiritismo. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1997.
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SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SILVA, Eliane Moura. O Espiritualismo no século XIX: reflexões teóricas e históricas sobre correntes culturais e religiosas. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
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STOLL, Sandra Jacqueline. Espiritismo à brasileira. São Paulo: Edusp, 2003

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