Por David da Costa Coelho
Embora eu já tenha escrito um texto imenso sobre como os professores são [1]tratados neste país, no caso em questão, pior do que o lixo que os garis recolhem dia a dia... Contudo, em virtude das novas leis que pretendem supostamente melhorar a educação publica, sou forçado a retornar ao tema porque de uma hora para outra a euforia que se assististe, sem um contesto real da coisa que virá, é como se mais uma lei voltada para o magistério fosse mudar a cabeça dos políticos canalhas, que ao final serão eleitos prefeitos e governadores, e salvo raras exceções, continuarão a massacrar os professores, seus inimigos números um de plantão...
Para que tenham uma vaga noção das ações destes canalhas em face ao magistério e a verba que recebem do governo para aplicar em educação, basta lembrar as velhas e já conhecidas e provadas maracutáias das quais eles fazem uso, como adquirir livros de empresas de amigos e chegados por uma comissão módica de 10 à 30%, ou de suas próprias editoras. Nessa conta se inclui também material escolar ou de construção os mais diversos para a infraestrutura das escolas, ou até mesmo a construção de novos prédios; ainda que seja lá no fim do mundo de seu município, onde não haveria alunos suficientes para a obra megalomaníaca, mas que ainda assim custarão alguns milhões, evidente que constando como gasto em educação, afinal é mais uma escola...
Outra e eterna canalhice em voga é jamais fazer concurso público, assim você – politico experto e canalha - pode contratar em regime de urgência um bando de profissionais desempregados porque não procuram outra coisa pra fazer, acreditando no que passaram anos em faculdades, estudando pra mudar a vida de adultos e crianças, esquecendo que não se pode mudar a realidade alheia, sem, contudo mudar a sua primeira. Antes da liberação de fazer contratos temporários, as prefeituras e estados faziam isso assinando a carteira dos profissionais, mas depois...
Como é um contrato temporário, dentro de poucos meses você pode demitir esse bando de idiotas uteis, sem dar um centavo de indenização porque não são em regime de CLT, com carteira assinada, fundo de garantia, seguro desemprego e outras coisas inerentes aos trabalhadores de verdade; mas deve dar uma coisa chamada verba rescisória, e como isso é utopia, alguns pagam ou não, pois não estava previsto no orçamento, assim sendo, há um mundo de professores pelo Brasil afora – inclusive esse professor idiota que vos escreve - esperando para o juízo final, quem sabe, talvez, pode ser que recebam antes da humanidade se extinguir...
O contrato é outra canalhice neoliberal, imposta por políticos canalhas, e que jamais será revisto pelos sindicatos e demais associações porque não tem poder e força politica pra isso; apesar do presidente do país ser de um partido trabalhista há vários mandatos. E graças a isto, prefeitos e governadores podem fazer das verbas da educação outra farra, sem que nada lhes ocorra através do ministério publico, porque apesar de supostamente combativos, no final eles são da elite, e tem sempre um parente politico, ou interesse escuso na mesma para o futuro. Qualquer duvida nesta questão, temos o servidor publico [2]Demóstenes Torres como nosso horizonte exemplar.
Além de contratar os professores desta forma maquiavélica ainda vem à canalhice das canalhices, e a explicação é nojenta porque é roubo descarado... Um concursado ganha o salario e benefícios integrais, já o professor contratado, ganha em media de 60 a 70% daquele salario, que deveria ser igual, mas não é. A diferença jamais aparecerá nas contas enviadas ao Ministério Público, contas abertas, ou qualquer outra estrutura que controle as mais de 5 mil prefeituras do país, mas em algum buraco negro, conhecido como conta secreta de político safado, é lá que encontraremos esse dinheiro que deveria ter sido pago ao professor contratado.
Pra evitar isso já existe até jurisprudência jurídica contra essa outra forma de [3]roubar os profissionais do magistério e demais áreas, dependendo de ações trabalhistas por quem foi lesado, cabendo contratar um advogado, ou acionar o ministério público; contudo, o professor que precisa trabalhar pelos motivos acima, não aciona a justiça porque seu nome iria para uma lista negra, um SPC das prefeituras processadas, e o roubo prossegue, assim a conta do politico corrupto segue engordando tranquilamente com a diferença salarial surrupiada do professor e demais funcionários contratados...
Mas não vamos ser tão injustos com eles – MP - pois de vez em quando ‘obrigam’ os prefeitos e governadores a fazerem concurso para o magistério. Entretanto, e de novo, um acaso da meia boca e politicagem porque não fazem uma auditoria de quantas escolas existem e do real quadro de vagas realmente necessárias, incluso aí aqueles professores que se aposentarão quando os profissionais aprovados forem chamados, ou seja; apenas algo para justificar o que não fazem durante décadas, e quando realmente agem, isso sai pela metade, e os políticos, como sempre, são os espertos que se dão bem nesta jogada; não esquecendo que eles têm dois anos pra chamar o pessoal que passou, a conta gotas...
Quanto ao mundo de dinheiro que supostamente virá para educação, não é bem assim, pois segundo [4]Maria Lucia Fattorelli; uma grande parte desse dinheiro será contingenciada para despesas em nome da educação ou divida pública, com algumas das nefastas coisas acima, e outras a caminho, afinal os políticos são gênios superiores a Einstein nesta área. Por mais que se dê dinheiro para educação, sem fazer auditoria e correção dos vícios, mandos e desmandos nesse setor bilionário do governo federal, estadual e municipal, a educação no Brasil continuará um lixo porque seu principal personagem, o professor; mal pago, sobrecarregado, elevado à condição também de pai de aluno, terapeuta de aluno, e vitima de muitos alunos que pensam que eles são saco de pancadas ou ofensas... Dificilmente mudará alguma coisa.
No meu entender, pra um controle maior e melhor da educação no país, a federalização de todos os professores, não importa se do estado ou prefeitura, seria a solução porque o Ministério Público federal poderia atuar e dissolver esses gargalos que nos sufocam e enchem de dinheiro os vampiros do colarinho branco e contas secretas no exterior. Cabendo as prefeituras e estados apenas organizar concursos e repassar a verba federal. Acredito que se fosse feito também no âmbito de outras profissões massacradas, a exemplo da policia, surtiria o mesmo efeito.
No entanto, isso é outra utopia, e só nos resta batalhar no mundo real. Cobrando, expondo as canalhices com fotos, documentos públicos, e denuncias, mesmo que anônimas e verificadas antes de postar e cobrar judicialmente. Porque a coisa como esta só se reflete no bolso pobre e vazo do professor, e na qualidade da educação de nossos adultos e crianças. Não preciso dizer nada sobre isso porque somos campeões mundiais em sentido oposto neste quesito.
Com relação à salario digno, nas palavras de Leonel Brizola, dinheiro no bolso do trabalhador é o que lhe dá liberdade e dignidade; mas o professor, mesmo fazendo umas quatro greves por ano, continua recendendo um dos menores salários acadêmicos do Brasil em relação a demais profissões que exigem curso superior. Comparativamente falando, professor é realmente um mendigo pedinte explorado. E isso é uma conta simples de fazer, pois se todo dinheiro que é investido em educação em seu nome, fora as falcatruas para compra de livros e demais matérias didáticos que nunca chegam, ou novas escolas, fosse realmente aplicado em melhorias na educação e salario dos docentes e pessoal de apoio; nós veríamos uma distribuição de dinheiro nas prefeituras do Brasil semelhante ao que ocorre com o Bolsa Família.
A conta para isso é simples, uma escola pequena tem uns 20 professores e mais 10 pessoas para apoio. Ao final do mês, ao receber seu salario e pagar contas e alimentação na cidade em questão, o município cresce economicamente, agregando mais funcionários para as demandas que surgem porque o aumento dos educadores finamente chegou – isso é um quadro imaginário tá, não acredite até ver na sua conta - o valor do [5]salario daquelas pessoas acaba circulando na cidade, agora imagina uma como São Paulo ou Rio de Janeiro, que tem milhares de professores e demais funcionários de apoio?
O crescimento do salario dos docentes iria para outros setores em que eles gastariam, o que gera demanda capitalista e mais gente trabalhando, consumindo. Nesta conta se inclui ainda a merenda comprada de pequenos produtores familiares. Pagar bem ao professor é exatamente isso, socializar o dinheiro pelos mais de 5.570 cidades do Brasil, melhorando as condições econômicas e sociais da população. No final dessa conta estaria também a politica porque pessoas educadas em boas escolas, estudam mais, buscam melhores profissões, se informam e são menos manipulados por religiões, políticos canalhas, jornalistas estúpidos a serviço da mídia corrupta e vendida, e por políticos canalhas de sempre.
O gargalo da educação esta aí, e seu principal inimigo é a politica e o politico corrupto, não importando o partido que ele se origina; porque o ponto fraco da democracia é o povo no poder, elegendo pessoas que atendam suas demandas, e povo no poder significa que as elites não estão satisfeitas; basta ver o que as tevês, os jornais e revistas fizeram no governo Lula, e agora no da presidente Dilma...
Esse é o resumo da coisa, e como as elites mesquinhas e corruptas já sabem de antemão tudo que escrevi aqui, neste exato momento estão maquinando mais um plano genial para jogar os supostos bilhões que virão para educação, não em escolas, no pagamento digno de professores, funcionários e demais necessidades da educação, e sim em suas contas secretas, suas empresas e apaniguados. No final, se nada for feito no sentido de vigiar, cobrar e vir de fato às mudanças, meu primeiro texto sobre educação, em que professores são lixo descartável; será tão atual quanto o lixo que jogarei fora ao anoitecer, aguardemos o próximo capitulo...
[1] Não bastando tudo isso, o trabalho do professor é considerado uma coisa inútil, não gera lucro, pois o modelo de sociedade que nos temos baseia-se nas ideias de Platão e Auguste Comte. O filosofo grego acreditava que a sociedade perfeita deveria ser governada por uma elite intelectual, na escala abaixo pessoas para serviços de meia qualificação, e na base maior da pirâmide, gente para trabalhos essenciais e inglórios, no caso os estrangeiros e escravos, já que a escravidão era comum na antiguidade, e mesmo Atenas, precursora da democracia, possuía milhares de escravos.
[2] Brasília - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, autorizou, nesta quinta (3), em decisão liminar, que o ex-senador reassuma seu cargo de procurador de justiça do Estado de Goiás. Eleito pelo DEM em 2010, Torres foi afastado do cargo por decisão do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), em outubro de 2012, após ter seu mandato como senador cassado em função do seu envolvimento com a quadrilha de Carlinhos Cachoeira, preso por exploração de jogos ilegais e corrupção. Demóstenes recorreu ao STF da decisão. O caso, por sorteio, caiu nas mãos de Mendes. Apesar da proximidade com o acusado, o ministro não se declarou impedido de ser o relator do processo que ainda aguarda decisão definitiva. Mesmo afastado, porém, Demóstenes continua recebendo seu salário integral.
http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2F-Gilmar-Mendes-autoriza-Demostenes-a-reassumir-cargo-de-promotor-%2F4%2F31307
[3]"A isonomia serve para evitar, entre outros fatores, o maltrato das leis trabalhistas, que se evidencia na terceirização fraudulenta, quando é claro o objetivo de burlar direitos dos empregados", esclareceu. A decisão foi unânime, e o processo, após o exame de embargos de declaração já interpostos pela empresa, retornará ao TRT-RS para que decida sobre a responsabilidade solidária da Corsan pelo pagamento dos créditos.
[4] AULA ABERTA: A DÍVIDA PÚBLICA DO BRASIL
por Maria Lucia Fattorelli
- Lançamento oficial do Núcleo SP da Auditoria Cidadã da Dívida
Auditório da Escola de Aplicação - USP (São Paulo/SP) - Dia 08/08/2013
AUDITORIA CIDADÃ DA DÍVIDA é uma associação, sem fins lucrativos, que possui os seguintes objetivos, conforme Estatuto Social:
Art. 2º. A Associação tem como objetivos:
I -- Realizar, de forma cidadã, auditoria da dívida pública brasileira, interna e externa, federal, estaduais e municipais.
II -- Demonstrar a necessidade do cumprimento do disposto no artigo 26 do ADCT da Constituição Federal de 1988, que prevê a realização da auditoria da dívida externa.
III -- Exigir a devida transparência no processo de endividamento brasileiro, de forma que os cidadãos conheçam a natureza da dívida, os montantes recebidos e pagos, a destinação dos recursos e os beneficiários dos pagamentos de juros, amortizações, comissões e demais gastos.
IV -- Exigir a devida transparência do orçamento fiscal, de forma que os cidadãos conheçam detalhadamente todas as fontes de recursos públicos e sua respectiva destinação.
V -- Mobilizar a sociedade em ações coordenadas para a exigência do cumprimento do dispositivo constitucional que determina a realização da auditoria da dívida.
VI -- Promover estudos e pesquisas relacionados com o tema do endividamento público brasileiro.
VII -- Popularizar a discussão do endividamento público por meio da elaboração de publicações, manutenção de página na internet e promoção de eventos.
VIII -- Estabelecer relações com outras entidades e redes nacionais e internacionais com o objetivo de realizar estudos, cooperar com processos de auditoria da dívida em outros países, divulgando a auditoria como ferramenta de investigação do processo de endividamento e como meio para articulação internacional de países endividados.
Para mais informações acesse: www.auditoriacidada.org.br
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[5] Professor brasileiro ganho menos que metade do salário dos docentes dos países da OCDE. professor brasileiro do fundamental 2 (6º a 9º anos) ganhou, em média, US$ 16,3 mil por ano em 2009. Enquanto isso, na média, um profissional com formação e tempo de experiências equivalentes recebeu US$ 41,7 mil nos países da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Se for levada em consideração a situação do professor da rede pública, a comparação fica ainda pior. A média anual é U$ 15,4 mil. Os salários dos docentes brasileiros foram calculados, com base nos dados da Pnad (Pesquisa Nacional Amostra de Domicílios) 2010 pela Metas - Avaliação e Proposição de Políticas Sociais a pedido do UOL. Já os dados da OCDE foram divulgados no começo de setembro no relatório anual Education at a Glance ("Olhar sobre a Educação" em tradução livre).
"Salário é o principal [fator de atração para carreira docente]", afirma o pesquisador Rubens Barbosa de Camargo, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo). E os estudos - além da experiência prática - confirmam e reafirmam a importância do professor na qualidade da educação.
"Há muitos licenciados [profissionais com licenciatura que podem dar aulas] que deixam a profissão. Melhorando o salário, não só atrai a juventude como pode trazer de volta esses professores", diz Camargo.Para a economista Fabiana de Felício, da consultoria Metas - Avaliação e Proposição de Políticas Sociais, a questão que se coloca é: como selecionar bons professores se a profissão não é valorizada. "É uma atividade desgastante e [dar aula é] um compromisso inadiável. Tem de pagar um salário compatível [para que valha a pena ser professor]" , diz Fabiana.
http://www.cnte.org.br/index.php/comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/10959-professor-brasileiro-ganha-menos-que-metade-do-salario-dos-docentes-dos-paises-da-ocde
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