Por David da Costa Coelho
Quando eu era criança e morava no interior, havia apenas a velha igreja católica aonde fui batizado. Meus pais se mudaram de lá quando eu ainda tinha quatro anos, e décadas após quando fui rever parentes, já havia inúmeras [1]igrejas protestantes, vi um centro [2]Kardecista, e até um centro espirita da [3]umbanda. Fiquei na casa de uma tia que era protestante e pediu para ir com ela a sua igreja assistir ao culto. No final recebemos panfletos da palavra de deus e mais cantilenas em revistas e conversas dos membros da igreja. Conhecer pessoas e seu nível de ascensão faz parte do que sou como [4]reencarnacionista, e como tal, sei que há uma diferença imensa entre pessoas que nasceram pra guiar e outros que apenas seguem. Em meu credo se chama pessoa ascendida, contudo, mesmo esses seres, ao retornarem a terra, ainda assim serão conspurcados pela cultura e religião que serão inseridos.
[5]Sidarta Gautama é um exemplo máximo desta questão porque ele nasceu na família e no poder que lhe permitia tudo, e somente quando deixou esse tudo e se expos ao nada, na realidade da doença física, reprodução, velhice, morte e doenças da alma, após décadas de suplícios e penúrias pessoais, finalmente ele se iluminou e teve acesso a todas suas reencarnações anteriores. Sabia, portanto que esse era o mundo da ilusão, e que nosso corpo, beleza, riqueza e vaidade, tão valorizadas no sentido individual, apenas outra nuvem ilusória e temporária. Mas ainda assim estava vivo, portanto precisava de coisas que davam sentido e aprendizado para as próximas reencarnações, até a ascensão ou iluminação.
Sidarta foi um ascendido que veio à Terra para cumprir uma missão, sua mente foi apagada ao chegar aqui, por isso ele sofreu décadas para se lembrar de tudo. Não foi o único, antes dele outros vieram, e até o fim da humanidade, outros continuaram a vir porque neste mundo de ilusão, a ilusão de que esse mundo e nossos corpos e desejos são imortais perdura até o fim de nossos dias.
Como dito, as religiões são o termômetro pelo qual o homem mede seu grau de evolução e sua capacidade de superar o contexto cultural em que foi inserido. Nosso mundo se baseia na sociedade de consumo imposta pelo corrupto e destruidor sistema capitalista selvagem; apego a bens materiais, na crença de bem e mal, divindade protetora e babá de nossos atos, ou entidades espirituais que estão aqui com este fim ou em alguns casos, nos prejudicar...
E como a mente é o elo de ligação com as ações do corpo, se você não estiver num estagio superior de reencarnação, pois até mesmo Sidarta padeceu disso, acabará sintomatizando esses ranços culturais, religiosos e psíquicos. Viemos a esta reencarnação para uma missão, no nosso consciente nada sabemos disso, no inconsciente sim, poucas pessoas compreendem seu destino, por isso se entregam a inúmeros credos, salvadores da pátria, ideologias ou cuidadores da mente.
A religião não é o caminho em si, ela é apenas uma porta que abre inúmeras outras. Não há uma que te libertará de seu destino, pois somente uma mente que olha, observa, faz critica e se permite ser criticada, pode sim ser melhor. Sidarta passou fome, viveu como [6]asceta, se privou de tudo que sua herança como nobre e herdeiro de seu império dispunha. Essa era sua sina, abdicar de si e de tudo para se descobrir como sempre foi. Mas e quanto a nós?
Mesmo na reencarnação não há uma realidade religiosa definida, há linhas budistas, [7]jainistas, hinduístas, kardecistas, espiritas africanas, ou mesmo a minha em que acreditamos apenas na evolução como uma força da evolução espiritual, sem bem nem mal, ou intervenção de nenhuma entidade das conhecidas. Para nós, a alma apenas usa a terra para sua evolução, e a evolução não tem um padrão de moral, para ela interessa apenas os resultados e as espécies que continuam aqui após sua provação biológica.
Assim como na natureza há espécies que se especializam para ser presa ou predador, nas regiões humanas o mesmo ocorre porque sempre haverá algum num púlpito ou livro dizendo o que tu deve comer beber ou como se relacionar com outros humanos, ou atitudes sociais a sua volta. Contudo, lembre-se apenas de uma coisa, não viemos aqui para ser eternamente guiado por quem quer que seja, e sim aprender, evoluir e aprender com esses humanos que conosco convivem. Não há forma certa ou errada de viver sua vida, aqui é uma escola com vários graus, assim como as que enviamos nossos filhos para a alfabetização, 1º grau, 2º grau, faculdade e graduações até o pós-doutorado. O nível de conhecimento lhe indicará seu futuro acadêmico e financeiro, mas jamais o que ele será como ser humano. Somente uma alma dotada pode pactuar com as vicissitudes humanas e seu apego a elas. Isso não significa que não deves viver sua vida e experimentar o mundo, afinal foi para isso que reencarnou, contudo lembre-se, aqui é a escola e o mundo da ilusão, e quando elas precisarem ser esquecidas, se permita viver o que resta e siga em frente porque são as reencarnações as notas que levamos de cada vida aqui na terra...
[1] O protestantismo é um dos principais ramos (juntamente com a Igreja Romana e a Igreja Ortodoxa) do cristianismo. Este movimento iniciou-se na Europa Central no início do século XV como uma reação contra as doutrinas e práticas do catolicismo romano medieval. Os protestantes também são conhecidos pelo nome de evangélicos juntamente com os pentecostais e neo pentecostais oriundos de Igrejas Protestantes, no contexto brasileiro, o termo "protestante"é usado para se referir às Igrejas oriundas diretamente e contemporaneamente na Reforma Protestante, como a Luterana, a Presbiteriana, a Anglicana, a Metodista, e Congregacional; e o termo "evangélico"é usado para se referir as mesmas, com exceção da Anglicana, e as indiretamente e/ou posteriormente oriundas da reforma que são as pentecostais e neo pentecostais que também são referidos como protestantes, embora que no Brasil, por preferência de nomenclatura, ambos costumam se referir pouco como protestantes e muito como evangélicos. Todo Protestante é Evangélico, mas nem todos os Evangélicos são protestantes.
[2] A doutrina Espírita kardecista segue a orientação Cristã com base nos livros ditados por espíritos superiores e codificados por Allan Kardec. Tem Jesus como o mestre maior. Acredita que o Espírito é criado simples e ignorante, aprendendo através de várias vidas (reencarnações) até se tornar puro. O Kardecista acredita na evolução constante do espírito através das provas da vida, do amor, do trabalho, da caridade, do estudo e da constante melhoria intima. Os principais livros da doutrina são:
O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese... Um Kardecista acredita que para que um espírito evolua ele precisa passar por diversas experiências, ou seja, por varias vidas aprendendo dessa forma novos conceitos, novas filosofias, diferentes "sofrimentos", permitindo que dessa forma seu espírito compreenda todas as etapas e sentimentos que podem existir na Terra. Quando um espirito passa a compreender que o rancor, desejo de vingança, materialismo, inveja, egoísmo entre outros sentimentos ruins, servem unicamente para nosso atraso espiritual (causando problemas para os seres vivos e para si mesmo), então esse espirito começa a evoluir, como exemplo podemos citar pessoas que dedicam suas vidas em prol da caridade, que por sinal é a base do espiritismo segundo Kardec.
[3] Umbanda é uma religião brasileira formada através de elementos de outras religiões como o catolicismo ou espiritismo juntando ainda elementos da cultura africana e indígena. A palavra é derivada de “u´mbana”, um termo que significa “curandeiro” na língua banta falada na Angola, o quimbundo. A umbanda tem origem nas senzalas em reuniões aonde os escravos vindos da África louvavam os seus deuses através de danças e cânticos e incorporavam espíritos.
[4] Historicamente falando, a teoria da reencarnação é tão antiga como a história do próprio homem. Atribui-se à metempsicose o dealbar da teoria da reencarnação. Os povos orientais sempre se mostraram sensíveis à crença na reencarnação, aceitando-a e atribuindo-lhe um grande destaque religioso. O budismo e várias seitas hindus sempre acataram a reencarnação da alma. O mesmo se pode dizer dos primeiros cristãos, dos antigos egípcios e dos antigos gregos, que tinham na reencarnação um dos pontos básicos de suas crenças. No Tibet, o Dalai Lama é considerado a reencarnação do seu antecessor. Pitágoras, o grande matemático (qual o estudante que não se recorda do teorema de Pitágoras?), afirmava ter sido, em encarnações passadas, Euforbos, filho de Pantos. Sócrates e Platão, eminentes filósofos da velha Grécia, eram adeptos dos princípios espiritualistas e admitiam plenamente a tese da reencarnação. Os judeus também eram reencarnacionistas.
[5] Sidarta Gautama, popularmente dito e escrito simplesmente Buda, foi um príncipe da região do atual Nepal que se tornou professor espiritual, fundando o budismo. Na maioria das tradições budistas, ele é considerado como o "Supremo Buda" (Sammāsambuddha) de nossa era, Buda significando "o desperto". A época de seu nascimento e de sua morte são incertos: a maioria dos primeiros historiadores do século XX datava seu tempo de vida como sendo de por volta de 563 a.C. a 483 a.C.; mais recentemente, contudo, num simpósio especializado nesta questão,3 a maioria dos estudiosos apresentou opiniões definitivas de datas dentro do intervalo de 20 anos antes ou depois de 400 a.C. para a morte do Buda, com outros apoiando datas mais tardias ou mais recentes. Gautama, também conhecido como Śākyamuni ou Shakyamuni ("sábio dos Shakyas"), é a figura-chave do budismo: os budistas creem que os acontecimentos de sua vida, bem como seus discursos e aconselhamentos monásticos, foram preservados depois de sua morte e repassados para outros povos pelos seus seguidores. Uma variedade de ensinamentos atribuídos a Gautama foram repassados através da tradição oral e, então, escritos cerca de 400 anos após a morte de Sidarta. Os primeiros estudiosos ocidentais tendiam a aceitar a biografia do Buda apresentada pelas escrituras budistas como verdadeira, mas, hoje em dia, "os acadêmicos são cada vez mais relutantes em clamar como aptos os fatos históricos dos ensinamentos e da vida do Buda."
[6] O ascetismo ou asceticismo é uma filosofia de vida na qual são refreados os prazeres mundanos, onde se propõem a austeridade. Aquelas que praticam um estilo de vida austero definem suas praticas como virtuosa e perseguem o objetivo de adquirir uma grande espiritualidade. Muitos ascéticos acreditam que a purificação do corpo ajuda a purificação da alma, e de fato a obter a compreensão de uma divindade ou encontrar a paz interior. Isto também pode ser obtido com a auto mortificação, rituais, ou uma severa renúncia ao prazer. Entretanto, ascéticos defendem que essa restrições auto impostas trazem grande liberdade em várias áreas de suas vidas, tais como aumento das habilidades para pensar limpidamente e para resistir a potenciais impulsos destrutivos.
[7] O jainismo ou jinismo é uma das religiões mais antigas da Índia, juntamente com o hinduísmo e o budismo, compartilhando com este último a ausência da necessidade de Deus como criador ou figura central. Considera-se que a sua origem antecede o Bramanismo, embora seja mais provável que tenha surgido na sua forma atual no século V a.C., em resultado da ação religiosa do Mahavira.