AUTOR: DAVID DA COSTA COELHO
Durante toda minha vida eu persegui a criação de uma máquina do tempo, estudei todas as teorias possíveis, e as que também julgavam tal coisa impossível, ainda hoje não acredito que fui capaz de fazer tal coisa. Eu tinha apenas 25 anos, e não os milhares que tenho hoje. Se eu soubesse na época que o tempo nunca mais passaria para mim eu jamais teria inventado aquilo. Ao longo dos anos eu me descobri o mais solitário dos seres humanos...
Nessa época eu trabalhava numa base militar denominada Área 52, ela ficava na fronteira do Canadá porque demandava uma quantidade gigantesca de energia, e lá havia tubulações secretas de gás que nos provinha toda demanda energética ao empreendimento. Lá havia também tecnologia de inúmeros corpos celestes que havia caído na Terra, inclusive de discos voadores e de relíquias antigas, com metais raros e com propriedades fantásticas e que poderiam ser replicadas por nossos cientistas, e que eu mais tarde usaria para fazer minha máquina do tempo, essas descobertas vieram de várias partes do mundo, mas o que me chamou atenção em todas elas era a emissão de partículas de campo neutrino e de Táquions, porque elas eram irmãs gêmeas da teoria da viagem no tempo. Uma era um fantasma em nível quântico com uma massa infinitesimal, mas que lhe permitia ser quase um fantasma, passando por qualquer coisa.
Já a outra podia em teoria suplantar várias vezes a velocidade da Luz, o que pela ciência da época era impossível porque se dominada tal tecnologia, a viagem no tempo seria tão comum quanto água no oceano. Mas como eu mesmo havia escrito anos antes de inventar a viagem no tempo, o impossível era só mais uma porta da qual eu ainda não tinha a chave...
E para minha infelicidade, eu nasci com uma mente capaz de enxergar além das portas e suas chaves. Com 22 anos eu já tinha superado Einstein e outros monstros da Física, e graças a isto, eu recebi financiamento secreto e ilimitado para meu projeto de máquina do tempo. Graças aquelas relíquias, e os metais contidos nelas, e os deformadores de espaço tempo que criei, eu conseguia projetar nos computadores o que chamei na época de filmes quânticos, eu podia vislumbrar o passado, não só isso, podia controlar o passado a ser visto, e de qualquer posição. Mas os militares e os políticos que conheciam o projeto não estavam interessados em história da terra, queriam ver além, saber se seriam reeleitos, se a América continuaria dominando o mundo, se as guerras que eles sempre faziam contra nações fracas teriam sucesso, e melhor, queriam um veículo que permitisse viajar para o futuro...
Aqueles desafios me estimulavam a prosseguir em minha busca intelectual, e nela eu me lembrei de um pensamento de [1]Isaac Newton, no qual ele afirmava que enxergou mais longe porque se apoiou em ombros de gigantes. E foi durante o sono que a resposta veio a minha mente, pois uma maça caiu ao lado dele e ele vislumbrou tudo sobre a gravidade. No meu caso, a gravidade já fazia isso para mim, mudar o tempo a sua volta, o que permitia [2]buracos de minhocas e [3]buracos negros. Não havia nada na terra que possibilitasse tal coisa, mas nos trabalhos de [4]Ronald L Mallett, sobre deformação gravitacional com Laser massivos, até então uma teoria de viagem no tempo ao passado, eu transformei em verdade nas minhas telas, e em poucos meses eu faria isso no mundo real...
Sua teoria era linda, mas demandava um tipo de laser que não existia ainda, e cabia-me inventar tal coisa. Assim eu criei um novo tipo de acelerador de partículas, superior a tudo que havia na época. Se a ciência soubesse, eu ganharia dúzias de prêmios acadêmicos, mas isso não me interessava, e muito menos ao governo americano e seus segredos...
Eu precisava de um acelerador de partículas que fosse o mais potente da terra, mas ao mesmo tempo o menor já criado. Ele deveria caber em uma pequena nave de 6 metros de comprimento. Ao acelerar as partículas, elas criariam elementos que se converteriam em luz com potencial energético superior até mesmo do acelerador de partículas da Suíça. Seria como explodir uma bomba de hidrogênio dentro um quarto e conter toda aquela energia para sair no espaço de um milímetro, em forma de Laser, e em seguida direcionada em duas saídas no bico da nave, chocando-se em um único ponto a alguns metros à frente, assim elas poderiam - em teoria - abrir uma fenda espacial, criando um buraco de minhoca que permitisse a passagem da nave. E dentro dessa singularidade, o conceito de tempo e espaço não mais existiria. Além disso, graças a esta singularidade, nem mesmo os inúmeros paradoxos da viagem no tempo teria ação sobre o [5]viajante temporal, ou os materiais que continham a nave.
Depois de examinar todas as teorias possíveis, eu já sabia o que fazer, restava agora ao material para compor a minha máquina, por isso voltei-me então para os materiais que compunham as naves destes alienígenas, pois os Táquions e neutrinos detectados nelas significavam que eles conseguiam viajar além da velocidade da luz ou em buracos de minhocas. Enquanto minha equipe decifrava aquela tecnologia, uma nova linha de pesquisa foi ativada e eu podia ver o futuro com uma hora na frente, de qualquer parte do mundo, e aquilo deu aos militares e membros do governo um poder que nenhum ser humano poderia ter porque aquele futuro não era estático como o passado...
Ações humanas podiam alterar o mesmo, e para provar a teoria, eles foram à alma do sistema moderno, o mercado de ações. E como previsto, o que foi visto no futuro, agora era alterado ao sabor dos desejos de meus compatriotas e patrocinadores, mas isso em nada servia a humanidade. Na verdade, se nada fosse feito, poderia ocasionar uma guerra em escala mundial se este segredo vazasse, ou se a ganancia capitalista com informações privilegiadas não se contivesse, isso era tão certo de ocorrer quanto o por do sol. Mas de todos na terra, só havia um ser humano que podia impedir o que eu mesmo criei, com meu orgulho e vaidades sem limites, e que agora me deixava apenas uma escolha, quantas pessoas eu deveria matar? Todos na base, amigos que me admiravam e fariam qualquer coisa por mim, exceto ser cumplice de genocídio, ou a raça humana inteira devido à 3ª guerra mundial que surgiria sem nenhuma duvida?
Todo o conhecimento de meus trabalhos não estava na internet ou em qualquer outra base do governo, tudo estava ali nos servidores da Área 52, protegidos dentro de uma imensa montanha e portas de aço com 3 metros de espessura e 20 de comprimento, e dali jamais sairiam. Era política governamental manter as informações em células, ou seja, cada base um segredo macabro, assim saberiam que tudo estava lacrado a 7 chaves, e se um dia houvesse um vazamento, os culpados seriam os cérebros da operação. E para o governo americano, aquela base era de longe superior em conhecimento somado do que todas as demais supersecretas que existiam.
Enquanto finalizava o projeto, Jeff Nolan já não tinha mais a mesma gana e sabor de descobertas que moveu toda sua vida. Ele sabia o que devia ser feito, e saber que seus amigos, conhecidos, e até Diana, sua namorada que trabalhava na base, no projeto de campo neutrino, em breve todos estariam mortos, mas como ainda era um humano, e sabia o futuro, ele pretendia salvá-la, e alguns a quem ele era realmente chegado como se famílias fossem...
Após a construção da nave, ele mandou desligar os projetores do futuro porque ele iria fazer uma atualização que lhes permitiria ver não mais uma hora no futuro, e sim 24 horas, mas aquilo levaria umas duas semanas, e como sua ordem era lei, tudo foi desligado. Quanto a Diana, ele aproveitou seus últimos dias com ela, e encarregou à mesma de ir à base da Área 51 com as pessoas que ele ‘indicou’ para verificar um equipamento encontrado numa nave que caiu no Chile, e que foi levada para lá. Ela e a equipe deveriam trazer os restos dela para a base do Alasca, e para isso, uma ordem presidencial de transferência seria entregue ao general Patrick Walter, que gostava tanto de dividir seus segredos e posses quanto um gordo gosta de dividir sua comida...
Após a partida deles, ele começou os testes com a nave, não havia nada de errado com ela porque sua mente era um supercomputador melhor do que aqueles da base. Ela contava também com algo que os sanguinários generais americanos queriam dotar seus jatos de guerra, navios, tanques, submarinos e mísseis nucleares, um campo de força que a protegia de tudo a sua volta, e também dos paradoxos no buraco de minhoca; seu sistema de propulsão era magnético e ela poderia levitar para fora da base, ir até o espaço, e ali abrir o buraco de minhoca. Jef era o líder e então ele mesmo se escolheu para testar seu invento.
Ele entrou na nave, e seu coração disparou de terror pelo que ele estava prestes a fazer. Os hangares acima da nave foram abertos, deixando o ar frio da noite invadir a base, e ele viu a aurora boreal sobre o céu da meia noite pela última vez. Olhou todos a sua volta, nos sistemas de controle da base todos focavam nele, ninguém sabia que em breve nem seus átomos existiriam. Jeff aciona os motores da nave, e em seguida o campo de força. Olha novamente para todas aquelas pessoas com quem viveu e acreditou por anos, mas sabe que não há mais nada a fazer por elas, pois a humanidade era maior que um grupo de pessoas inocentes. Jeff aciona o disparador quântico, e em milésimos de segundos, um mundo de energia se expande dentro do acelerador de partículas da nave, e em seguida os Lasers se chocam poucos metros à frente, dentro da base...
O resultado inicial foi uma explosão de 100 megatons, vaporizando completamente a montanha, devastando tudo num raio de 100 quilômetros quadrados, ouvida no mundo inteiro, sacudindo as águas do oceano Ártico, fervendo rios e lagos, causando maremotos, devastando a vida, criando terremotos em terra e no fundo do oceano, liberando uma quantidade gigantesca de gás metano na atmosfera que estava no oceano Ártico e nas geleiras que evaporaram pelo calor da explosão. Se um dia havia duvidas sobre o aquecimento global, depois da gigantesca quantidade de metano espalhado pela atmosfera, e pegando fogo exposto ao ar, o aquecimento global agora era um fato incontestável...
O evento também acabou criando um pulso eletromagnético que deixou o Canadá e metade dos EUA sem luz nem comunicação. Afetou também a parte mais longínqua da Sibéria, deixando um gigantesco cogumelo atômico visto ao vivo pelos satélites globais em todos os canais de teve e celulares. As potencias nucleares foram para o alerta máximo em sua escala atômica, e o terror da 3ª guerra mundial era agora o que pairava sobre a cabeça de bilhões de pessoas.
Mas para a nave e seu ocupante, nada de mal ocorreu, na verdade ela continuou flutuando dentro do espaço onde era o hangar por bilionésimos de segundos, e então um buraco no espaço tempo surgiu e ele foi para uma zona onde não havia tempo, gravidade ou espaço. Era um limbo quântico entre universos, em tese um universo distinto, e dali Jeff podia ver milhões de fachos de luz que eram na verdade buracos de minhoca ligando os planos cósmicos...
A explosão gigantesca serviu a seu proposito, porque eu agora era um ser fora da realidade do espaço-tempo deste universo, e o melhor de tudo é que pude ver as consequências de meus atos. Os amigos que salvei foram interrogados pelo governo para saber o motivo da destruição da base e se eles tinham o conhecimento para recriar a janela para ver o futuro que eu havia desligado. Infelizmente para eles, só a minha namorada tinha esse conhecimento e mais ninguém da equipe sabia em teoria como replicar meu trabalho porque convivemos juntos e dividimos esse saber parcial, mas ela levaria uns 10 anos para ter uma janela do tempo, por isso o governo a relocou para a Área 51 e lhe entregou toda minha antiga equipe que sobreviveu, e outros mais que ela indicou. Mas eu sabia o quanto aquilo era perigoso e que algo precisava ser feito.
Felizmente eu tinha todo o tempo do mundo para mudar isso já que podia ir ao futuro, agreguei muitas tecnologias à minha nave, e uma delas era uma atualização subespacial da tecnologia da época e lugar onde eu estava. Algo semelhante ao que a internet faz diariamente aos programas de computador instalados em computadores e celulares. Minha nave agora era não só feita de tecnologia alienígena de verdade, já que conheci as civilizações que as criaram, sem que eles soubessem disso evidentemente, como ela também se tornou um ser vivo transdimensional...
Uma estrutura semelhante a nossa, contudo, muito além do que nós somos porque ela fazia agora parte de um universo fora da nossa realidade temporal, tempos depois eu descobri que o mesmo ocorreu comigo, pois quando cruzei o buraco de minhoca, no limbo entre o tempo e o espaço, e os átomos que os lasers destruíram e criaram a gigantesca explosão na base, ainda que por bilionésimos de segundos, eu também fui tomado por essa radiação, e ela me tornou imune a sede, a fome, ao tempo, eu continuava humanoide, mas nunca mais seria humano.
Assim a minha nave podia se manter invisível no espaço e no tempo acima da terra, graças a isso eu observei-a por meses em sua rotina, mas assim que ela foi de férias de poucos dias ver os pais na fazenda deles na Califórnia, eu desci no terreno em volta e me materializei eu seu quarto; olhei-a dormindo, respirando profundamente por horas, e a saudade e a vontade de beijá-la e fazer amor com ela por toda a noite quase me rasgou a alma, mas meu presente de despedida foi lhe aplicar friamente uma injeção que a deixou catatônica e com a mente apagada por décadas.
Apliquei nela também um retardador de telômeros, assim ela não sofreria de nenhuma doença degenerativa enquanto estivesse dormindo por anos, ou ligada em aparelhos se assim fosse o caso. Quando os pais a encontraram naquele estado, na mesma semana ela foi levada aos melhores médicos e psiquiatras do governo, e a resposta que eles davam é que ela sintomatizou a catástrofe e se fechou para o mundo próprio, podendo acordar hoje, amanha, ou nunca. Aquela noticia deixou loucos de raiva os políticos que queriam o monopólio do tempo e da conspiração mundial, e por séculos, ninguém mais teria acesso as minhas descobertas, somente quando eu voltasse ao convívio humano...
Eu acordei-a depois de 50 anos e ela viveu todos os seus dias restantes em sua fazenda, isolada dos parentes que eram sua família e cuidavam dela, mas que nada significavam. Ela abandonou de vez a ciência e se entregou ao convívio com os animais da fazenda, mas uma de suas rotinas preferidas em vida era sempre cavalgar até uma montanha e passar horas olhando para o céu, procurando no espaço aquilo que perdeu em vida. Eu fiz o mesmo por ela todos os dias lá de cima, olhava-a nos olhos, conversava com ela e de minhas aventuras no tempo, as raças que conheci, os livros que lia para aprender mais e sobreviver a minha prisão de eternidade, e que relia ali para ela em todos aqueles momentos mágicos. Parece que ela ouvia cada uma de minhas palavras e de alguma forma ela sabia que eu estava lá.
Quando ela morreu aos 82 anos, após seu enterro eu roubei seu corpo e joguei seu caixão dentro do sol. Eu o protegi por um campo neutrino, e após séculos ele finalmente chegou ao interior do sol, então mergulhei com minha nave até ele, desliguei o campo em volta do caixão e deixei que ela sentisse novamente o fogo do conhecimento devorar seu corpo, um funeral Viking para o único ser que mesmo após morta, ainda arrancava e rasgava minha alma; e depois de milênios, aquela foi à única vez em que realmente chorei e enterrei de vez o que ainda havia de humano em mim.
Com o tempo eu voltei secretamente ao convívio humano e apreciei a dor de meu trabalho ser recompensado. A humanidade chegou finalmente à era espacial como um só povo e colonizaram o sistema solar, aprenderam a [6]dobra espacial e viajar pelo [7]hiperespaço, tornando-se uma grande civilização. Mas tudo que é grande uma hora cai. Eles foram vistos por uma civilização belicosa de outra galáxia, e essa civilização não se interessava por interação e cultura, só dizimar e conquistar. Planeta por planeta, base por base, os Zironianos, com aparência semelhante aos alienígenas grandes que foram vistos na terra milênios antes, devastaram tudo que a raça humana havia criado. Em seguida uma imensa armada vinha agora destruir o que um dia foi à humanidade. Mas eu, ainda que não humano e imortal, jamais deixaria isso ocorrer.
Quando todas as naves terrestres tinham sido vaporizadas, e as naves inimigas iriam destruir meu planeta natal, eu fiz o que jamais pensei, deixei minha nave ser vista por ambos os povos. Mas eu disse aos meus conterrâneos.
- Nada temam, pois eu sou humano, embora não seja desde o ano 2030, mas ainda assim não posso e não deixarei que destruam aqueles que destruí para salvar vocês.
Voltei-me então para aqueles seres que se achavam deuses, mas que em breve, como todos os antigos deuses humanos, deixariam de existir porque ninguém acreditava mais neles...
- Vocês Zironianos não se contentaram em destruir nossas bases, colônias e planetas, agora querem apagar de vez o nosso lar, mas isso não ocorrerá porque arde em mim há milênios uma dor que só o sangue e a destruição de quem ameaça a quem salvei pode me curar momentaneamente. Vocês acreditam que podem tudo só porque possuem milhões de anos à frente de minha espécie em tecnologia e civilização, mas não tem nada em saber e compaixão para com outros povos, só destruir e conquistar. Contudo, hoje, hoje vocês aprenderão que não podem fazer o mesmo com esse povo, o meu povo; na verdade, hoje inicia o dia em que toda sua espécie será reduzida ao nada que o universo destina a tudo neste plano em trilhões de anos.
De minha nave eu projetei um campo Táquion para dentro da gigantesca armada, e nenhum de seus outrora poderosos escudos energéticos poderiam impedir tal energia desconhecida para os povos desta dimensão, e graças a ele, cada ser vivo que havia dentro delas envelheceu milhões de anos em segundos, tornando-se poeira cósmica. Em seguida eu transmiti para a mente de todos os humanos da terra toda tecnologia e conhecimento daquele povo, depois fiz o [8]teletransporte de milhões de soldados e cientistas para as naves deles e lhes falei.
- Vocês agora podem reconstruir o que lhes foi tirado, mas para que não alimentem o mesmo erro dessa civilização, eu os levarei à galáxia deles para que vejam e sejam os observadores do quanto ainda tenho de sede de sangue.
Abri um buraco de minhoca para a galáxia deles, e as milhares de naves agora comandadas por humanos chegaram ao império Zironiano. Mas não foram seu povo que eles viram no comando delas e sim humanos, em menos de um mês eu destruí o que eles construíram em milhões de anos. E no final, minha armada chegou ao seu planeta natal e os cercou. Eu podia sentir o medo pulsante que emanava em todos os seres daquele planeta, acostumados a destruir civilizações, vendo e sentindo agora o mesmo destino. Então eu lhe disse as últimas palavras, pois afinal é um costume humano dizer algo aos que estão condenados.
- Vocês Zironianos tem em mim um admirador por tudo que fizeram como um grande povo, e também um carrasco que lhes reserva o mesmo destino que deram a outras civilizações. Não havia motivo algum para o fim de sua civilização, ao contrario, poderiam até transcender para outro universo, contudo, vocês estão estagnados como espécie. Não bastou dominarem sua galáxia, exterminar centenas de povos, decidiram também fazer isso com o meu. Entre nós humanos nada é mais delicioso que a guerra e a vingança, mas também amamos o novo e a paz, mas vocês são incapazes de possuir tal coisa, mas não se preocupe com seu legado, a humanidade irá apreciar o que deixaram, mas esse mundo em que evoluíram e vivem não será parte dele; vão em paz porque a morte os espera e não devo deixa-la sem seu prêmio...
Com um pensamento a minha nave projetou um campo de buraco de minhoca maior que o planeta Ziron, que era três vezes maior que a Terra. Ele foi sugado pelo buraco e deslocado para o futuro, trilhões de anos no futuro, quando a força de expansão do universo era tão grande que devorou até mesmo os maiores buracos negros do universo, átomo por átomo, tornando sé um nada que ainda se expandia infinitamente. O planeta e tudo que ele continha sofreu o mesmo destino, mas em milésimos de segundo os 70 bilhões de Zironianos morreram sem nem mesmo saber como, seus átomos foram reduzidos a partículas, e depois nem elas existiam mais...
Com a sede de vingança momentaneamente satisfeita, retornei os humanos para casa, com os espólios da guerra e lhes mandei serem melhores que o povo que um dia destruí para que o mesmo jamais ocorresse com eles. Agora tinham tudo para apreciar a vida neste plano, e talvez um dia transcender ao que eu me encontrava. Despedi-me deles e parti, já tinha cumprido minha missão com a raça humana, mas havia para mim uma ultima missão, um lugar para dar fim para um ser que tinha destruído mais seres vivos do que qualquer outro deus ou ser vivo do universo, a terra de 2030.
Eu era imortal, mas com a energia certa eu podia morrer, eu decidi fazer isso não por punição ou noção de algum pecado que cometi, não, eu queria me conectar com o único ser vivo que amei nesses milhares de anos. Da mesma forma que ela olhava para o céu me buscando e ouvindo enquanto estava vivo, eu sentia que ela fazia o mesmo numa escala infinita, como ente deste universo. Milênios atrás eu tinha lido muita coisa sobre a morte, na verdade li todos os livros religiosos da terra. Até mesmo de outros mundos, e havia um consenso de que o corpo se decompunha e devolvia sua massa à reciclagem planetária, mas aquilo que chamamos de alma, isso era imortal e infinito, e uma vez livre da casca corporal, se integravam a energia onisciente do universo, reencontrando-se com todos que um dia amou. Eu não sabia se era verdade ou não, mas havia em mim o desejo de rever quem eu amaria para sempre, e também o cientista que sabe que apesar de todas as teorias, uma hora temos que por em prática para saber se isso é verdade ou não, e se for, se pode ser replicado. Eu decidi ser a cobaia, pois se morresse e nada restasse, ainda assim atendia a meu ego científico, e se me unisse a ela, finalmente estaríamos ligados pela eternidade.
Usando minha nave eu voltei no exato segundo em que a nave e meu antigo eram tragados pelo buraco de minhoca, e a energia dos átomos em expansão para criar a explosão atômica se iniciava. Como eu era um ser dimensional, se banhado numa escala maior – teoricamente - eu morreria. Embora eu tenha congelado o tempo a minha volta, para realmente saber o que queria, eu fiz isso mais para me despedir de minha nave. Pode parecer estranho, mas ela era minha melhor amiga, minha mãe, avó, companheira, e um ser que eu idolatrava por ser algo muito além deste plano. Dei-lhe instruções para deixar esse universo e partir para o lugar onde transcendemos esse plano. Ela partiu e deixou meu corpo protegido por um campo neutrino. Ele durou 2 segundos após sua partida, para nós era uma eternidade.
Ao se desfazer, a explosão fez seu papel com o acidente histórico, eu vivi e senti toda potência de 100 megatons, e descobri que observar de fora era uma coisa, mas ver a mesma, com meus dons especiais era totalmente mágico. Eu expandi minha consciência e podia captar o calor, as ondas de choque, o fogo rachando as tubulações de gás, permitindo que o ar entrasse e levasse o desastre diretamente para a usina que o produzia e distribuía centenas de quilômetros dali. As florestas incendiando, o vento superaquecido evaporando animais, plantas e pedras, nas regiões de rios e lagos, além da água evaporar tudo, deixando nas praias apenas vidro radiativo.
Infelizmente eu descobri que nada ocorreu comigo. Meu corpo continuou intocável, e isso me deu só uma certeza, assim como a civilização que destruí, eu teria que ver ainda muitas delas desaparecerem; e esse era meu destino, ser eterno até o fim deste universo, talvez até de outros. Talvez eu morresse quando o outro universo onde fui inicialmente desaparecesse. Tudo que eu sabia é que aqui não era mais o meu lugar e que eu deveria deixar de vez a humanidade, e isso incluía querer o que eu não mais podia, mas aí eu descobri que podia sim...
Como eu estava conectado de forma quântica com minha nave, ela voltou por mim. Decidimos então que eu precisava de uma companheira. Fui até o hospital onde minha namorara estava catatônica e clonei seu DNA. Eu a fiz crescer até o dia que nos separamos. Deixei-a dormindo e expus a mesma energia que me criou. Carreguei sua mente com toda a informação de sua antiga vida, e também do que fiz e vivi por milênios. Levei-a para ver o sol, o lugar onde sua outra eu havia morrido. Olhei para ela, com toda liberdade do mundo em receber dela um não infinito e lhe perguntei:
- Eu amo você, não podia te deixar morrer, perdoe-me, mas não posso te deixar morrer. Preciso de você pela eternidade, mas você é livre para seguir o destino que quiser, mas ainda assim pergunto se quer ser a minha amiga, esposa, amante e eterna companheira, a esposa imortal de um imortal.
Ela olhou para mim, lagrimas caíram de seus olhos ao lembrar que parte de si agora era luz emanando no vento solar do sol e me disse:
- Sim...
Daquele dia em diante nos fomos tudo que eu sempre sonhei. Neste universo há bilhões de galáxias e elas são agora nosso objeto de vida e estudo...
[1] Isaac Newton nasceu na Inglaterra no dia 4 de janeiro de 1643. Isaac Newton frequentou a faculdade Trinity College, na Universidade de Cambridge. No campo da Matemática, Isaac Newton criou seu famoso Binômio de Newton (através das séries infinitas), muito usado na Combinação, em Análise Combinatória. Já no campo que conhecemos hoje como Física, Isaac Newton ficou conhecido como o pai da Mecânica Clássica, devido as suas Leis de Newton que regem o movimento dos corpos. Newton também foi o responsável pela Teoria da Gravitação Universal, que explica a relação que um corpo influi no outro, através da atração da gravidade, cuja lei também descreve a órbita dos planetas em torno do Sol, ou de um corpo ao redor de outro (como a Terra e a Lua). Isaac também estudou e desenvolveu muita coisa no campo da Óptica, sendo o responsável por diversas teorias a respeito das Luzes e Cores, e também criou e estudou os telescópios refletores. Ele também se dedicou muito ao estudo da Alquimia, e o que ele fazia é bem próximo do que hoje conhecemos por Química. Isaac Newton morreu em 20 de março de 1726, aos 84 anos, devido às causas naturais, já que sua idade era extremamente elevada para os padrões da época.
[2] A teoria do buraco da minhoca foi desenvolvida pelos físicos Albert Einstein e Nathan Rosen que acreditavam na possibilidade de ser possível se realizar viagens no tempo por meio de buracos que atuam como portais que permitiram o trânsito entre o futuro e passado, ou ligar duas regiões distantes do espaço. De forma simplificada, a teoria defende a possibilidade da viagem no tempo, muito explorada em filmes de ficção cientifica. Um buraco de minhoca, portanto, seria uma viagem no tempo num túnel do espaço-tempo. Viagens no espaço-tempo ocorreriam através desses “tubos”. Você entraria no “buraco de minhoca” por uma de suas extremidades e sairia imediatamente pela outra extremidade em local ou tempo diferente.
[3] Buraco Negro é uma região do espaço onde o campo gravitacional é tão forte que nada sai dessa região, nem a luz; daí vermos negro naquela região. Matéria (massa) é que "produz" campo gravitacional a sua volta. Um campo gravitacional forte o suficiente para impedir que a luz escape pode ser produzido, teoricamente, por grandes quantidades de matéria ou matéria em altíssimas densidades
[4] Ronald L. Mallett é um professor estadunidense de física da Universidade de Connecticut. Ele é mais conhecido por sua posição científica sobre a possibilidade de viajar no tempo. Em 2006, Mallett declarou que a viagem no tempo ao passado seria possível no século 21 e, possivelmente, dentro de menos de uma década. Mallett utiliza a Teoria da Relatividade Geral de Albert Einstein para substanciar suas afirmações.
[5] ESPAÇO TEMPO - ENTENDA MAIS...
Algumas características do espaço-tempo. O que Realmente Sabemos sobre tempo e espaço? Seriam eles medidas individuais? O tempo está interligado com o espaço, assim como o movimento? Antes das descobertas da ciência moderna, a respostas que a intuição humana tinham para essas perguntas era SIM. Tempo e espaço eram considerados medidas independentes, sem qualquer ligação com a natureza da realidade.
[6] No universo ficcional de Star Trek, a dobra espacial (ou warp drive em inglês) é uma forma de propulsão mais rápida que a luz. Geralmente, ela é representada como sendo capaz de impulsionar uma espaçonave ou outros objetos a muitos múltiplos da velocidade da luz, ao mesmo tempo que evita os problemas associados a dilatação do tempo.
[7] O hiperespaço é um elemento hipotético presente na ficção científica, utilizado como uma forma de viagem mais rápida que a luz. Ele é geralmente descrito como uma região alternativa de espaço co-existente com a o Universo padrão, região essa que pode ser acessada usando um campo de energia ou outro dispositivo.
[8] O teletransporte ou teleporte seria o processo de moção de objetos de um lugar para outro com a transformação da matéria em alguma forma de energia e sua posterior reconstituição em outro local, baseado na famosa fórmula de Einstein.