AUTOR: DAVID DA COSTA COELHO
Imagine uma mulher vivendo na idade da pedra, cercada de feras, de homens brutos que não lhes davam carinho, as pegavam à força para fazer sexo, e ainda dispunham de mais fêmeas para satisfazer suas taras e necessidades de filhos, como foi possível às mulheres sobreviverem num ambiente totalmente adverso?
Lembrando ainda que quando seus companheiros saiam para as caçadas. Muitos deles não voltavam porque era perigoso e o número de vítimas por ferimento era grande e a morte certa, o que deixava essas mulheres sem companheiros, tendo que se entregar a outro brutamonte para se mantiver viva e tentar criar sua prole, além é claro de fazer de tudo com charme e talento para que o novo companheiro não matasse os filhos dela com outro parceiro, coisa comum entre os mamíferos, e querendo ou não, somos mamíferos...
Durante o processo de civilização inúmeros povos mataram os homens e tomarão as mulheres como escravas sexuais, prostitutas ou concubinas. Uma das mais famosas histórias refere-se ao rapto das [1]sabinas pelos romanos. Mas os gregos também deixaram belas histórias deste período, principalmente sobre o destino delas quando seus maridos e amantes iam para as guerras...
Em Esparta cabia aos homens mais velhos e parentes dos mortos se casarem com elas para manter o patrimônio e os descendentes. É em Esparta também que as [2]mulheres dispõem de mais direito do que em qualquer outra civilização do mundo antigo.
Já no campo religioso da Bíblia, Alcorão e Judaísmo, a mulher é vista como uma parideira, pecadora e destruidora de lares desde a devassa Eva, um ser abjeto a ser morta, possuída ou domada pelo marido, dependendo da guerra ou determinação do religioso de plantão...
“ Agora matem todos os meninos. E matem também todas as mulheres que se deitaram com homem, mas poupem todas as meninas virgens. Números 31:17,18
Gênesis 3: 16 - E à mulher Deus disse "multiplicarei sobremodo os sofrimentos da tua gravidez; em meio de dores darás à luz filhos; o teu desejo será para o teu marido, e ele te governará.”.
Levíticos 21: 14 - Viúva, ou repudiada, ou desonrada, ou prostituta, estas não tomará, mas virgem do seu povo tomará por mulher.
- I Coríntios 11: 7 - Porque, na verdade, o homem não deve cobrir a cabeça, por ser ele imagem e glória de Deus, mas a mulher é glória do homem.
I Coríntios 11: 9 - Porque também o homem não foi criado por causa da mulher, e sim a mulher, por causa do homem.
I Timóteo 2: 11 - A mulher aprenda em silêncio, com toda a submissão. I Timóteo 2: 12 - E não permito que a mulher ensine, nem exerça autoridade de homem; esteja, porém, em silêncio.
1 coríntios 14: 34 - As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. "Que as mulheres estejam caladas nas igrejas, porque não lhes é permitido falar. Se quiserem ser instruídas sobre algum ponto, interroguem em casa os seus maridos.“ São Paulo (apóstolo cristão, ano 67 D.C.).”
E a desculpa de que isso era o tempo da lei e de que Jesus veio para mudar tudo isso não passa de analfabetismo religioso porque está muito bem explicado por Jesus, em [3]Matheus...
Caminhando pela história, salvo raras exceções, coube à mulher usar sua maior arma para sobreviver, e não foi o sexo e sim a fragilidade, o sexo era uma coisa natural a ser dada de bom grado ao amante, ou tomando em estupros, mas o que fazer após tal ato consumado?
Ser frágil, humilde e carente para que os homens as protegessem de outros homens igualmente poderosos, ou até mesmo do ódio e poder de outras mulheres mais dominantes e manipuladoras dos homens que caiam aos seus talentos, muitas vezes criando os filhos dos amantes, acreditando que eram deles, e para isso na idade média se inventou o cinto de castidade para assegurar a pureza da mulher enquanto o marido estava fora... Mas e o chaveiro?
Aquela frase clássica de que por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher jamais foi um jargão inútil e sim uma explicação lógica de como seres “frágeis” não só conseguiram seu espaço como manipulem a história escrita por homens...
Evidente que num mundo masculino e religioso hipócrita elas tiveram que rasgar muitos sutiãs, serem torturadas e queimadas em fábricas atrás de direitos trabalhistas e iguais para obter seu espaço como parte da raça humana, e não ser mais vista como uma simples parideira e dona do lar sem os mesmos direitos dos homens, o que diga-se de passagem, ainda é realidade na maior parte do mundo.
Em qualquer guerra as mulheres são as primeiras vítimas de estupro, morte de seus filhos ou vendidas como escravas sexuais. E não precisa nem de guerra porque vender mulheres ainda hoje é um negócio tão bom que se tivesse ações em bolsas de valores, haveria uma procura e lucro imenso com as ações.
Liam Neeson, famoso ator americano, contou em filme parte deste lucrativo mercado ao ter sua filha raptada e vendida como escrava sexual para um xeique árabe. E como bom filme americano, tem muito tiro, perseguição morte, mas ao final a filha e salva pelo pai; contudo, a amiga da filha não teve tanta sorte e foi antes para o céu...
Mas com a arma da fragilidade, charminho e manipulação, ainda que demorem, elas estão pondo as unhas de fora, e o Brasil é uma nação a ser estudada nesse sentido. Aqui há direitos iguais, mas não salários iguais, tarefas iguais, ou divisão igual do trabalho. E quando é realmente para pegar no pesado, num serviço em que haja homens e mulheres, geralmente a explicação é a de que as mulheres estarão excluídas do pesado porque isso é coisa para homem...
[1] O Rapto das Sabinas é o nome pelo qual ficou conhecido o episódio lendário da história de Roma em que a primeira geração de homens romanos teria obtido esposas para si através da guerra e do rapto das filhas das famílias sabinas vizinhas.
[2] As mulheres recebiam educação quase igual à dos homens, participando dos torneios e atividades desportivas. Assim que atingiam a maturidade (entre dezenove e vinte anos) elas pediam a autorização ao estado para casarem, passando por um teste para comprovar sua fertilidade (engravidavam de um escravo que era só para a reprodução, sendo muito bem tratado e alimentado e morto aos 30 anos, pois era considerado velho. O filho que ela tinha com esse escravo era morto e a mulher conseguia sua autorização para casar), caso elas não conseguissem engravidar, era mandada aos quartéis para, assim como os homens, servir ao exército espartano.
A mulher espartana podia ter qualquer homem que quisesse, mesmo sendo casada, já que seus maridos ficavam até os 60 anos de idade servindo ao exército nos quartéis, e podia também requisitar o seu marido ao general do quartel, mas o mesmo não poderia ser feito pelos homens.
Muitos filhos era sinal de vitalidade e força em Esparta, assim, quanto mais filhos a mulher tivesse, mais atraente ela seria, podendo engravidar de qualquer esparciata, mas o filho desta seria considerado filho do seu marido.
[3]" Porque em verdade vos digo que: até que o céu e a terra passem, de modo nenhum passará da Lei um só i ou um só til, até que tudo seja cumprido. Qualquer, pois, que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos céus. " Mateus 5: 18-19
"Não julgueis que vim abolir a lei ou os profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição". (Mt 5,17)