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TERAPEUTA E TERAPIA, UMA FORMA MELHOR DE SER...

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AUTOR: DAVID DA COSTA COELHO

Quando eu era criança eu me via cercado de pessoas mais velhas que me contavam suas andanças pelo mundo, me davam conselhos e me mandavam dedicar-me aos estudos porque era dali que saía o futuro, e claro eu os ouvia e procurava entender cada um deles, e outros mais seguiam conversando comigo, hoje sei que tenho uma alma velha porque sempre fui ensinado não por pessoas de minha idade ao longo do meu crescimento infantil, adolescência e juventude e sim por pessoas que já tinham vivido muito e tinham mais a ensinar do que muitos doutorem de faculdade...
Quanto mais velho eu me tornava, galgando diversas profissões antes de me tornar professor de História, mais eu estudava e atraia pessoas velhas para me passar seus problemas, ouvir seus lamentos de que a vida é curta, passa muito rápido, e se não crescermos e intendermos isso na alma, ao final da vida o que resta é choro e lamento pela vida não vivida, e sim seguida à risca por quem deixou regras que poucos tem coragem e se dispõem a quebrar.  
Na adolescência um de meus locais favoritos eram os asilos de velhos que havia perto de uma biblioteca aonde nós íamos à busca dos livros para os trabalhos de escola, coisa que a internet também destruiu porque está tudo on line...
Acredito que tenha conversado neste período com mais de 500 idosos, e de longe o que mais me identificava com eles era aquele olhar vazio de quem está só no deserto, pedindo água, carinho e alguém para falar, mas que não seja do mesmo grupo de sofredores degredados pela família, e eu estava lá...
Há pessoas que escolhem suas profissões ao longo da vida, já outras são tragadas por ofícios que os permitem sobreviver de acordo com sua realidade financeira, no meu caso eu nasci para ser escritor, professor e [1]terapeuta, mas padeci muito até me assentar como tal. Mas mesmo atuando em tantas profissões, nunca deixei de ouvir e aconselhar amigos, parentes e clientes, e também fazer terapia sem cobrar nada, salvo quando ia à casa do solicitante, ou lugar determinado por ele.
Há uns dez anos eu passei um dia inteiro em uma praia de Niterói caminhando pela areia e fazendo terapia de uma pessoa que precisava muito. Ali ele riu, chorou, viu o por do sol e comemos numa pizzaria que hoje não existe mais, pois foi demolida para a construção de um prédio imenso à beira da praia, mas nossa sessão foi muito gratificante, seguidas de outras por um tempo, e hoje ele esta curado e é meu amigo no face desde então...
Posso dizer que a faculdade da vida me tornou um terapeuta muito melhor, contudo eu ainda queria mais, por isso me embrenhei em centenas de livros profundos de psiquiatria, psicologia e terapias diversas, inclusive religiosas de várias correntes; mas também assisti centenas de documentários e programas com grandes nomes comoEduardo Mascarenhas,  Flávio Gikovat, e muitos outros grandes acadêmicos da mente que partiram deste mundo de lágrimas, mas deixaram seu conhecimento em várias mídias digitais.
Há uma que recomendo muito, e hoje estou relendo Emoções no Divã de Eduardo Mascarenhas, de 1985, mas tão atual como se escrito hoje porque seres humanos são entes históricos que vivem de passado e acreditam que seus problemas são atuais, coisa que ouvi muito de meus mestres anciões nos asilos...
Depois de anos de luta, formei-me em história porque é a mãe das [2]ciências humanas, incluso aí psicologia, sociologia, filosofia, direito, e tantas outras, e se você sabe história e ainda é terapeuta, você acaba tendo uma bagagem que lhe permite compreender seu cliente de uma forma mais ampla porque o que as pessoas fazem é repetir em suas vidas padrões históricos e religiosos de comportamento e sofrimento, como nos asilos em que percorri na adolescência, e que ainda hoje faço isso e continuo ouvindo sempre pessoas muito mais velhas que eu...
Após meio século de vida ainda me encanto com a terapia porque cada pessoa que auxilio é um universo que se construiu sobre determinadas regras sociais, mas completamente diferentes em seus problemas e busca de solução. A escolha de um profissional que auxilie seus obstáculos da alma é uma coisa complexa porque cada um tem sua forma e regras de sua formação profissional – profissionais com faculdade específica da área ou de humanas – ou teórica e empírica para tratar pessoas.
Terapia é uma coisa íntima demais, é deixar um estranho entrar em sua mente, invadir seus segredos mais profundos, ver você sorrir, chorar e se rasgar por dentro para no final sair com sua alma livre das correntes mentais que lhe destruíam como pessoa. Mas o terapeuta não é um deus e nem uma pessoa a ser idolatrada, é sim um ser humano que se capacitou para entender outros humanos que se recusam a ver a luz por conta própria, precisando, portanto de alguém que o ampare e lhe cuide terapeuticamente, ou seja, uma espécie de anjo que lhe auxilie e lhe guie para fora de seus tormentos psicológicos...
Há pessoas que não precisam de terapia porque aprenderam a superar suas mágoas e dores, mas outras precisam, e sendo assim aqui estamos nós, os guardiões da mente, para que os monstros destruidores de almas não encontrem abrigo naquilo que lhe faz ser quem é...








[1] Toda pessoa que atende como terapeuta – não possuíndo curso superior de psicologia, é classificado como Terapeuta holístico pela  lei CBO 3221-25, 3221; ou seja, são técnicos em terapias complementares e afins, não necessitando de curso superior, dai o termo Nível médio Técnicos de nível médio CBO – Classificação Brasileira de Ocupações.

 Não necessitando também de cursos, carteiras ou exigência legal para a profissão, pois leis são feitas no congresso e ratificadas pelo presidente. O exemplo é o curso superior em que há emissão de diploma com regras para cada profissão, pois se baseia em lei.

 A psicoterapia em suas várias formas não é atividade privativa de psicólogos, podendo ser praticada por outros profissionais, desde que não utilizem o título de psicólogo, pois isso demanda formação em psicologia. Desta forma o profissional em terapia tem uma liberdade maior para tratar seu cliente em suas varias formas que se denominam holísticas.

Já o Ministério do Trabalho reconhece as terapias como profissão isolada, através da CONCLA (Comissão Nacional de Classificação) órgão responsável pela classificação de profissões e ligado ao Ministério do Trabalho e IBGE.

[2] O ponto comum entre essas ciências humanas é o objetivo de desvendar as complexidades da sociedade humana, do aparelho psíquico e de suas criações, ou seja, têm o ser humano como seu objeto de estudo ou o seu foco. Englobam, portanto, o pensamento e a produção de conhecimento sobre a condição humana a partir de discursos específicos.


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