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CONTOS DE FICÇÃO: O DIA QUE A PRIMEIRA HUMANIDADE FOI DESTRUÍDA...

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AUTOR: DAVID DA COSTA COELHO


Há quarenta mil anos a raça humana já estava muito adiantada tecnologicamente, havia nações em todo continente do planeta, aeronaves, satélites, navios, submarinos, e trens movidos a magnetismo. Em termos comparativos, eram mais avançados que a humanidade atual, mas como humanos, havia sempre alguma discórdia que levava a uma guerra regional entre nações. Dentre elas havia uma que era a líder em genética. Em laboratórios secretos eles trabalhavam na evolução do cérebro humano através de terapias diversas, uma delas era inserir [1]DNA de alienígenas que caíram na terra durante um combate entre duas raças. Essa nação ficava onde é hoje o continente indiano...
 O que se sabia dessas raças é que [2]buracos de minhoca surgiram sobre o continente, e o que se viu em seguida era várias naves atirando umas contra as outras. Raios de energia atingiam uma espécie de escudo protetor que elas emanavam, mas após vários disparos, conseguiam varar os escudos e destruir as naves.
A nação abaixo tinha aviões à jato, mas nada que pudesse fazer frente ao que viam, por isso decidiram apenas ver quem viveria e depois tentar conhecer esses alienígenas. Depois de horas de combate, as últimas naves inimigas se destruíram mutuamente e os escombros eram agora tecnologia de ponta a ser decodificada.
No entanto, neste mundo globalizado, a informação de que os Sondar - a nação onde hoje é a Índia– tinha os restos dessas naves, provocou um aumento das tensões belicistas entre os povos. Mas os sondarianos não deixaram outras nações examinar a tecnologia, e as nações opostas fizeram uma liga de nações e impuseram barreiras comerciais, politicas e religiosas ao país. Não bastando isso, decidiram também impor barreiras militares, com misseis nucleares tão potentes quanto às bombas de hidrogênio da Rússia, China e Estados Unidos atuais, todos direcionados aos sondarianos.
No entanto os sondari não cederam à tecnologia, e seus cientistas descobriram que as duas raças tinham cérebros maiores e mais avançados que os da raça humana. Os geneticistas teorizaram que era possível que tivessem dons como telepatia, psicometria e telecinésia. Inclusive as naves não tinham nenhum controle e sim aparentavam estarem conectadas as mentes dos alienígenas por uma tecnologia que lia suas mentes para atacar ou viajar pelo espaço; elas eram complexas demais para sistemas de computador, e só supercérebros poderiam voar aquelas naves.
Depois de decodificar os genes de ambas as espécies, eles escolheram crianças para fazer a terapia genética. Como previsto, elas conseguiam acessar os equipamentos e serem vistas realmente como os alienígenas donos da tecnologia. Não só isso, pois podiam descarregar aquelas informações nos computadores dos sondarianos, o que lhe dava uma vantagem tecnológica de séculos à frente...
Mas aqueles genes nos corpos humanos foram mais longe, transcendendo o dom dos alienígenas doadores, as crianças podiam fazer coisas impensadas pelos geneticistas. Elas podiam manipular a matéria a sua volta e criar portais entre paredes, indo a lugares próximos, ou à quilômetros de distância, sendo rastreadas por detectores de rádio que levavam secretamente nas roupas.
 Criar coisas com a mente, transmutar coisas e seres vivos, inclusive matar com a mente. Com as palavras eles podiam invocar mantras que faziam o que estava sendo dito, ou seja, a mente e as palavras usavam a energia livre no universo para dar realidade ao que desejavam.
O governo modificou 100 crianças, e elas agora seriam levadas para outra base secreta próxima as montanhas mais altas daquele continente. Elas tinham como tutores os pais e cientistas, mas a coisa não permaneceu tão secreta porque um dos cientistas divulgou a informação ao público global. Temerosos do poder dos humanos transgênicos dos sondarianos dominar toda a terra, uma guerra atômica foi iniciada contra aquela nação.
Dispondo parcialmente da tecnologia alienígena, eles usaram escudos de energia para resistir ao ataque massivo de bombas de hidrogênio de 100 a 200 megatons, mas o planeta não aceitaria aquilo sem revidar. As ondas de choque de centenas de explosões gigantescas no solo varreram o globo, logo seguidas de terremotos numa escala maior que a inventada milênios após, e que mudariam o eixo do globo, levando a uma era glacial gigantesca, e esses terremotos vieram acompanhados também de gigantescos tsunamis que varrem o globo e esses impérios guerreiros...
O último deles destruiu a fonte de energia da tecnologia humana sondariana que mantinham seus escudos, e sem ela, as bombas de hidrogênio varreram a mais poderosa nação que a humanidade conheceu desde sua evolução de simples primatas. Meses depois a radiação intensa matou quase todas as pessoas da terra, e as que sobraram involuiram para homens cavernícolas, esquecendo quem um dia eles foram; vivendo da caça e fogo.
Os oceanos aquecidos pelo calor das explosões e erupções vulcânicas evaporam imensas quantidades de água, e o hidrato de metano nas profundezas, sacudido por terremotos e num oceano mais quente, ao chegar à superfície, elevaram ainda mais a temperatura na linha do equador, mas no polo norte do planeta o inverno havia chegado, e à medida que esse vapor se convertia em neve, sem retornar como chuva, os oceanos recuaram 130 metros em sua profundidade porque o calor das explosões fez com o tempo a água virar vapor e depois se condensar nos polos, ligando os continentes da Ásia, América e Europa num só. Mas nas montanhas altas, onde a temperatura nos trópicos era suportável ainda havia humanos normais e superiores, as crianças de Sondar.
Seus protetores perceberam o holocausto e sobreviveram nas bases, tendo mais filhos. Ao crescerem esses sobreviventes vão aumentar aquela população, e com seus poderes, materializar coisas e alimentos era fácil. Mas a despeito de sobreviver, as crianças não se sentiam bem na terra, afinal, embora humanas, seu DNA era também de outra raça, e algo em seu interior os impelia a descobrir seu mundo anterior. Unidos em uma única vontade eles abrem um portal espacial que liga seu lar ao planeta mandariano, e uma humanidade que estava a milênios da atual partiu para o outro extremo da via láctea, há 50 mil anos luz.
Os poucos que restaram na antiga base eram humanos, e depois de décadas todos foram envelhecendo e morrendo. O ultimo deles decidiu que não deveria haver mais tecnologia de sua civilização no futuro do que restava da humanidade, e assim um dispositivo atômico foi acionado, varrendo a base e tudo que havia num raio de 40 quilômetros quadrados...
No planeta de sua herança genética as crianças encontraram um povo altamente avançado tecnologicamente, mas de uma forma estranha eles estavam em um tempo e espaço que fazia com que não percebessem as crianças humanas, e a explicação era um tanto macabra, eles não mais estavam ali e sim extintos. Como seres avançadíssimos eles se destruíram em alguma de suas guerras com outro povo análogo, como os que se destruíram na terra. O que viam ali eram apenas as pegadas quânticas produzidas pelas mentes avançadas dos que se foram.
Cabia às crianças refazer esse legado com o futuro que se seguia porque todas as construções e tecnologias estavam intactas, e como eles tinham os genes isso era fácil. Ao longo dos anos eles cresceram e se reproduziram, e séculos depois eram milhões, e milênios após bilhões, mas sua fisionomia agora era completamente de mandarianos, e isso teve um custo porque os poderes mentais que seu DNA humano permitiu, com o tempo e o domínio do gene alienígena, tudo se foi, mas continuaram sua evolução tecnológica e exploração da galáxia.
E nessas explorações eles encontraram outra raça tecnologicamente avançada, os Sidaras, e ao contrário do que se poderia esperar de povos avançados, ou seja, interação cultural e formação de uma liga galáctica, o que fizeram foi iniciar uma guerra entre seus povos, e essa guerra se espalhou e destruiu tudo que podia em sua parte da galáxia e devastou as duas espécies...
Mas do outro lado da galáxia havia um planeta que possuía imensos recursos de vida e minerais para recomeçar aos poucos sobreviventes de cada povo alienígena, bastava eliminar a espécie dominante, com tecnologia milênios atrasada...
Ambas espécies abrem buracos de minhoca para a terra  e se encontram onde hoje é a Índia, e como em seu quadrante, ao chegarem lá reiniciam sua guerra particular. Raios potentes de laser resvalam nos escudos, mas vão enfraquecendo a cada disparo, até que as primeiras naves sidaras se destroem, assim como as mandarianas...
O fogo cerrado não lhes deixa ver a beleza do planeta azul logo abaixo, e nem mesmo as cidades primitivas ou a beleza física da espécie humana, ainda engatinhando rumo a tecnologia que aqueles povos usavam não para serem melhores, mas para o fim próprio de suas espécies...
Restando apenas duas naves de cada povo, ambas com o destino já traçado, em meio à memorias ancestrais o mandariano sente que esse planeta e esse povo é também seu, e ele não vai deixar o inimigo vencer e se apossar do planeta. Ambos disparam seus lasers e as naves explodem...
Quando abriram o buraco de minhoca eles chegaram à Terra, mas não na mesma época em que estavam em seus quadrantes espaciais, e graças a isso a humanidade anterior sempre seria destruída porque ela estava presa em um [3]luping temporal, algo que a segunda humanidade jamais experimentou, mas que talvez viesse a ocorrer porque um grande cientista no século 22 iria abrir um buraco de minhoca para um planeta promissor, o mundo dos sandaras...



[1] Transgênicos são organismos vivos (normalmente plantas e animais) geneticamente modificados. Com o avanço da engenharia genética, surgiu a possibilidade de alterar o DNA de alguns seres vivos com o intuito de potencializar ou criar determinadas características que seriam inviáveis de serem produzidas pela natureza.

[2] Um buraco de minhoca é um “atalho” através do espaço e do tempo entre partes distantes do universo mantido por leis da física que ainda estão em estudo, e que teoricamente é possível...
[3] Um loop temporal  é um loop no tempo onde os ocupantes vivem o mesmo evento em repetições infinitas


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