POR DAVID DA COSTA COELHO
Uma das coisas que eu gosto de assistir são programas de sobrevivência e de tecnologia primitiva porque a pessoa em questão tem três objetivos básicos, fazer um abrigo com o que encontra na natureza, fazer fogo para alimento e proteção e feitura de objetos complexos como cerâmica e metais, e caçar animais ou plantas comestíveis para se alimentar, e num segundo momento domesticar animais e plantas para se mantiver no local escolhido e prosperar sozinho ou com sua família.
Agora coloque nessa conta sete bilhões e trezentos milhões de pessoas precisando das mesmas coisas nesse tocante de sobrevivência, e que só podem retirar do meio ambiente em que vivem. Para isso, ao longo do tempo o homem desenvolveu tecnologia para domar todas as forças da natureza e extrair tudo que precisa para alimentar essa população gigantesca que continua crescendo alguns milhões de indivíduos todos os anos, e a demanda por comida, moradia, energia e saneamento continua, e para isso se extrai mais minério, madeiras, destruindo em escalas industriais florestais inteiras para fazer lavouras de [1]monoculturas.
E para alimentá-las eles secam rios e lagos para irrigar a agricultura, fazer represas e hidrelétricas, que levam energia e água para as cidades; e os dejetos vão para lixões que produzem [2]chorume, contaminando o lençol freático, também para rios e lagos, e mais tarde para os oceanos, fazendo aqueles escândalos de poluição que vez ou outra acompanhamos nas tevês como as mortandades de peixes, e inúmeros animais marinhos por falta de oxigênio na água e também óleo de navios ou vazamentos de petróleo...
Voltemos então às florestas e [3]biomas onde a variedade gigantesca de espécies vegetais e animais vive em perfeita harmonia na luta pela sobrevivência e adaptação ao meio, e isso se dá também no campo biológico porque essas espécies animais e vegetais também tem em seu interior um bioma microscópico de Vírus, Bactérias, Fungos perfeitamente adaptados a seu hospedeiro.
Assim quando o ser humano devasta um bioma específico, além dos recursos de madeira para sua indústria, ou queimadas, ele também está retirando a fonte de alimento daqueles animais que ali vivem, e com o tempo eles se extinguem por não haver mais seu habita-te, e os remanescentes acabam indo para as cidades, e nossos amigos mais conhecidos nesta tragédia são os insetos como moscas, mosquitos e baratas, ratos, gambas e muitos outros que frequentam nossas cidades, lembrando que todos estes seres são vetores de doenças, sendo os mosquitos os campeões neste quesito com Dengue, malária dentre tantas outras...
Ao longo da história humana, todas as pandemias estão ligadas a domesticação de animais e da destruição do meio ambiente e a fuga dos animais selvagens e insetos que antes estavam em florestas, rios e lagos, ou brejos e charcos – mosquitos – que levaram seus Vírus e Bactérias a romper a barreira das espécies e infestar a raça humana; Peste negra, Varíola, gripe espanhola e AIDS são os mais famosos, numa lista de doenças que enchem inúmeros milhões de mortos até hoje.
E quando pensávamos que estas pragas já bastavam, vieram à gripe aviária, a gripe suína, e agora a mais famosa, o Coronavírus, que colocou o planeta inteiro de quarentena e segue matando 7% dos infectados mundo afora, e ainda há o temor de uma segunda onda de infecção sendo aguardada...
Mas voltemos às florestas porque uma parte da humanidade parou todo, contudo aqueles que destroem a natureza não tiram folga, e nelas há um mamífero voador muito interessante, os [4]morcegos. Oriundos das florestas ou criados em cativeiro para alimentação de diversas populações na Ásia...
Esses morcegos, na natureza em equilíbrio, consomem insetos, frutas e até sangue de outros seres – morcegos vampiros – infectando suas vítimas com o Vírus da raiva. Os cientistas descobriram que eles também carregam diversas espécies de Coronavírus, inclusive aquele que colocou o planeta em quarentena, e a próxima geração deles se ocorrer o mesmo; pode literalmente varrer a humanidade deste planeta, e como o lugar que vivem – florestas – está sendo devastado, o que resta é ir para as cidades, se alimentarem das plantações humanas de frutas, dos insetos que lá vivem também, e do sangue de suas criações de animais domésticos como vacas, cabras, carneiros, cavalos, camelos, porcos, frangos, patos, e uma hora os Vírus dos morcegos passam para esses seres e depois para o homem...
Sabendo disso, e que o século XXI será a era das pandemias devido à devastação ambiental global, aqueles malucos que compravam abrigos nucleares de sobrevivência em 2012 pelas profecias Maias; estão não só comprando mais e estocando tudo que podem de alimentos não perecíveis, como também abrindo franquias deste produto só para bilionários porque abrigo está vendendo mais do que pão fresco na padaria.
Os seres humanos conseguem por a culpa em todos os seres do planeta, mas esquecem que a maior praga deste mundo não são os animais da floresta, pois aqueles povos ditos primitivos conviveram milênios com eles e sobreviveram, já os civilizados que adoram massacrar florestas para fazer monocultura, também produzem em longo prazo endemias e pandemias que irão devastar o mundo.
Esse ser humano em específico, o que paga por isso, que permite destruir para ter mais, no final será extinto porque o planeta terra está aqui há mais de quatro bilhões de anos, e nesse meio tempo bilhões de espécies surgiram e se foram, e somos apenas mais uma nessa direção, mas é provável que a nossa espécie será a que se destruirá mais rápido se não pararmos de lutar contras as florestas, e sim plantar e replantar tudo que se destruiu, pois sem isso a natureza saberá cobrar os mais de 7 bilhões de humanos, por um bem maior, a vida na terra...
[1] Monocultura representa o cultivo de uma única espécie vegetal, como a soja. Existe também a monocultura animal, que corresponde à criação de uma única espécie animal, como o gado. Normalmente, essa atividade agrícola é realizada em latifúndios (extensas propriedades rurais). A prática da monocultura está associada a diversos impactos ambientais, como o empobrecimento do solo, a retirada da cobertura vegetal e o desequilíbrio ecológico.
[2] Formalmente conhecido como líquido percolado de aterro, o Chorume de Lixo ou Chorume de Aterro Classe dois é o líquido proveniente da matéria orgânica em decomposição nos aterros sanitários. ... É um resíduo escuro, viscoso e fétido e também atrai vetores de doenças, como moscas e roedores. O acúmulo de chorume no meio é um grande problema ambiental. Pode causar a poluição dos lençóis freáticos e outros mananciais e depósitos aquíferos subterrâneos. Mais diretamente, o chorume contamina o solo no local onde é formado.
[3] Bioma é o conjunto dos seres vivos de uma área. É entendido também como o conjunto de ecossistemas terrestres. É na biosfera que se encontram os biomas, associações relativamente homogêneas de plantas, animais e outros seres vivos com equilíbrio entre si e com o meio físico.
[4] Os morcegos se alimentam de frutas – frutívoros – e outros de insetos e pequenos animais como peixes, sapos, rãs e insetos, e outros de sangue – hematófagos – são importantíssimos para o meio ambiente porque preservam a estrutura da vida ecológica e ajudam a disseminar sementes de arvores, e ainda fertilizam o solo com seus excrementos...