Quantcast
Channel: O PORTAL DO INFINITO
Viewing all articles
Browse latest Browse all 339

A CHINA, O LÍTIO, E A GUERRA MUNDIAL PELA ENERGIA ‘LIMPA’...

$
0
0

 



POR DAVID DA COSTA COELHO

 

O final do século dezenove, bem como todo século vinte foi marcado por guerras pelo petróleo, e ainda hoje as potências mundiais se deflagram pelo ouro negro, enquanto a transição para energia ‘limpa’ caminha a passos de tartaruga. Nessa nova zona de confrontação tecnológica, a Europa, EUA e a China saem na frente para extorquir esse mineral precioso das nações que possuem essa riqueza, mas ao custo de muito sangue e suor de populações pobres da América Latina; pois o Lítio não está ali jogado numa montanha, e sim amalgamado com outras substâncias, e para serem extraídas precisam de muita [1]água, coisa que não está sobrando nos desertos do Chile, Bolívia, e Peru, e sim faltando muito, pois como dito, a energia ‘limpa’ tem um alto custo social e biológico...

Com o advento da energia ‘limpa’, e dos carros elétricos, os olhos do mundo se voltaram novamente para a América do Sul, eterna zona de exploração de minérios e riquezas naturais; mas nessa equação outra fonte de Lítio surgiu no Afeganistão – de acordo com as pesquisas dos soviéticos, nos anos 1960 e 70, quando eles descobriram as reservas destes minerais, depois confirmadas pelos americanos durante a ocupação do país, eles têm a maior reserva do planeta – bem como vastas reservas de cobre, ouro e terras raras...

A parte mais interessante desta história é que a América do Sul, com seus depósitos de terras raras, ferro, ouro, cobre, Lítio e demais minérios, está bem longe da China, mas o Afeganistão faz fronteiras com os chineses, através do corredor de Wakhan, no leste da China. Ou seja, o Afeganistão tem as maiores reservas mundiais de coisas que o mundo inteiro está disputando a tapas e em conspirações, e nesse exato momento a China é que vai ter acesso estratégico a tudo que sua tecnologia precisa, e sem ter que gastar bilhões de dólares em logística do outro lado do mundo, ou enfrentar embargos e conspirações marítimas dos EUA...

Nunca uma nação tão faminta de metais raros, foi tão sortuda em ter tudo que precisa ao lado de sua porta dos fundos porque o Afeganistão está na maior crise humanitária da história, não há comida, energia, tecnologia; dinheiro, e desespero da fome no inverno se aproximam, mas a China virá em socorro dos novos governantes, e os acordos bilionários para reconstruir a nação e explorar tais [2]riquezas serão tão certos quanto o nascer do sol, para desespero do tio Sam ao perder essa galinha dos ovos de ouro...  

Apesar de ocupar o país por duas décadas, os americanos não puderam explorar essa riqueza em face de luta com o talibã, e o clima de insegurança que havia no período. Mas exploraram os campos de ópio, utilizado para a fabricação de heroína, ou na indústria de medicamentos, como sempre. Em se falando de qualquer tipo de drogas, principalmente ópio, os americanos são campeões de consumo. No entanto, a indústria médica da China, e da Índia é que se beneficiará deste produto agora que o talibã assumiu a nação...

Retomando ao Lítio, a China é o maior mercado global deste metal, e domina a cadeia de suprimentos para a fabricação de baterias de íon-lítio. Embora a Tesla seja uma compradora compulsiva de tudo que a China produz, eles têm seus próprios objetivos para a produção da bateria mais perto de seus centros produtores, mas nesta história há os interesses chineses neste mercado porque se a China produzia celulares que ninguém queria, e hoje possui empresas gigantescas como a Huawei, Xiaomi, com celulares de ultima tecnologia, e muitas outras empresas famosas e inovadoras, rivalizando com empresas de celular europeias e americanas. E ainda assim, a China é que produz a maioria dos componentes dos celulares das empresas destes países...

No mercado de carros elétricos está ocorrendo à mesma coisa porque o projeto governamental é tornar todos os veículos chineses elétricos, e não se faz isso adquirindo de empresas estrangeiras, e sim de conteúdo nacional, isso posto, hoje na China os carros elétricos produzidos pelas suas fábricas em nível médio, fica em torno de 8 mil dólares, o que não compra um carro zero popular no brasil movido a gasolina.

Mas a China não vive só de celulares e carros elétricos, hoje ela é não só a fábrica do mundo, como está envolvida numa corrida militar e [3]tecnológica para recuperar seus territórios perdidos ao longo dos séculos – falta [4]Taiwan maior produtora de chips do mundo – mas desta vez não será parada por porta aviões dos EUA, porque desenvolveram armas hipersônicas, e isso muda tudo no mundo do ataque e defesa.

Os EUA ameaçavam o mundo com seu poderio militar porque estavam seguros em seu país, agora isso não existe mais porque uma arma hipersônica da Rússia ou da China, pode chegar ao território do tio Sam em minutos, e elas são imparáveis. Desta forma, a outrora frota marítima dos americanos de nada serve para ameaçar a China porque um míssil hipersônico não precisa nem atingir o solo americano para fazer estrago, basta explodir um artefato atômico na atmosfera, criando um pulso eletromagnético sobre a nação e tudo elétrico daquele país frita instantaneamente. Sabendo disso, os generais de pijama dos EUA estão de cabelos em pé diante deste fato, e querem bilhões de dólares para blindar essa fraqueza americana, mas isso demandará décadas, e o futuro é agora...

Mas a importância do Afeganistão para os chineses ultrapassa o valor de mercado trilionário daquelas reservas porque eles estão em uma corrida espacial para chegar aos recursos do sistema solar, isso inclui a lua, marte e o cinturão de asteroides próximo ao planeta vermelho. Mas para fazer todas essas maravilhas eles precisam retirar do solo afegão todos os metais ali disponíveis, e agora isso não é só uma certeza, mas uma simples questão de transferência bancária ao talibã, e montar a infraestrutura de exploração mineral.

Uma vez feito isso, a nação dos talibãs será rica, próspera, e seu povo não passará mais fome, ou serão invadidos novamente por potencias ocidentais, afinal, com um amigo interessado nas suas riquezas de solo, quem gostaria de ter a China como inimigo?



[1] A maior parte do lítio do mundo é extraída de uma salmoura rica em minerais, cerca de dez metros abaixo dos lagos salgados das salinas de alta altitude. O processo começa por perfurar através da crosta e depois bombear a salmoura até à superfície para piscinas de evaporação, onde ela é deixada durante meses. Isso cria uma lama salgada composta por uma mistura de manganês, potássio, bórax e sais de lítio, que são depois deslocados para outra piscina de evaporação ao ar livre. Este processo de extração de lítio pode durar de 12 até 18 meses.  Após esse período, a mistura é suficientemente destilada para extrair o carbonato de lítio, a principal matéria-prima utilizada nas baterias de íons de lítio. Este método de extração é comumente utilizado no chamado "Triângulo do Lítio" que se estende por Bolívia, Chile e Argentina. Este método é favorável devido ao seu baixo custo e eficácia na extração de carbonato de lítio. No entanto, o processo é extremamente intensivo em água, o que causa conflitos com as populações locais porque não há agua disponível para as pessoas e a extração de lítio...

[2] A China "respeita o direito do povo afegão a decidir seu próprio destino e futuro e deseja seguir mantendo relações amistosas e de cooperação com o Afeganistão", afirmou à imprensa a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

"Os talibãs indicaram várias vezes a esperança de desenvolver boas relações com a China", completou a porta-voz, antes de afirmar que a embaixada chinesa em Cabul "continua funcionando normalmente".

[3] A Semiconductor Manufacturing International Corp. (SMIC), maior fabricante de chips da China, pretende investir US$ 8,87 bilhões na construção de uma nova fábrica nos arredores de Xangai. O investimento ocorre em um período em que o país se esforça para construir uma indústria forte e globalmente competitiva de microprocessadores..

 

[4] O governo dos Estados Unidos advertiu nesta terça-feira a China que adotará todas as ações possíveis, tanto dissuasivas como diplomáticas, para garantir que a China não anexe Taiwan à força. Em entrevista coletiva, o assessor de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, respondeu a uma pergunta sobre se os EUA estão preparados para lidar com uma situação em que a China usa a força para a unificação com Taiwan e a Rússia invade a Ucrânia ao mesmo tempo. "Os EUA tomarão todas as medidas possíveis, tanto dissuasivas como diplomáticas, para assegurar que o cenário de Taiwan que foi descrito nunca ocorra...


Viewing all articles
Browse latest Browse all 339