Bento 16 diz que casamento entre homem e mulher não é uma simples convenção social, mas a célula fundamental da sociedade.
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O papa Bento 16 sugeriu nessa segunda-feira, sem falar diretamente em casamento gay ou homossexual, que as políticas que minam a família formada pela união entre um homem e uma mulher ameaçam o futuro da humanidade.
Durante seu discurso de ano-novo a diplomatas de quase 180 países no Vaticano, o pontífice disse que a educação é um "tema crucial" para cada geração e que ela determina um desenvolvimento saudável de cada pessoa e de toda a sociedade.
"Ela (a educação) representa, portanto, uma tarefa de primeira importância nesse momento difícil e exigente. Além de um objetivo claro, de liderar os jovens a um conhecimento completo da realidade e, portanto, da verdade, a educação precisa de definições", iniciou o papa ao tratar do assunto.
"Entre elas (definições), um lugar de destaque vai para a família, baseada no casamento entre um homem e uma mulher. Isso não é uma simples convenção social, mas sim a célula fundamental de cada sociedade. Consequentemente, políticas que minam a família ameaçam a dignidade humana, bem como seu futuro."
Em vários países, autoridades eclesiásticas católicas protestam contra iniciativas voltadas para a legalização do casamento gay. Nos EUA, um dos principais paladinos dessa causa é o arcebispo de Nova York, Timothy Dolan, que será sagrado cardeal pelo papa em fevereiro.
Em recente carta, Dolan criticou o presidente Barack Obama por sua decisão de não apoiar uma proibição federal ao casamento homossexual, e alertou que essa política pode "precipitar um conflito nacional de enormes proporções entre a Igreja e o Estado".
A Igreja Católica, que tem 1,3 bilhão de seguidores no mundo, prega que as tendências homossexuais não são pecado, mas que os atos homossexuais são, e que as crianças devem crescer em uma família tradicional, com um pai e uma mãe.
Além de tratar do polêmico tema, Bento 16 disse que as soluções para a crise financeira mundial deve permitir que todos possam levar uma vida digna. O pontífice notou que a crise se espalhou dos países desenvolvidos, onde começou, para aqueles em desenvolvimento, provocando um "profundo impacto" nesses lugares.
"Nós não devemos perder o ânimo, mas reencontrar de maneira resoluta o nosso caminho através de novas formas de comprometimento", disse. "A crise pode e deve ser um incentivo para refletir na existência humana na importância de sua dimensão ética."
Para o papa, as soluções devem fazer mais do que conter as perdas financeiras, como também assegurar que "todos possam levar uma vida digna".
Bento 16 disse que a disparidade econômica provocou os protestos no ano passado que varreram o norte da África e o Oriente Médio, destacando que era difícil no momento "entender completamente as consequências para a estabilidade da região".
"O otimismo inicial deu lugar a um reconhecimento das dificuldades nesse momento de transição e mudança", disse Bento 16, pedindo pelo fim da violência e pelo respeito aos indivíduos, às instituições e às leis.
Bento 16 falou também especificamente sobre a Síria, se dizendo "profundamente preocupado". "Eu rezo por um rápido fim do derramamento de sangue e o início de um diálogo frutífero entre as forças políticas, encorajadas pela presença dos observadores internacionais.
O papa também recordou as "numerosas vítimas" do terrorismo motivado pela religião, especialmente na Ásia e na África. Ele citou o assassinato do ministro paquistanês cristão e dos atentados contra igrejas católicas na Nigéria no Natal. "Religião não pode ser empregada como um pretexto para se deixar de lado as regras da justiça e da lei."
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ENQUANTO ISSO:
O papa Bento 16 defendeu de forma enfática as famílias tradicionais e criticou duramente o aborto neste domingo, em um ataque direto contra leis espanholas que permitem o casamento gay, o rápido processo de divórcio e facilitam a realização de abortos. As declarações foram feitas durante consagração da Sagrada Família, igreja de Barcelona, um cartão-postal inacabado da cidade. Durante a sua visita à capital da Catalunha, o papa benzeu com água benta o altar da igreja, transformando-a em basílica diante de 6,5 mil convidados.
Essa foi a segunda vez em dias recentes que o pontífice criticou as políticas do governo socialista da Espanha e pediu que a fé na Igreja Católica alcance um "novo vigor" no continente europeu. Na cerimônia de despedida, acompanhada pela realeza espanhola e pelo presidente de governo, José Luis Rodríguez Zapatero, segundo relato do jornal El País, nenhum dos lados mencionou os temas espinhosos que tencionam a relação entre a Igreja e a Espanha, país que recentemente descriminou o aborto e aprovou o casamento entre homossexuais.
O papa Bento 16 se mostrou combativo nesta sexta-feira ao convocar os católicos para "lutar" contra o casamento gay, em um contexto de mobilização da Igreja em todos os grandes debates da sociedade.
Em seu discurso de fim de ano à Cúria Romana, o governo central da Igreja, o papa criticou duramente as novas concepções da família que não se baseiam na união entre um homem e uma mulher e afirmou que "na luta pela família está em jogo a essência do ser humano".
Sem citar a palavra homossexual e sem fazer julgamento direto sobre a homossexualidade, ele atacou claramente a legalização do casamento gay e a adoção por esses casais na França, Estados Unidos e em outros países.
A posição do Vaticano sobre o casamento homossexual não mudou, mas o tom endureceu.
No momento em que os países ocidentais adotam reformas sobre o casamento homossexual, o "Ano da Fé", lançado em outubro pelo papa, parece ser a ocasião de combate sobre essas questões morais.
Alguns movimentos católicos organizaram uma grande manifestação contra o casamento gay na França em 18 de novembro. Uma outra manifestação nacional está prevista para 13 de janeiro.
Os representantes das grandes religiões da França (católica, islâmica, protestante, judaica), criticaram o projeto do governo francês, mas insistiram na natureza específica de seus argumentos.
Bento 16, em uma rara mensagem publicada quinta-feira no "Financial Times", convidou os cristãos a se engajarem nas áreas da justiça, da paz, da vida e da família.
Segundo o papa, os cristãos devem ser coerentes com a fé católica, disse, citando os políticos que são encarregados de votar a favor ou contra os projetos de lei de um governo.
Ele propôs uma "aliança" entre fiéis de diversas religiões e ateus sobre os temas essenciais de defesa da justiça, da paz, da família e da vida, que seria possível em razão de serem "leis naturais" as quais todos podem aderir.
Em virtude desta lógica, ele citou longamente, e de maneira inédita, o grande rabino da França, Gilles Bernheim, muito crítico ao projeto de legalizar o casamento e a adoção para os homossexuais.
O papa elogiou o trabalho do rabino Bernheim, que demonstra que "atentar contra a autêntica forma da família, constituída por um pai, uma mãe e uma criança (...) coloca em jogo a própria visão do ser humano".
"Se até o momento percebíamos como a causa da crise da família a incompreensão sobre a essência da liberdade humana, agora está claro que o que está em jogo é a própria visão do ser humano, o que significa em realidade o fato de ser uma pessoa humana", observou Bento XVI.
"A criança perdeu a posição a que pertencia até o momento e a dignidade particular que lhe é própria", prosseguiu o papa. "Bernheim mostra como, de sujeito jurídico independente em si mesmo, ele se transforma necessariamente em um objeto, que é e tem o direito, e como um objeto de direito, pode ser obtido".
Com a rejeição do casamento tradicional, acrescentou, "desaparecem as figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho: as dimensões essenciais da experiência de ser uma pessoa humana estão desabando".
Neste discurso, no qual costuma explicar as principais preocupações da Igreja, o Papa lamentou a "profunda falsidade" dos estudos de gênero, que consideram que o sexo de uma pessoa é determinado, na realidade, pela sociedade e educação.
O papa insistiu que a "luta" pacífica que ele convocou ultrapassa as fronteiras da Igreja: os princípios que ela defende "não são verdades de fé, estão inscritas na própria natureza humana, identificável pela razão, e, portanto, comum a toda a humanidade", seja no casamento, no começo e fim da vida, e na bioética, afirmou o Papa. Sua transformação causará "prejuízo grave para a justiça e a paz", acrescentou.
O papa Bento 16 se mostrou combativo nesta sexta-feira ao convocar os católicos para "lutar" contra o casamento gay, em um contexto de mobilização da Igreja em todos os grandes debates da sociedade.
Em seu discurso de fim de ano à Cúria Romana, o governo central da Igreja, o papa criticou duramente as novas concepções da família que não se baseiam na união entre um homem e uma mulher e afirmou que "na luta pela família está em jogo a essência do ser humano".
Sem citar a palavra homossexual e sem fazer julgamento direto sobre a homossexualidade, ele atacou claramente a legalização do casamento gay e a adoção por esses casais na França, Estados Unidos e em outros países.
A posição do Vaticano sobre o casamento homossexual não mudou, mas o tom endureceu.
No momento em que os países ocidentais adotam reformas sobre o casamento homossexual, o "Ano da Fé", lançado em outubro pelo papa, parece ser a ocasião de combate sobre essas questões morais.
Alguns movimentos católicos organizaram uma grande manifestação contra o casamento gay na França em 18 de novembro. Uma outra manifestação nacional está prevista para 13 de janeiro.
Os representantes das grandes religiões da França (católica, islâmica, protestante, judaica), criticaram o projeto do governo francês, mas insistiram na natureza específica de seus argumentos.
Bento 16, em uma rara mensagem publicada quinta-feira no "Financial Times", convidou os cristãos a se engajarem nas áreas da justiça, da paz, da vida e da família.
Segundo o papa, os cristãos devem ser coerentes com a fé católica, disse, citando os políticos que são encarregados de votar a favor ou contra os projetos de lei de um governo.
Ele propôs uma "aliança" entre fiéis de diversas religiões e ateus sobre os temas essenciais de defesa da justiça, da paz, da família e da vida, que seria possível em razão de serem "leis naturais" as quais todos podem aderir.
Em virtude desta lógica, ele citou longamente, e de maneira inédita, o grande rabino da França, Gilles Bernheim, muito crítico ao projeto de legalizar o casamento e a adoção para os homossexuais.
O papa elogiou o trabalho do rabino Bernheim, que demonstra que "atentar contra a autêntica forma da família, constituída por um pai, uma mãe e uma criança (...) coloca em jogo a própria visão do ser humano".
"Se até o momento percebíamos como a causa da crise da família a incompreensão sobre a essência da liberdade humana, agora está claro que o que está em jogo é a própria visão do ser humano, o que significa em realidade o fato de ser uma pessoa humana", observou Bento XVI.
"A criança perdeu a posição a que pertencia até o momento e a dignidade particular que lhe é própria", prosseguiu o papa. "Bernheim mostra como, de sujeito jurídico independente em si mesmo, ele se transforma necessariamente em um objeto, que é e tem o direito, e como um objeto de direito, pode ser obtido".
Com a rejeição do casamento tradicional, acrescentou, "desaparecem as figuras fundamentais da existência humana: o pai, a mãe, o filho: as dimensões essenciais da experiência de ser uma pessoa humana estão desabando".
Neste discurso, no qual costuma explicar as principais preocupações da Igreja, o Papa lamentou a "profunda falsidade" dos estudos de gênero, que consideram que o sexo de uma pessoa é determinado, na realidade, pela sociedade e educação.
O papa insistiu que a "luta" pacífica que ele convocou ultrapassa as fronteiras da Igreja: os princípios que ela defende "não são verdades de fé, estão inscritas na própria natureza humana, identificável pela razão, e, portanto, comum a toda a humanidade", seja no casamento, no começo e fim da vida, e na bioética, afirmou o Papa. Sua transformação causará "prejuízo grave para a justiça e a paz", acrescentou.
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1031966-casamento-gay-ameaca-a-humanidade-diz-o-papa.shtml
http://www1.folha.uol.com.br/mundo/1204920-papa-dispara-contra-casamento-gay-e-fala-em-alianca-de-religioes.shtml