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AZZAK, O PRIMEIRO VAMPIRO...

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Capitulo 1..............  Meias origens 

  • Na natureza, cada espécie ocupa uma posição em relação a outra, vocês, humanos são o ápice da evolução em relação aos demais seres da Terra, e tem o poder e direito de usá-los em seu beneficio como espécie dominante; Nos estamos para vocês nesta mesma escala, assim como um chimpanzé se encontra para os humanos. Vocês são nosso alimento, nosso gado, cabendo a nos, criá-los e determinar quem de vos serão abatidos, porque como seus superiores, se não nos controlarmos, vocês se extinguirão em meio a nossa fome, como fizemos com os  Neandertais.

    Vera Langsdorff acorda de mais um pesadelo banhada de suor, e a ausência de seu marido devido um congresso nos EUA só faz aumentar seu temor do que vêm sonhando há vários dias, anjos lindos e loiros matando pessoas, sugando seus pescoços como vampiros, arrancando suas cabeças e jogando aos montes de corpos anteriores.
    Ela vê nesses sonhos cidades antigas que ficam repercutindo em sua mente, pirâmides do Egito, México, e ruínas na América do sul e Ásia... Planícies geladas com animais que ela via nos livros da escola, como mamutes e criaturas da era do gelo...
    Sua mente vislumbra não só essas civilizações como também os milhares de mortos pelos homens que fizeram esses mundos, nesses devaneios há também um homem de cabelos negros como a noite, destruindo os anjos da morte que via em seus sonhos, em seu rosto ela percebia o ódio, e a dor ao fazê-lo, por que seria assim?
    Com o dia já raiando e com muitas coisas pra dar seguimento em sua vida profissional, ela decide ir para o banho, afinal como bióloga geneticista do projeto genoma, suas responsabilidades não lhe permitiam sofrer por seus pesadelos, seu ofício a requeria em tempo integral; tanto é que não pode ir a América com Petersen porque seu trabalho era como ser chefe de uma biblioteca gigante e ter que ler todos os livros dela, já o do marido era palestrar sobre física quântica e trabalhar no [1]CERN.
    Eles formavam o casal perfeito, Petersen vivia no mundo da lua, hiperespaço e subespaço, e ela nas vontades estranhas do DNA da raça humana, e suas várias diferenciações em cada população específica... Assim, estando juntos eles tinham o que conversar, além é claro do amor entre ambos, faltando apenas um filho, coisa que já tinha data marcada, ela ainda estava com 35 e ele com 40, e dentro de 5 anos faria o tratamento para ter um, mas se viessem gêmeos ou além disso; muito comum após o procedimento médico com hormônios, todos seriam bem vindos e amados por ambos...
    Mas embora pensasse que era só coisas de sua mente, a realidade por trás de seus sonhos era maior do que podia supor, não eram pesadelos e sim um passado de alguém que estava vivo há mais de 50 mil anos, seu nome era Azzak, o primeiro vampiro da humanidade, e os anjos loiros, seus filhos; e assim como os filhos de  Cronos, morto por este, ele também foi forçado ao longo das eras a matá-los para impedi-los de destruir a raça humana em suas guerras fratricidas entre eles, por poder, vaidade e por verem os humanos apenas como escória a servir os seres superiores que eram, sem os quais ainda estariam nas cavernas...
    Apesar de ser esta a verdade no tocante aos mortais, Azzak considerava sua missão protegê-los, afinal, seus filhos nasceram de mulheres que um dia foram humanas.
    Eles haviam esquecido quem eram e o que nasceram para ser devido ao pai, e tudo que sabiam vinha da memória genética de Azzak, assim como seus dons de vampiro, não como os dele, mas únicos a seus filhos.
    Seus pesadelos vinham diretamente da mente do ser primordial, ele havia escolhido Vera como sua companheira, e para isso ela deveria antes saber o que, e quem ele era, e também seus herdeiros. O fato de ela ter marido era irrelevante, já que ele iria ser consumido por Azzak, além do que, um de seus poderes era o mimetismo, podendo assumir a forma e toda memória de quem ele havia se alimentado, coisa que seus filhos não herdaram.
    Por ser único, esse também era sua maior tristeza, e a lembrança de como nasceu ainda doía em sua mente, desejou jamais ter saído do poço de piche, e as memórias de seu mundo da idade do gelo lhe retomam mais uma vez:


    O mamute manca pela pradaria da tundra siberiana, atrás dele estão Azzak e seus 4 companheiros, ele era agora o líder de um clã cada vez menor. Mortos na luta pra sobreviver, num mundo onde não havia vida para velhos, fracos e doentes, onde a natureza determinava quem continuaria em sua corrida de revezamento genético dos vencedores, o que não era o caso do mamute, tinha perdido o título de macho dominante e ainda se ferira na batalha, caindo numa saliência, o que o fazia mancar, abandonado, era agora caçado por homens e feras de sua época...
    Mas mesmo coxo, ele não se entregava, e os amigos de Azzak confiaram demais na sorte, sabendo que para matá-lo deveriam se aproximar mais, eles se arriscam no momento errado e o mamute consegue avançar e esmagar Tuloc, um dos jovens caçadores que restaram, em meio a tantos que morreram.
    A tromba do animal o pega e termina de quebrar-lhe os ossos, atirando o longe, as lanças crivam a garganta do paquiderme, mas ele não cai... Ao longe as mulheres da tribo vêm seguindo e se aproximam com mais lanças, não há como aguardar sua tribo num momento tão inóspito, estavam famintos e suas crianças tinham morrido, e agora mais um.
    Por mais que o ataquem, o animal manca na pradaria tentando escapar, enquanto vai deixando no capim o sangue que lhe dá vida. Mas de longe percebem outros caçadores chegando, e embora os temam pelo que poderiam fazer, agora é hora de se unirem no abate...
    Depois de morto o animal, o chefe se aproxima dele e arranca-lhe os olhos, assim ele não sentirá que morreu e pode se juntar aos espíritos da pradaria e trouxer mais para alimentar a tribo, e esse era um costume há centenas de anos... Aproxima-se de Azzak e percebe que é o líder dos homens restantes. Entrega-lhe um olho em honra e come o outro, assim surge de imediato respeito e lealdade.

    - Eu sou Lupac, e estamos honrados em compartilhar com você e sua gente a presa.
    - Eu sou Azzak, chefe de apenas 2 homens, Silac e Licox, o que esta morto na pradaria era meu irmão, Azoc. Só restamos nós e 10 mulheres, sem outros caçadores conosco só nos caberia à morte, se permitir, gostaria de aceitá-lo como nosso chefe.
    - Então sejam bem vindos a minha tribo, precisamos de homens como vocês, quanto a seu irmão, ele terá as honras que merece.

    Depois de destrincharem o animal, eles recolhem gravetos e grama seca e fazem uma pira para cremar o corpo de Azoc, em respeito a sua coragem, a tromba do mamute é queimada junta de seu corpo, para que seu espírito seja vencedor sempre nas pradarias celestiais. Para Azzak é um dia triste, pois ver seu irmão ir antes da hora, assim como foi ao ver seus pais e amigos; mas ao se juntar a tribo de Lupac lhes abria um fio de esperança na sobrevivência, além do que lhe cabia agora como líder de seu clã as mulheres de seu irmão, e com bastante caçadores, certamente os dias serão melhores e poderiam ter filhos crescendo e não morrendo de fome, como os do ano anterior...
    6 meses após se juntar a tribo, Azzak era um dos mais queridos membros da tribo Naani, e amigo do filho do chefe, Lonac, faziam a frente nas caçadas e não faltavam alimentos para seu povo. Como eram nômades, e se deslocavam de acordo com as manadas, deviam sempre mudar para novos territórios, o que às vezes demandava conflitos com outros grupos humanos numa época em que a lei era à força das lanças. Lupac fazia o máximo possível para evitar conflitos, mas agora sua nação estava crescendo e arregimentando outros caçadores que estiveram na mesma situação de Azzak, e como precisavam mudar de território novamente, era hora de enviar batedores à frente não só no intuito de localizar a rota das manadas como virem possíveis tribos concorrentes.
    Azzak, Licox e seu inseparável amigo partem juntos para explorar as planícies longínquas, sabendo que o futuro de todos depende do que virem pelo caminho, eles levaram suprimentos para 5 dias, mas se virem no caminho algum animal que possam abater, eles o farão porque tem muitas bocas para alimentar.
    Bastava apenas defumar a carne e levarem para suas esposas grávidas, ter 4 mulheres era uma grande responsabilidade. Por 5 dias eles caminham seguindo os mamutes, mas ao longe encontram sinas de homens, havia fogo e cheiro de carne trazido pelo vento, e isso podia indicar problemas.
    Populações humanas crescendo e migrando era o que causava conflitos, porque assim como os animais, pessoas também lutavam por território, decidem procurar outra rota e uma manada que esteja descendo a planície...
    Por sorte eles localizam um animal que podem abater, é uma espécie de cervo ancestral e imenso para os padrões de hoje. Eles se aproximam lentamente contra o vento para tentar pegá-lo de surpresa, e é Azzak quem faz o primeiro arremesso, percebido, no entanto pelo mamífero, e assim ele consegue se desviar da arma fatal e a lança penetra sua coxa traseira, e ele dispara manco pelo capim, com os homens em seu encalço, pois sabiam que ele logo entregaria os pontos.
    A corrida prossegue até que o cervo chegue a um local que faz seu instinto lhe ordenar um pulo, e os homens atrás não vêem perigo nisso, pois é comum a essa espécie grandes saltos quando em fuga... Emparelhados os 3 repentinamente caem e ,se vêem presos na tundra, por mais que se remexam tentando sair, só fazem afundar mais a cada instante, aos gritos ele vê Lonac e Licox desaparecendo sem nada poder fazer, então ele se vê tragado, e seu rosto é encoberto pelo piche, num ultimo ato ele respira profundamente e afunda. Seu ultimo pensamento esta na sobrevivência de seus filhos...
    À medida que desce, a temperatura vai diminuindo e seu ritmo cardíaco o faz entrar em animação suspensa, ficando no limiar da morte, embora ainda viva, seus amigos morreram logo ao afundar. No entanto, algo mais esta vivo ali em baixo, algo imensamente mais velho, e percebendo o corpo, projeta para ele a essência vital que preserva há muito tempo. Azzak é envolvido por uma extrema energia e ao seu redor uma espécie de casulo o envolve, cura e o modifica com uma essência que não é de nenhum ser vivo da terra...
    Por cem anos ele ali permaneceu até que desperta. Dotado de uma força suprema e vontade de viver, ele se empurra até a superfície, e como num nascimento, ele abandona o útero de piche e sai do buraco rumo ao mundo que o aguarda e a sua tribo; o tempo não teve nenhum significado para Azzak, pois em sua mente foram apenas alguns momentos em luta pela vida e o lamento por seus amigos.
    Retorna em direção a sua tribo, mas não estão ali, e isso é estranho, deveriam estar, precisa narrar para Lupac o destino de seu filho e do seu amigo, sem ele para sustentar também as esposas, caberia agora mais uma vez a ele tomá-las também para compor sua família...
    Por dias ele os procurou e se não estivesse tão transtornado perceberia que não só a tundra havia mudado, ele também, já que não sentia mais fome e sede e não comia durante todo o tempo que deixou o buraco... Ao longe ele percebe fogo e sinais humanos, é uma tribo com uns 30 homens e um número maior de mulheres e crianças, joga sua lança ao chão para que não vejam perigo em sua presença e se aproxima, precisa saber se os viram.
    É recepcionado por 3 homens a quem dirige a pergunta, mas um deles responde:

    - Não vimos ninguém nesta pradaria há mais de 10 invernos, até mesmo a caça anda escassa e teremos que nos mudar, mas se desejar ficar conosco será bem vindo, o chefe Lontac precisa de caçadores.

    Azzak agradece o convite e fala com o chefe, após ele retorna a sua busca infundada, sem saber que aquela ali era realmente sua tribo, os descendentes deles após um século... Por seis meses ele vasculha toda a pradaria sem se dar conta de sua nova condição e finalmente reencontra a tribo de Lontac.

    - Pelo que vejo não encontrou sua gente não é?
    - Infelizmente não Lontac, não sei como explicar isso, não há vestígios deles ou de nosso acampamento, não compreendo como podem ter ido sem ao menos aguardar por mim.
    - Meu convite ainda se encontra aberto, você é um grande batedor e seria muito útil a todos nós, além do que temos muitas mulheres precisando de marido.

    Cansado de rodar por muitos meses, aquela parecia a única opção dele, e também poderia acabar encontrando sua tribo. Precisa de companhia feminina, sentir-se parte de alguma coisa...

    - Chefe Lontac, eu agradeço seu convite, e serei mais um de sua tribo, aceito qualquer desafio que quiser me propor para que eu tenha as mesmas regalias de seu povo.
    - Evidente que terá que provar isso meu amigo, e iniciamos amanhã mesmo, precisamos caçar, e cabe a você e Sadac, nosso outro batedor, localizarem nossas presas, temos que abater um ou 2 mamutes... Se obtiver sucesso, amanhã mesmo terá uma esposa, outras mais virão com seu sucesso.

    Ao raiar do dia, os dois homens iniciam as buscas na pradaria, e localizam uma manada de mamutes bem numerosa, para atingir o objetivo deveriam matar o líder, só que ele era o maior mamute que ele vira em toda sua vida, seria muito difícil, e não havia montanhas e nem precipícios para onde espantá-los e fazerem cair em armadilhas; facilitando a matança. Mas havia uma vantagem, ele ficava bem a frente dos demais pra evitar possíveis machos que podiam localizar seu bando e desafiá-lo, assim se fosse cercado e tivessem todos os homens com lanças, poderiam matar o animal.
    A estratégia foi montada e os homens avisados da posição, logo a planície era cercada por eles, se esgueirando em meio à relva e contra o vento, até que Lontac atira a primeira lança, logo seguidas de diversas, no entanto, elas são como gravetos, só irritando o gigante. Cercado, ele parte para cima deles e pisoteia de cara 3 caçadores, se dirigindo em seguida para matar Lontac. Imbuído de um fervor e ao mesmo tempo raiva por ver homens esmagados, Azzak pega sua lança, e captado as batidas do coração do monstro, arremessa com força sobre-humana, ela penetra a dura couraça e vaza o coração de um lado a outro, o animal tomba a metros de Lontac.
    Azzak corre até ele e faz uma reverência, depois vai até os homens para ver se pode fazer algo, mas só lhes resta o crematório, todos mortos. Ele já vira outros homens eliminados por mamutes, mas jamais se conformava, achava um destino inglório. Perguntavam-se quando chegaria sua vez. O silêncio toma conta deles, enquanto os olhos do animal são arrancados e dados a Azzak, mas este muda uma tradição milenar e os doa aos mortos, e faz uma reverência, e todos o seguem nela.
    Iniciam a retirada da pele e da carne do animal pra poderem rumar em direção ao restante da tribo, já que as mulheres e homens velhos ficavam cuidando dos menores enquanto as jovens vinham atrás de seus homens e familiares para auxiliar na limpeza da carne e ossos, e da pele do animal pra fazer roupas e utensílios.Eles pegam os mortos numa estrutura de madeira semelhante à usada para levar a carne, e os levam embora de volta a tribo, caminhando em silêncio.

    A carne do gigante, depois de defumada alimentará a todos por muitas luas, o que daria relativa paz a todos, para prantear os mortos e saber se deveriam se deslocar.
    A tribo celebra a vitória e aceita sua derrota, os mortos são cremados, e a carne dividida entre todos, Azzak recebeu 3 esposas para cuidar, mas a algo diferente nele. Não provou da carne, e nem sente vontade de comer. Depois de meses é que tomou conhecimento disso.
    E naquela noite ele entende o quanto mudou, suas 3 mulheres foram possuídas até o dia raiar e ele continuava potente para elas, mesmo após ejacular em cada uma nas vezes em que revisou de mulher. Com o dia raiando ele se levanta e vai até um rio próximo ao acampamento e fica pensando porque não sente mais fome ou sede. Põe água na palma da mão e experimenta seu sabor. Não o desagrada, mas não sente que precisa dela, bebe vários goles e fica ali sentado na beira do rio por horas pensando. Em suas lembranças o momento das lanças sendo arremessadas com lançadores. Era uma invenção bem antiga, mas ele sabia que precisavam de algo melhor, e em sua mente tinha esse conhecimento, ele olha para o seu braço e o dobra repetidas vezes, então a solução surge de imediato.
    Ao retornar a aldeia ele leva diversas madeiras e varas finas. Pega também penas de pássaros pelo caminho, manda suas mulheres recolherem seiva de árvores, dos ossos de mamute ele faz pontas para seu intento. Durante todo dia seguinte ele faz inúmeras flechas, e arcos de caça de 1.50 M, e então chama Lontac e outros homens da aldeia. Ao longe ele coloca pele de animais como alvo.
    O alvo esta bem distante, e após ordenado ao guerreiros que o acertem usando os lançadores, não há como, então Azzak pega um arco e atira várias flechas nele, todas cravando fundo nas peles.

    - Pensei nisso ontem quando estava no rio, nossos homens morrem porque temos que nos aproximar da caça, agora temos uma nova arma que pode acertar e minar suas forças a distância, assim só teremos que chegar perto depois e matar com precisão.

    Lontac já tinha uma imensa admiração por Azzak, depois desse dia ela seria ainda maior, ele havia criado o arco e flecha, e com isso os homens jamais seriam os mesmos, nem as criaturas a sua volta. Sua tribo pequena tinha agora um poderoso instrumento, e logo a todos possuiriam também.
    Nos dias que se seguiram, as novas armas foram postas à prova, treinavam com afinco. Nos lagos eles caçavam aves, nas pradarias os animais velozes de pequeno porte não eram mais imbatíveis.
    Um mês após o invento, Azzak esta de novo sentado próximo ao rio, e observa por horas uma pedra de cor marrom, algumas são assim, outras não. E de novo o fogo inventivo lhe vem à mente.
    Ele recolhe diversas daquelas pedras e leva para a aldeia, ali constrói uma espécie de fogão de lenha redondo no alto, e faz um trilho de madeira até o chão, como uma rampa, e a cobre com barro.  Inicia o fogo e o alimenta por horas até que uma fina camada de metal derretido começa a descer pelo caminho de barro.

    A tribo acompanha curiosa seu intento, Lontac entre eles. Depois ele pega as partes de metal já frio e com um martelo de pedra, faz uma faca. Compara a de osso, a de pedra, e a de metal, sem duvida a que fez é melhor. Com o tempo ele foi desenvolvendo novas técnicas para derreter o metal das pedras e usava moldes de pedra ou barro para colocar líquido derretido e produzir espadas, pontas para flechas e lanças e demais ferramentas. Usava o martelo para moldar estes objetos depois que esfriavam.
    Nas caçadas as invenções de Azzak são imbatíveis, não há mais homens mortos ou feridos, e com facas de metal o trabalho de retalhar a carne e pele é rápido e fácil. Por ordem de Lontac, todos possuem suas armas e sabem atirar com arcos e flechas, até as crianças treinam.
    Mas os mamutes não se importam com os homens, estão em marcha para novo território, assim como outros animais que eles caçam, restando à tribo ficar e morrer de fome, ou seguir em frente atrás deles, o que fazem em seguida.
    Por meses eles vêm descendo a planície até chegarem num local com grande quantidade de caça, água e árvores, um paraíso na terra, e Lontac estabelece ali o acampamento da tribo, e bem na hora, pois o inverno rigoroso estava trazendo ventos cortantes da pradaria e montanhas acima.
    Azzak e dois amigos vão para o rio e verificam o local a procura de pedras de metal, encontrando várias, então regressam a tribo e se unem as suas famílias para retornar no dia seguinte para levarem. A noite ele se diverte ouvindo os homens velhos contando aventuras de caçada, e depois retorna as suas mulheres, elas estão grávidas e ele se sente feliz em ter filhos, e com a certeza de poder alimentá-los.
    No dia seguinte ele volta ao rio, e entra na água, enquanto os amigos o esperam, mas então a morte o desperta de volta ao mundo real em que vive, não há paraíso, apenas matar ou morrer pra viver; seus colegas são mortos com lanças pelas costas por 4 homens de uma tribo rival, e logo lanças também batem em suas costas e abdômen, mas nada fazem por não penetrar na carne.
    Dotado de uma ira que jamais pensou ter, ele salta vários metros e cai em cima do primeiro agressor e arranca sua cabeça, o segundo tem o punho enfiado em seu tórax, e o coração é pego e puxado pela mão de Azzak, o terceiro ele corta de um lado a outro do tronco. Suas mãos são agora duras como aço, e nada as detêm. O último homem tenta fugir correndo em desespero e medo, mas é tarde, um soco o derruba e então Azzak instintivamente coloca as mãos no peito dele. O homem brilha e seu corpo é sugado por Azzak, restando ao redor à silhueta queimada de um homem no chão.
    Ele pega os homens que matou e os joga no rio, a correnteza os leva embora, pega os corpos dos amigos e leva para a aldeia. A recepção não é a de sempre.

    - Fomos atacados no rio, homens de uma tribo que jamais vi, mataram eles, mas os matei a todos e joguei-os ao rio.

    Lontac se enche de ódio e ordena que todos se armem, arcos e flechas são distribuídos para todos. A tribo tinha 80 pessoas, apenas 24 homens adultos agora.
    Passam a noite em vigia após cremar os mortos. Ao amanhecer são surpreendidos por mais de 200 nativos inimigos cercando a aldeia, e se lutassem, embora pudessem matar muitos, seriam extintos. Como chefe, sabia que devia conversar com os oponentes. Foi até o líder do grupo:

    - Esse é o território dos Azula, e vocês o invadiram, por esse crime todos deveriam morrer, mas eu não quero mais mortes do que as ocorridas assim eu lhes ordeno... Todos os homens e crianças meninos devem ir embora, suas mulheres e filhas devem ficar, e serão agora parte dos Azula. Vocês têm até amanhã à noite para aceitar, se decidirem o contrário, todos morrerão.

    Desferidas as palavras, o chefe e seus homens partem deixando a Lontac a decisão mais dura que teve que tomar um dia como chefe. Não havia como vencerem mais de 200 homens, e a guerra só traria desgraça, ao mesmo tempo não existia como abandonar a eles, suas mulheres e filhas, essa também era a decisão do conselho de anciões e de toda a tribo. Decidem então lutar, se tem que morrer que sejam todos juntos, mas Azzak pede ao chefe que lhe conceda um dia, pois vai falar com o chefe dos Azula e talvez encontrar uma solução que agrade a todos e evite mortes.
    Seu pedido é aceito e ele se encaminha desarmado a aldeia rival. Um corredor de homens o acompanha até o momento em que o deixam falara com Satac o chefe.

    - grande chefe Satac, eu vim aqui em paz, da mesma forma que foi a nossa aldeia, e trago uma opção a sua proposta. Nossos homens são grandes guerreiros e estamos cansados de ir de um lugar a outro na pradaria, somos pouco, é verdade, no entanto, cada homem de minha tribo vale por 5 dos seus, por isso eu lhe peço que aceite a nós como parte de sua tribo se eu vencer 5 de seus melhores guerreiros; caso em contrário, o destino de muitos homens será morrerem na pradaria. Meu povo esta disposto a lutar até o último de nós, mas se me vencerem no combate, partiremos com o raiar do dia e caberá a vocês cuidarem de nossas famílias.

    Satac jamais em sua vida ouviu tamanha afronta, quem era esse homem para se dizer capaz, e também a sua gente, de valer por 5 de seus melhores homens? Devia tê-los dizimado quando chegaram, mas a audácia às vezes tem seu valor. Escolheu os mais fortes de seus guerreiros e lhes entregou a missão de matar o forasteiro na disputa.

    - já que cada um de vocês vale 5, creio que não precisará de lança, não é? Se vencer farão parte de minha tribo, se perder, partem ao amanhecer levando seu corpo.

    Azzak sorri e lhe responde:

    - Tenho minhas mãos, mas em minha aldeia tenho coisa melhor que isso, e em breve também terão, já que seremos um só povo sob seu comando.

    Satac os manda para o local onde lutarão e ordena o ataque, uma lança é atirada contra Azzak, mas ele se desvia é a pega no ar. Outras a seguem e ele as bloqueia com a lança obtida. Joga a sua fora e parte para cima dos homens, desferindo socos no rosto, 2 minutos após o combate, eles estão desmaiados. Ao chefe só lhe resta acreditar, aquele homem sozinho derrubou desarmado seus melhores guerreiros, com muitos iguais a ele seriam imbatíveis e teria o controle de todo o leito do rio e da caça, sem precisar migrar para tão longe na pradaria; afinal, homens e animais sempre precisavam de água.

    - Vá e diga ao seu chefe que agora serão parte do meu povo, um só nação, traga todos para a aldeia, teremos uma grande festa de comemoração. E você agora será a partir de hoje o líder de meus caçadores.
    - irei imediatamente e notificarei Lontac, em breve estaremos todos aqui.

    Mas a partida e a vitoria de Azzak não fez as coisas parecerem tão simples e fácil como ele pensou, os homens são motivados por orgulho, vaidade e medo, e a vaidade é sem duvida a maior de suas fraquezas, ou riquezas a quem as sabe explorar do medo alheio.
    Sadac, feiticeiro da tribo via um destino negro a sua gente se estes intrusos fossem aceitos, além do que seu irmão foi morto por eles no rio, e agora era a hora de usar seus dons para fazer a vingança que sua alma pedia.

    - Não vejo com bons olhos esses homens unirem-se a nossa tribo Sotac, os espíritos trazem mau sinal quanto a esse demônio vestido de homem.
    - Eu também não gosto velho amigo, mas dei minha palavra, e ele venceu meus homens desarmado e só, serão uma ótima adição a tribo dos Azula.
    - Ou a destruição dela, se cada um deles fizer o mesmo que Azzak, poderão, quem sabe no futuro disputar a chefia da aldeia, e teremos como líder não Sotac, e sim Lontac; e eu prefiro você e não nenhum estranho a nossa gente e costumes.
    - O que devo fazer então, consulte os deuses da noite?
    - Eu já fiz isso, e só a morte deles pode manter nosso povo em paz e unido.
    - Se é assim que sejam mortos, mas como faremos isso? Não quero perder nem mais um de meus guerreiros.
    - Não precisa de nenhum para o que planejei, na festa, colocarei na bebida uma erva que adormece as pessoas que beberem da água das moringas, e prepararei um antídoto para os nossos homens, assim após comerem e beberem muito deles ficarão sonolentos e matá-los será simples como eliminar uma criança.
    - Então que assim seja. Se tivermos que matar pra viver é o que faremos, embora seja uma pena perder as mulheres deles.
    - Não será uma perda total, jogaremos seus restos para os carniceiros, e depois o excremento servirá para alimentar o capim, assim teremos muitos mamutes aqui. A mãe natureza é sábia e aproveita tudo...

    Azzak encontra Lontac e lhe da as boas novas, e este fica feliz e radiante em saber que não mais precisam migrar ou perder suas famílias. Desmontam o acampamento e partem para o território dos Azula.
    Sotac acompanha a chegada de Lontac a sua tribo, bem como estranhas armas que todos possuem, até mesmo crianças, e possuem facas que cortam melhor que as deles.

    - O que são essas coisas Lontac?
    - São arcos, com eles podemos abater animais com mais precisão que as lanças, e as pontas são de metal, feitas por Azzak, ele é muito forte e inteligente, e será de grande ajuda a nossa tribo. Não sou mais o chefe de ninguém, esse cargo agora é seu, mas meus conselhos estão à  sua disposição.

    Sotac percebe que seus novos membros têm seu valor, e após mortos suas novas armas serão de grande valia, mas ainda tinha receios morais de matá-los. No entanto, as palavras de Sadac lhe consumiam, sendo assim não mudou o plano, e ordenou a festa para os novos agregados a tribo.
    Azzak de sua parte ficou satisfeito de ver sua gente protegida, após ajudar a montar as tendas, ele parte para a ravina em busca de paz e sossego, a solidão. Às vezes isso era uma necessidade sua porque estava descobrindo muitas coisas sobre si mesmo, e pensava como podia ter feito o que fez com o homem no lago. Não havia corpo ao final, só chão queimado a sua volta. No entanto sentiu-se possuído de uma energia sem limites após absorvê-lo, e também adquiriu todo seu conhecimento. O homem se chamava-se Murat, e tinha mulher e filhos, coisa que reconheceu quando veio à aldeia fazer o acordo com o chefe e salvar sua tribo.
    Seus sentidos estavam expandidos a um nível gigantesco, tanto é que ele pode ouvir e acertar no coração do mamute, mesmo distante. E sua força também, podia ver a quilômetros de distancia, e por isso gostava de olhar pássaros voando. Podia ver cada nuança de suas penas, ou mesmo seus olhos.
    E sua energia sexual era incomparável. Em breve seria pai de 3 homens, sabia disso com certeza absoluta. Parecia que os filhos lhe falavam da barriga das mães.
    Não possuía mais nenhuma das suas cicatrizes de caçada, e os dentes perdidos ao longo dos anos nasceram de novo, e como na infância, os velhos caíram e deram lugar a novos. Estava um pouco mais alto e definido. De certa forma se sentia outro homem, e muito melhor em todos os sentidos... Faltava agora reaprender a dormir.
    Na aldeia, a comida em excesso e a água com sonífero estava fazendo suas vítimas ficarem sonolentas e irem dormir, Azzak já não ouvia a algazarra dos amigos. Mas na madrugada ele ouve um tipo de som que reconhecia muito bem, lanças penetrando em carne e grunhidos de morte, não uma, mas diversas, em particular ele distingue 3, eram suas mulheres sendo mortas, e seus filhos com elas. A ligação com seus filhos cessaram. Possuído de um sinistro pressagio ele inicia a corrida pra aldeia, mas numa velocidade jamais imaginada por qualquer humano, ao longo de sua vida ele descobrirá poderes que farão seus filhos famosos, além dos super sentidos, eles poderão voar e controlar a mente de suas vítimas.
    Um dia, num futuro muito distante, ele assistirá a um filme de vampiro chamado A Rainha dos Condenados, e de todos que viu e leu até então, a da autora deste livro é o filme que chegará o mais próximo possível do que ele e seus filhos realmente eram, sem é claro as besteiras de a luz os matar e a solidão dos séculos, o que lhes interessava era o poder e escravizassem os humanos como escória a servir a elite, no caso seus filhos.
    [2]Akasha era a única vampira que se parecia com o que suas crianças eram: poderosos, impiedosos e lascivos. Mas não ele, seus dons jamais foram descritos por nenhum escritor do tema até hoje. Serão descobertos por uma cientista, Eva, sua futura esposa.
    Ao chegar à aldeia o que vê é o inimaginável, todos de sua tribo foram mortos enquanto dormiam, em volta deles poças de sangue irrigavam o solo da tundra, e suas mulheres estavam ali, assim como Lontac, com quem falará horas antes e o mandou vir para cá celebrar a união e a vida, agora, todos morto.
    Ao verem Azzak vivo os homens partem para cima dele e arremessam centenas de lança, mas ele, como que instintivamente consciente de seus poderes não as impede, elas tocam seu corpo, como uma relva de grama bate em uma pedra, e nada fazem, ele, no entanto é diferente, se lança na direção deles e inicia o revés da vingança. Suas mãos entram nos corpos dos inimigos e trazem coração e demais órgãos. Seus socos agora incontidos arrancam cabeças e afundam tórax, um a um ele vai despedaçando os oponentes e fazendo ao seu redor um banho de sangue, em meia hora ele matou quase todos os homens da tribo, deixando apenas o feiticeiro e o chefe, as mulheres e crianças gritam desesperadas ao verem o morticínio de suas famílias.
    Ergue-se e caminha em direção aos dois homens. Em seus olhos não há mais humanidade, só ódio e vingança. Sotac e Sadac não tem forças para se mexer ou correr, o medo os petrifica.

    - Por que fez isso, nos tínhamos um acordo, seriamos uma grande tribo, talvez a maior que já tenha surgido, e vocês os mataram pior que os carniceiros da planície, por quê? Por quê?

    - Sadac me convenceu de que vocês iriam se rebelar contra nós e nos destruir, mas vejo agora que ele sim nos destruiu, e eu também por ouvi-lo, não temo minha morte, ainda mais depois de ver o que você fez. Só temo agora pelas nossas famílias, sem caçadores, todos morrerão.

    Azzak olha para o feiticeiro. Ele enterra a mão no peito dele e abre, então levanta o braço, abrindo o tórax no meio e dividindo-o de baixo para cima, e depois desce, o homem cai ao chão dividido em dois, cada olho apontando para lados opostos onde as partes da cabeça caíram.
    Olha para Sotac, e este esta paralizado, jamais viu um homem ser dividido ao meio, nem nas caçadas com as feras, aquele não era uma e nem mesmo um homem, era um demônio...
    Com a mente Azzak lhe ordena que fique de joelhos, e ele fica, Sotac sente as mãos do destruidor na sua cabeça, daí em diante nada mais há para sentir, seu corpo começa a brilhar e se transforma em energia pura, logo nada dele existe mais, só o chão calcinado a sua volta.
    Só após destruir os homens causadores do seu ódio é que ele conseguiu voltar ao normal, mas a visão dantesca do que havia ocorrido ali não tinha uma explicação lógica, só as vaidades e temores humanos respondiam a isso. Sentou-se ao lado do corpo dividido de Sadac é o contemplou até o raiar do dia, havia um feiticeiro na sua antiga tribo e na que o adotará, e todos eram sábios e em comunhão com a natureza, mas o que levou esse homem a ser o contrário? Tinha que haver uma explicação lógica para aquilo. Mas só quem poderia dar era o próprio, e morto de nada servia para ele. Mas da mesma forma que ocorreu com o primeiro homem que consumiu, também as memórias do chefe estavam ali, e vasculhando nelas, ele descobre uma possível razão, vingança familiar. Os homens no rio tinham parentes e um deles era o feiticeiro...
    O dia já ia nascendo quando Azzak percebe a montanha de corpos da sua gente e dos que matou, precisará de muita lenha para cremá-los. Ordena mentalmente as mulheres e crianças que peguem os corpos dos azulas e coloquem numa pilha, e em cima os de sua gente. Depois manda que desmontem tudo que possa queimar e tragam lenha, muita lenha. Então inicia o fogo, fazendo uma pira gigantesca, as mulheres e crianças famintas olham os corpos se carbonizarem, enquanto comem o pouco que resta das provisões que sobreviveram à orgia do dia anterior. O fogo vara a noite e Azzak ali permanece, atiçando e concentrando as chamas nos últimos restos até que só sobre cinzas.
    Ao raiar de um novo dia as mulheres se aproximam dele, submissas e lhe pedem que arrume comida, agora ele é o responsável por quase 300 mulheres e crianças, mas ele não pediu isso e nem deseja ser nada além do que ele é. O instinto lhe lá a resposta, ele ordena mentalmente as pessoas que dêem as mãos num circulo imenso e finalmente se une a eles.
    Ao fazer isso, como se fosse uma bola de pólvora, as mulheres e crianças sofrem o mesmo processo de seu antigo chefe, e são consumidas por Azzak. Na pradaria, sob o solo calcinado, uma roda gigantesca marca o local onde antes havia tantos humanos. Contudo, não é só a energia que ele absorve, também o que essas pessoas eram, e tantos sentimentos e medos poluindo seu espírito quase o enlouquecem. Mas ao final ele os enterra em seu âmago e nada mais resta a não ser o passado morto e sepultado. A pradaria o espera, e ele parte.
    Vagando durante meses em sua solidão e comunhão com os seres selvagens ao seu redor, ele caminha entre as mega bestas, os reis gigantes de sua época, mas mesmo sozinho na pradaria, os predadores não o atacavam, na verdade, permitiam que andasse junto.
    O viam como igual, e foi na imensidão daquele lugar que ele descobriu seus dons, podia comandar as pessoas e animais com sua mente e isso também legaria aos filhos, não na totalidade, estes somente comandariam além de humanos, os animais carnívoros.
    Outros poderes dele, além de super sentidos, correr e voar mais rápido que seus descendentes vampiros, eram poder de combustão, inteligência, força de milhares de homens, mimetismo, juventude eterna e imortalidade, compartilhar memória genética com o pensamento a quem ele desejasse e absorver a energia vital dos corpos humanos e suas memórias, elas não o dominavam pela culpa ou o que esses humanos foram, apenas lhes dava suas experiências de vida e seus desejos, e dentro dele não estavam mortas e enterradas com o fim da vida humana, ao contrario, dentro de Azzak, eles viveriam para sempre. Num certo sentido ele atendia ao desejo de uma parte da humanidade, ser imortais...
    Seus filhos só podiam absorver parte dessa energia no sangue pra se manterem vivos, e sem isso, como vírus, se cristalizavam se ficassem sem alimento por mais de 10 anos, só despertando se alimentados de novo, mas ao contrario dele, estes necessitavam dormir por algum tempo.

    Azzak desperta de suas lembranças e deixa sua escolhida acordar para sua rotina de vida. Ele podia dominar a mente de qualquer pessoa na hora que desejasse, mas em se tratando de Vera ele fazia isso durante seu sono ao dormir, e entrar no estado [3]REM a mente dela ficava capacitada a ver uma quantidade de memórias gigantescas de milhares de anos, mas que funcionavam como um sonho temporal.
    Ele a observava desde que sua mãe ficou grávida, algo nela despertou sua telepatia e ele a viu nascer e crescer. Uma de suas filhas que esta vivendo no continente africano também a sentiu e iria tomá-la para si, como fazia com humanos especiais. Apesar da distância que mantinha com ela por não concordar com seus hábitos do passado ele ainda era seu pai e seu criador, assim Shivali a devassa negra, se rendeu a vontade dele, não sem antes discutir é claro, afinal os filhos sempre desejam mandar nos pais quando estes já estão velhos.

    De volta ao seu laboratório, Vera se sentia cada vez mais distante do trabalho que tanto amava, por algum motivo desconhecido, sabia que podia fazer mais intelectualmente do que estava a sua frente. E isso a deixava irritada, a saudade do marido idem, pois como mulher, precisava cheirar seu homem, fazer amor com ele e deitar sobre seu peito protetor. Sabia que o marido jamais andaria com outras, ele era aquele tipo de homem que nascera para ser cientista bitolado e relacionamentos extraconjugais não se enquadravam no seu mundo da física que era até a melhor das amantes diante dos desafios mentais e prazerosos que proporcionava. Mesmo na cama no ato do amor carnal ele divagava em seu mundo e ela percebia isso ao sentir a ereção dele se esvair pensando em outras coisas, mas como mulher sábia, aprendeu a resolver o problema, mordia a orelha dele com força nesses instantes e Petersen voltava ao mundo dos terráqueos e continuava as investidas na esposa.
    Mas ela era diferente, desde muito nova sua beleza nórdica e corpo atlético atraia os homens que desejava e até os incômodos. De fato, o sexo com tais estranhos foi sua segunda paixão antes do marido e da ciência que exercia. Até os 28 anos experimentou todos os prazeres que outro ser de carne e osso, não importando se homem ou mulher, poderia lhe dar. Era independente financeiramente desde a morte dos pais num acidente de carro, que só não a levou junto por estar viajando ao Egito e longe do frio inverno europeu.
     Aquilo marcou sua vida como nada jamais o faria, e desde então ela se tornou uma [4]hedonista para as coisas que importavam na vida curta e breve de um ser humano. Só deixou de ter outras pessoas após conhecer o marido por acaso no saguão de um hotel em Berlim onde iria a um congresso. De imediato ficaram atraídos e daí para o casório aos 28 foi um passo. É claro que coube a ela lhe ensinar muitas coisas sobre sexo, afinal ele possuía quase nenhuma experiência devido ser quem era, e ela o colocou do jeito que precisava.
     Infelizmente ao longo dos anos ele se dedicava cada vez mais a amante mental e menos a ela. E isso fazia reacender velhos desejos que enterrara com o casamento. Amava o marido e não pensava em ficar com outros, esse era o seu lado emocional lhe respondendo, ao passo que a Vera hedonista, presa neste tempo todo e vendo sua beleza correr como areia de ampulheta a dizia para ser feliz com algum desconhecido nem que por poucos instantes.
     E essa satisfação ela tinha durante a noite ao desfrutar sem saber das memórias vividas de Azzak. Ao longo de centenas de séculos, ele teve milhares de mulheres. E todas tinham orgasmos de fazer inveja a mais louca das taradas desde o império romano e suas orgias. Conectada a mente de seu futuro amo, ela se contorcia de prazer durante toda a noite e acordava não só satisfeita, mas desejosa de reencontrar seu homem perfeito em seu mundo onírico. Ela havia encarnado mentalmente cada uma das mulheres, e o resultado era o prazer e desejo intenso e arrasador por aquele homem alto e ruivo que em nada lembrava o marido.  Acordava não extenuada, como era de se esperar diante de tanto prazer, mas cheia de energia, vinda é claro dos poderes de Azzak, se assim não fosse ela nem poderia sair da cama por dias.
     Mas mesmo acordada ela não conseguia tirar o homem alto e misterioso de sua mente. Não era um passado simples, como filmes ou lembranças de uma vida, e sim de milhares.
    Seu corpo ainda estava elétrico dos prazeres recebidos durante o sono, e com isso também vinha algo análogo, à fome. Após um banho rápido para os padrões dela, geralmente uma hora, foi digerir seu café da manhã. Desde que iniciara os sonhos com o personagem misterioso, passou a ter uma necessidade estranha de comer bifes ao ponto, quase sangrando. Sempre gostou de carne, um dos grandes problemas entre ela e o marido, vegetariano fanático e que literalmente lhe torrava a paciência para deixar esse hábito ‘primitivo e prejudicial aos animais indefesos’. De vez em quando as brigas eram homéricas, mas ela era a fêmea dominante e Petersen se rendia ao domínio dela. Mas ele vingava-se depois com seu modo usual, refugiando-se em seu mundo mental e a deixava falando sozinha diversas vezes.
    Um grande cineasta brasileiro chamado Nelson Rodrigues, escreveu muitas frases sobre o casamento, e Verá gostava especialmente de uma: ‘Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro.’
    Era nessas horas que seu lado hedonista pedia que manda-se tudo para o inferno e saísse pelo mundo gastando o rio de dinheiro deixado pelos pais. Herdara também diversas propriedades e dentre elas o castelo assombrado de Sammenzzano na Itália. O castelo estava abandonado porque ela não tinha intenções de gastar um centavo ali. No entanto, após os sonhos ela havia repensado suas atitudes, pois ele era sua herança e tinha que preservar seu dote. Afinal sua ascendência italiana por parte de mãe a fazia rever tal coisa; e assim como o significado de seu nome, deveria ser verdadeira consigo mesma. Além do que ser dona de algo assombroso e cheio de história, além de estórias de seus lúgubres moradores ao longo dos séculos, era encantador. Num certo sentido estava mais afeita as coisas macabras e passou a encarar a morte de forma distinta. Afinal para que se mantivesse viva, deveria sugar a energia vital de coisas que antes tinham vida, como plantas e animais. E achava hipocrisia dos vegetarianos pensar que uma planta não vivia ou sentia, coisa que para muitos que conversavam com plantas seria também...
    Andava irritada com tanta besteira, e uma mudança de ares seria bem vindo em sua vida. Comunicou ao marido sua resolução e partiu para Itália no final de semana. Mas como de costume, foi só, porque o companheiro não pôde acompanhá-la.  Depois de alugar um carro, ela parte para Florença, onde vislumbra o seu castelo caindo aos pedaços, um local que tinha uma história rica e viva, e por descaso, servia apenas para fazer filmes fantasmagóricos de vez em quando, e gerar lendas idiotas de fantasmas para que não roubassem mais nada de lá.
    Assim como sua origem de pais de nacionalidades diferentes, seu castelo refletia a mesma genética, já que era uma mistura arquitetônica de várias culturas que dominaram aquela parte da Itália durante séculos, inclusive os mouros, além do gótico.
    Em sua alma ela sentia o resplendor que um dia tivera aquele lugar, bem como suas batalhas, as guaritas sobre ele não eram para vislumbrar o horizonte, e sim para defesa de seus moradores e dos servos dos senhores de então, donos da propriedade. Gostava de ver a entrada imponente do mesmo, bem como o relógio sobre a guarita frontal. Precisava trazer Petersen até aqui nas férias dele, isso se este saísse delas rumo ao ócio e não a mais uma de suas intermináveis palestras, mas a culpa era sua, tinha o marido que queria, pois este lhe dava liberdade, no entanto, às vezes queria ser acompanhada dele em momentos mágicos como este.
    Desejava entrar e ver como estava a estrutura por dentro, porem, estava sem as chaves, e sozinha lhe dava receio, após vislumbrar todo o exterior por um longo tempo, ela parte para a casa do zelador, o Sr Raffaele e a esposa dona Costanza. Um casal na casa dos 70 anos, mas com saúde de pessoas do mediterrâneo devido excelente dieta de azeite, vinho e frutos do mar. Seus pais tinham um carinho muito grande pelo casal, e ela nutria sentimento semelhante também, porque eles a conheciam desde criança.
     Pensava se ficaria assim na velhice com o marido... Mas a simples idéia, bem como a certeza de virar uma velhinha lhe causava arrepios. Aceitar a morte era uma necessidade de todos os humanos, mas a velhice era o terror particular de bilhões, e dela principalmente, sendo a venda de cosméticos, plásticas e aparelhos de ginástica o motor do desejo da eterna juventude da humanidade rica que podia pagar por aquilo.
     Por seu desejo intimo, não gostaria de morrer velha, porque um de seus maiores passatempos era colecionar fotos de mulheres famosas de filmes antigos de Hollywood, e muitas de suas atrizes favoritas do passado, como greta garbo, Ingrind Bergman, Betti Davis, Sophia Loren, Rita Hayworth, Liz Taylor e tantas outras de seu imenso acervo; lhe diziam como era cruel a uma mulher ser tão bela e desejada na juventude, e na velhice tornar-se uma espécie de gárgula para ser posta em igrejas velhas e cemitérios, coisa que em poucos anos mais iriam de vez.
      Por sua decisão pessoal, já havia marcado a data de sua ‘morte’, iria no máximo com 55 anos de vida, e de uma forma bem inusitada, pulando de pára-quedas. Já tinha saltado diversas vezes e adorava a sensação de voar e despencar céu abaixo. O tranco da abertura dele também dava outra adrenalina, mas era uma delícia, já tinha dado mais de 50 saltos, incluindo aí depois do casório, coisa que seu companheiro não só temia como pressionou a deixar tal esporte por temer acidentes com sua amada, e ela apaziguadora; parou de vez... Mas era assim que decidiu morrer. Já tinha tudo em mente e seria um mergulho a 9.8 metros por segundo de 112 mil pés de altitude, claro que usaria mascará com oxigênio, e o pára-quedas jogaria fora logo de inicio para não ceder a tentação de abrir e se salvar. Morrer esmigalhada se divertindo era melhor que como uma múmia velha e cheia de criados ao redor. Quanto ao marido, ele continuaria sua vida, e experiências malucas de físicos, é claro que sofreria e talvez jamais se casasses novamente, afinal, não se encontra uma Vera Langsdorf dando sopa por aí... Ela era a última de sua família e linhagem, e se entregar a morte dessa forma, em sua opinião, seria mais digno do que ver os anos refletindo no espelho, rugas, frustrações e uma beleza que se derretia ao longo dos anos como um boneco de cera em meio a um incêndio. Se acreditasse em algum deus, coisa que não devido ao que ocorreu com sua família, mesmo tendo nascido italiana e sendo criado como católica, perguntaria ao mesmo porque maltratava tanto as mulheres; seja em livros sagrados ou mesmo na vida física em que tinham que menstruar, ter celulite, TPM, engordar, aturar marido ou namorado canalha...  Só em usar o corpo de uma mulher casada para fazer um filho divino, era outra atitude do deus cristão que ela não engolia de jeito nenhum. Ainda bem que não acreditava nas idiotices que a mãe a obrigou a ler desde o catecismo e seminário. Quando olhava as desigualdades pelo mundo, aí mesmo que detestava tais deuses. Quanto a sua morte, um pecado capital devido ao suicídio, não dava a mínima, melhor morrer feliz e ir para um inferno que não existia, do que se ver derretendo e ainda usando maquiagem, igual Betti Davis.
    Do outro lado do mundo, no topo do último andar de um prédio em NY, enquanto observa os humanos caminhando como formigas ensandecidas, atrás de sobrevivência e bens mundanos materiais, Azzak se diverte com os pensamentos de sua escolhida. Humanos jamais o deixam sem surpresas. Seria uma eternidade inglória se eles não existissem na terra, embora alguns com certeza precisassem ser varridos, a maioria valia a pena.

    Na realidade os pensamentos dela refletiam ânsias e desejos humanos incompreendidos porque o tempo deles era como um piscar de olhos, onde aprendiam o quão fantástico é o mundo e suas belezas, mas no segundo seguinte, se fecha e tudo aquilo se perde para sempre. Mas a coisa mais difícil deles entenderem e aceitarem, como no caso de vera, era a velhice, nem ele mesmo entendia já que não ocorria com ele e seus filhos...
    Ver um corpo definhar e enrugar-se em várias décadas, era algo realmente incompreensível, embora Sidarta, um dos seus filhos vampiros que existiu por milhares de ano como tal, e ao final se entregou tanto ao que acreditava, que pediu para realmente morrer como humano, tenha lhe dado uma plausível explicação.
    Embora tenha sentido uma imensa tristeza em ter de fazê-lo humano e velo definhar como tal, hoje suas palavras ainda eram ícone e filosofia para milhões de humanos e presentes também em outras religiões que seus outros filhos Jesus e Mohammad haviam dado aos povos do ocidente, é claro que esses não foram loucos de morrerem como humanos, ao contrario, estavam bem vivos em Shantala, aguardando a hora do banquete tão necessário a eles todos. Coisa que Azzak não tardaria mais em atender.
    Com pesar profundo e dor de alma, viu a morte humana levar seu filho... Observou passo a passo sua evolução, não como um pai, mas Sim um cientista. Acompanhou ele em pensamento à distância porque sabia que se estivesse próximo ele perceberia e influenciaria suas escolhas, o que odiava, mas respeitava como um verdadeiro pai que ama seus filhos deve fazer porque ser é diferente de querer manter e ditar os caminhos de quem você coloca no mundo, é claro que às vezes a intervenção é necessária, coisa que lhe rasgava a alma até hoje.


    - Vera, nada é impossível quando se tem tempo, essa é apenas uma palavra para vocês humanos que tem só 80 anos de vida, existindo há milênios como eu, ela será apenas um dito passado, num mundo de sonhos, sonhados por homens que são o sonho de quem não teve tempo de viver pra ver esse sonho...
    Nos meus 50 mil anos de vida, fiz coisas que ainda são sonhos para vocês humanos, no entanto, sua civilização esta se reerguendo, embora ainda paire sobre suas cabeças o fantasma de outra guerra atômica...

    - Nunca houve uma guerra atômica Azzak, tivemos sim guerras convencionais na primeira e na segunda, e bombas atômicas só as jogadas em Hiroshima e Nagasaki, ou em testes...
    - Estou falando não de seu tempo minha cara, e sim de 20 mil anos atrás, quando meus filhos criaram uma civilização anterior e se digladiaram entre si e os impérios que fizeram, eles sobreviveram a elas e mataram quase todos os humanos da terra, por mais que me tenha doido, eu os exterminei para que vocês sobrevivessem.
    - Não há vestígios disso Azzak, nossa civilização tem apenas 6 mil anos.
    - Isso porque seus governos são muito bons em ocultar o passado de vocês, mas vejo que precisa ver por si mesma.

    Azzak entrou na mente dela, e o tempo deixou de existir, Vera agora estava vivendo o momento específico em que os filhos dele dominavam o mundo, viu naves cruzando a terra, trens flutuantes, como os do Japão atual, navios, e até mesmo robôs. Viu centenas de anjos loiros lutando entre si nas batalhas no céu, e também explosões atômicas onde hoje é a África, a Rússia, Índia e Tibet. Após milênios, ela vê o homem retornar a barbárie das cavernas e reerguer de novo a civilização como é hoje.
    Durante o holocausto, cidades fantásticas no mundo todo foram varridas pelas explosões atômicas, mas ainda havia vestígios deste período na forma de pirâmides em todo planeta, e muitos templos ainda a serem descobertos após milênios soterrados. As pirâmides do Egito eram só uma amostra e em nenhum momento foram feitas por egípcios, as mais elaboradas é claro, ou seja, a do vale dos reis. No Himalaia havia uma gigantesca e completamente inacessível ao homem, oculta por rochas estrategicamente, e um escudo energético abaixo dos granitos e basaltos. E ela vê quem foi o autor de tal ocultação, o ser que agora lhe mostra os tempos idos...

    - Inacreditável! Como foi possível fazer uma cidade como essa, muito maior que nova York, e por que a ocultou de nós?
    - Ser imortal é fazer escolhas para o futuro, vocês ainda são crianças para desfrutar do que existe nela, e se acabarem se destruindo a si mesmos, como ocorreu no passado, posso reconstruir a raça humana com o que tenho ali, como fiz nas vezes que meus filhos explodiram suas bombas, mudando o eixo do planeta e levaram a derradeira era glacial que extinguiu também os mamíferos gigantes. Mas não é esse meu desejo, por milênios vi o que meus filhos podem fazer, e não desisti dos que ainda estão por aí, quero de volta o meu império.
    - Mas seus filhos são vampiros, eles matam pessoas, destroem também por prazer, não tem a consciência que você possui, e não se negam a usar seus poderes de seres imortais. Além do que não possuem nenhuma das fraquezas dos vampiros que assistimos no cinema e nas series de televisão; alho, prata, luz solar, crucifixos, água benta, ou serem convidados para entrar na casa dos outros, ou serem mortos por estacas de madeira ou prata. E ainda assim você pretende recriar esses seres sem consciência?
    - Isso é devido às lendas que se criaram ao redor dos vampiros, por isso são lendas para crianças, e também aos casamentos endogâmicos entre reis e rainhas lá no antigo Egito e principalmente na Europa até finais do sec. XIX; ocasionando doenças como a [5]Porfiria, mas quem foi que lhe disse que eles estão mortos? Eu e meus filhos somos imortais, e vocês não possuem nenhuma arma capaz de matá-los, o único ser que pode fazer isto sou eu, o pai deles; como já fiz no passado para salvar a humanidade. Graças a mim, foram destruídos todos os homens de Neandertal por ser exclusivamente bom pai para meus filhos, mas jamais permitirei que eles destruam o homo sapiens, essa intervenção nos assuntos deles foi uma das coisas mais difíceis que me propus, mas fiz, os que me respeitaram ainda estão vivos pelo mundo e outros hibernando na cidade até vocês terem capacidade de sustentá-los novamente.
    - Essa eu não acredito Azzak, como eles destruíram os Neandertais se estes viviam na Europa e o Sapiens na Ásia e África, e se encontraram entre 20 mil anos quando houve as migrações pra lá pelo estreito de Bering? Já vi centenas de documentários sobre isso... E se estão vivos, onde estão? Não há noticias de pessoas sendo mortas sem sangue por aí, só nos filmes mesmo...
    - Mas nenhum deles falou comigo ou veio me entrevistar como testemunha natural da história, agente da mudança e extermínio de espécies ou civilizações. Eu poderia jogar todas as histórias em sua cabeça, como a que viu anteriormente, mas ainda esta se recobrando de tudo que viu de meu passado e isso pode destruir sua mente se for posto de uma vez, terá a eternidade comigo para rever meu passado e de meus filhos, sendo assim devo lhe contar.
    Depois de destruir os algozes de minha tribo e me isolar na planície por meses, eu resolvi voltar ao convívio com humanos, mas agora com plena consciência de quem eu era, encontrei uma tribo bem numerosa e voei até eles, ao descer ao chão eles perceberam que eu era um deus, ajoelhando-se, já que vocês sempre cultuavam seres diversos para explicar coisas do seu mundo escuro e incompreensível à noite, ou as estações da terra.
    Pode ser dizer que eu fui o primeiro deus na forma humana, depois meus filhos tomariam meu lugar, você deve ter lido sobre eles ao longo da história, e ainda cultuam alguns certamente: Nas Américas Quetzalcoatl, manitu e tantos outros.
    Hórus, Attis da Frigia, Krishna da Índia, Dionísio da Grécia, Mithra da Pérsia, Budha, Jesus Cristo e Mohamed ou Maomé aqui no ocidente... Esses dois últimos foram os mais promissores porque as religiões que legaram a vocês são cultuadas por mais da metade da humanidade, mas se levarmos em conta a ajuda do irmão deles, Budha, cuja ideologia é semelhante, então temos 70% da humanidade crendo no que legaram a vocês. Só lhes digo que não estão lá muito contentes, porque por milhares de anos foram vampiros dignos do nome, mas após a guerra de extinção atômica viraram pacifistas e quiseram mudar o mundo com palavras e códigos de conduta para as quais até hoje vocês não estão preparados. Daí as encenações que tivemos que criar para que eles ‘morressem’ e vocês seguissem o que deixaram. Certamente eles não retornarão e suas religiões continuarão sendo motivo de guerras até a humanidade crescer novamente pro estagio de 20 mil anos atrás.
    Todos os deuses que vocês cultuaram ao longo de milênios em todos os continentes eram meus filhos, de Odim a Gáia

    As palavras de Azzak deixaram Vera perplexa, não só viu em sua mente o passado, como ouvia dele o que agora não poderia assistir mentalmente, os maiores ícones religiosos da terra não eram entes divinos filhos de um deus salvador e nascidos de virgens, mas sim vampiros que decidiram virar hippies após milhares de anos assassinando pessoas por prazer ou fome.

    - Ordenei ao chefe deles que me obedecessem a partir de então e que eles seriam a tribo mais poderosa de seu tempo. Dei-lhes arcos e flechas e metais com os quais nenhuma outra tribo podia confrontar. Escolhi 10 mulheres para mim e ao longo dos anos viemos descendo até chegarmos ao mar. As poucas tribos que nos confrontaram se rendiam de imediato a me ver voando sobre suas cabeças e se integravam ao povo que eu escolhera...
    Eu possibilitei aos homens alimento como em nenhuma época de suas vidas, e abundavam carcaças de mamutes para todos, bem como outros mamíferos gigantes da era do gelo. As minhas mulheres engravidaram e eu sabia que deveria buscar um local onde pudesse ter certas coisas que a tundra siberiana não permitia, com o planeta gelado onde estávamos havia extensas localidades próximo ao oceano que me permitiria criar uma cidade. Aprendi em pouco tempo como construir barcos, e com os metais forjados a tarefa se tornou simples dado o numero de homens a minha disposição.
    Naveguei com uma esquadra gigantesca com todo meu povo e chegamos onde hoje é a Espanha, dali montei acampamento e iniciei a construção de uma cidade. Meus filhos não nascem de 9 meses, e sim numa gravidez de 5 anos. Após nascer, seu crescimento era rápido e em 10 anos eram adultos e tão inteligentes quanto eu. A minha tribo crescia rapidamente em filhos, em pouco tempo ergui uma cidade semelhante a Atenas. Ensinei seus habitantes à agricultura e tarefas menores à manutenção dos cidadãos e da metrópole, enquanto meus filhos cuidavam de outras áreas do conhecimento; eles eram algo similar a Leonardo da Vince e Einstein.
    Em cem anos éramos milhares, e os habitantes originais que nos acompanhavam tinham morrido exceto eu, meus filhos e as mães deles, eu possuía nessa época 100 esposas, e havia mais candidatas para mim e meus descendentes. No entanto, nenhum de meus sugadores de sangue pôde fazer o mesmo, só mil anos após nascerem davam vida a outros de sua espécie, e exclusivamente com seus irmãos, agora sabe de onde egípcios e demais povos arrumaram esse hábito de casamentos endogâmicos... Mas diferente de vocês humanos, com eles não havia problemas genéticos, de certa forma a herança muda a cada geração.
    Engravidar de mim as mantinha jovens, fortes e férteis para mais filhos por 2 séculos, meu sêmen era uma espécie de fonte da juventude, e depois deste tempo pereciam. Foi ao final deste período que os grandes problemas iniciaram. Meus filhos imortais desenvolveram dons além da inteligência, no início eu pensei ser uma doença que se curaria, mas depois percebi que era algo natural a eles, assim como é a mim, absorver todo o corpo de um mortal. Podiam fazer tudo àquilo que você vê os vampiros fazendo, e eram insaciáveis, matando as pessoas de nosso mundo para sobreviver de sangue, e por prazer, viravam vampiros com 30 anos de idade e precisavam de sangue, e embora eu os obrigasse a obter essa dieta dos mamíferos gigantes e outros seres que caçávamos e criava para alimentar meu povo, isso não os alimentava plenamente e passaram a matar os cidadãos uma vez por semana. Os humanos eram sua fonte de vida plena, já outros seres não.
    E eu, como um pai cego de orgulho, amor e vaidade por eles nada podia fazer diante de minha ligação genética, mas precisava pensar racionalmente senão nosso mundo desabaria... Dei-lhes outra opção de alimento, poderiam se alimentar dos Neandertais que abundavam em nosso continente... Havia milhões deles, e devo dizer que foram à subespécie humana mais promissora. Proibi-os de matarem as mulheres, somente homens, assim eu podia ter mais filhos com elas e as demais também com os machos sapiens.
    Dei a eles uma cota de quantos poderiam abater para que não acabassem com a espécie e atacassem os humanos sapiens, antes deste terem número suficiente pra sobreviverem, deviam abater só os velhos, como qualquer predador, durante as noites eles voavam pelo continente espalhando o terror e buscando suas presas. A morte dos Neandertais ocasionou um aumento de mamíferos gigantes, já que seus predadores naturais diminuíam a cada ano. E eu também tinha criação destes espalhados por vários locais próximo de onde vivíamos, além de alimento, eram também excelentes animais de trabalho, várias vezes mais fortes que os elefantes de hoje...
    Assim minha cidade se desenvolveu e começamos a criar tecnologia, em 200 anos após a extinção de meu segundo povo já estávamos na era do vapor...
    Meus filhos vampiros de mulheres Neandertais eram diferentes de seus irmãos sapiens, nasciam após 4 anos de gestação, e sua sede de sangue era maior também. E devo dizer, um pouco desobedientes. Todos estavam ligados a mim mentalmente e minha palavra era a lei, ninguém desobedecia, mas havia entre eles nitidamente aquela sensação de que eu preferia uns em detrenimento a outros, coisa de filhos. Para mim eram todos meus sem distinção. Também questionavam por que só Neandertais podiam servir de comida se o sangue dos sapiens era tão bom e saboroso quanto... Aquela situação foi me irritando a ponto de eu decidir fazer algo que jamais quis, os separei. Mandei-os para outro local fazerem sua própria cidade, e longe de se irritarem, sentiram-se felizes em poder construir algo do zero. Para tanto teriam que ter uma líder, já que foi a primeira a nascer de Neandertais, Gaia foi minha escolhida.
    - Não me diga que ela realmente existiu.
    - Claro que sim, não só ela, mas todos os deuses que vocês cultuam... Já lhe disse isso. Ela fez coisas tão fantásticas, naquela época, que só agora vocês estão redescobrindo. As mitologias etruscas, gregas e romanas de faunos, Mênades, ciclopes semi-deuses e tantas outras são frutos de suas experiências genéticas com humanos. Meus filhos viviam apenas para a ciência, e cabia aos mortais cuidar de tudo nas cidades e nos adorar como deuses que éramos. Para que determinados sentimentos entre eles fossem abrandados, eu criei um culto, onde humanos sapiens velhos e deficientes deveriam seguir para o outro mundo onde renasceriam como vampiros ao doarem-se para saciar a fome dos deuses. E o sonho de todos os cidadãos era chegar à velhice para ser alimento e renascer séculos depois como um de nós.
    Com o tempo fui criando outras cidades pelo mundo e abundando de tecnologia, havia cada vez mais vampiros e menos Neandertais. A solução era os sapiens das cidades terem mais filhos, coisa que só foi resolvida com os experimentos de Gaia, ao lhes proporcionarem em sua comida hormônios que estimulavam a gravidez de gêmeos e até mais...
    No entanto o que eu mais temia ocorreu, extinguimos os Neandertais homens, e mesmo cruzando sapiens com eles, seus filhos híbridos geravam poucos filhos. Nessa época havia um milhão de vampiros insaciáveis pelo mundo e seu alimento acabara.
    Gaia e seus irmãos não tinham opção, eram seres superiores e eu os proibi de matarem os humanos fora de nosso mundo tecnológico. Assim ela convenceu os habitantes das cidades a doarem suas vidas para os deuses, e eles obedeciam isso da única forma que sabiam e acreditavam, esperando renascer como meus filhos, deuses.
    Em duas décadas não havia mais um humano em nenhuma de nossas cidades espalhadas na Ásia, America e Europa de hoje.  Todos consumidos e aguardando no além a reencarnação num mundo superior como meus filhos.
    O número de humanos no planeta não poderia alimentar meus filhos, e se eu permitisse isso, não haveria um só na terra hoje. A ciência de Gaia produziu sangue sintético, mas não os alimentava por não ter energia vital, no final não havia solução. Os humanos deveriam alimentá-los, entretanto, depois entraríamos no mesmo gargalo e eles pereceriam de fome. Então algo dentro de mim me indicou o que deveria fazer, fui de cidade em cidade e os uni com minha mente. A energia emanou de mim, e eles brilharam como a tribo que absorvi, mas o mesmo não se deu com eles, voltaram ao estagio anterior e viraram humanos. Aprendi a controlar o processo e deixei apenas alguns na forma original, entre eles Gaia, cristo, Buda, Maomé e tantos outros que depois espalhariam as religiões humanas. Alimentados pela minha energia, assim como o leite de uma mãe, eles não precisariam de sangue por milênios. Assim os encarreguei da construção da cidade do Himalaia, e longe de seus irmãos, agora mortais...
    Mas o resultado final não me agradou, os transformados deixaram de ser deuses e agora tinham vidas curtas e efêmeras a viver. Não mais voavam, ou controlavam inferiores e precisavam uns dos outros, numa cadeia de dependência social. Assim eles usaram veículos para percorrer o planeta, a exemplo de vocês hoje. E também armas, eles culpavam os irmãos Neandertais por virarem humanos, e os Neandertais o mesmo dos sapiens.
    Eu não me intrometia em nada mais do mundo dos humanos, me preocupava apenas com Shantala, a cidade dos últimos vampiros. Isolei-me nela e só trabalhava junto a eles produzindo maravilhas. Passaram-se milênios e a terra era repovoada, mas eles não se entendiam e iniciaram guerras entre si pela divisão do planeta. Até que no final, há 20 mil anos fizeram a ultima, onde bombas atômicas varreram todos eles da face da terra. Antevendo o conflito final, eu e meus filhos recolhemos milhares de humanos primitivos dos demais continentes e também das cidades, e os congelamos em Shantala.
    Ao final da guerra nuclear, o planeta caiu em mais uma era do gelo. Ela iria durar até cerca de 10 mil anos atrás. Aos poucos fui reintroduzindo o homem em todos os continentes, e cabia a meus vampiros lhes dar novamente suas crenças e tecnologia básica para sobreviveram as feras e intempéries.
    Assim vocês se recompuseram e viveram para fazer sua história, carregando apenas poucas informações sobre esse passado brilhante que meus filhos ocasionalmente contavam a sacerdotes dos cultos que criaram, a da Atlântida é e Lemúria são algumas delas...
    Ao final deste tempo eles voltaram a alimentarem-se de humanos novamente, mas em numero bem pequeno, e proibido por mim de se reproduzirem, a humanidade foi retomando a civilização. Mas meus filhos decidiram que como deuses, precisavam de sacrifícios e escravos humanos, daí todas as suas religiões terem em seu inicio essa temática.
    Aqui nas Américas ele foi realmente [6]sangrento por durar mais que nos demais, mas os sacrifícios humanos em todo os continentes, são em devoção a eles, e mesmo nas religiões solares de meus outros filhos, também propiciaram milhões de mortes em sua adoração ou guerras em nome deles, e que vocês fazem ainda hoje...
    Eles viveram entre vocês até cerca do século VII, quando Maomé lhes deu o islamismo e unificou todos os deuses do deserto num só em seu continente. O resto é história. Meus filhos estão espalhados pelo mundo vivendo como humanos em palácios e templos suntuosos e sugando alguns humanos se estes são doentes e fracos. Às vezes os deixo consumirem de saúde perfeita, mas só em raras ocasiões. Mas a maioria deles se encontra mesmo em Shantala.
    - Então eles ainda estão por aí e matando pessoas?
    - Claro que sim! Faz parte da natureza a existência de predadores, e com os humanos não haveria de ser diferente. Hoje vocês já passam dos 6 bilhões, e se nada for feito, em algumas décadas poderão dobrar esse contingente. Nunca houve uma época mais propicia a recriação de meus filhos como agora. Além do que, só de fome e guerras morrem milhões todo ano.
    - Não pode fazer isso Azzak, se é como diz, haveria uma carnificina outra vez. E hoje existem armas tão poderosas quanto em seu passado. Os governos se uniriam e os destruiriam vocês em pouco tempo...

    Azzak sorri e se diverte com as palavras dela. Por mais linda e inteligente que fosse, não compreendia o que significava ser um vampiro. Felizmente ele havia aprendido a fazer algumas coisas divinas nesses 50 mil anos.
    Conectou sua mente com a de sua filha Gaia, e a de ambos a de Vera. Assim ele não mais precisava narrar nada a ela, e também a faria experimentar tudo que ele e seus filhos viveram ao longo do tempo sem matá-la no processo...
    Ela agora os via e entendia o que era poder, e isso se intensificou ainda mais ao captar a memória de Gaia sugando um humano. Seu corpo explodiu em êxtase orgástico, podia captar toas às coisas vivas da terra, sua energia, seu poder oculto, na verdade, por aqueles instantes ela era a própria Gaia. Sentiu-se um vampiro de verdade; eles eram realmente seres superiores, super homens num sentido amplo. Não podiam fazer todas as coisas do personagem dos quadrinhos, como visão de calor e raios-X, mas no restante eles podiam tudo. E a inteligência estava num patamar que nenhum humano jamais experimentou. A mente de Gaia estava a todo instante indo e vindo em comunhão com a vida da terra e o que ela poderia fazer para moldá-la nessa nova investida no renascimento de seus iguais.  Viu Azzak acompanhar o nascimento de cada um de seus filhos. Sentiu também o quanto ele sofreu aos os transformar em humanos e se destruírem. Como qualquer humano ele jamais desejou viver para ver a morte de um filho, no entanto ele viu a de milhões deles porque nunca foi um.
    Compreendeu de imediato a ânsia dele em ter centenas de mulheres para lhe dar novos filhos. Assim como os humanos e demais seres vivos são compelidos a se reproduzirem e perpetuarem a espécie por seus genes egoístas, ele passou pelo mesmo processo em seus anos iniciais como ser único. Com a mente, ela percorreu todos os continentes da terra e sentiu que havia uma diferença muito grande entre humanos e vampiros.
    Por natureza os vampiros só matavam para obter alimento, e raramente por prazer, enquanto homens o faziam entre sua espécie por motivos fúteis e ganância do que era do próximo. Os próprios continentes já traziam essa desigualdade... Divididos entre 1º mundo de capitalistas, 2º mundo de outrora URSS e demais comunistas, mas em mutação para uma espécie de capitalismo de estado e 3º mundo de países pobres a serem explorados pelos do 1º, grupo.
     1.5 bilhões de pessoas possuíam riquezas e saúde, e o restante da humanidade padecia de todas as mazelas que não deveriam; entre elas a fome. Se houvesse um número específico de vampiros como predadores, e crescendo pouco em mil anos, existiria um equilíbrio populacional humano e o fim das desigualdades, já que seriam mortos os fracos e doentes como em qualquer regra da selva da natureza, não que ela concordasse, mas as coisas eram o que se destinavam a ser ha bilhões de anos... Mas como renascer seres assim sem que tivesse uma guerra entre as espécies, dado a tecnologia atual? Precisariam ser como sempre foram, seres fictícios, mitos para filmes, séries e livros, mas o que percebia da mente de Gaia é que estes dias de ficção estavam contados.
    Em Shantala havia mais de 10 mil deles hibernando, fora os que estavam perambulando pelo mundo, e fazendo as pessoas desaparecerem. E a mídia afirmando durante anos que eram os alienígenas que seqüestravam as pessoas. Não só eram os vampiros, mas também havia uma predileção por crianças e adolescentes. Algo a ver com a força vital da juventude.
    Conectar-se com Azzak e Gaia fez ela não só experimentar a sensação do que ambos eram, como desejou o mesmo para si, no entanto, ela era humana, e sabia bem o que deveria fazer para impedir a história de se repetir milênios após...
    Mas como convencer Azzak a proteger a humanidade dos seus filhos, inclusive dos seus próprios a nascer, e que dentro de alguns anos estariam também entre os ‘deuses’?
    Como descendente de alemães, ela era uma das herdeiras incondicionais dos crimes cometidos pelos nazistas no extermínio de milhões de pessoas com armas de fogo, guerras, gás e fome, mas o que iria ocorrer se os vampiros reassumissem seu papel na história? Faria dele e de todos os grandes carrascos da humanidade anjos em comparação ao que viria.
    Captando os pensamentos dela, Azzak e a filha, simplesmente sorriram, mesmo estando ambos a milhares de quilômetros um do outro. Humanos tendem a pensar que são entes superiores e que podem tudo, inclusive achar que devem mudar a história do que ocorrerá por serem conhecedores dela.
    Só havia uma forma de fazer Vera ver a verdade, ela deveria ser a primeira vampira a existir sem ter nascido de uma. E a resposta estava com os genes que ela carregava. Era uma das descendentes diretas de vampiros que viraram humanos, e sobreviveram após a guerra, repovoados como humanos milhares de outros, anos atrás. Mas somente uma pessoa no universo poderia fazer isso; Azzak.
    Em sua mente ela vê todos os homens e mulheres que deram origem a sua existência até se ver na pessoa que existiu como vampiro e seria seu parente 49 mil anos atrás. O nome dele era Zaroc, um vampiro de Neandertais, e irmão da mesma mãe de Gaia. Foi feito humano porque era o oposto da Irmã e um grande encrenqueiro em seu tempo. Também foi ele um dos descobridores das armas que destruiriam a raça humana antiga. Embora humanos vivam em média de 80 a 130 anos, ele viveu naquela forma por mais de mil devidos seu conhecimento de genética e suas tentativas de regredir a forma original. Em experiências consecutivas, tendo a si mesmo como cobaia, ele impediu por séculos sua degeneração celular, mas ao final a morte humana o levou. No entanto deixou inúmeros herdeiros, e estes foram salvos em Shantala e repovoaram a terra novamente com os demais humanos. Hoje a ciência descobria que temos 4% de DNA Neandertal, mas desconhecem que muitos possuem o mesmo de vampiros.
    Gaia explica mentalmente a seu pai o que ele deve fazer para fazer de Vera uma vampira, assim como faz quando quer se alimentar, ele deve absorvê-la, mas não com as mãos e sim mordê-la como os vampiros que são. Algo que ele não faz a milhares de anos e ainda era humano... com o contato com sua saliva e o sangue passando na circulação de ambos, ela sofrerá o processo inverso e seus genes a despertarão para o que é, num novo renascimento...  Ela sonhara com os anjos loiros desde criança, assim como todos seus parentes anteriores, estava em seu sangue às memórias genéticas de seu pai ancestral vampiro.
    E embora existissem vampiros de cabelos ruivos, os loiros e altos eram a maioria na espécie, e mesmo se reproduzindo com outras tonalidades, eram os loiros que nasciam. Gaia descobriu que ao longo de milhares de anos todos teriam filhos assim ou mudariam em vida para aquela tonalidade de pele e cabelo. E não era uma doença e sim um padrão da espécie deles. Na raça humana o clima e a alimentação determinava a cor da pele e características físicas do corpo e cabelo, mas com os vampiros isso não ocorria. Eram invulneráveis ao frio ou ao calor. Num certo sentido, tinham mais parentesco com vírus que com humanos.
    Libertada das imagens que viu, e ainda tremendo com emoções primitivas e novas, castigando sua humanidade, Vera retorna a sua consciência. A imagem de Gaia não lhe sai da mente. Conhecer alguém tão velho, e ao mesmo tempo tão bela, sábia e destruidora, era uma experiência digna de superar qualquer milagre religioso. Saber também que tinha genes vampirescos em seu corpo era ainda mais aterrador.
    O que poderia fazer para reverter o impossível? Como convencer seres supremos a permanecer ocultos à raça humana, e se revelados? Será que as nações poderiam destruir seres com poderes além da compreensão humana? Uma coisa era um vampiro à lá Drácula e suas fraquezas literárias, mas nem em sonho eram iguais ao reais, a única coisa em comum eram as pessoas que mataram, de resto, só folclore...

    - Compreendeu agora porque devemos retomar nosso lugar como criadores de seu mundo? Somos os seus deuses, seus criadores de tecnologia, e também de seus medos primitivos de entes noturnos. Somos a raça suprema... E dentro de poucos anos, talvez duas décadas eu desperte a todos os 10 mil que vivem em Shantala e nos apresentaremos ao mundo de uma forma única...

    Vera treme diante de tais palavras. Sabia que as superpotências tinham armas atômicas para varrer a vida da terra por diversas vezes se surgisse um conflito, e com certeza haveria um se descobrissem a cidade em território chinês com armas mais sofisticadas dos que temos hoje...
    Cabia a ela convencer o único que poderia impedir isso.

    - Azzak, para que retornarem? Podem muito bem ficarem aguardando nossa evolução tecnológica para apresentarem-se a nos num momento menos bárbaro de nossa civilização. Além do que, possuem tecnologia pra nos recriar, como fez no passado.
    - Seu argumento é bom Vera, mas eu esperei milhares de anos por isso, e mesmo na época da primeira civilização, o mundo não era tão desigual como hoje. A mesquinhez impera no homem moderno, onde há recursos e alimentos para todos, mas só uma pequena minoria usufrui. Há humanos demais na terra para alimentar meus filhos e permitir o renascimento de meu povo, fora os velhos, doentes físicos e mentais que vocês relegam, mas não matam por ‘humanidade’, só com eles haveria saciedade por gerações.
    Quanto à suposta luta deles, lamento informar, mas a minha moeda de troca é bem aprazível a seus lideres mundiais. Dinheiro a rodo eles possuem, além de poder, e seu único temor real é a morte, sendo aí o fiel da balança porque posso lhes dar a imortalidade...
    - Como? Se vampiros só nascem de outros vampiros, e não do que vemos no cinema?
    - Gaia percebeu em muitos desses super ricos e líderes mundiais, o mesmo que você carrega, genes latentes de meus filhos que transformei em humanos milhares de anos atrás... Assim posso fazê-los vampiros. E como são quem manda no dinheiro e no poder das nações, terei o controle mundial sem precisar brigar por isso... E uma vez vampiros, todos são obrigatoriamente fieis a mim, inclusive a você, já que também decidi transformá-la... Como não quero mais esposas do que as que tive no passado, preciso de alguém com um nível de poder semelhante ao meu, minha fase de reprodutor já passou por enquanto, e deixo isso a meus filhos.
    Agora quero uma imperatriz para compartilhar as eras comigo. Você terá seus próprios filhos só daqui uns 200 anos, quando estivermos com nosso império já concretizado aí eu a farei vampira, ficará como agora devido minha energia. Mas nos milhares de anos que tenho, nunca mudei meu modo de pensar por ninguém, mas estou disposto a fazer isso por esse breve tempo. O futuro me dará as respostas se devo ou não atender aos desejos de minha imperatriz.
    Assim eu retomo meu império e os humanos ainda pensarão que mandam. É claro que dentro de algumas décadas farei Jesus, Maomé e Buda retomarem também seus impérios religiosos. Já consigo imaginar o meu cristo descendo dos céus em Jerusalém, assim como Maomé em Meca no festival deles anual para milhões... Será bem divertido.
    Quanto aos humanos, que eles nos amem nos adorem e nos dêem o que ansiamos. Esse é o papel deles na terra.
    Já as tão temidas armas nucleares que você tanto teme, pois li isso em seus pensamentos, 40 mil anos atrás nós as tínhamos, e também como detê-las com o que hoje vocês chamam de ‘Domo de Tesla.’ Ou desativá-las com um simples campo de táquions ionizados que impede a fusão de neutros. Suas super armas não passam de fogos de artifício diante do que possuímos em nossa cidade. Em termos comparativos de tecnologia, eu diria que vocês estão na idade da pedra e nós no século 50 mil a sua frente. Lá existe até tecnologia para irmos de uma galáxia a outra, superior até mesmo as suas ficções máximas como de Star Gate [7][8]Jornada nas Estrelas. A raça humana é o que é, apenas alimento para mim e meus filhos imortais, e em breve você será uma também. Mas por boa vontade, ordenarei aos lideres mundiais que trarei de volta a nossa espécie que desarmem essas coisas inúteis para lhe agradar minha diva...

    Embora pequena, ela sabia que obtivera uma vitória. Além do que não era de estranhar que os lideres mundiais e super ricos fossem descendentes de vampiros, afinal eles eram assim mesmo dentro de seu elitismo para com os pobres do mundo e a sanha capitalista de lucrar em cima da massa pobre do mundo. Talvez fosse certa a opção de Azzak e o tempo lhe diria a verdade.


    Do alto do maior edifício de New York, Azzak acompanha o frenesi louco dos humanos em busca de seus ofícios. Muitos milênios atrás, nos momentos em que desfrutava da companhia dos animais, e apreciava muito também os insetos, abelhas e formigas em particular por sua busca incessante por comida e alimentar proles eternas, ele relembra disso porque pessoas eram para ele semelhante em muita coisa às formigas. Em seus carros, presos aos intermináveis rodovias e engarrafamentos, trens, metrôs e filas intermináveis, até mesmo em seus momentos de lazer nas filas de boates da cidade, mercados museus...
    40 mil anos atrás eles não eram tantos e nem estavam presos a este comportamento, é claro que na época não existia bilhões deles como hoje. E esta seria uma das coisas que possibilitaria não só a ele como seus filhos comandá-los como era seu destino. Seus 10 mil filhos iriam consumir diariamente este número de humanos como alimento, e era uma quantia insignificante em face aos milhões que morriam de fome, guerras e doenças por todo o planeta, sendo na África e Ásia os campeões nesta categoria.
    Uma de suas filhas, Pahala, que morava há milhares de anos nas florestas do Canadá, havia herdado dele esse amor pelos animais e também à vida simples. Conversavam muito telepaticamente e se dependesse dela, os vampiros jamais se mostrariam aos humanos, ao contrario, ela apreciava ser parte do mito que o cinema havia criado para sua espécie. Era uma das que seu pai havia deixado como vampira por seu grande amor a vida selvagem e ao próprio pai.
    Ele tinha amor a todos os seus filhos, mas dentre eles havia alguns que ele dedicava algo mais, e Pahala era uma delas. Desde seu nascimento de uma fêmea Neandertal, até o momento em que arrancou a cabeça do 1ºhumano e lhe sorveu o sangue em sua primeira refeição como vampira que ele a acompanhou. 
    Ensinou a voar, nadar, correr e se comunicar mentalmente com todos os seres vivos. O poder mental de um vampiro era uma de suas maiores armas, todos os seres não vampiros estavam suscetíveis a eles, e nisso Hollywood não havia errado. Motivo esse também porque ele ria consigo mesmo das palavras de Vera diante das armas humanas e sua resistência à conquista. Seus filhos Sidarta, Jesus, Maomé e tantos outros utilizaram seus dons para serem seguidos pelas massas e viverem as palavras criadas por seus credos, que ao final derivam nas religiões históricas pelas quais os humanos regulam suas vidas e também se matam em nome delas.
    Pahala era uma espécie de deusa protetora para as criaturas do seu território e também para as tribos indígenas que lá se encontravam, porque compreendia a necessidade de alimento de todos e o ciclo de caça e caçador. Quando os europeus descobriram as terras do norte e iniciaram a exploração da madeira e da caça, exterminando ursos, lontras, castores e vários animais por suas peles, o que sentiu de imediato foi o desejo de exterminar a todos numa só noite, no entanto o pai interviu e lhe disse para deixar os humanos em paz, deveria apenar matar para comer, e que na época certa, quando houvesse o número ideal deles, sua vingança poderia ser saciada. E assim ela os aturou ao longe enquanto ouro era descoberto e a ganância humana muda de foco, no inicio do século XX ela acompanha a continua exploração de seu paraíso, e agora o ouro é negro e grudento, petróleo...
    Ao longo do tempo sua raiva aos humanos e suas sanha predatórias dentro de suas florestas só fazia crescer tal sentimento aumentar, assim desenvolveu um gosto peculiar pelo ponto fraco de todos os mortais, seus filhos.
    Era deles que gostava de se alimentar, não só pelo prazer de ferir humanos destruidores, mas também devido à energia vital presente nos ainda jovens, o sangue de crianças era para ela um néctar digno de todos os deuses que eles criaram, e para tanto, ela os caçava no mundo inteiro e levava a seu reduto, onde os tratava com o melhor alimento encontrado em suas florestas, para ao final, depois de 2 meses após se purificarem com as aguas, as frutas e a carne de animais abatidos por ela e consumidos no mesmo dia por suas criações, era o seu dia de sorver o alimento.
    Seu poder mental fazia com que eles as vissem como suas mães. E na hora de morrer e conceder vida a vampira, continuava a ser assim. Deitados numa cama em que as pernas ficavam bem no alto, e a cabeça bem abaixo, ela aproximava suas presas a garganta e perfurava a jugular, e o sangue descia da cabeça e do resto do corpo até que nada mais restava a não ser um corpo seco e sem vida, já que esta, através do liquido vermelho, agora alimentava Pahala, um dos seres mais antigos e poderosos da terra.
    A jovem criança, agora inerte era levava para a floresta. La ela fazia uma pira de madeira, e ali depositava o corpo, e com suas mãos na madeira, iniciava o fogo, um truque que seu pai havia lhe ensinado 49 séculos atrás, vampiros podiam fazer fogo só com a mente ou tocando em qualquer objeto que desejasse incinerar.
    Encarava crianças de locais distantes como vinhos de safras nobres, o sangue de humanos derivava não só pelo tipo sanguíneo bem como pelo paladar, e o menino que ela se alimentou era de uma safra muito especial de humanos, vinha de uma tribo da África, os Massai.
    Em geral os humanos eram de uma grande família de subespécies que sobraram das tantas que evoluíram, assim como os Neandertais consumidos até a extinção por seus milhares de irmãos.
    Avaliando porque sangue Massai era tão saboroso, ela entendeu o motivo, devido sua dieta de sangue de vaca e leite, colhido no ato e alimentando as crianças que ao final se tornavam tão altos como europeus e americanos ricos e vampiros. Mas diferentes destes, era energia vital destes alimentos naturais que fazia deles o alimento que incendiava sua libido.
    Naquele instante ela era um só com suas criaturas amadas e suas arvores, podia sentir a energia vital de cada coisa, era como um orgasmo sexual muito intenso. E neste momento ela sentiu algo que não devia... humanos, em pleno século XXI exterminando animais não por fome ou caça para pele ou algo mais, mas apenas por prazer. Eram seis homens atirando em ursos por puro sadismo, cada tiro era como uma agulhada em seu coração. E a fúria contida há séculos gritou dentro dela com uma onda mental que foi sentida por todos os vampiros acordados, e também por seu pai. Ela alça voo e chega ao local já com vários animais agonizando enquanto os tiros persistem. E um deles a atinge no peito. Ela olha a bala se espatifar em sua pele invulnerável e da um salto para a arma de onde ela saiu cem metros atrás, em sua frente um jovem caçador se assusta ao ver a mulher alta e ruiva descer a sua frente. Mas é só o que lhe resta porque no segundo final ela lhe decepa a cabeça com as mãos. Pula para o segundo homem, e assim como fez seu pai 50 mil anos atrás, ela o abre de um lado a outro com suas mãos.As duas bandas do corpo caem, enquanto suas vísceras esangue tingem de vermelho o solo e a vegetação. Refeitos da surpresa os homens restantes atiram freneticamente na vampira, e ela parte para o terceiro e corta suas pernas acima do joelho e o vê inundarem o local com sangue e medo, o qual ela saboreia com um prazer maior que o de quem se alimenta. O 4º homem ela ergue e pega pelas pernas e abre de baixo para cima. De uma só vez. Os dois restantes fogem correndo um para cada lado, e ela apanha o 1º e o leva para o céu e então o solta para ver seu corpo despedaçar nas rochas pontudas. O ultimo esconde-se em uma toca. Então ela decide ser piedosa não com ele, e sim com os ursos, o apanha pelas pernas e voa com ele até outro local onde estão vários ursos em busca de salmão, mas por ordem sua, eles fazem uma roda em volta do homem e o atacam... lhe devorando primeiro as pernas e braços enquanto ele grita de terror. Logo não há mais vida em seu corpo e nem mais um só pedaço deste a não ser no estomago dos animais...
    Exaurida e vingada, ela voa até as montanhas geladas da terra que tanto ama, mas sabe que ainda há coisas a fazer... Ainda cheia de ódio chega ao local onde estão os cadáveres e comanda os corvos para o banquete, ela destrói todas as armas e carrega os corpos dos ursos para o interior das florestas, ali, sua essência será devorada pelas criaturas microscópicas, devolvendo a terra o elemento do qual são feitos, e que dará inicio a novas vidas através das arvores, suas folhas e frutos dos quais todos se alimentam na cadeia alimentar.
    A noite ela e o pai se comunicaram mentalmente, e ela lhe pediu perdão por ser tão dominada por emoções, mesmo estando viva há milhares de anos.
    - Ao contrario do que possa pensar minha filha, são essas emoções que nos mantem vivos e sãos. E sei o quanto é difícil a seres como nós ver humanos, verdadeiros insetos vorazes destruidores de tudo que amamos e nos contermos porque os deixamos serem os senhores deste mundo. Será que eles aceitariam as vacas, porcos e galinhas mandando neles?
    Mas prometi a vocês milhares de anos atrás que esse tempo terá um fim, e esse dia esta muito próximo.
    - sabe minha opinião sobre isso pai, mas sou minoria neste assunto. Só quero viver em paz nas florestas, com meus animais, aves, peixes e com os poucos humanos mortais com quem falo enquanto não morrem de velhice ou doenças.
    Mas o que me alegraria neste instante seria poder ajudar a criar uma criança sua, quando pretende ter uma com Vera?  E quando fará dela uma de nós?
    - Há muitas coisas em jogo ainda. Mas ela será uma de nós sim, e em breve haverá um vampirinho para tu ensinar e cuidar, assim como fez com milhares de seus irmãos e irmãs. Talvez um dia tenha seus próprios filhos.
    - Sim pai, talvez mas isso não é algo que me interessa por enquanto, talvez quando estivermos no comando deste planeta eu mude de ideia.

    Ao finalizar a conversa mental com seu pai, ela decide ir à caça de novas vitimas para sua granja humana, assim ela voa até a Itália porque já tinha um tempo que não pegava nenhum daquele país para se alimentar, mas uma casa em particular lhe chama a atenção. Com seus dons mentais ela podia captar as ondas cerebrais de todos dentro do recinto, bem como a idade... E naquela casa esta um casal de uns 35 anos e uma criança de uns 12, uma menina entrando na adolescência.
    Como família italiana, eram muito religiosos, havia crucifixos nas portas de entrada, e em varias partes da casa. Ela se aproxima da porta e o sensor de presença acende a luz, a casa tem todas as tecnologias de segurança possíveis, câmeras inclusive, mas a um pensamento dela, todas se desligam e as imagens dela desaparecem do sistema de gravação.
    A porta eletrônica se abre ante a mente dela e Pahala flutua até quarto da menina chamada Giovana... Uma garota muito linda, mas que dentro de algumas décadas, como todos os humanos estará velha e enrugada aguardando a morte. No quarto mais símbolos religiosos e imagens de santos católicos e da virgem Maria. Aquela família acredita tanto em seus deuses primitivos e em sua tecnologia inferior que se acham invioláveis e protegidos, era hora de ensiná-los uma lição para sempre e ao mesmo tempo dar motivos para a imprensa sensacionalista italiana vender jornais.
    Ela iria mudar um pouco sua dieta vital ao não leva-la a sua floresta, mas era uma diversão que estava disposta a se dar, afinal o poder sem uso não tinha sentido.
    Ordenou a Giovana que acordasse e fosse ao quarto dos pais beijarem-nos pela ultima vez. Induzidos mentalmente pela vampira ao estado REM de sono, eles não acordam, mas se lembrarão da filha despedindo-se deles. Ela retorna ao quarto e deita-se na cama. Pahala então lhe perfura com os dentes que saem da posição retrátil nas duas partes de sua boca e suga vagarosamente cada gota de vida da garota até que não haja mais sangue em seu corpo. A menina outrora rosada, esta agora branca e sem vida, os furos são fechados pelo poder de cura da vampira, e ela deixa a casa, saciada e feliz porque dentro de si, mais uma vida inocente vai agora dentro de si.Quanto aos pais, só lhes restará pelo resto de suas curtas vidas a tristeza da morte misteriosa de sua filha, uma dor incessante, e um castigo de deus?

    Pahala



    Do alto do maior edifício de New York, Azzak acompanha o frenesi louco dos humanos em busca de seus ofícios. Muitos milênios atrás, nos momentos em que desfrutava da companhia dos animais, e apreciava muito também os insetos, abelhas e formigas em particular por sua busca incessante por comida e alimentar proles eternas, ele relembra disso porque pessoas eram para ele semelhante em muita coisa às formigas. Em seus carros, presos aos intermináveis rodovias e engarrafamentos, trens, metrôs e filas intermináveis, até mesmo em seus momentos de lazer nas filas de boates da cidade, mercados museus...
    40 mil anos atrás eles não eram tantos e nem estavam presos a este comportamento, é claro que na época não existia bilhões deles como hoje. E esta seria uma das coisas que possibilitaria não só a ele como seus filhos comandá-los como era seu destino. Seus 10 mil filhos iriam consumir diariamente este número de humanos como alimento, e era uma quantia insignificante em face aos milhões que morriam de fome, guerras e doenças por todo o planeta, sendo na África e Ásia os campeões nesta categoria.
    Uma de suas filhas, Pahala, que morava há milhares de anos nas florestas do Canadá, havia herdado dele esse amor pelos animais e também à vida simples. Conversavam muito telepaticamente e se dependesse dela, os vampiros jamais se mostrariam aos humanos, ao contrario, ela apreciava ser parte do mito que o cinema havia criado para sua espécie. Era uma das que seu pai havia deixado como vampira por seu grande amor a vida selvagem e ao próprio pai.
    Ele tinha amor a todos os seus filhos, mas dentre eles havia alguns que ele dedicava algo mais, e Pahala era uma delas. Desde seu nascimento de uma fêmea Neandertal, até o momento em que arrancou a cabeça do 1ºhumano e lhe sorveu o sangue em sua primeira refeição como vampira que ele a acompanhou. 
    Ensinou a voar, nadar, correr e se comunicar mentalmente com todos os seres vivos. O poder mental de um vampiro era uma de suas maiores armas, todos os seres não vampiros estavam suscetíveis a eles, e nisso Hollywood não havia errado. Motivo esse também porque ele ria consigo mesmo das palavras de Vera diante das armas humanas e sua resistência à conquista. Seus filhos Sidarta, Jesus, Maomé e tantos outros utilizaram seus dons para serem seguidos pelas massas e viverem as palavras criadas por seus credos, que ao final derivam nas religiões históricas pelas quais os humanos regulam suas vidas e também se matam em nome delas.
    Pahala era uma espécie de deusa protetora para as criaturas do seu território e também para as tribos indígenas que lá se encontravam, porque compreendia a necessidade de alimento de todos e o ciclo de caça e caçador. Quando os europeus descobriram as terras do norte e iniciaram a exploração da madeira e da caça, exterminando ursos, lontras, castores e vários animais por suas peles, o que sentiu de imediato foi o desejo de exterminar a todos numa só noite, no entanto o pai interviu e lhe disse para deixar os humanos em paz, deveria apenar matar para comer, e que na época certa, quando houvesse o número ideal deles, sua vingança poderia ser saciada. E assim ela os aturou ao longe enquanto ouro era descoberto e a ganância humana muda de foco, no inicio do século XX ela acompanha a continua exploração de seu paraíso, e agora o ouro é negro e grudento, petróleo...
    Ao longo do tempo sua raiva aos humanos e suas sanha predatórias dentro de suas florestas só fazia crescer tal sentimento aumentar, assim desenvolveu um gosto peculiar pelo ponto fraco de todos os mortais, seus filhos.
    Era deles que gostava de se alimentar, não só pelo prazer de ferir humanos destruidores, mas também devido à energia vital presente nos ainda jovens, o sangue de crianças era para ela um néctar digno de todos os deuses que eles criaram, e para tanto, ela os caçava no mundo inteiro e levava a seu reduto, onde os tratava com o melhor alimento encontrado em suas florestas, para ao final, depois de 2 meses após se purificarem com as aguas, as frutas e a carne de animais abatidos por ela e consumidos no mesmo dia por suas criações, era o seu dia de sorver o alimento.
    Seu poder mental fazia com que eles as vissem como suas mães. E na hora de morrer e conceder vida a vampira, continuava a ser assim. Deitados numa cama em que as pernas ficavam bem no alto, e a cabeça bem abaixo, ela aproximava suas presas a garganta e perfurava a jugular, e o sangue descia da cabeça e do resto do corpo até que nada mais restava a não ser um corpo seco e sem vida, já que esta, através do liquido vermelho, agora alimentava Pahala, um dos seres mais antigos e poderosos da terra.
    A jovem criança, agora inerte era levava para a floresta. La ela fazia uma pira de madeira, e ali depositava o corpo, e com suas mãos na madeira, iniciava o fogo, um truque que seu pai havia lhe ensinado 49 séculos atrás, vampiros podiam fazer fogo só com a mente ou tocando em qualquer objeto que desejasse incinerar.
    Encarava crianças de locais distantes como vinhos de safras nobres, o sangue de humanos derivava não só pelo tipo sanguíneo bem como pelo paladar, e o menino que ela se alimentou era de uma safra muito especial de humanos, vinha de uma tribo da África, os Massai.
    Em geral os humanos eram de uma grande família de subespécies que sobraram das tantas que evoluíram, assim como os Neandertais consumidos até a extinção por seus milhares de irmãos.
    Avaliando porque sangue Massai era tão saboroso, ela entendeu o motivo, devido sua dieta de sangue de vaca e leite, colhido no ato e alimentando as crianças que ao final se tornavam tão altos como europeus e americanos ricos e vampiros. Mas diferentes destes, era energia vital destes alimentos naturais que fazia deles o alimento que incendiava sua libido.
    Naquele instante ela era um só com suas criaturas amadas e suas arvores, podia sentir a energia vital de cada coisa, era como um orgasmo sexual muito intenso. E neste momento ela sentiu algo que não devia... humanos, em pleno século XXI exterminando animais não por fome ou caça para pele ou algo mais, mas apenas por prazer. Eram seis homens atirando em ursos por puro sadismo, cada tiro era como uma agulhada em seu coração. E a fúria contida há séculos gritou dentro dela com uma onda mental que foi sentida por todos os vampiros acordados, e também por seu pai. Ela alça voo e chega ao local já com vários animais agonizando enquanto os tiros persistem. E um deles a atinge no peito. Ela olha a bala se espatifar em sua pele invulnerável e da um salto para a arma de onde ela saiu cem metros atrás, em sua frente um jovem caçador se assusta ao ver a mulher alta e ruiva descer a sua frente. Mas é só o que lhe resta porque no segundo final ela lhe decepa a cabeça com as mãos. Pula para o segundo homem, e assim como fez seu pai 50 mil anos atrás, ela o abre de um lado a outro com suas mãos.As duas bandas do corpo caem, enquanto suas vísceras esangue tingem de vermelho o solo e a vegetação. Refeitos da surpresa os homens restantes atiram freneticamente na vampira, e ela parte para o terceiro e corta suas pernas acima do joelho e o vê inundarem o local com sangue e medo, o qual ela saboreia com um prazer maior que o de quem se alimenta. O 4º homem ela ergue e pega pelas pernas e abre de baixo para cima. De uma só vez. Os dois restantes fogem correndo um para cada lado, e ela apanha o 1º e o leva para o céu e então o solta para ver seu corpo despedaçar nas rochas pontudas. O ultimo esconde-se em uma toca. Então ela decide ser piedosa não com ele, e sim com os ursos, o apanha pelas pernas e voa com ele até outro local onde estão vários ursos em busca de salmão, mas por ordem sua, eles fazem uma roda em volta do homem e o atacam... lhe devorando primeiro as pernas e braços enquanto ele grita de terror. Logo não há mais vida em seu corpo e nem mais um só pedaço deste a não ser no estomago dos animais...
    Exaurida e vingada, ela voa até as montanhas geladas da terra que tanto ama, mas sabe que ainda há coisas a fazer... Ainda cheia de ódio chega ao local onde estão os cadáveres e comanda os corvos para o banquete, ela destrói todas as armas e carrega os corpos dos ursos para o interior das florestas, ali, sua essência será devorada pelas criaturas microscópicas, devolvendo a terra o elemento do qual são feitos, e que dará inicio a novas vidas através das arvores, suas folhas e frutos dos quais todos se alimentam na cadeia alimentar.
    A noite ela e o pai se comunicaram mentalmente, e ela lhe pediu perdão por ser tão dominada por emoções, mesmo estando viva há milhares de anos.
    - Ao contrario do que possa pensar minha filha, são essas emoções que nos mantem vivos e sãos. E sei o quanto é difícil a seres como nós ver humanos, verdadeiros insetos vorazes destruidores de tudo que amamos e nos contermos porque os deixamos serem os senhores deste mundo. Será que eles aceitariam as vacas, porcos e galinhas mandando neles?
    Mas prometi a vocês milhares de anos atrás que esse tempo terá um fim, e esse dia esta muito próximo.
    - sabe minha opinião sobre isso pai, mas sou minoria neste assunto. Só quero viver em paz nas florestas, com meus animais, aves, peixes e com os poucos humanos mortais com quem falo enquanto não morrem de velhice ou doenças.
    Mas o que me alegraria neste instante seria poder ajudar a criar uma criança sua, quando pretende ter uma com Vera?  E quando fará dela uma de nós?
    - Há muitas coisas em jogo ainda. Mas ela será uma de nós sim, e em breve haverá um vampirinho para tu ensinar e cuidar, assim como fez com milhares de seus irmãos e irmãs. Talvez um dia tenha seus próprios filhos.
    - Sim pai, talvez mas isso não é algo que me interessa por enquanto, talvez quando estivermos no comando deste planeta eu mude de ideia.

    Ao finalizar a conversa mental com seu pai, ela decide ir à caça de novas vitimas para sua granja humana, assim ela voa até a Itália porque já tinha um tempo que não pegava nenhum daquele país para se alimentar, mas uma casa em particular lhe chama a atenção. Com seus dons mentais ela podia captar as ondas cerebrais de todos dentro do recinto, bem como a idade... E naquela casa esta um casal de uns 35 anos e uma criança de uns 12, uma menina entrando na adolescência.
    Como família italiana, eram muito religiosos, havia crucifixos nas portas de entrada, e em varias partes da casa. Ela se aproxima da porta e o sensor de presença acende a luz, a casa tem todas as tecnologias de segurança possíveis, câmeras inclusive, mas a um pensamento dela, todas se desligam e as imagens dela desaparecem do sistema de gravação.
    A porta eletrônica se abre ante a mente dela e Pahala flutua até quarto da menina chamada Giovana... Uma garota muito linda, mas que dentro de algumas décadas, como todos os humanos estará velha e enrugada aguardando a morte. No quarto mais símbolos religiosos e imagens de santos católicos e da virgem Maria. Aquela família acredita tanto em seus deuses primitivos e em sua tecnologia inferior que se acham invioláveis e protegidos, era hora de ensiná-los uma lição para sempre e ao mesmo tempo dar motivos para a imprensa sensacionalista italiana vender jornais.
    Ela iria mudar um pouco sua dieta vital ao não leva-la a sua floresta, mas era uma diversão que estava disposta a se dar, afinal o poder sem uso não tinha sentido.
    Ordenou a Giovana que acordasse e fosse ao quarto dos pais beijarem-nos pela ultima vez. Induzidos mentalmente pela vampira ao estado REM de sono, eles não acordam, mas se lembrarão da filha despedindo-se deles. Ela retorna ao quarto e deita-se na cama. Pahala então lhe perfura com os dentes que saem da posição retrátil nas duas partes de sua boca e suga vagarosamente cada gota de vida da garota até que não haja mais sangue em seu corpo. A menina outrora rosada, esta agora branca e sem vida, os furos são fechados pelo poder de cura da vampira, e ela deixa a casa, saciada e feliz porque dentro de si, mais uma vida inocente vai agora dentro de si. Quanto aos pais, só lhes restará pelo resto de suas curtas vidas a tristeza da morte misteriosa de sua filha, uma dor incessante, e um castigo de deus?
















    [1] Européen pour la Recherche Nucléaire), é o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na região noroeste de Genebra, na fronteira Franco-Suíça
    [2] Akasha é um personagem fictício criado pela escritora Anne Rice, pertence ao livro ¨A Rainha Dos Condenados¨. Como vampira suprema, é imune a luz e objetos religiosos, é imortal e tem o poder de destruir seus inimigos com chamas ao sabor de sua mente. Pode voar e sua força é a de milhares de homens, assim como sua fome de sangue.  Seus poderes de vampira fazem que todos se curvem a sua vontade, como uma luz atrai a mariposa, suas vítimas nao perdem sua luz e se entregam a ela como fonte de saciar seus desejos de sangue ou prazer.
    [3] O sono REM caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no Eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez, paralisia funcional, dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal, podendo mesmo falar-se em estado dissociativo. Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes.É durante essa fase que é feita iscugula da atividade cotidiana, isto é, a separação do comum do importante. Estudos também demonstram que é durante o REM que sonhos ocorrem. A fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.
    [4] O hedonismo significa viver para se gratificar, para se dar prazer. Naturalmente, o conceito de prazer varia de pessoa para pessoa, e o sexo é para seguidores desta linha uma extensão da vida bem vivida. Para os generosos, prazer é trabalhar pela felicidade alheia, e assim ser feliz. Outros colocam seu prazer na satisfação do paladar, e vivem para comer. O hedonismo pode ser altruísta ou egoísta, dependendo da hierarquia espiritual de quem o pratica, ou tambem ausência dela.
    [5] Porfirias são um grupo de distúrbios herdados ou adquiridos que envolvem certas enzimas participantes do processo de síntese do heme. Estes distúrbios se manifestam através de problemas na pele e/ou com complicações neurológicas. Existem diferentes tipos de porfirias, atualmente sendo classificadas de acordo com suas deficiências enzimáticas específicas no processo de síntese do heme.
    A porfiria é uma explicação utilizada para a origem dos mitos dos vampiros e lobisomens pelas similaridades entre a condição e o folclore. A porfiria cutânea tarda apresenta-se clinicamente como uma hipersensibilidade da pele à luz, levando à formação de lesões, cicatrização e desfiguração. A anemia, a pele clara e a sensibilidade à luz são características do mito do vampiro, enquanto que desfigurações em casos mais avançados, acompanhados de distúrbios mentais, poderiam ter levado ao mito do lobisomem. Há ainda relatos anedóticos de canibalismo ou da ingestão de sangue por parte de portadores, que se beneficiariam da ingestão das enzimas.
    [6] Os sacrifícios humanos: Os relatos mais minuciosos sobre os ritos de sangue Maia provêm do Período Pós-Clássico. Entre eles, a cena da extração do coração de um guerreiro para oferecê-lo aos deuses.Os métodos de sacrifício eram diversos. Durante o Período Clássico foi posto em prática o esquartejamento, realizado em ocasiões durante o jogo de bola. Segundo o pensamento maia, os ritos eram imprescindíveis para garantir o funcionamento do universo, os acontecimentos do tempo, a passagem das estações, o crescimento do milho, e a vida dos seres humanos. Os sacrifícios eram necessários para assegurar a existência dos deuses, repondo seu consumo periódico de bioenergia.

    [7] O enredo de todas as produções gira em torno da premissa do Stargate, um aparelho anular supercondutor que permite viagens pelo "subespaço", através de um buraco-de-verme estável, com destino a outro aparelho idêntico localizado a uma vasta distância do primeiro (outro sistema estelar, por exemplo). A existência dos aparelhos é descrita como um segredo militar. Segundo as produções, a maioria das mitologias da Terra teria por base acontecimentos envolvendo extraterrestres que visitaram ou controlaram as civilizações do planeta no passado distante, dentre os quais uma espécie alienígena - posteriormente conhecida como os goa'ulds - que teria escravizado os habitantes do Egito Antigo, criando ali o que viria a ser as cultura e religião egípcias. Passando por deuses, os goa'ulds fizeram os humanos de escravos e usaram o Stargate terrestre para transportar trabalhadores da Terra para outros planetas habitáveis. Em algum momento, os egípcios teriam se revoltado, forçando os alienígenas a fugir, e enterrado o aparelho, que seria redescoberto em 1928.

    [8] No "universo" de Star Trek, a humanidade desenvolveu a tecnologia das viagens espaciais mais rápidas que a luz após uma fase pós-apocalíptica em meados do século XXI. Posteriormente, os seres humanos uniram-se a outras espécies da galáxia para formar a Federação dos Planetas Unidos. Resultado da intervenção alienígena e do progresso científico, a humanidade, na altura do século XXIII, já teria superado muitos de seus defeitos e vicissitudes, teria erradicado doenças e a pobreza e se dedicaria a explorar novos mundos. As histórias de Star Trek costumam descrever as aventuras de seres humanos e alienígenas que servem na Frota Estelar da Federação.

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