Por David da Costa Coelho
Aqui no RJ existe um instituto social chamado [1]Manasses, e um dos seus inúmeros trabalhos é a recuperação de drogados de qualquer vicio, utilizando não aquele monte de remédios de Psiquiatria – autorizados - que são piores do que aqueles que os dependentes químicos deles em tratamento tomavam antes de irem para lá, e sim algo que eu faço há muitos anos com meus clientes... Apenas conversa dura e real, encontrando nas escolhas deles, do que os levou aquele estado de coisas, ouvindo e vendo-os chorar inúmeras vezes, mas ao final eu ouvirei que estou certo – não gosto dessa parte – dai em diante a confrontação com cada detalhe do ocorrido; e substituição das porcarias alimentícias por alimentos naturais que proporcionam endorfinas e energia vital. Sejam eles carnes, legumes e [2]frutas, o importante é serem frescos e saudáveis. É um processo inicial de desintoxicação do corpo e da mente...
Além disso, acompanhamento e direcionar a vida do individuo para algo que gere endorfinas das coisas normais que o faça se sentir bem – exercícios, lazer, apego a família, algum credo que ele tenha anteriormente aquela situação, e que sirva de bussola nesse momento - cujo objetivo seja mudar aquela situação para sempre, não como uma contagem de dias de uma realidade final; e sim uma mudança sincera daqui para frente o que lhe dará motivos reais e imediatos para viver... Coisa que só fazia no lado das drogas, porque a endorfina dela te dá na hora prazeres que levam sacrifícios reais e demoram muito. Daí a capacidade de pessoas fracas, através de inúmeras desculpas particulares, se deixarem levar por algo ‘maravilhoso’ como qualquer droga, mas de duração curta e destruição certeira; o que o livra do problema imediato, e põe de volta à vida, dando motivos de seguir em frente, sem a síndrome do tadinho de mim, muito comum em quem chega para se tratar dessa, ou inúmeras patologias atuais e passadas.
Uma das coisas mais triste para um drogado, viciado em qualquer coisa prejudicial a sua vida, é aceitar - terapeuticamente - que ele era antes de tudo um fraco, e sua incapacidade de levar a vida sem aquela muleta, o fez chegar a esta situação. Claro que 99% deles irão dizer que a culpa foi da família, de amigos que o levaram até as drogas, ou a sua situação social e econômica o forçou aquela realidade. Bom, essa pessoa fictícia dos desenhos da teve retrata bem essa síndrome psicológica do tadinho de mim:
"Se a culpa é minha eu coloco em quem eu quiser. - Homer Simpson”
Geralmente é isso o que ocorre, a pessoa quer descontar sua fraqueza interior em pessoas que não respiravam, comiam ou bebiam por ele, mas que ainda assim são culpados por - ele - ser um doente, viciado em drogas; que destroem não só a sua vida, mas dos amigos e familiares a sua volta e que ainda se preocupam com ele, a ponto de tentarem de todas as formas, libertá-lo daquela opção. Uma vez ciente de que a culpa é sua, e foi sua as escolhas que o levaram aquela situação, cabe agora se expor a nova realidade, saber o porquê deseja não ser mais um ser digno da pena de outras pessoas e sim um individuo especial que pode ser capaz de muita coisa; dentre elas viver sua própria vida, sem impor aos demais o preço de sua fraqueza anterior.
Tive um amigo alcoólatra anônimo, sua historia era um conto magnifico, pois escalou altas profissões e desceu a degraus tão baixos que o levaram quase a mendicância. Depois de chegar à instituição e se libertar provisoriamente do álcool, ele mudou do nordeste para o RJ, e aqui nos conhecemos e fomos amigos por décadas, até sua morte em 2005, por cirrose. Ajudei-o com dinheiro, moradia por meses em minha casa e emprego, aturei suas inúmeras recaídas no meu lar, pois de caixa de banco no nordeste, veio para cá e recomeçou como garçom. Ali era exposto diariamente a seu vicio, e enquanto convivemos juntos, jamais bebeu novamente. Contudo, ele conheceu uma pessoa, foi morar em outra cidade e passou por inúmeras recaídas, a ponto de sua companheira vir a mim diversas vezes, em busca de auxilio ao marido.
Numa de nossas conversas, muito duras por sinal, eu descobri porque ele, após 10 anos ‘limpo’, havia voltado a beber. Não aceitava mais a realidade que vivia, tudo que ele foi e sofreu, além de desistir de si mesmo para vir para o RJ tentar uma nova vida. Pior, sabia que estava com cirrose, e caso se tratasse, poderia ainda viver uns 20 anos. Mas de novo vamos a uma frase de outro personagem, só que este real e com longo histórico de consumo de drogas diversas:
‘ É melhor viver 10 anos a 1000 do que 1000 anos a 10. Lobão.’
A decisão dele foi essa, descontar os anos de abstinência numa rápida recuperação do álcool que faltava em sua vida, já que para ele ela não tinha mais sentido, apenas uma sucessão de dias, e quando isso ocorre, não há terapeuta que cure ninguém, porque a pessoa tem a sua disposição inúmeras[3]formas de suicídio, em curto prazo, com armas e venenos, ou em ‘longo’, com drogas diversas. Portanto, a primeira coisa que o ex viciado deve ter em conta é que embora ele esteja tecnicamente curado, se não encontrar motivos reais para permanecer assim, cedo ou tarde ele estará de novo entregue a essa coisa fantástica que faz parte de seu DNA. Uma das que deve fazer é não contar dias e anos que esta sem uso, e sim se entregar a motivos reais para deixar essa coisa para sempre.
Na instituição citada – Manassés - eles usam a religião como pano de fundo central da terapia. Além de mudança de ambiente, geralmente os drogados são levados para outro estado, uma mudança brusca que os força a renascer para uma nova realidade, dando motivos para buscar em seu interior a lembrança da família, amigos, e distancia da realidade que viveram. Bom, cada um desenvolve terapia de acordo com sua linha de pensamento e atuação, eu acredito apenas em terapia de confronto – encarar a realidade sem dó nem pena, como forma real de cura – além do mais, mudar uma pessoa de ambiente - em minha opinião - sendo que após ele deve retornar, é apenas uma fuga da realidade que sempre esta a nossa frente. Já tratei de viciados, um deles hoje é pastor de igreja, tem 200 fieis sob sua tutela, e sempre conta a seus membros a sua vida nesse mundo nojento. Tem cicatrizes de bala no corpo para não deixar esquecer porque quase foi morto por dividas de cocaína, e só não morreu porque não era a hora, ou segundo ele; não foi a vontade de Deus...
Essa sucessão de exemplos serve apenas como uma introdução de um tema mais do que cotidiano, as drogas fazem parte da história humana há milênios. Muitas usadas como caminho de acesso aos deuses, em diversas religiões animistas e politeístas, os cogumelos estão no topo da lista, e até outras de cunho pentecostal, a exemplo a do Santo Daime, que usa um chá especifico para atingir um estado de relação com sua divindade. Assim com a escolha sexual é opção de cada um, usar as drogas, por qualquer razão ou escolha, também é exclusivo da pessoa em si. Manter – se drogado também envolve uma escolha pessoal. E isso implica antes de tudo olhar a sua volta e saber aonde isto o levará, bem como o custo social e familiar. Não há cura sem uma consciência de que precisa dela. Aceitar a mesma como consequência de seu desejo, tem o mesmo efeito do motivo que o levou a usar esse lixo para sua vida. Muitos simplesmente não querem deixar essa realidade porque a vida real não o motiva em sentido contrario. Já os que decidem o caminho em direção a saída, seja bem vindo, e saiba que sempre haverá um demônio atrás da porta, lhe convidando para prazeres maravilhos que bem conhece...
Assim como viver é fazer escolhas difíceis dia a dia, durante anos, magondo pessoas próximas e distantes, por alguns momentos raros de existência feliz, e muitos extremamente complicados, a droga é sempre o caminho mais fácil do fraco. Se caiu nelas, foi sim um fraco, e o que motiva a não voltar para elas é a força que havia em si, e só descobriu ao chegar no fundo de sua alma. Não há ninguém que deva dizer se tu deve ou não se drogar, nem culpar por isso. Se decidiu sair, de vez, toda vez que a droga estiver em suas mãos ou olhos, veja-as como lixo, e como tal, o destino dele não é no seu corpo, sua vida ou de familiares, mas em um local que não fara mal a ninguém.
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DROGAS SEUS EFEITOS E CARACTERÍSTICAS
‘DROGAS: Como existem vários psicotrópicos na natureza e estes quando ingeridos em grandes quantidades levam a uma liberação maciça de dopamina na via mesolímbica. Ocorre um GRANDE PRAZER. Mas, um prazer diferente do produzidos pela dopamina natural do cérebro, pois as quantidades são diferentes. Desta forma, o reforço e a recompensa são muito maiores com a utilização da droga. Quando isso não acontece, ocorre a dependência, o vício e a busca por mais droga. A partir deste momento, a volta a uma VIDA NORMAL é muito difícil e necessita de muito esforço.’
As drogas são substâncias químicas, naturais ou sintéticas, que provocam alterações psíquicas e físicas a quem as consome e levam à dependência física e psicológica. Seu uso sistemático traz sérias consequências físicas, psicológicas e sociais, podendo levar à morte em casos extremos, em geral por problemas circulatórios ou respiratórios. É o que se chama overdose. Além das drogas tradicionais, os especialistas também incluem na lista o cigarro e o álcool.O emprego e abuso propagado de drogas não se restringem aos adolescentes e não começou com o advento da cultura jovem dos anos 60, como qualquer um que tinha 20 anos na década de 50 pode atestar. A humanidade usa as drogas para diversos fins há milhares de anos. Mas no século XX elas se popularizaram com uma nova ciência; a psiquiatria...
Os jovens e adolescentes estão entre os principais usuários de drogas. Pesquisas indicam que entre 12 e 18 anos eles já iniciam o consomo de álcool, cigarro, maconha e outras drogas da moda. Entretanto, ao contrario do que é propalado de que a maconha seria a porta de entrada, na verdade isso ocorre com cigarro e álcool, pois as drogas licitas, são as mais fáceis de obter e se tornam caminho natural para algo mais pesado. Atualmente cresce o uso de crack e drogas sintéticas, como o ecstasy. Os consumidores de cocaína são os que mais procuram tratamento para se livrar da dependência, o qual é feito por meio de psicoterapias que promovem a abstinência às drogas e do uso de antidepressivos em 60% dos casos. Atualmente, cerca de 5% dos brasileiros são dependentes químicos de alguma droga.
TIPOS DE DROGA - As drogas são classificadas de acordo com a ação que exercem sobre o sistema nervoso central. Elas podem ser depressoras, estimulantes, perturbadoras ou, ainda, combinar mais de um efeito.
Depressoras - Substâncias que diminuem a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais lentos. Fazem parte desse grupo o álcool, os tranquilizantes, o ópio (extraído da planta Papoula somniferum) e seus derivados, como a morfina e a heroína.
Depressoras - Substâncias que diminuem a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais lentos. Fazem parte desse grupo o álcool, os tranquilizantes, o ópio (extraído da planta Papoula somniferum) e seus derivados, como a morfina e a heroína.
Estimulantes - Aumentam a atividade cerebral, deixando os estímulos nervosos mais rápidos. Excitam especialmente as áreas sensorial e motora. Nesse grupo estão as anfetaminas, a cocaína (produzida das folhas da planta da coca, Erytroxylum coca) e seus derivados, como o crack.
Perturbadoras - São substâncias que fazem o cérebro funcionar de uma maneira diferente, muitas vezes com efeito alucinógeno. Não alteram a velocidade dos estímulos cerebrais, mas causam perturbações na mente do usuário. Incluem a maconha, o haxixe(produzidos da planta Cannabis sativa), os solventes orgânicos (como a cola de sapateiro) e o LSD (ácido lisérgico).
Drogas com efeito misto - Combinam dois ou mais efeitos. A droga mais conhecida desse grupo é o ecstasy, metileno dioxi-metanfetamina (MDMA), que produz uma sensação ao mesmo tempo estimulante e alucinógena.
Drogas e doenças infecciosas - O uso comum de seringas para a injeção de drogas é um dos principais meios de transmissão do HIV e do vírus da hepatite B e C.
Prevenção e tratamento - Os especialistas afirmam que o melhor modo de combater as drogas é a prevenção. Informação, educação e diálogo são apontados como o melhor caminho para impedir que adolescentes se viciem. Para usuários que ainda não estão viciados, o tratamento recomendado são a psicoterapia e a participação em grupos de apoio. Para combater o vício, além das terapias são usados medicamentos que reduzem os sintomas da abstinência ou que bloqueiam os efeitos das drogas.
Há alguns fatores que contribuem para que um jovem tenha maiores probabilidades de se viciar. O primeiro é genético, Já se provou que pessoas com histórico familiar de alcoolismo ou algum outro vício correm maiores riscos de também ser dependentes. Os demais estão relacionados com a personalidade, Adolescentes tímidos, ansiosos por algum tipo de reconhecimento entre os amigos, apresentam maior comportamento de risco para a dependência.
MACONHA: Os efeitos físicos mais frequentes são avermelhamento dos olhos, ressecamento da boca e taquicardia (elevação dos batimentos cardíacos, que sobem de 60 - 80 para 120 - 140 batidas por minuto). Com o uso contínuo, alguns órgãos, como o pulmão, passam a ser afetados. Devido à contínua exposição com a fumaça tóxica da droga, o sistema respiratório do usuário começa a apresentar problemas como bronquite e perda da capacidade respiratória. Além disso, por absorver uma quantidade considerável de alcatrão presente na fumaça de maconha, os usuários da droga estão mais sujeitos a desenvolver o câncer de pulmão. O consumo da maconha também diminui a produção de testosterona. A testosterona é um hormônio masculino responsável, entre outras coisas, pela produção de espermatozoides. Portanto, com a diminuição da quantidade de testosterona, o homem que consome continuamente maconha apresenta uma capacidade reprodutiva menor.
COCAÍNA: A cocaína é uma droga psicoativa que estimula e vicia, promovendo alterações cerebrais bastante significativas. A mesma é extraída da folha da coca, e se consumida por muito tempo, ocasiona danos cerebrais e diversos outros problemas de saúde. Aceleração ou diminuição do ritmo cardíaco, dilatação da pupila, elevação ou diminuição da pressão sanguínea, calafrios, náuseas, vômitos, perda de peso e apetite são alguns dos efeitos biológicos da cocaína.
CRACK: O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares, dos alvéolos o crack cai na circulação e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a pressão arterial e a frequência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e derrame cerebral. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea. No fígado, ele é metabolizado. A droga é eliminada pela urina.
ECSTASY - A DROGA DO AMOR: Os principais efeitos do ecstasy são uma euforia e um bem-estar intensos, que chegam há durar 10 horas. A droga age no cérebro aumentando a concentração de duas substâncias: a dopamina, que alivia as dores, e a serotonina, que está ligada a sensações amorosas. Por isso, a pessoa sob efeito de ecstasy fica muito sociável, com uma vontade incontrolável de conversar e até de ter contato físico com as pessoas. O ecstasy provoca também alucinações. Os malefícios causados pela droga ao corpo do usuário são ressecamento da boca, perda de apetite, náuseas, coceiras, reações musculares como câimbras, contrações oculares, espasmo do maxilar, fadiga, depressão, dor de cabeça, visão turva, manchas roxas na pele, movimentos descontrolados de vários membros do corpo como os braços e as pernas, crises bulímicas e insônia.
DROGAS E CAPITALISMO - QUEM SÃO OS VERDADEIROS CRIMINOSOS
Se o leitor, acreditando na Rede Globo e similares, pensa que os verdadeiros e maiores culpados pelo inferno imposto ao povo brasileiro pelo crack, cocaína e maconha são os traficantes das favelas e subúrbios das cidades, está enganado. Essas gangues são apenas vendedoras varejistas, "funcionárias" de um patrão atacadista, e estão no degrau menos poderoso e rico de um gigantesco businesscapitalista nacional e internacional.
Os donos, diretores e administradores dessa cadeia produtiva integrada à economia do imperialismo, embora se escondam em luxuosos edifícios e debaixo de seus caros ternos de executivos, podem ser plenamente identificados. São membros das classes dominantes. Financistas, empresários da alta burguesia e latifundiários.
No Brasil, "respeitáveis" fazendeiros e banqueiros são os mais citados (o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse e Bozano Simonsen já apareceram em denúncias).
Na Colômbia e Peru, além do latifúndio e de bancos, também são apontados como "sócios" as Forças Armadas e políticos de vários calibres, inclusive presidentes da República.
Porém, o comando do negócio é do USA. Foram seus governantes e suas classes ricas quem, a partir dos anos 1970/1980, implantaram e massificaram esse horrendo negócio, através principalmente da CIA (agência de espionagem/ inteligência), da DEA (agência de "combate"às drogas), do FBI (polícia federal) e do Pentágono (Forças Armadas).
Extrema ironia: no resumo da novela, a denunciante Globo e os denunciados traficantes possuem o mesmíssimo patrão.
COMO TUDO COMEÇOU
Hoje a droga movimenta cerca de 300 a 500 bilhões de dólares ao ano, é o 2 º item do comércio mundial, vencendo até o petróleo, só sendo superado pelo das armas. Ao contrário do que divulga o monopólio da imprensa, essa economia não nasceu e cresceu apenas como atividade de marginais, cartéis e máfias e sim foi algo planejado e montado pelo imperialismo (principalmente do USA) como um business . Se isso mata ou destrói seres humanos (até em seu próprio país) pouco importa.
"O tráfico de drogas foi sempre um negócio capitalista, por ser organizado como uma empresa, estimulada pelo lucro", diz a enciclopédia Conteúdo Global (*).
A droga como gerador de renda para as classes dominantes e para o imperialismo vem desde séculos atrás, porém a “narcoempresa”, nos moldes em que existe hoje, começou a surgir na década de 1960 e solidificou-se a partir de 1970/1980.
Foi nos anos 60 que os ianques enxergaram as mil vantagens políticas/ideológicas e econômicas que uma transnacional da droga poderia dar ao sistema.
Sabe-se que desde 1963 os militares do USA e a CIA montaram "uma rede de produção e distribuição de narcóticos para gerar uma fonte de financiamento para futuras ações de contrainsurgência (guerras populares e movimentos de libertação na América Latina)", afirma a Folha da História (*).
E agrega: "No final de 1964, Philip Agee, agente da CIA, denunciou o começo da operação na Bolívia. Ali os generais Barrientos e Banzer, também agentes da CIA, construíram uma primeira rede".
Pouco depois, para criar um mercado consumidor maior, o USA não teve nenhum melindre em viciar seus próprios cidadãos: os soldados mandados ao Vietnã. Segundo Jansen (*) essa guerra (1964-1975) seria marcada pelo uso generalizado de drogas. "Cerca de 30 mil soldados estadunidenses se tornaram dependentes de drogas (notadamente maconha e heroína) para que continuassem estimulados no front ".
O FMI PARTICIPA
Perto dos anos 1980, com a elevação do número de consumidores/viciados no USA e outros lugares, era necessário incentivar o crescimento das lavouras de folhas de coca e maconha, para sustentar o grande business . E isso foi feito com a participação do FMI e do Banco Mundial, na década de 80.
Naquela época, suas medidas anti-povo em muitos países pobres resultaram na supressão de milhões de empregos. Conforme Jansen, isso "provocou uma transferência maciça de mão de obra para a economia dita informal e em particular para a produção de drogas, em países como Bolívia, Peru, Colômbia, Afeganistão".
Vejamos o caso da famosa Colômbia.
Hoje o país produz cerca de 80% da cocaína do mundo. Isso só foi possível porque com o empurrão do FMI e Banco Mundial, na década de 1980 os fazendeiros deixaram de produzir café para produzir coca e cocaína. Ou seja, os latifundiários colombianos foram convidados pelos ianques a entrar na empresa. Aceitaram com gosto.
Os gerentes do país passaram a autorizar empréstimos externos nos quais os dólares eram trocados por pesos, plano que ficou conhecido como Ventanilla Siniestra (Janelinha Sinistra). Com tal plano, verdadeira oficialização da lavagem de dinheiro da droga, autoridades colombianas "deram anistias tributárias, por meio das quais foram incorporados e legalizados os investimentos dos narcotraficantes", afirma Jansen.
Vejamos ainda o exemplo da Bolívia, onde o FMI e o presidente Paz Estenssoro também abriram as portas para o grande narco-negócio na década de 1980.
Conforme Del Roio (*), em 1985 foi aplicado um plano econômico que levou os índices de desemprego a 30%. O FMI aconselha e pressiona para a liberalização geral.
Então, "o presidente Paz Estenssoro, com o decreto DS 21.060 declara que todas as moedas cotadas podem ser depositadas nos bancos bolivianos, em qualquer quantidade e sem controle nenhum, com respeito total ao sigilo bancário em relação a sua proveniência. Os aplausos dos organismos econômicos internacionais foram generalizados. Significou o sinal verde para os grandes investimentos na coca. (...) Aconteceu que em pouco tempo no planalto de Chapare, o melhor terreno para a plantação, a população passou de 20 mil habitantes para 200 mil. Caso quase único de esvaziamento das cidades e retorno ao campo".
Com o aumento da produção, o chefe de polícia do Panamá Manoel Antônio Noriega já conseguia, entre 1984 e 1986, "exportar" ao USA 2 toneladas de cocaína e 500 toneladas de maconha do cartel colombiano de Medellín.
Noriega era agente da CIA desde 1967. Ele participou de esquema clandestino organizado pela CIA de financiamento dos bandos paramilitares chamados de "os Contras" que atacavam o governo sandinista da Nicarágua, relata Jansen. Tal operação ficou conhecida em 1986 como o escândalo "Irã-Contras" (compra de armas no Irã para financiar os bandos na tentativa de derrubar os sandinistas).
Em 1989, Noriega se proclamou chefe de Estado do Panamá, declarando-se em estado de guerra contra o USA. Resultado: 13 mil marines invadiram o país e o prenderam. O pretexto foi "combate ao narcotráfico". Mas muita gente não acreditou. Para a CIA, ele era um perigoso arquivo.
COMO FUNCIONA
No Afeganistão, a produção de drogas foi retomada depois da invasão militar do USA em 2001. Após a invasão, o país superou a Colômbia e se tornou o maior produtor mundial de drogas (principalmente ópio e heroína) e, em 2003, o negócio faturou 2,3 bilhões de dólares, mais da metade do PIB do país.
Embora o comando da narcoeconomia seja dos ianques, sua estrutura é similar à uma transnacional e funciona em rede.
Na América do Sul, na ponta da produção está o latifúndio, que planta coca e maconha.
No Brasil, fazendeiros e camponeses pobres do sertão de Pernambuco ("polígono da maconha"), Maranhão, Tocantins e Mato Grosso são os mais citados.
Os produtores latinoamericanos têm como sócios e protetores um numeroso segmento de políticos (até presidentes da República, como no Peru e Colômbia), militares, juízes, etc.
A distribuição atacadista internacional costuma contar com empresários do chamado crime organizado (cartéis, máfias, etc).
Todos esses departamentos do “narco-negócio”, embora poderosos, ficam com apenas 10% dos lucros totais. A distribuição varejista, a dos traficantes dos morros e periferias do Brasil, aquela que a Globo e o resto do monopólio ataca, é a raia mais miúda dobusiness, não recebendo mais que uma parcela mínima desses 10%.
O maior lucro do empreendimento, 90% do total, é dos bancos. "Respeitáveis" banqueiros, frequentadores das colunas sociais, deveriam estar nas páginas policiais.
Diz a enciclopédia Conteúdo Global que o papel central da narcoeconomia como parte integrante do capitalismo é detectado no peso que a lavagem do dinheiro da droga possui hoje no sistema bancário internacional.
No Brasil, os mais apontados em denúncias são o HSBC, Unibanco, Bradesco, Real, Credit Suisse e Bozano Simonsen.
Há alguns anos, para facilitar a vida dos seus clientes da “narcoeconomia”, vários bancos criaram filiais em alguns países, nos quais vale tudo, e que são chamadas de paraísos fiscais.
Conforme José Moreira Chumbinho (*), as drogas são uma das principais armas criadas pelo imperialismo em decadência. "O processo de domesticação econômica, ideológica e política, associada ao uso ‘voluntário' e permanente de drogas completa o ciclo necessário para incapacitar os setores mais combativos da população".
O surgimento do crack
Reproduzimos aqui alguns trechos de artigo de Ney Jansen, bastante esclarecedores:
"Na década de 1980 jovens do bairro pobre de South Central de Los Angeles, Califórnia, foram devastados pelo crack. Em 18/08/1996 o jornal local San José Mercury News, publicou uma série de artigos sobre como a droga se apoderou daquele território.
O que esteve por trás de tudo: o escândalo Irã-Contras e as ligações entre a CIA, DEA e os cartéis colombianos, protegendo a entrada de drogas no USA para financiar os "Contras" na Nicarágua. A citação (de Del Roio) é longa, mas merece ser reproduzida por extenso:
"Os que possuem boa memória se recordarão do processo contra o coronel Oliver North, que terminou com sua condenação. Os autos desse processo demonstraram com nomes e fatos que por vários anos a CIA e a DEA estiveram em contato com os chamados cartéis colombianos, protegendo a entrada de drogas nos Estados Unidos. Tal operação servia para encontrar fundos ilegais para financiar as forças opositoras ao governo sandinista da Nicarágua.
Através dos cristais que restam da fabricação da cocaína, é possível fabricar uma droga muito mais barata e mortal, adequada aos pobres, que será chamada de crack.
Eis que os guetos negros de Los Angeles, onde o desemprego juvenil chega a 45%, pode ser inundado com o novo produto. Por cinco anos, de 1982 a 1987, os Contras nicaraguenses, com a cobertura de organismos oficiais (do USA), despeja 100 quilos de cristais de coca semanais sobre South Central (Obs: Total de 27 mil quilos).
(...)A partir dessa atividade criminosa exercida contra os negros de Los Angeles, o crack espalhou-se pelas metrópoles dos Estados Unidos e de vários países latino-americanos.
Esta é uma história para recordarmos quando vemos nas ruas de São Paulo (Obs: E muitíssimas outras cidades) as nossas crianças agonizando ou cometendo crimes porque viciadas em crack. Agora sabemos quem são os primeiros responsáveis".
O surgimento do crack na década de 1980 tem por antecedência o papel político que as drogas desempenharam no USA nas décadas de 1960 e 70.
É nesse período que surge em 1966 o Partido dos Panteras Negras, organização da classe operária e da juventude negra do USA.
(…) Além de destruir as sedes, prender e assassinar os militantes Panteras Negras, a CIA e o FBI passarão, em associação com narcotraficantes da América latina, a despejar toneladas de cocaína, maconha, heroína nos bairros negros visando a desarticulação política, levando à dissolução do Partido.
Mumia Abu Jamal (2001), ex-militante dos Panteras Negras, comentou o papel do crack nas comunidades negras no USA:
"Um espectro assombra as comunidades negras da América. Como vampiro, suga a alma das vidas negras, não deixando nada senão esqueletos que se movem fisicamente mas que estão afetiva e espiritualmente mortos.
É o resultado direto da rapinagem planetária, das manipulações dos governos e da eterna aspiração dos pobres a fugir, aliviar-se, ainda que brevemente, dos paralisantes grilhões da miséria extrema.
A sua procura de alívio se soletra C-R-A-C-K. Crack. Pedra. Chame como quiser, pouco importa; ele é na verdade, uma outra palavra para "morte".
Notas
(*) Principais fontes: Drogas, imperialismo e luta de classes , Ney Jansen (sociólogo), artigo, revista Urutagua, no.12, 2007, Universidade Estadual de Maringá (PR); As últimas armas do império agonizante , José Moreira Chumbinho, A Nova Democracia nº 1, julho/agosto 2002; Verbetes do sítio www.conteudoglobal.com (enciclopédia virtual ) ;Mundialização e criminalidade, José Luiz Del Roio, in: Drogas: hegemonia do cinismo , Memorial. 1997; Folha da História , junho, 2000 in: Peru – Do império dos incas ao império da cocaína , Rosana Bond, Coedita, 2004
Fonte: A Nova Democracia
[1] A Instituição Social Manassés possui um alto índice de resultados positivos, o que impulsiona a continuar com um trabalho que confirma a fé de que em Deus tudo é realmente possível. A Instituição existe porque alguém se preocupou, trabalhou e perseverou. Mas o amor o faz vencer todas as barreiras e hoje é líder e responsável por todo este trabalho humano, onde conta com cerca mil pessoas e mais de 21 unidades espalhadas pelo Brasil.
[2] Durante os intervalos das refeições, se possível coma sempre frutas ou sucos variados das mesmas. De preferencia limão, abacaxi ou melancia, podendo enriquecer os mesmos com salsa, hortelã e tantas outras sugestões magníficas. No jantar, lembre se que mais tarde vai dormir, ou até mesmo fazer coisas mais palatáveis antes, então de preferencia uma salada com carne, ou se for vegetariano, algo análogo. Antes de dormir, crie o habito de tomar um suco de limão ou melancia, elas fazem a limpeza de seu corpo enquanto dorme, semelhante ao óleo de motor de seu carro, sem isso ele literalmente trava.