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POR QUE RELIGIOSOS FANÁTICOS ODEIAM ATEUS?

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Autor: David da Costa Coelho
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Antes de iniciarmos o texto, deixo claro que sou reencarnacionista, ou seja, creio que após a morte física, a alma vai para um lugar chamado 4ª dimensão, e de lá, de acordo com nosso estagio de evolução ou não libertando se dos dogmas e conceitos criados para manter pessoas na ignorância e manutenção do ciclo de reencarnação na terra, um pequeno exemplo - Bem, mal, pecado, leis do carma, comer esse ou aquele alimento, viver com essa ou aquela pessoa, etc... - será encaminhada para alguma terra paralela, onde viverá nova vida e por aí vai até chegar a um estagio em que não mais precise reencarnar, passando ao estagio de ascendidos, e não possuem mais motivos para retornar a 3ª dimensão, salvo é claro para auxiliar outros pessoas a ascender através do conhecimento, a única e verdadeira forma de ascensão.

Retomando o tema original, o numero de ateus comparado aos de pessoas que tem alguma fé, e de longe insignificante, diria inexpressivos, no entanto, não há grupo mais odiado do que estes por fanáticos de inúmeras religiões, principalmente as cristãs e islâmicas - claro que com exceção – mas pessoas fundamentalistas encontram se em todas as religiões e até mesmo em grupos de ateus cansados de serem vitimas de loucos segundo suas carochinhas religiosas pessoais. 

Não mais suportando esse massacre, decidiram bater de frente contra a imposição religiosa a quem não da mais valor num livro sagrado do que num conto de ficção cientifica porque na visão de um ateu, tais livros ‘sagrados’ nada mais são do que exercício de ficção na tentativa de explicar um mundo em mutação e o temor da morte que na época, e mesmo hoje não entendiam nem entendem.
Hoje o que mais vemos são eles entrando na justiça contra símbolos religiosos em instituições publicas, a exemplo de crucifixo em sala de juiz, e até mesmo no STF, como se fosse outorgada a ICAR a supremacia de se por acima de todas as religiões do Brasil e que não tem, e isso é contra a lei máxima do País, segundo a constituição do mesmo. Em notas do nosso dinheiro ou na criação eterna de mais um feriado religioso, e nesta parte somos campeões mundiais. 
 
Claro que do lado de quem sofre os processos vem criticas em sentido contrario, como questionar os ateus que desejam derrubar feriados santos, mas não deixam de ir a praia ou viajar quando estes são prolongados. Desconhecer que o catolicismo foi à religião oficial do Brasil até a proclamação da republica, e durante esse tempo, cidades e estados foram batizados com nome de santos, feriados destas deidades também inseridos no cotidiano da nação, e que fazer picuinha contra essa realidade histórica não passa disso, picuinha de ateístas; ações na justiça imputadas por ateus não mudarão essa realidade, ainda mais sabendo que 99% dos juízes são católicos, quanto as demais religiões, historicamente o catolicismo chegou 1º, portanto se atenham ao nível que se encontram...
De sua parte, os ateus fanáticos – com razão ou não, depende de sua visão disso – acham que é por aí mesmo, chega de passividade diante das hipocrisias religiosas em atrasar a ciência, se meter na vida de pessoas adultas que desejam ou não se relacionar sexualmente da forma tal e qual, seja com opostos sexuais, ou iguais; pois na visão ateia, nascemos e fomos originados da evolução, e não do zip zap zum de uma entidade imaginaria a sua imagem e semelhança. 
E eles não estão sozinhos nisso, atores, cantores, jornalistas, professores, e toda cadeia intelectual de pessoas ao redor do mundo abraçam cada vez mais o ateísmo, e ele graça exatamente no ponto fraco da religião, o nível de cultura, pois a medida que um ser humano se educa, ele tende a deixar religiões dogmáticas como as descritas, indo muitas vezes para outras menos dogmáticas como espiritismo, reencarnação ou deixando todas e se entregando ao ateísmo, que para muitos também é uma religião pela forma com que muitos ateus se comportam com sua fé em questionar as religiões históricas. 

O fato dos dias atuais é que os ateus não querem mais viver a sombra do obscurantismo religioso e seus dogmas imutáveis, além de pré-históricos. Eles aprenderam que são cidadãos como qualquer um, religiosos ou não, e querem seus direitos, não se abstém de lutar por eles, se desagrada à maioria fundamentalista tal embate, disso não há duvida, mas sabemos apenas que essa é uma luta com resultados que não vão agradar a todos mas vão desagradar muitos, porque muitos possuem uma aura de passividade diante da religião; mas os ateus num certo sentido tem razão, não cabe a mim como reencarnacionista colocar lá no STF o símbolo de minha religião, um colar cheio de terras paralelas, porque então eles têm que aturar um crucifixo?







A RENÚNCIA DO PAPA E O DANO QUE RELIGIÕES CAUSAM À HUMANIDADE

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Pareceu-me contraditório escrever sobre o que não deveria ser objeto de reflexão importante alguma, sobre um não-assunto. Todavia, decidi escrever devido à importância inexplicável que o objeto deste texto está recebendo na mídia e que, assim, torna-o passível de apreciação.

Chega-me aos olhos a notícia de que o Papa Bento XVI prometeu renunciar. Alguns dirão que é uma benção – perdoe-me o trocadilho, leitor – por seu conservadorismo mais radical e por sua biografia, a qual, justa ou injustamente, flerta até com o nazismo.

Aliás, por desimportante que seja, alguns cogitam que o “pedido de demissão” papal tem a ver com escândalos financeiros no Vaticano…

Dou a esse fato (a renúncia) a importância, por exemplo, de renúncia do presidente do Corinthians ou de alguma escola de samba.  Ou seja: importância zero, a não ser para os torcedores de times de futebol, de escolas de samba ou de religiões.

Apesar de ter sido criado na fé católica, de ter feito o estudo fundamental e médio em escolas católicas de São Paulo, de ter sido batizado, de ter feito “primeira comunhão”, de ter me casado e de ter batizado meus filhos no catolicismo, hoje sou um homem de espírito liberto.

Não que tenha perdido a fé – acredito, sim, em Deus.
 
Apenas decidi que não preciso de intermediários para me relacionar com Ele, pois os que se propõem a intermediar a relação dos “rebanhos” com o Criador são tão falíveis quanto eu ou você, como vem ficando sobejamente comprovado em inúmeros escândalos sexuais ou de corrupção que atingem padres, pastores, bispos etc. o tempo todo.

Na verdade, sou hoje um crítico feroz das “igrejas” e do proselitismo religioso. Isso porque todos os países atolados em fanatismo religioso – cristão, muçulmano ou de que natureza for – são os mais miseráveis do planeta, enquanto que as sociedades laicas são as mais prósperas.

Nesse aspecto, apesar da picaretagem mais escancarada dos pastores evangélicos, ao menos eles não edulcoram a pobreza como faz a igreja católica, cujo objetivo sempre foi o de fazer os povos se conformar com a carestia com o objetivo nefasto de mantê-los submissos à injustiça social, já que religião, política e dinheiro público sempre andaram de mãos dadas.
Pior do que isso, a superpopulação e os dramas sociais que encerra são de responsabilidade exclusiva das religiões. Se não me engano, foi esse Papa que sai que recomendou aos rebanhos católicos que não usassem camisinha, no âmbito do dogma cretino que prega que sexo só serve para procriar.

O massacre de homossexuais em cada quadrante da Terra, aliás, é fortemente estimulado pelas religiões mais difundidas, ainda que estas, caras-de-pau, neguem. Afinal, a desculpa dos homofóbicos violentos para fazerem o que fazem se baseia, sobretudo, em dogmas religiosos.

Por fim, nem todo católico, evangélico ou seja lá o que for é canalha, insensível, arrogante, avarento e preconceituoso, mas as piores pessoas que conheci ao longo da vida, em maioria, foram os papa-hóstias – termo que, explico, não vale só para o catolicismo.

Os piores assassinos e torturadores da ditadura militar saíam das missas diretamente para os porões em que cometiam os crimes mais hediondos contra a humanidade.

Uma papa-hóstia que mora no andar acima do meu, alguém que vive enfiada na igreja, está sempre reclamando porque minha filha que nasceu com paralisia cerebral usa o corredor do andar durante sessões de fisioterapia que, entre outras, faz em casa todo dia.

Muitos acreditam em que a religião torna as pessoas melhores. Essa é mais uma entre tantas falácias sociais e filosóficas que se abatem sobre a humanidade e que não encontram respaldo em estudo sério algum.

Nem a fé, que dispensa religião, torna alguém melhor. Essa teoria de que quem tem crença espiritual é mais humano, mais generoso, é bobagem. Baseia-se em que o indivíduo seria forçado pela fé a ser “bom” por temer ir para o “inferno” quando morrer.

Então, é claro, não se trata de a pessoa que tem fé ser “melhor”, mas de ser intimidada ou chantageada a sê-lo. Lembro-me muito bem de como saí da minha cerimônia de primeira comunhão, aos dez anos, obrigando-me a não dizer palavrões por medo de “castigo” divino.

A renúncia do Papa, então, não é boa ou ruim. É um fato que só interessa aos torcedores de uma religião. Para a humanidade, porém, bom mesmo seria se aprendesse a se portar como tal por ser o certo e não por medo de um “inferno” que, aliás, fica aqui mesmo, na Terra.
[]


Entrevista a Débora Crivellaro, Revista IstoÉ, maio de 2010

Leonardo Boff: “O Papa deveria renunciar”

Teólogo diz que Bento XVI infantiliza os fiéis, é complacente com os pedófilos e fechou as portas para as outras religiões.

O brasileiro Leonardo Boff, 71 anos, e o alemão Joseph Ratzinger, 83, têm uma longa história em comum. Intelectuais de fôlego, respeitados fora dos muros da Igreja Católica, os teólogos se conhecem há mais de 40 anos, quando conviveram na universidade, em Munique, Alemanha. O atual pontífice já era um cultuado professor, admirado pelo jovem franciscano que frequentava como ouvinte suas conferências, enquanto preparava a tese de doutorado – que contou com a ajuda providencial do alemão para ser publicada. Tempos depois, os dois trabalharam juntos em uma prestigiosa revista de teologia.

Durou pouco, pois as contendas ideológicas provocaram a saída de Ratzinger. Mas o encontro mais marcante aconteceu em 1985, quando ambos estavam, definitivamente, em trincheiras opostas, dentro da mesma instituição. Boff já era o grande mentor por trás da Teologia da Libertação, movimento que interpreta o Evangelho à luz das questões sociais. E Ratzinger já havia se tornado o temido cardeal que punia severamente quem se atrevesse a mudar, uma vírgula que fosse, a interpretação oficial da “Bíblia”. O embate terminou com o silêncio forçado do franciscano e sua posterior saída da ordem, em 1992. Vinte e cinco anos depois desse encontro, casado com Márcia Miranda, padrasto de seis filhos e autor de mais de 60 livros traduzidos para diversas línguas, Boff analisa a Igreja da qual nunca se afastou e seu líder máximo. Que ele conhece como poucos.

A Igreja Católica está em crise?

A Igreja possui uma crise própria: até hoje ela não encontrou seu lugar no mundo moderno e no mundo globalizado. Suas estruturas são medievais. Ela é a única monarquia absolutista do mundo, concentrando o poder em pouquíssimas mãos. Nesse sentido ela está em contradição com o sonho originário de Jesus que foi o de criar uma comunidade fraterna de iguais e sem nenhuma discriminação.

Mas a Igreja Católica pode se modernizar sem perder a essência de seus princípios e, consequentemente, sua identidade?

A Igreja se engessou em suas doutrinas, em suas normas, em seus ritos que poucos entendem e num direito canônico escrito para legitimar desigualdades e conservadorismos. Os homens de hoje têm o direito de receber a mensagem de Jesus na linguagem de nossa cultura moderna, coisa que a Igreja não faz. Ela coloca sob suspeita e até persegue quem tenta fazer.

O que o sr. acha que a Igreja Católica deveria fazer para sair dessa crise?

Ela deveria ser menos arrogante, deixando de se imaginar a exclusiva portadora dos meios de salvação, a única verdadeira. Ela se diz perita em humanidade, mas maltrata a muitos desta humanidade internamente e ofende a vários direitos humanos. Por isso que até hoje não subscreveu a Carta dos Direitos Humanos da ONU, sob o pretexto de que ela não faz nenhuma referência a Deus, e retirou seu apoio ao Unicef, porque ele aconselha o uso de preservativos para combater a Aids e fazer o planejamento familiar. Uma igreja que afirma constantemente que fora dela não há salvação, ela mesma precisa de salvação.

O sr. acha que os escândalos de pedofilia contribuem para a debandada católica, com fiéis migrando, no Brasil, principalmente, para as igrejas evangélicas?

Muitos cristãos não aceitam ser infantilizados pela Igreja como se nada soubessem e tivessem que receber a comida na boca. Estes estão emigrando em massa. Mas é uma emigração interna. Continuam se sentindo dentro da Igreja, mas não identificados com as doutrinas deste papa, nem com o estilo com o qual ela se apresenta no mundo, com hábitos e símbolos palacianos que os tornam simplesmente ridículos. As igrejas evangélicas crescem porque a católica deixou um espaço vazio.

Muitos vaticanistas dizem que Bento XVI pensa em termos de séculos e não está preocupado em conquistar mais fiéis. O sr. concorda?

Bento XVI é fiel a uma esdrúxula teologia que sempre defendeu e da qual eu ainda como estudante e ouvinte dele discordava. Ele é um especialista em Santo Agostinho, grande teólogo. Santo Agostinho partia do fato de que a humanidade é uma “massa condenada” pelo pecado original e pelos demais pecados. Cristo a redimiu. Criou um oásis onde só há salvação e graça. Esse oásis é a Igreja. Ocorre que esse oásis é uma fantasia. Ele é tão contaminado como qualquer ambiente, haja vista os pedófilos e outros escândalos financeiros.

Como o sr. avalia o pontificado de Bento XVI?

Do ponto de vista da fé, este papa é um flagelo. Ele fechou a Igreja de tal forma sobre si mesma que rompeu com mais de 50 anos de diálogo ecumênico, vive criticando a cultura moderna, desestimula qualquer pensamento criativo, mantendo-o sob suspeita. Todo papa tem a missão imposta por Jesus de “confirmar os irmãos e as irmãs na fé”. Esta missão, a meu ver, não está sendo cumprida.

Por quê?

Bento XVI cometeu vários erros de governo com respeito aos muçulmanos, aos judeus, às mulheres e às religiões do mundo. Reintroduziu o latim nas missas em que se reza ainda pela conversão dos judeus, reconciliou-se com os mais duros seguidores de Lefebvre (Marcel Lefebvre arcebispo católico ultraconservador, que morreu em 1991), verdadeiros cismáticos. Enquanto trata a nós teólogos da libertação a bastonadas, trata os conservadores com mão de pelica. É um papa que não suscita entusiasmo. Mesmo assim, convivemos com ele, porque a Igreja é mais que Bento XVI. É também o papa João XXIII, é dom Helder Câmara, é a Irmã Dulce, a Irmã Doroty Stang, é dom Pedro Casaldáliga e tantos e tantas.

O sr. acha que ele deveria renunciar?

O papa, para o bem dele e da Igreja, deveria renunciar. Devemos exercer a compaixão: ele é um homem doente, velho, com achaques próprios da idade e com dificuldades de administração, pois é mais professor que pastor. Em razão disso, faria bem se fosse para um convento rezar sua missa em latim, cantar seu canto gregoriano que tanto aprecia, rezar pela humanidade sofredora, especialmente pelas vítimas da pedofilia, e se preparar para o grande encontro com o Senhor da Igreja e da história. E pedir misericórdia divina.

Como foi a convivência dos srs. no mesmo ambiente acadêmico?

Ouvi-o muitas vezes, pois era um apreciado conferencista. Teve um papel importante na publicação de minha tese doutoral, que, por seu tamanho – mais de 500 páginas –, encontrava dificuldades junto às editoras. Ele encontrou uma, arranjou-me boa parte do dinheiro para a impressão em forma de livro. Depois fomos colegas nas reuniões anuais da revista internacional “Concilium”. Mas ele se desentendeu com a linha da revista e criou uma outra, a “Communio”, em franca oposição à “Concilium”.

Anos depois, em 1985, já na Congregação para a Doutrina da Fé, ele o puniu. Como foi esse encontro?

Ele me fez sentar na cadeira onde sentou Galileo Galilei, no famoso edifício, ao lado do Vaticano, do Santo Ofício e da antiga Santa Inquisição. Foi meu “inquisidor”, interrogando-me por mais de três horas sobre o livro “Igreja: Carisma e Poder”, que me custou o “silêncio obsequioso”, a deposição de cátedra e a proibição de publicar qualquer coisa. Mas devo dizer que é uma pessoa finíssima, extremamente elegante na relação, mas determinado em suas opiniões. E muito, mas muito, tímido.


http://www.blogdacidadania.com.br/2013/02/a-renuncia-do-papa-e-o-dano-que-religioes-causam-a-humanidade/?

NIOBRÁS: A ESTATAL DO NIÓBIO VEM AÍ...

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O ANALFABETO POLÍTICO

Bertold Brecht (1898-1956)

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo da vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.




Coisas que todos os brasileiros devem ver...Super Condutores –





Por Geraldo Elísio

Consciência da necessidade de federalização da exploração do Nióbio, metal estratégico para futuro da humanidade, ganha força além de Minas•.
A brutal exploração do Nióbio brasileiro, um dos metais mais raros do mundo e essencial ao desenvolvimento da humanidade, começa a incomodar importantes instituições da organização institucional brasileira a partir das denúncias formuladas pelo Novo Jornal. Para se ter uma idéia do valor estratégico do nióbio, a secretária de estado do EUA, Hilary Clynton, não se sentiu intimidada em declarar à imprensa internacional que a cidade mineira de Araxá, situada no Vale do Paranaíba, encontra-se na área de interesses estratégicos dos Estados Unidos da América do Norte.

A questão do nióbio, vendido a preço subfaturado com a aquiescência de políticos corruptos que não se coram de vender o Brasil para atender à sua voluptuosidade financeira e de Poder, garantindo salários privilegiados, fóruns especiais para eventuais julgamentos e a quase certeza da impunidade, foi impulsionada com a idéia original do promotor de justiça do Ministério Público de Minas Gerais, Leonardo Barbabela, sugerindo a criação da Niobrás nos moldes da Petrobrás.

Na sequência de suas preocupações com o assunto, o promotor Leonardo Barbabela já manteve um contato telefônico, informado por ele ao Novo jornal, com o procurador da República em Minas Gerais, Tarcísio Humberto Parreiras Henriques Filho, que a exemplo de seu pai, o ex-deputado estadual Tarcísio Henriques, igualmente foi prefeito da cidade mineira de Cataguases, na Zona da Mata mineira. Na opinião do promotor Leonardo Duque Barbabela, a magnitude da questão exige envolvimentos mais amplos para conferir maior eficiência ao projeto, aglutinando todos os setores possíveis das instituições que compõem o Estado brasileiro.

Audiência pública

Em Minas Gerais, o deputado estadual Rogério Correia, do PT, de acordo com a bancada de oposição na casa, principalmente o deputado estadual Sávio de Souza Cruz, já propôs a realização de uma Audiência Pública para debater a relação envolvendo a CBMM, a Codemig e o nióbio, o movimento, fazendo relembrar a histórica campanha “O Petróleo é Nosso”, com a participação de nacionalistas históricos a exemplo do ex-presidente Arthur Bernardes, criador do Batalhão de Fronteira da Amazônia, o escritor Monteiro Lobato, o professor Osório da Rocha Diniz, fundador da Faculdade de Ciências Econômicas de Minas Gerais, da Escola de Engenharia Kennedy e um dos responsáveis junto aos ex-deputados federais Jorge Ferraz, Gabriel Passos e Bento Gonçalves por trazer para Betim – região central de Belo Horizonte – a Refinaria Gabriel Passos, da Petrobrás, que hoje tem como joia da coroa o pré-sal, descoberto no atual governo petista. Rogério Corrêa quer debater a renovação, sem licitação, do contrato entre o governo de Minas Gerais e a CBMM que já vendeu parte de sua participação no empreendimento - 15% - ao Japão e à Coréia, arrecadando um lucro fabuloso de dois bilhões de dólares em detrimento do povo de Minas Gerais e gerando um desentendimento entre Oswaldo Borges da Costa, presidente da Codemig e o ex-governador e atual senador por Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB) em torno do butim gerado com esta desnacionalização. O contrato, sem licitação, beneficia a CBMM por mais 30 anos.

A Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, em sua primeira reunião deste ano, deverá decidir sobre o pedido de audiência pública formulada pelo deputado Rogério Correia.

A CBMM tem o capital dividido entre o Grupo Moreira Sales e a Molybdenium Corporation - Molycorp, subsidiária da Union Oil, por seu turno, empresa do grupo Occidental Petroleum – Oxxi. Mas é fácil perceber a prevalência de grupos estrangeiros através do banqueiro Walther Moreira Sales, conhecido testa de ferro, bastante ligado Nelson Aldridge Rockefeller.

Na audiência pública, está previsto o comparecimento dos maiores especialistas do setor principalmente os ligados as Forças Armadas que veem promovendo gestões para federalizar, a exemplo da Petrobras, a exploração de Nióbio, idéia lançada pelo promotor Leonardo Barbabela.  Relatórios confidenciais da Abim e da área de inteligência do Exército demonstram como operou o esquema criminoso de subfaturamento montado pela Codemig / CBMM, através da Cia de Pirocloro de Araxá.

Em Brasília, o assunto encontra-se também em mãos do deputado federal delegado da Polícia Federal, Protógenes Queiroz (PC do B/SP), conhecido militante nacionalista responsável pelas prisões do deputado federal Paulo Salim Maluf e seu filho Flávio Maluf e do banqueiro-condenado Daniel Dantas, ligado a diversos grupos internacionais e que recebeu do DNPM mais de 1.400 concessões de lavras em todo o território nacional, muitas delas em Minas Gerais.

O movimento pela criação da Niobrás começa a ganhar as mesmas dimensões da campanha nacional que tentou evitar a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, desnacionalizada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o fraudador da dívida externa brasileira segundo o deputado federal Protógenes Queiroz, e que reuniu nas diversas manifestações ocorridas em todo o Brasil setores nacionalistas das Forças Armadas Brasileiras, na ocasião sob a liderança do brigadeiro do ar Ivan Frota e os setores de esquerda. Em Belo Horizontes, integrantes do movimento redigiram e assinaram um documento chamado os Novos Inconfidentes, idealizado pelo ex-secretário de Estado, Celso Brant.

FONTE: http://www.novojornal.com/politica/noticia/criacao-da-niobras-ganha-forcas-e-movimenta-nacionalistas-08-02-2013.html
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Coisas que todos os brasileiros devem ver...Super Condutores –

NIÓBIOhttp://br.youtube.com/watch?v=k8BrIy5a_CE*

As diversas utilizações do Nióbio no mundo.http://br.youtube.com/watch?v=RPrmh_a9vWA

*Produção e Exportação do Nióbio.http://br.youtube.com/watch?v=YxxD-Jg6Pc0

Nióbio - parte 1 - o minério que o mundo precisahttp://www.youtube.com/watch?v=1uSP9OHVOUM&NR=1

Nióbio - parte 2 - o minério que o mundo precisahttp://www.youtube.com/watch?v=Hg9gUX_Nci8&feature=related

FRAUDES NAS EXPORTAÇÕES D NIÓBIO - VIDEOShttp://br.youtube.com/watch?v=P_DTQZOeCkk
http://br.youtube.com/watch?v=u07C-q9Jr2Y&feature=related
http://br.youtube.com/watch?v=xeYT7IIaa8Y&feature=related
http://www.pesquisaapoiada.fapesp.br/pipe/index/base=pipe&action=show&lang=pt&keyword=156
http://www.e-escola.pt/topico.asp?id=554&ordem=7
http://www.patentesonline.com.br/aplicacao-do-niobio-em-banhos-de-fosfatizacao-156221.html


Discurso do General Heleno na TV
TV Bandeirantes entrevista o comandante da Amazônia General Augusto Heleno:http://br.youtube.com/watch?v=XR-Zk0icSOQ&feature=related
Discurso do finado Jefferson Peres
A preocupação do senado em torno do problema da reserva Raposa Serra do Solhttp://br.youtube.com/watch?v=ViqX-AM08rI
A Profecia de Orlando Villas Boas
Indicado duas vezes ao Nobel da Paz explica elucidativamente a estratégia de divisão do nosso território:http://br.youtube.com/watch?v=dA2AcSNHR6U
A resposta em vídeo de Cristovam Buarque
Este vídeo traz o próprio Cristóvão Buarque respondendo sobre a internacionalização da amazônia e comentando sobre o seu famoso texto em resposta aos questionamentos nos USA.
http://br.youtube.com/watch?v=awniNjJ0eC0


Introdução à Supercondutividade, Suas Aplicações e a Mini-Revolução Provocada Pela Redescoberta do MgB2: Uma Abordagem Didática
Introduction to the superconductivity, its applications and the mini-revolution provoked by the rediscovered of the MgB2: a didactic approach

Paulo S. Branício Departamento de Física, Universidade Federal de São Carlos 13565-905, São Carlos, São Paulo

Recebido em 11 de Junho de 2001. Aceito em 29 de Outubro de 2001.


Neste artigo a descoberta da supercondutividade a 39K no MgB2 é discutida de forma didática e conceitual. Para salientar sua importância, a história dos supercondutores é descrita brevemente, desde sua descoberta em 1911 no Hg até os dias de hoje. São apontadas as principais características inerentes ao estado supercondutor e indicadas algumas das suas inúmeras aplicações, que estão representadas em ilustrações. O texto apresenta, então, as mudanças que a descoberta do MgB2 traz ao campo de pesquisa e às aplicações. Da maneira como está apresentado, o texto deve ser de interesse não só da comunidade científica em geral, não especializada em supercondutividade, mas em especial dos professores de física do ensino médio, que poderão se valer do texto em atividades envolvendo tópicos de física contemporânea.
In this article the discovery of the superconductivity at39K in MgB2 is discussed in a didactic and conceptual way. To point out its importance the history of the superconductors is discribed shortly, from its discovery in 1911 in Hg up to nowadays. The main inherent characteristics to the superconductor state are pointed out and some of its applications are indicated and represented in illustrations. The text present then the changes that the MgB2 discovery brings to research and applications. In the way it is written, it is believed the text is of interest not only to the general scientific community, not specialized in superconductivity, but especially to high school physics teachers, that could take advantage of the text in activities involving topics of contemporary physics.


I Introdução à supercondutividade
Supercondutores são materiais que perdem a resistência à corrente elétrica quando estão abaixo de uma certa temperatura. A compreensão dos complexos mecanismos que levam alguns materiais a se comportarem como supercondutores vem intrigando os cientistas há quase um século. Tudo começou com o trabalho de Heike Kamerlingh-Onnes[1], que em 1911 descobriu que o Hg podia transportar corrente elétrica sem nenhuma resistência aparente, como mostrado na Fig. 1. Além disso, esta corrente podia persistir por um tempo indefinido. Onnes conseguiu esse feito trabalhando em seu laboratório de baixas temperaturas em Leiden na Holanda, onde alguns anos antes tinha conseguido liquefazer o hélio pela primeira vez. Ele deu o nome de supercondutividade ao estranho fenômeno. A partir de então, o termo supercondutores vem sendo usado para denotar todos os materiais que, abaixo de uma certa temperatura crítica, Tc, perdem a resistência à passagem de corrente elétrica, além de apresentar outras propriedades. Dois anos após a descoberta, em 1913, Onnes é agraciado com o prêmio Nobel de Física. Em seu discurso, ele observa ainda que o estado supercondutor podia ser destruído aplicando-se um campo magnético suficientemente grande.


A partir da descoberta inicial, a supercondutividade foi sendo procurada em vários materiais e, em especial, nos metais, que são naturalmente bons condutores de eletricidade. Em1929, o Tc recorde estava com o Nióbio em 9.25 K; em 1941 com a liga de Nióbio-Nitrogênio em 16 K; já em 1953 com a liga de Vanádio-Silício em 17.5 K; e daí por diante. Até 1986, o Tc recorde estava com a liga de Nióbio e Germânio em 23.2 K, quando então os supercondutores de alta temperatura foram descobertos. A supercondutividade a baixas temperaturas descrita em 1957 pela teoria BCS, desenvolvida pelos cientistas americanos John Bardeen, Leon Cooper e John Schrieér. Em 1972, eles foram agraciados com o prêmio Nobel de Física em reconhecimento à importância desta teoria. No entanto, mesmo sendo precisa na explicação da supercondutividade a baixas temperaturas em metais e ligas simples, a teoria BCS revelou-se ineficiente na descrição completa da supercondutividade a altas temperaturas, como nas cerâmicas supercondutoras descobertas na década de 80. A primeira delas, La2_xBaxCuO4 foi descoberta por Alex Müller e Georg Bednorz em 1986. Essa descoberta foi de tal importância que mudou notadamente os rumos da supercondutividade. O fato mais marcante foi que a supercondutividade foi descoberta em um material até então considerado isolante, ou seja, que normalmente é um péssimo condutor de eletricidade. Até então, os cientistas não tinham considerado seriamente a possibilidade de um material como este ser um supercondutor, muito menos de ter um Tc maior que o dos metais. No ano seguinte, Müller e Bednorz ganham o prêmio Nobel de Física pela descoberta. De 1987 até hoje, os cientistas passaram a procurar intensamente novas cerâmicas supercondutoras e dezenas delas foram descobertas elevando o valor recorde de Tc a incríveis 138 K para o composto Hg0.8Tl0.2Ba2Ca2Cu3O8.33, a pressão ambiente. Em contrapartida, a procura de novos compostos metálicos supercondutores foi deixada de lado devido ao entusiasmo gerado com as possibilidades abertas com a descoberta dos supercondutores de alto Tc. Em janeiro de 2001, a comunidade científica é sacudida novamente com a descoberta da supercondutividade no composto metálico MgB2, a 39.2 K. Nada menos que 16 K maior que qualquer composto metálico até então conhecido. Para melhor apreciar a importância desta descoberta e como ela está revolucionando o estudo da supercondutividade, vamos entender com mais detalhes algumas características dos supercondutores e algumas de suas aplicações.

A. Supercondutores Tipo 1 e Tipo 2
Os supercondutores são divididos em dois tipos, de acordo com suas propriedades específicas. Os supercondutores do Tipo 1 são formados principalmente pelos metais e por algumas ligas e, em geral, são condutores de eletricidade à temperatura ambiente. Eles possuem um Tc extremamente baixo, que, segundo a teoria BCS, seria necessário para diminuir as vibrações dos átomos do cristal e permitir o fluxo sem dificuldades dos elétrons pelo material, produzindo assim a supercondutividade. Os supercondutores desse tipo foram os primeiros a serem descobertos e os cientistas verificaram que a transição para o estado supercondutor a baixa temperatura tinha características peculiares: ela acontecia abruptamente, veja Fig. 2(a), e era acompanhada pelo efeito Meissner. Esse efeito, que talvez seja a característica mais famosa dos supercondutores, é a causa da levitação magnética de um ímã, por exemplo, quando é colocado sobre um pedaço de supercondutor. A explicação para o fenômeno está na repulsão total dos campos magnéticos externos pelos supercondutores do Tipo 1, o que faz com que o campo magnético interno seja nulo, desde que o campo externo aplicado não seja muito intenso. A maioria dos materiais, como vidro, madeira e água, também repele campos magnéticos externos, o que faz com que o campo no interior deles seja diferente do campo externo aplicado. Esse efeito é chamado de diamagnetismo e tem sua origem no movimento orbital dos elétrons ao redor dos átomos, que cria pequenos "loopings" de correntes. Elas, por sua vez, criam campos magnéticos, segundo as leis da eletricidade e magnetismo e, com a aplicação de campo magnético externo tendem a se alinhar de tal forma que se oponham ao campo aplicado. No caso dos condutores, além do alinhamento do movimento orbital dos elétrons, correntes de blindagem são induzidas no material e cancelam parte do campo magnético no seu interior. Se considerarmos um condutor ideal, ou seja, que não apresenta resistência à corrente elétrica, o cancelamento do campo é total, caracterizando o chamado "diamagnetismo perfeito". Nos supercondutores do Tipo 1, o cancelamento do campo magnético interno também é total, porém esse comportamento é distinto do diamagnetismo perfeito. Como podemos ver na Fig. 3, os supercondutores do Tipo 1, no estado supercondutor, possuem campo magnético nulo no seu interior, mesmo no caso de o campo magnético externo ser diferente de zero antes da transição supercondutora, diferente do comportamento de um condutor ideal.





Praticamente todos os metais são supercondutores do Tipo 1, a temperaturas suficientemente baixas. Entre eles, temos (Tc em Kelvinentre parênteses): Pb (7.2), Hg (4.15), Al (1.175), Ti (0.4), U (0.2), W(0.0154), Rh (0.000325). Curiosamente os melhores condutores disponíveis, que são o ouro (Au), a prata (Ag) e o Cobre (Cu) não são supercondutores.
Já os supercondutores do Tipo 2 são formados por ligas metálicas e outros compostos. As exceções são os metais puros, Vanádio (V), Tecnécio (Tc) e Nióbio (Nb). Em geral, as temperaturas críticas associadas a eles são muito mais altas que as dos supercondutores do Tipo 1, como é o caso das cerâmicas baseadas em óxidos de cobre. No entanto, o mecanismo atômico que leva à supercondutividade neste tipo de supercondutor, até hoje não está completamente desvendado. O primeiro material supercondutor do Tipo 2 descoberto foi uma liga de chumbo e bismuto fabricada em 1930 por W. de Haase J. Voogd. Eles perceberam que a liga apresentava características distintas dos supercondutores convencionais, Tipo 1. A transição para o estado supercondutor era gradual, com a presença de um estado intermediário, como está mostrado na Fig 2(b). Além disso, o efeito Meissner não era perfeito: o material permitia a penetração de algum campo magnético, de modo contrário aos supercondutores do Tipo 1. No estado intermediário, o supercondutor do Tipo 2 apresenta regiões no estado normal, cercada por regiões supercondutoras, como é mostrado na Fig. 4(a). Essas regiões mistas, chamadas de vórtices, permitem a penetração de campo magnético no material, através dos núcleos normais. Conforme a temperatura aumenta, dentro do estado intermediário, os núcleos vão superando as regiões supercondutoras, como é mostrado na Fig. 4(b). Isso acontece até a perda completa do estado supercondutor, quando os núcleos normais se sobrepõem.


Todos os supercondutores de alta temperatura pertencem ao Tipo 2, incluindo-se o recordista atual, que pertence à classe das cerâmicas baseadas em óxidos de cobre (cupretos). A seguir, enumeramos alguns destes compostos com seu respectivo Tc em Kelvin, entre parênteses: Hg0.8Tl0.2Ba2Ca2Cu3O8.33 (138), Bi2Sr2Ca2Cu3O10 (115), Ca1-xSrxCuO2 (110), TmBa2Cu3O7 (101), YBa2Cu3O7+ (93), La1.85Ba.15CuO4 (35), CsC60(40), MgB2 (39.2), Nb3Ge (23.2) e os metais Nb (9.25), Tc(7.8) e V (5.4).
B. Teoria BCS
A teoria que viria a explicar satisfatoriamente a supercondutividade abaixas temperaturas, presente nos supercondutores do Tipo 1, apareceu somente em 1957, graças ao trabalho de John Bardeen, Leon Cooper e Robert Schrieffer. Um ponto chave na teoria criada por eles é a formação de pares de elétrons, conhecidos como pares de Cooper, através de interações com oscilações da rede cristalina. Esta teoria é conhecida hoje como teoria BCS, nome formado com as iniciais dos sobrenomes dos autores, que podem ser vistos na Fig. 5. Os elétrons, assim como todas as partículas com spin fracionário, são chamados de férmions e obedecem ao princípio de exclusão de Pauli, o qual proíbe que duas partículas ocupem o mesmo nível de energia. No entanto, os pares de Cooper se comportam de maneira muito diferente do de elétrons isolados. Eles atuam como bósons, partículas de spin inteiro, podendo se condensar em um mesmo nível de energia. Os pares de Cooper podem ser comparados a duas bolas de boliche nas bordas de um colchão de água, como mostrado na Fig 6. Conforme alguém empurra uma das bolas, o colchão se deforma e a deformação atrai a segunda bola.





Em suma, na teoria BCS, a atração entre pares de elétrons mediada por oscilações da rede cristalina é a responsável pela supercondutividade. Os pares de Cooper formam um condensado que flui sem resistência pelo material e atua expelindo campos magnéticos externos fracos, ocasionando o efeito Meissner. Uma discussão mais detalhada da teoria BCS e dos supercondutores do Tipo 1 pode ser encontrada no artigo de Ostermann et al.[5]
C. Supercondutores a altas temperaturas
Mesmo tendo muito sucesso na explicação da supercondutividade a baixas temperaturas, a teoria BCS não explica satisfatoriamente o fenômeno a altas temperaturas. O primeiro material dessa classe foi descoberto 15 anos atrás e deixou a comunidade científica perplexa, pois a supercondutividade havia sido descoberta em cerâmicas, um material que geralmente é isolante, e o mais impressionante, em torno de 30 K. Os descobridores, George Bednorz e Alex Müller [6], podem ser vistos na Fig. 7. A descoberta se tornou ainda mais surpreendente quando, em novembro de 1986, Paul Chu da Universidade de Houston e Mang-Kang Wu da Universidade do Alabama, descobriram que o YBa2Cu3O7, simbolizado por YBCO e mostrado na Fig. 8, com sua estrutura de camadas, superconduzia a 93 K, ou seja, a temperaturas superiores à temperatura do nitrogênio líquido (77K). Ficou claro naquele ano que uma revolução na Física havia começado. No ano seguinte, em uma sessão especial da reunião de março da Sociedade Americana de Física em Nova Iorque, ocorreu a celebração do começo da nova era da supercondutividade. Este evento, que ficou conhecido como o "Woodstock" da Física, reuniu mais de 3000 pessoas na sala de apresentação principal, com outras 3000 pessoas assistindo em circuito de televisão fechado, do lado de fora. Nos anos seguintes, várias outras cerâmicas supercondutoras foram descobertas, todas baseadas em óxidos de cobre, incluindo aquelas com tálio e mercúrio que hoje apresentam as maiores temperaturas críticas.





II Aplicações de supercondutores
Os supercondutores são materiais muito interessantes para uso em várias aplicações devido às suas propriedades peculiares. A maioria das suas aplicações se vale da resistividade nula, que em alguns aparelhos elétricos é sinônimo de eficiência máxima, como é o caso dos geradores de eletricidade e dos cabos de transmissão, que não têm perda de energia elétrica por calor. Outras aplicações se valem dos altos campos magnéticos que podem ser obtidos e_cientemente com magnetos supercondutores. Os aparelhos de ressonância magnética, por exemplo, assim como os trens flutuantes (Maglev) e alguns aparelhos utilizados no estudo de materias utilizam estes campos. As outras aplicações mais comuns se valem do efeito Meissner.
A. Produção e transmissão de eletricidade
Uma aplicação ideal para os supercondutores seria a transmissão de energia elétrica das estações geradoras para as cidades. Entretanto, isso está longe de ser economicamente viável devido ao alto custo e à dificuldade técnica de se refrigerar vários quilômetros de cabos supercondutores a temperaturas criogênicas, embora cabos de até 45 metros possam ser encontrados em utilização. Cabos de 120 metros, capazes de transportar 100 milhões de watts estão sendo construídos pela empresa americana Pirelli Wire e devem entrar em operação brevemente em uma subestação em Frisbie, Detroit. Na Fig. 9, podemos ver um cabo BSCCO (Bi2Sr2CaCu2O9) resfriado com nitrogênio líquido. Já a construção e utilização de geradores de eletricidade em usinas geradoras têm grande potencial. Como a e_ciência desses geradores é maior que 99% e seu tamanho é a metade daquele dos geradores convencionais feitos de cobre, eles são muito atrativos e várias empresas têm planos para construí-los. A empresa americana General Eletric é uma delas e está atualmente desenvolvendo um protótipo capaz de gerar 100 MVA (megawatt-ampere).


Além de produzir e transmitir eletricidade, os supercondutores podem também ser usados para armazená-la. Existem dois tipos principais de baterias que podem ser construídas. O primeiro tipo é o das SMES (super-conducting magnetic energy storage), veja Fig. 10(a), que podem ser descritas como bobinas gigantes, matendo uma alta corrente, que podem ser usadas quando desejado. O segundo tipo é chamado comumente de "flywheel" e consiste em um ímã permanente em formato cilíndrico, com grande massa, girando com alta velocidade sobre um supercondutor, veja Fig. 10(b). Esta bateria utiliza-se do efeito Meissner, que faz os supercondutores repelirem fortemente qualquer imã permanente.


As baterias supercondutoras são especialmente interessantes na estabilização de redes elétricas, em especial as SMES. Em março de 2000, por exemplo, foi encomendada a fabricação de um conjunto delas SMES para a estabilização da rede do estado de Winconsin - EUA. Um conjunto destas SMES é capaz de reservar mais de 3 milhões de watts para ser usado durante pequenos blecautes.
B. Trem magneticamente levitado (MAGLEV)
Como altas correntes elétricas podem ser mantidas nos supercondutores, altos campos magnéticos podem ser gerados, de acordo com as leis da eletricidade e magnetismo. Uma das aplicações é a levitação magnética que pode ser utilizada em veículos de transporte, como trens, eliminando a fricção com os trilhos. Trens desse tipo podem ser feitos com magnetos convencionais, pois utilizam basicamente atração e repulsão magnéticas na levitação. Entretanto, os magnetos convencionais desperdiçam energia elétrica na forma de calor e precisam ser bem maiores que os magnetos supercondutores para fornecerem os campos magnéticos necessários à levitação. Na década de 90, trens comerciais começaram a ser desenvolvidos principalmente no Japão, onde o desenvolvimento da tecnologia MA-GLEV ganhou apoio maciço do governo. Recentemente o último protótipo desenvolvido, MLX01 (veja Fig. 11), chegou a 552 Km/h em uma composição tripulada, de 5 vagões. Outros trens estão sendo desenvolvidos e devem entrar em operação nos próximos anos na Alemanha e nos Estados Unidos.

C. Ressonância magnética nuclear
Outra aplicação para os altos campos magnéticos obtidos dos supercondutores é a fabricação e utilização de aparelhos de ressonância magnética nuclear (RMN). O princípio de funcionamento desses aparelhos é baseado na ressonância que os átomos de hidrogênio entram na aplicação de campo magnético forte. Os átomos de H presentes nas moléculas de água e de gordura absorvem a energia magnética e a emitem numa freqüencia, que é, detectada e analisada graficamente em um computador. A Fig. 12 mostra uma imagem por RMN. O diagnóstico através de imagens deste tipo tornou-se atualmente um procedimento médico indispensável devido, principalmente, ao desenvolvimento da capacidade de processamento dos computadores, necessária na análise da grande quantidade de dados que é gerada durante os exames.


III Supercondutividade no MgB2
Desde a descoberta da supercondutividade a altas temperaturas em cerâmicas 15, anos atrás, os pesquisadores praticamente ignoraram compostos metálicos simples porque, em geral, superconduzem a temperaturas muito baixas. Assim, foi um choque quando nos primeiros meses de 2001, a comunidade científica tomou conhecimento da descoberta de Akimitsu e seus colaboradores[10]. Um composto intermetálico com Tc = 39K acima de qualquer outra liga metálica, tinha sido descoberto. Segundo Cav[11], o que torna a descoberta ainda mais fantástica é que ela foi feita praticamente ao acaso, por um grupo de cientistas que não estavam interessados em supercondutividade. Akimitsu e seu grupo estavam procurando um material semicondutor similar ao CaB6. Eles tentaram substituir o Ca por Mg, que está logo acima na tabela periódica. Como liga inicial, eles sintetizam o MgB2, um composto simples com o processo de fabricação conhecido desde 1954[12, 13] e vendido por fornecedores de materiais inorgânicos por aproximadamente 3 dólares o grama[14]. Tamanho deve ter sido o susto quando eles descobriram o valor da temperatura crítica do composto.
Segundo o artigo original de Akimitsu et al., as amostras de MgB2 foram preparadas na maneira usual, misturando-se Magnésio em pó (99.9% Mg) e Boro amorfo, também em pó, (99% B) na razão apropriada (Mg:B = 1:2). As amostras foram, então, prensadas e aquecidas a 973 K sob alta pressão de argônio (196 MPa), por 10 horas. Exames da amostra resultante por difração de raio X revelaram a formação da estrutura hexagonal do MgB2, como mostra a Fig. 13. O estado supercondutor foi, então, demonstrado, medindo a resistividade e a magnetização da amostra na presença de campo magnético. Na Fig. 14 podemos ver a susceptibilidade no MgB2. Devido ao efeito Meissner, a amostra se magnetiza na direção oposta ao campo magnético, e portanto a susceptibilidade, que é a razão da magnetização pelo campo magnético, é negativa. Quando o efeito Meissner não é perfeito, os valores da susceptibilidade ficam entre -1 e 0, como é o caso. Na Fig. 15 podemos ver a perda da resistividade a 39 K.








A. Fabricação de MgB2 em pó e dependência isotópica de Tc
Logo após a divulgação da descoberta de Akimitsu et al., vários grupos ao redor do mundo começaram seus estudos para reproduzir e confirmar a descoberta dos japoneses. Entre eles, um grupo de cientistas do laboratório Ames, incluindo Paul Canfield, Doug Finnemore e Sergey Bud'ko[15, 16, 17], conseguiu sistematizar a produção de MgB2 em pó com alta pureza em um processo de duas horas. O processo consistia em misturar Mg (99.9% puro) e B (99.5%) na razão estequiométrica correta em um tubo de Ta, que era então selado em uma ampola de quartzo e colocado em um forno a 950-C. Após duas horas, a ampola era retirada e o material resfriado à temperatura ambiente. Como o ponto de fusão do Mg é de 922 K e o do B é de 2573 K, o processo de fabricação do MgB2 feito a 1222 K (950 -C) acontece com Mg na fase líquida e B ainda na fase sólida. Isso, aliado ao fato de que quando pedaços grandes de B são utilizados a amostra resultante não é homogênea, levou os cientistas a perceberem que a reação se dá pela difusão dos átomos de Mg pelas partículas de B.
Após a sistematização da produção, eles zeram substituições isotópicas. Trocando o isótopo 11B, que forma 80% do Boro presente na natureza, por 10B, eles descobriram que o Tc aumentava em 1.0 K, veja Fig. 16. Essa dependência isotópica de Tc verificada é consistente com a prevista na teoria BCS, ou seja, proporcional a M1/2. Assim, mesmo tendo um Tc incrivelmente grande, o MgB2 é um supercondutor convencional, com os fônons gerados pelos átomos de B mediando a interação entre elétrons na formação dos pares de Cooper.


B. Fabricação de fios
Dados o alto Tc do MgB2 e a abundância dos elementos Mg e B na crosta terrestre, (o magnésio é o oitavo elemento mais abundante na Terra), a questão imediata que fica é se o processo de fabricação de fios é simples e barato, e o principal, se os fios são capazes de transportar altas correntes elétricas. Este, de fato, é o problema principal enfrentando na utilização das cerâmicas supercondutoras em aplicações do dia a dia. Em um trabalho recente, Canfield[15] e colaboradores descrevem um processo de fabricação de fios bem simples e barato, utilizando fibras de Boro e Magnésio fundido, veja Fig.17. Como o ponto de fusão do Mg é de 922 K e o do B é de 2573 K (950-C) leva em conta a alta difusão do Mg pelas fibras de B. As fibras de B são seladas juntamente com Mg em pó, em um tubo de Ta, na razão estequiométrica correta, o tubo é, então, lacrado em uma ampola de quartzo e levado ao forno. Após aproximadamente duas horas de reação, a ampola é removida do forno e resfriada à temperatura ambiente. A aparência deformada dos fios, logo após a retirada do tubo de Ta, pode ser observada na Fig. 18. As fibras flexíveis e retas de B mostram-se deformadas e quebradiças após a reação. Segundo Canfield, os fios eram 80% densos e mostraram resistividade de 9.6 mWcm à temperatura ambiente. Isso quer dizer que, mesmo no estado normal, os fios de MgB2 são bons condutores de eletricidade, melhores até que o chumbo, cuja resistividade é 21mWcm. Os fios podiam ainda transportar correntes de até Jc = 60kA/cm2. O comprimento máximo alcançado foi 5cm, mas fios maiores poderiam ser construídos, considerando-se a proteção externa com revestimento.





C. Vantagens e aplicações em potencial
O entusiasmo com a redescoberta do MgB2 justifica-se por duas razões principais. Primeiro, porque a liga, como vimos anteriormente, superconduz seguindo a teoria BCS[4]. Assim, diferentemente das cerâmicas supercondutoras, a liga parece ser um supercondutor convencional, como a maioria dos metais, mas com uma temperatura surpreendentemente alta. Segundo, porque, sendo uma liga metálica, é grande a expectativa de que ela se torne o material preferido na manufatura de os que são a base para as aplicações do dia-a-dia. Com Tc de 39K, é bem possível que não seja necessária a refrigeração com hélio líquido, o que reduz significativamente os custos das aplicações.
D. Conclusão
Os estudos iniciais do MgB2 indicam que o material tem grande chance de se tornar o supercondutor preferido para aplicações, substituindo as até agora preferidas ligas de Nióbio. Assim, magnetos de alto campo, usados em máquinas de ressonância magnética, trens MAGLEVs, etc; cabos de transmissão; SMES e várias outras aplicações poderão ter seu custo reduzido com o uso do MgB2. Talvez em alguns anos um exame de ressonância magnética, por exemplo, saia pela metade do preço com o uso do MgB2 em vez das ligas de Nióbio.
Além das aplicações imediatas, a descoberta deste novo supercondutor intermetálico, com Tc tão alto, reacendeu a esperança na procura de um supercondutor à temperatura ambiente. Se tomarmos a tendência mostrada na Fig. 19, este sonho não parece estar tão distante. A descoberta da supercondutividade a 39 K no MgB2 é, então, mais uma esperança de que novos supercondutores intermetálicos com Tc recorde sejam descobertos.


References
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[18] P. Dai, B. C. Chakoumakos, G. F. Sun, K. W. Wong, Y. Xin, D.F. Lu, Physica C 243, 201 (1995). [ Links ]

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Histórico: Pesquisa no DEMAR
O Projeto Nióbio
A história do Departamento de Engenharia de Materiais - DEMAR da Escola de Engenharia de Lorena - EEL da Universidade de São Paulo - USP Lorena, iniciou-se em 1975-1976 com uma visão do Dr. José Walter Bautista Vidal, secretário de tecnologia industrial (STI) do então Ministério da Indústria e do Comércio do Brasil - MIC, sobre um programa que aumentasse o valor agregado de produtos originados de minérios dos quais o Brasil possuísse extensas reservas, uma vocação natural do Brasil além da produção de produtos agrícolas e de energia alternativa (energia de biomassa - Programa do Álcool). Para isso, foi buscar competências no País que pudessem propor uma linha de trabalho e montar um programa nacional, mas com alcance mundial, na área de metais especiais.
Suas buscas o levaram, em 1976, a um jovem pesquisador, Dr. Daltro Garcia Pinatti, que vinha desenvolvendo um trabalho pioneiro no Instituto de Física da UNICAMP, em Campinas, SP, cujo foco ia além do aspecto acadêmico: envolvia criar rotas tecnológicas e preparar empreendimentos de porte industrial em metais especiais como o nióbio, tântalo e molibdênio.
A partir do decidido apoio do Dr. Bautista Vidal, foi feita a escolha do Dr. PInatti para coordenar e implantar em Lorena o chamado Projeto Nióbio, cujo objetivo foi desenvolver uma rota tecnológica revolucionária para produzir metais especiais de alto valor agregado, com um custo muito mais baixo do que os então praticados mundialmente, abrindo assim novas possibilidades de aplicações desses metais pela sua disponibilidade em grande escala e por sua viabilidade econômica.
Após o aporte de recursos federais para instalar no atual campus II da EEL USP a planta de fusão e refino de metais refratários em 1978, o desenvolvimento posterior da tecnologia de processamento de metais refratários em escala piloto (capacidade de produção nominal: 40 ton/ano), foi feito dentro de um contrato de prestação de serviços com a maior empresa mineradora de nióbio, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM - detentora da maior mina de minério de nióbio do planeta. Este contrato de prestação de serviços durou cerca de 10 anos, até que a CBMM implantasse a produção industrial de nióbio metálico.
O Projeto Nióbio não se restringia apenas à obtenção do metal. O desenvolvimento tecnológico proposto abrangia as diversas fases do processamento e das aplicações dos metais especiais como um todo, suas ligas e cerâmicas associadas, com especial atenção para a supercondutividade metálica e cerâmica e suas aplicações. O enfoque dos trabalhos era multidisciplinar e integrado, abrangendo desde o tratamento dos minérios, a metalurgia extrativa, até o desenvolvimento de produtos finais e de componentes e equipamentos que requeriam o emprego destes materiais. Os produtos finais, de considerável valor agregado, destinavam-se geralmente a aplicações críticas nas áreas de supercondutividade, geração e transmissão de energia elétrica, transporte e mineração, sendo amplamente empregados na construção de equipamentos para as indústrias química, mecânica, aeronáutica, biomédica e nuclear.
O Projeto Nióbio tinha um caráter supra-institucional e por isso mesmo, a adesão de empresas e institutos de pesquisa nacionais e estrangeiros era incentivada. Foi formada uma rede de ciência e tecnologia em metais especiais e suas aplicações, num período de 3 a 4 anos, com participação do Grupo Peixoto de Castro, que doou à Prefeitura de Lorena uma área de 117.000 m2 no Pólo Urbo-Industrial, em Lorena, para instalação do Projeto Nióbio, que atualmente abriga os edifícios do Campus II da Escola de Engenharia de Lorena - EEL.
No âmbito internacional, menção tem de ser feita para o Acordo Especial em Metais celebrado entre a STI e Ministério da Pesquisa e da Tecnologia da Alemanha (BMFT), coordenado pelo Dr. Klaus Schulze, outro cientista brilhante, que colocou o Projeto em contato com os melhores grupos da Europa em Ciência e Tecnologia em materiais especiais. Os doutores Pinatti e Schulze foram insuperáveis na elaboração das linhas de pesquisa a serem desenvolvidas dentro do Projeto. Em Supercondutividade, de grande importância foi o Acordo Bilateral Brasil - Japão, conduzido pelo Electrotechnical Laboratory, do Ministério de Tecnologia Industrial do Japão - MITI. Todas as linhas de pesquisa criadas dentro desses acordos ainda estão sendo desenvolvidas pelos pesquisadores que atuam no Departamento de Engenharia de Materiais da EEL - USP.
O Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais
Em 1988, um marco importante na diversificação das pesquisas do DEMAR foi a criação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Materiais, PPG-EM, em nível de mestrado e doutorado. A finalidade era criar e renovar o corpo de pesquisadores do Projeto, preparando recursos humanos qualificados para cumprir a fase de desenvolvimento das aplicações dos produtos de metais e ligas especiais. Atualmente o PPG-EM tem 20 anos de existência e possui áreas de concentração em Materiais Metálicos, Cerâmicos e Poliméricos; Supercondutividade Aplicada e Materiais Aplicados ao Meio Ambiente. O PPG-EM é o programa de pós-graduação com melhor avaliação (conceito 5) dentre os congêneres na região do Vale do Paraíba.
O DEMAR, originado do Projeto Nióbio e depois do Centro de Materiais Refratários, conta atualmente com 50 funcionários técnicos e administrativos e 25 docentes doutores, sendo 23 em regime de trabalho de 40 horas e dois docentes em regime de trabalho de 24 horas. Os grupos de pesquisa têm forte interação com instituições de pesquisa no Brasil e no Exterior. As linhas de pesquisa desenvolvidas no DEMAR abrangem Metais e Ligas Especiais, Supercondutividade e Materiais Supercondutores, Cerâmicas Estruturais, Polímeros e Materiais Aplicados ao Meio Ambiente.
O Curso de Graduação de Engenharia de Materiais
Em 1998 foi o ano da criação do curso de graduação em Engenharia de Materiais. A primeira turma se graduou em 2003 e como parâmetro da qualidade alcançada, em 2006 o curso de graduação em Engenharia de Materiais do DEMAR recebeu a nota máxima na avaliação anual que o Governo Federal faz dos cursos oferecidos no País, em todas as áreas do conhecimento. Também nesta avaliação, o aluno da EEL-USP recebeu a maior nota individual dentre todos os cursos de Engenharia de Materiais avaliados.
A graduação e a pós-graduação seguem a mesma filosofia de trabalho originado no Projeto Nióbio: oferecer uma formação profissional pautada na ética e numa visão multidisciplinar da questão dos materiais, aliando Ciência e Tecnologia e fazendo com que os profissionais formados sejam altamente capacitados para atuar em todas frentes acadêmicas e industriais que envolvem a extração, produção, transformação, uso e descarte final dos materiais na natureza.
http://www.demar.eel.usp.br/historico.html
O Nióbio e a "Open"
12.12.2008
Source:
URL: http://port.pravda.ru/science/25569-niobioopen-0
O nióbio (Nb), elemento metálico de filiação magmática, é uma das substâncias de mais baixa concentração na crosta terrestre, pois aparece apenas na proporção de 24 partes por milhão.
Seu número atômico é 41, traduzindo o total de elétrons que orbitam em torno do núcleo, sendo a massa atômica igual a 92.
Aparece, normalmente, em associação com o tântalo (Ta), eis que ambos exibem propriedades químicas bem semelhantes, devido ao fato de terem os respectivos raios iônicos muito próximos (RNb5+= 0,69 angstron e RTa5+= 0,68 angstron), também pela afinidade com o oxigênio (aparecem sempre como óxidos) e, ainda, por se concentrarem em depósitos vulcogênicos ou plutogênicos alcalino-carbonatíticos.
Há dois minérios tradicionais, tanto para o nióbio, quanto para o tântalo. O primeiro deles é a "columbita" ou "niobita", de fórmula geral (Fe,Mn) ( Nb,Ta)2 O6 . A distinção básica entre as variedades ricas em nióbio, daquelas ricas em tântalo, é a densidade. A columbita apresenta uma densidade igual a 5,2, ao passo que a tantalita atinge o valor de 7,95. Ambos são minérios pesados, duros, praticamente inalteráveis e explorados em aluviões. O outro minério de nióbio é o "pirocloro", que também aparece junto com a "microlita", minério de tântalo.
A fórmula geral dos dois minérios pode ser expressa como: A2B2O6 (O,OH,F). No caso, o termo A poderá ser o sódio (Na), o cálcio (Ca), o bário (Ba), o bismuto (Bi), o urânio (U), o tório (Th), o zircônio (Zr), o chumbo (Pb), o antimônio (Sb), o ítrio (Y) e os demais elementos metálicos da série dos lantanídeos, conhecidos como "terras raras" (TR).
O termo B, por seu turno, poderá ser o nióbio ou o tântalo, podendo incluir, também, o titânio (Ti) e o ferro (Fe3+ ). Na sua manifestação menos complexa o pirocloro tem a densidade igual a 4,2 e identifica-se pela fórmula NaCaNb2O6(F,OH). Note-se, por importante, que tanto o pirocloro quanto a microlita podem conter quantidades apreciáveis de minérios de titânio (ilmenita-FeTi O3 e rutilo-Ti O2), de urânio (uraninita - UO2 e, ainda, o cátion U4+ combinado com o anion Nb ou Ta), de tório (uma série de minérios complexos como a betafita, a somarskita, a fergunsonita e a euxenita), além das terras raras.
O nióbio, enfim, é um dos chamados "metais novos", no sentido de que teve a sua utilização realçada pelas tecnologias de ponta surgidas nos últimos anos. A grosso modo, oitenta por cento da produção do nióbio destina-se ao preparo de ligas ferro-nióbio, dotadas de elevados índices de elasticidade e alta resistência a choques, como devem ser os materiais usados em pontes, dutos, locomotivas, etc. Em função das propriedades refratárias e da resistência à corrosão, o nióbio é ainda solicitado para o preparo de superligas, à base de níquel (Ni ) e, algumas vezes, de cobalto (Co), usadas na indústria aeroespacial (turbinas a gás, canalizações etc.), bem como na construção de reatores nucleares e respectivos aparelhos de troca de calor. O nióbio ainda entra na composição das ligas supracondutoras de eletricidade e, mais recentemente, no processo de produção de lentes óticas.
A despeito do baixo índice de concentração na camada externa do planeta, por mais uma generosidade do Criador em relação ao Brasil, quase todo o nióbio existente acha-se armazenado no subsolo pátrio. Das reservas mundiais, medidas e indicadas, que totalizam 5,7 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido, 5,2 milhões concentram-se no território brasileiro.
Os primeiros depósitos nacionais foram detectados em Araxá (MG), Catalão (GO) e Ouvidor (GO). O "Complexo de Araxá", a maior reserva de nióbio, medida e indicada do planeta, foi avaliado em 1982 como um jazimento de 462 milhões de toneladas de pirocloro, com teor médio de 2,5% de óxido de nióbio (Nb2O5). Além do mineral principal, portava ele, na ocasião, 560 milhões de toneladas de fosfato, com teor de 11,8% de pentóxido de fósforo (P2O5), e 800 mil toneladas de terras raras, com 13,5% de óxidos dos elementos metálicos denominados terras raras (fórmula geral: O3TR2).
Em Goiás, os depósitos de Catalão/Ouvidor apresentavam-se, na mesma época, mais modestos em nióbio, com 35 milhões de toneladas de pirocloro, a 1,2% de óxido de nióbio, todavia mais diversificados, pois continham 79 milhões de toneladas de terras raras, a 2% de óxidos de terras raras, 200 milhões de toneladas de anatásio, a 10% de óxido de titânio, 120 milhões de toneladas de fosfatos, a 10% de pentóxido de fósforo e, ainda, 6 milhões de toneladas de vermiculita, a 14%.
Bem mais tarde, na mina de Pitinga, localizada no município de Presidente Figueiredo (AM), onde se achou a maior concentração de estanho (cassiterita) do planeta, foi medida uma reserva de 170 mil toneladas de columbita, portando 351 toneladas de nióbio metálico.
Note-se, todavia, que a dupla columbita-tantalita desponta em numerosas áreas do pré-cambriano amazônico, sempre em aluviões, das quais as mais conhecidas, pela freqüência de garimpeiros, são as do rio Cupixi (Amapá), do Carecuru (afluente do Jarí, Pará), do Uraricoera e do Mucajai, ambos em Roraima. Tanto as reservas, quanto a produção, nesses garimpos, são incógnitas que precisam ser reveladas. Segundo os últimos dados do "Sumário Mineral", edição 2002, publicação oficial do "Departamento Nacional de Produção Mineral", o Brasil detém hoje, 91,1% das reservas mundiais de nióbio, reservas essas medidas e indicadas, como já se mencionou anteriormente.
Seguem-se, na lista de países com reservas expressivas, o Canadá, com 7% do total, a Nigéria, com 1,6%, e a Austrália, com 0,3%. O total mundial foi considerado igual a 5,706 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido nos minérios.
As reservas oficiais brasileiras, segundo a mesma publicação, distribuem-se entre Minas Gerais (Araxá), com 96,3%, Goiás (Catalão e Ouvidor), com 1,0%, e Amazonas (Presidente Figueiredo), com 2,7%. As minas de Araxá, Catalão e Ouvidor (minas são jazidas em fase de lavra) são exploradas a céu aberto, por serem depósitos de caráter secundário ou residual, resultantes que são da concentração do minério principal em decorrência da lixiviação das rochas matrizes, pelos agentes intempéricos. A columbita da mina de Pitinga também pode ser explorada a céu aberto. O mesmo não acontece com a mina de Saint Honoré, no Canadá, que por ser um depósito primário, exige para a lavra, o concurso de elevadores, que chegam à profundidade de 400 metros. A mina de Saint Honoré pertence à empresa "Cambior", de capital totalmente canadense.
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As minas de Araxá têm a titularidade dividida entre a "Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração - CBMM" e a "Companhia de Mineração de Minas Gerais - COMIG", esta última estatal. As duas empresas, todavia, criaram uma terceira empresa, a "Companhia Mineradora de Pirocloro da Araxá - COMIPA", para lavrar, com exclusividade, os minérios de nióbio existentes no município de Araxá, que são destinados ao estabelecimento metalúrgico da primeira empresa.
A "CBMM" tem o capital dividido entre o "Grupo Moreira Sales" e a "Molybdenium Corporation - Molycorp", subsidiária da "Union Oil", por seu turno empresa do grupo "Occidental Petroleum - Oxxi", muito embora seja fácil deduzir a prevalência do grupo alienígena, pelo histórico do banqueiro Walther Moreira Sales, tradicional "homem de palha" de capitalistas estrangeiros, inclusive de Nelson Aldridge Rockefeller, que tanto se intrometeu na política do Brasil.
As minas de Catalão e Ouvidor são exploradas pela "Anglo American of South Africa", estrangeira cem por cento.
Destarte, das três áreas onde se lavra o nióbio, apenas uma, a do Amazonas, está sob controle de empresa nacional. A exploração da columbita da mina de Pitinga, no município de Presidente Figueiredo (AM) está a cargo da "Mineração Taboca", empresa do "Grupo Paranapanema'.
Há, no entanto, um outro jazimento de nióbio, de suma importância, descoberto pelos geólogos do "RADAMBRASIL", no início da década de 70, e posteriormente submetido à pesquisa básica pela "Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM", empresa pública subordinada ao "Ministério de Minas e Energia", que mantém, até hoje, os direitos minerários do ambiente geológico em pauta.
Trata-se do "Carbonatito dos Seis Lagos", chaminé vulcânica localizada a 64 quilômetros a nordeste de São Gabriel da Cachoeira, antiga Vaupés, no alto rio Negro, Amazonas.
Em meio às rochas do "Complexo Guianense" destacam-se, na superfície pediplanada, três estruturas de forma aproximadamente circular, situadas nas proximidades do igarapé Iazinho, afluente do rio Cauaburi. A maior delas, denominada "Seis Lagos", eleva-se a uns 300 metros, exibindo um diâmetro da ordem de 6 quilômetros. As outras duas, situadas ao norte da primeira e dela separadas por distancia pouco superior a 1 quilômetro, medem respectivamente 750 metros e 500 metros de diâmetro.
Carbonatito dos Seis Lagos. As três estruturas circulares destacadas na superfície pediplanada.
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O interesse inicial pelas três estruturas circulares surgiu devido às anomalias radioativas, de fortíssima intensidade, detectadas logo no início do reconhecimento, ocasião em que chegaram a atingir 15.000 cps, limite máximo do cintilômetro em uso (SPP-ZNF). Trabalhos posteriores demonstraram que tais anomalias ultrapassavam a casa dos 35.000 cps, enquanto a média regional era da ordem de 1.300 cps. O emprego de um gama-espectômetro DI-SA-400A permitiu que se concluísse que as anomalias eram causadas pela presença dominante do tório (Th), uma vez que as medições da relação tório-urânio mostraram-se sempre superiores a 4:1.
As pesquisas da "CPRM", outrossim, foram suficientes para revelar que a combinação perfeita do clima, das rochas matrizes e da topografia geraram um depósito excepcional de minérios, notadamente de nióbio, de titânio e de substâncias metálicas do grupo dos lantanídeos (terras raras). Um intenso processo de lixiviação ocorreu nas chaminés, causando um enriquecimento notável das três substâncias citadas, até uma profundidade de 250 metros, a partir dos topos das elevações.
Morro dos Seis Lagos. Um dos lagos, de água preta. Morro dos Seis Lagos. Um dos lagos, de cor castanho-claro, devido aos afloramentos de canga ferruginosa. Infelizmente, as pesquisas no "Carbonatito dos Seis Lagos" só chegaram a medir 38,4 milhões de toneladas de minério de nióbio, com 2,85 de óxido de nióbio contido.
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Todavia, os responsáveis pela pesquisa concluíram que o depósito indicava mais 200,6 milhões de toneladas de minérios, a 2,40% de óxido de nióbio, e permitia inferir outros 2,66 bilhões de toneladas, a 2,84% de óxido de nióbio. Considerando-se válidas as estimativas da "CPRM", o Brasil seria dono de um superdepósito de nióbio, com 2,9 bilhões de toneladas de minérios, a 2,81% de óxido de nióbio, o que representaria 81,4 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido, nada menos do que 14 vezes as atuais reservas existentes no planeta Terra, incluindo aquelas já conhecidas no subsolo do país.
Os minérios de nióbio acumulados no "Carbonatito dos Seis Lagos", somados às reservas medidas e indicadas de Goiás, Minas Gerais e do próprio estado do Amazonas, passariam a representar 99,4% das reservas mundiais.
O nióbio, portanto, é um minério essencialmente nacional, essencialmente brasileiro! Importante assinalar que as mineralizações de nióbio no "Complexo Carbonatítico dos Seis Lagos" são absolutamente incomuns. Lá não está presente o pirocloro, decomposto no intenso processo de lixiviação, mas prevalece uma combina são do óxido de nióbio com o rutilo (óxido de titânio, TiO2) e com os metais denominados "terras raras", notadamente o ítrio (Y) e o cério (Ce). Além disso, o óxido de nióbio ainda aparece na estrutura da hematita ( Fe2O3) e da goethita ( FeO OH) presentes no ambiente geológico.
Note-se que a associação com o rutilo pode resultar em reservas de óxido de titânio tão expressivas quanto às de nióbio, o que poderá tornar a exploração do depósito muito mais atraente. Ademais, avaliações técnicas já confirmaram que o aproveitamento dos minérios dos "Seis Lagos" é perfeitamente viável.
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Afora essa incomparável riqueza, o "Carbonatito dos Seis Lagos" ainda contém a fluorita (CaF2), a apatita [Ca5(PO4)3Cl ou Ca5(PO4)3F], a barita (BaSO4), óxidos e carbonatos de ferro e minerais radioativos, principalmente o tório. Também digno de registro é o fato de que ocorrências de manganês, a noroeste e a nordeste da borda do morro dos "Seis Lagos", permitiram à "CPRM" inferir um volume de 480 mil toneladas de minérios de manganês, a 27% Mn. Os minérios encontrados foram o psilomelano (mMnO. MnO2.nH2O) e a pirolusita (MnO2, quadrático). Nos aluviões dos igarapés que drenam os Carbonatitos é certa a presença de tantalita, columbita, ilmenita, rutilo, wolframita e, possivelmente, diamantes.
A despeito de toda essa fartura de minerais, desde o segundo semestre de 1997 a "Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais - CPRM" vem demonstrando a intenção de leiloar esse ambiente geológico pelo preço vil de 600 mil reais! No final de agosto de 97, por exemplo, o então Presidente da empresa pública anunciou a medida, com o devido alarde, não sem antes proclamar que o fazia por não ser "xenófobo", nem tampouco "militarista". Faltou, apenas, definir-se como "vendilhão da pátria"!
Na ocasião, tive a oportunidade de fulminar a argumentação do "mundano" com uma seqüência de três artigos publicados nos dias 1º, 2 e 3 de setembro, no jornal "Tribuna da Imprensa", sob o título "A Internacionalização da Amazônia". O processo de licitação foi, provisoriamente, suspenso.
Há pouco, no apagar das luzes do governo neoliberal passado, a "C-PRM" voltou à carga, oferecendo a área pelos mesmos 600 mil reais! Por trás dessa decisão antinacional, parece óbvio que paira o interesse do "Grupo Moreira Sales", na ânsia de adquirir os direitos minerários sobre a provável maior jazida de nióbio do planeta, apenas para "sentar-se em cima" da mesma, uma vez que as minas de Araxá, exploradas pela CBMM, sozinhas, têm capacidade para sustentar o atual consumo mundial pelo prazo de 270 anos.
A operação criminosa só não foi consumada, ao que tudo indica, devido ao fato da área em questão achar-se encravada numa dessas reservas fantásticas, separadas para que os silvícolas flanem livremente pela Amazônia brasileira.
Por sinal, esta ocorrência, embora tenha revertido agora em favor do país, demonstra claramente o empirismo, amadorismo e emotividade que imperam no equacionamento dos problemas relacionados com os habitantes primitivos da região. Se a racionalidade e o pragmatismo imperassem na demarcação das reservas para os silvícolas, o "Carbonatito dos Seis Lagos" jamais seria incluído numa delas, tanto pelo fato de não existirem aldeamentos nas suas vizinhanças, quanto pelo valor dos minerais que ele encerra, já conhecido antes da fixação dos limites da reserva. Está faltando competência na condução dos problemas ligados aos brasileiros mais primitivos!
Aliás, é, no mínimo estranho, que a "CPRM" esteja tão apressada em alienar as jazidas dos "Seis Lagos", mesmo tendo consciência das gritantes anomalias radioativas detectadas logo no início das pesquisas. Será que o último governo neoliberal, na calada da noite, revogou os dispositivos legais que vedavam aos particulares a exploração de minerais radioativos?
Esperava-se que a nova equipe governamental, recém-empossada, desse um basta na alienação graciosa dos bens que pertencem a todos os brasileiros. Preocupação extraordinária, entretanto, aflorou às mentes dos patriotas, segmento maior da população, ao tomarem eles conhecimento de que o novo Chefe do Poder Executivo, antes da posse, passara um fim de semana exatamente na casa de hóspedes da "CBMM", em Araxá, empresa que está "de olho grande" nos "Seis Lagos" e que, talvez, por esse motivo, se tenha prontificado a financiar projetos do "Instituto da Cidadania" e do "Programa Fome Zero". As notícias dessa hospedagem apareceram na edição de 5 de novembro de 2002, do prestigioso jornal "Folha de São Paulo".
Afinal, os verdadeiros nacionalistas, isto é, aqueles que não são destros, nem tampouco sinistros, mas apenas brasileiros, já estão integrados no projeto "Tolerância Zero", cujo propósito é o de combater, com todos os meios disponíveis, a desnacionalização do nosso Brasil.
Por isso a preocupação de evitar que o nióbio, minério brasileiro, caia todo nas mãos de grupos estrangeiros, a exemplo do que vem acontecendo com a economia nacional!
Ora, se a disputa pela maior reserva de nióbio da Terra tem como objetivo estabelecer uma "reserva estratégica" para uma empresa vinculada a estrangeiros, que pretende, com tal aquisição, dominar o mercado mundial às custas e à revelia do povo brasileiro, por que então não transformar a área em "Reserva Nacional de nióbio e associados", como previsto no "Código de Mineração" em vigor?
Caso fosse adotado esse caminho, estritamente nacionalista, a própria "CPRM" poderia ser designada para controlar a nova "Reserva Nacional", inclusive com o encargo de concluir o trabalho de pesquisa e, também, de opinar a respeito da oportunidade do aproveitamento dos minérios concentrados no "Carbonatito dos Seios Lagos".
No futuro, quando chegada a hora, então tais jazidas poderiam ser transferidas para grupos privados, todavia nacionais de fato. Em simultaneidade com tal medida, um governo realmente atento aos interesses nacionais, cuidaria de promover a criação da "Organização dos Produtores e Exportadores de Nióbio - OPEN", nos moldes da "OPEP", a fim de retirar da "London Metal Exchange - LME" o privilégio descabido de terminar os preços de comercialização detodos os produtos que contenham o nióbio. Evidente que as posições do Brasil, no novo organismo, seriam preenchidas com agentes governamentais que, não só batalhariam para elevar os preços dos produtos que contém o nióbio, mas, ainda, fixariam as quotas desses materiais destinadas à exportação.
É, realmente, inaceitável que o Brasil se submeta à situação de vassalagem, quando dispõe, em seu próprio território, de mais de 99% das reservas mundiais do mineral em pauta.
Uma atitude corajosa, como a que se está propondo, poderá abrir caminho para uma valorização de todos os minerais que, à exceção dos hidro-carbonetos, depois da criação da "OPEP", são depreciados pelos principais compradores, os países ricos. O valor dos minerais não energéticos, incluindo as substâncias metálicas e não metálicas, em estado bruto, representa apenas 0,7% do "Produto Mundial Bruto", enquanto que os produtos finais, deles derivados, valem cerca de 40% do mesmo indicador.
Há, ainda, dois outros pontos a esclarecer, o primeiro relativo ao valor das jazidas do "Carbonatito dos Seis Lagos" e o segundo a respeito do descaminho de minérios de nióbio.
Circula por aí versão segundo a qual só as jazidas de nióbio dos "Seis Lagos" valem em torno de 1 trilhão de dólares. Difícil descobrir como se pode chegar a tal número, uma vez que a CPRM estima que o "Carbonatito dos Seis Lagos" contenha 81,4 X 106 toneladas de óxido de nióbio, cuja cotação média, em 2001, foi igual a US$15,448.
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O resultado da multiplicação, como é fácil verificar, é igual a US$ 1.257.467.2 00, número quase mil vezes menor do que o propalado valor. Todavia, o valor de uma jazida, para alienação, não se calcula por uma simples operação aritmética, por vários motivos.
O primeiro deles é o investimento necessário para transformar a jazida em mina. O segundo é outro investimento, exigido para montar a usina de beneficiamento dos minérios.
A seguir, há que se levar em conta um determinado prazo para o retorno do capital investido. Ora, sendo o nióbio um metal de liga, seu emprego é deveras limitado, em termos volumétricos. O consumo mundial, em 2002, atingiu o montante de 44.302 toneladas de óxido de nióbio contido nos minérios, tendo sido de 3.000 toneladas/ano a média de crescimento do consumo nos últimos 10 anos. A estimativa para os "Seis Lagos", como já foi visto, é de uma reserva de 81,4 milhões de toneladas de óxido de nióbio contido nos minérios, quantidade essa suficiente para sustentar o atual consumo mundial por 1.837 anos.
Nenhuma empresa estará disposta a bancar um retorno do capital investido em 1.837 anos.
Detalhe importante: o preço justo, para a alienação dos "Seis Lagos" só poderá ser estabelecido depois da conclusão da pesquisa, uma vez que há grande possibilidade de aproveitamento do rutilo, minério de titânio, e de outros minérios disponíveis na chaminé vulcânica, inclusive os radioativos, tório e urânio. Por todas as razões expostas, chega a ser grotesco o preço estipulado pela CPRM, para transferências dos direitos minerários da área.
Num outro devaneio aritmético, fez-se uma mistura de dados e valores absolutamente irreais. O Brasil não é o único produtor de nióbio, como afirma o trabalho que sugeriu um valor estratosférico para os depósitos minerais dos "Seis Lagos". O Canadá, a Nigéria e a Austrália também o são, embora em escala modesta. A seguir, o mundo já consome hoje mais de 40.000 toneladas de óxido de nióbio contido, e não 37.000 toneladas de minério, como consta do mesmo trabalho. Finalmente, as exportações do Brasil, e as dos outros produtores, são restritas a dois produtos: óxido de nióbio e liga ferro-nióbio. As cotações respectivas, no ano de 2001, foram US$15,488 e US$13,197, a tonelada.
Tudo indica que toda a confusão aritmética tenha sido causada pela falta de diferenciação entre "minério", "metal contido" e "substância contida". Minério é a substância natural acumulada nas jazidas, que além do mineral principal, ainda contém outras substâncias não desejadas, inclusive impurezas. A substância contida, no caso o óxido de nióbio, é produto que se obtém depois do primeiro processo de beneficiamento. Em outro estágio de beneficiamento, caso necessário, obter-se-á o metal puro. Cada um tem o seu próprio valor de comercialização, sendo o preço mais baixo o do concentrado de minério e o mais elevado o do metal.
Com relação ao descaminho (e não contrabando, que é a introdução ilegal de bens no interior do país) dos minérios de nióbio poder-se-ia compor um outro trabalho só para levantar todas as possibilidades. Entre 1977 e 1984, enquanto servia na minha região de origem, acompanhei atentamente essas atividades ilegais, mantendo o Poder Executivo bem informado sobre o assunto.
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No período, ao mesmo tempo em que os órgãos oficiais informavam uma produção de ouro compreendida entre 30 e 40 toneladas anuais, avaliou-se, com pequena margem de erro, em 1.250 toneladas a quantidade de ouro descaminhada no período de oito anos que, aos preços praticados na época, teriam carreado para o país uns 20 bilhões de dólares.
Ao mesmo tempo, foi emitido um alerta para o fato do mercado mundial de pedras coradas apresentar um movimento anual de 4 bilhões de dólares. Como era fato conhecido, no mundo inteiro, que 60% das gemas coloridas comercializadas no planeta provinham do Brasil, lógico seria que as exportações oficiais do país superassem, no mínimo, a casa de 1 bilhão de dólares. Isso, depois de efetuar um substancial desconto referente à lapidação do material bruto. No entanto, na ocasião, não chegavam a ultrapassar 100 mil dólares!
Embutidas no "pacote do descaminho" figuravam, com certeza, a columbita e a tantalita, tal a abundância dos dois minérios nas áreas cratônicas da Amazônia brasileira. O descaminho, na época, era tão "risonho e franco" que o "Grupo Ludwig", do Projeto Jarí, chegou a desviar do país, entre 67 e 80, mais de 1,2 bilhão de dólares, em madeiras serradas e em toras, segundo inventário feito por técnicos do "GEBAM" e de acordo com informações colhidas junto aos práticos do rio Jarí, que conduziam os navios do próprio Ludwig, desde Monte Dourado até a confluência com o rio Amazonas. Note-se que o armador norte-americano mantinha bons contatos com altas autoridades governamentais, além de ter dado emprego a outras.
O conhecimento dessas irregularidades obrigou-me a elaborar diversos trabalhos, todos submetidos ao Poder Executivo, propondo medidas para saná-las. A principal sugestão encaminhada, vale relembrar, foi aquela de revigorar a velha estratégia portuguesa aplicada à Amazônia, de tamponamento das vias de acesso à região. Enfatizou-se, então, o "buraco" existente no espaço aéreo, por onde se escoavam os bens mais preciosos, e outros locais de "vazamentos" representados pelas passagens sensíveis existentes nos rios da região, com destaque para a verdadeira foz do rio Amazonas, então denominada "braço norte do rio", e para o rio Içá, por onde transitavam livremente embarcações colombianas.
Vinte anos já decorridos e a situação continua a mesma! Urge, portanto, que se acelerem as providências para impedir que os argumentos lançados por antigo responsável pela "CPRM", "antimilitarismo" e "anti-xenofobismo", sejam novamente usados para que se entregue, de mão beijada, os bens preciosos que o Criador resolveu colocar à disposição dos brasileiros, não para serem repassados aos estrangeiros, mas para que com eles seja edificado um país próspero e feliz, povoado por raça cósmica, modelo de civilização fraterna!
ROBERTO GAMA e SILVA
Contra-Almirante Reformado
Presidente do "Partido Nacionalista Democrático-PND"




Nióbio: A riqueza desprezada pelo Brasil19/02/2008
Países ricos gostariam de tê-lo extraído do seu solo, enquanto o Brasil dispensa pouca importância e esse mineral com tão vastas qualidades e de incontáveis aplicações.
O nióbio, símbolo químico Nb, é muito empregado na produção de ligas de aço destinadas ao fabrico de tubos para condução de líquidos. Como curiosidade, o nome nióbio deriva da deusa grega Níobe que era filha de Tântalo que foi responsável pelo nome de outro elemento químico, tântalo.
O nióbio é dotado de elasticidade e flexibilidade que permitem ser moldável. Estas características oferecem inúmeras aplicações em alguns tipos de aços inoxidáveis e ligas de metais não ferrosos destinados a fabricação de tubulações para o transporte de água e petróleo a longas distâncias por ser um poderoso agente anti-corrosivo, resistente aos ácidos mais agressivos, como os naftênicos.
Inúmeras são as aplicações do nióbio, indo desde as envolvidas com artigos de beleza, como as destinadas à produção de jóias, até o emprego em indústrias nucleares. Na indústria aeronáutica, é empregado na produção de motores de aviões a jato, e equipamentos de foguetes, devido a sua alta resistência a combustão. São tantas as potencialidades do nióbio que a baixas temperaturas se converte em supercondutor.
O elemento nióbio recebeu inicialmente o nome de "colúmbio", dado por seu descobridor Charles Hatchett, em 1801. Não é encontrado livre no ambiente, mas, como niobita (columbita). O Brasil com reserva de mais de 97%, em Catalão e Araxá, é o maior produtor mundial de nióbio e o consumo mundial é de aproximadamente 37.000 toneladas anuais do minério totalmente brasileiro.
As pressões externas que subjugam o povo brasileiro
Ronaldo Schlichting, administrador de empresas e membro da Liga da Defesa Nacional, em seu excelente artigo, que jamais deveria ser do desconhecimento do povo brasileiro, chama a atenção sobre a "Questão do Nióbio" e convoca todos os brasileiros para que digam não à doutrina da subjugação nacional. Menciona que a história do Brasil foi pautada pela escravidão das sucessivas gerações de cidadãos submetidos à vergonhosa doutrina de servidão.
Schlichting, de forma oportunista, desperta na consciência de todos que "qualquer tipo de riqueza nacional, pública ou privada, de natureza tecnológica, científica, humana, industrial, mineral, agrícola, energética, de comunicação, de transporte, biológica, assim que desponta e se torna importante, é imediatamente destruída, passa por um inexorável processo de transferência para outras mãos ou para seus 'testas de ferro' locais".
Identificam-se, nos dizeres do membro da Liga de Defesa Nacional, as estratégias atualmente aplicadas contra o Brasil nesta guerra dissimulada com ataques transversais, característicos dos combates desfechados durante a assimetria de "4ª Geração". Os brasileiros têm que ser convencidos de que o Brasil está em guerra e que de nada adianta ser um país pacífico. Os inimigos são implacáveis e passivamente o povo brasileiro está assistindo a desmontagem do país. Na guerra assimétrica, de quarta geração de influências sutis, não há inicialmente uso de armas e bombardeios com grande mortandade. O processo ocorre de forma sub-reptícia, com a participação ativa de colaboracionistas, entreguistas, corruptos, lobistas e traidores. O povo na sua esmagadora maioria desconhece o que de gravíssimo está ocorrendo na sua frente e não esboça nenhum tipo de reação. Por trás, os países hegemônicos, mais ricos, colonizadores, injetam volumosas fortunas em suas organizações nacionais e internacionais (ONGs, religiosas, científicas, diplomáticas) para corromperem e corroerem as instituições e autoridades nacionais para conseqüentemente solaparem a moral do povo e esvaziar a vontade popular. Este tipo de acontecimento é presenciado no momento no Brasil.
As ações objetivas efetuadas
A sobretaxação do álcool brasileiro nos EUA; as calúnias internacionais sobre o biodiesel; a não aceitação da lista de fazendas para a venda de carne bovina para a União Européia (UE); a acusação do jornal inglês "The Guardian" de que a avicultura brasileira estaria avançando sobre a Amazônia; as insistentes tentativas pra a internacionalização da Amazônia; a possível transformação da Reserva Indígena Ianomâmi (RII), 96.649Km2, e Reserva Indígena Raposa Serra do Sol (RIRSS), 160.000Km2, em dois países e o conseqüente desmembramento do norte do Estado de Roraima e incontáveis outras tentativas, algumas ostensivas, outras insidiosas. Elas deixam claro que estamos no meio de uma guerra assimétrica de quarta geração, que o desfecho poderá ser o ataque de forças armadas coligadas (OTAN), lideradas pelos Estados Unidos da América do Norte.
É importante chamar a atenção dos brasileiros para o fato de que a RII é para 5.000 indígenas e que a RIRSS é para 15.000 indígenas. Somando as duas reservas indígenas dão 256.649Km2 para 20.000 silvícolas de etnias diferentes, que na maioria nunca viveram nas áreas, muitos aculturados e não reivindicaram nada. Enquanto as duas reservas indígenas somam 256.649Km2 para 20 mil almas, a Inglaterra com 258.256Km2 abriga uma população de aproximadamente 60 milhões de habitantes.
Esta subserviência do Brasil vem de longa data conforme pontifica Ronaldo Schlichting. Ela vem desde "o Império", sendo adotada já no alvorecer da "República" e pode ser exemplificada por "ONGs, fundações, igrejas, empresas, sociedades, partidos políticos, fóruns, centro de estudos e outras arapucas".
As diversas aplicações do Nióbio
Entre os metais refratários, o nióbio é o mais leve prestando-se para a siderurgia, aeronáutica e largo emprego nas indústrias espacial e nuclear. Na necessidade de aços de alta resistência e baixa liga e de requisição de superligas indispensáveis para suportar altas temperaturas como ocorre nas turbinas de aviões a jato e foguetes, o nióbio adquire máxima importância. Podem ser exemplificados outros empregos do nióbio na vida moderna: produção de aço inoxidável, ligas supercondutoras, cerâmicas eletrônicas, lente para câmeras, indústria naval e fabricação de trens-bala, de armamentos, indústria aeroespacial, de instrumentos cirúrgicos, e óticos de precisão.
O descaso nas negociações internacionais
A Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), a maior exploradora mundial, do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp, em Araxá, exporta 95% do nióbio extraído de Minas Gerais.
Segundo o artigo de Schlichting, que menciona o citado no jornal Folha de São Paulo, 5 de novembro de 2003: "Lula passou o final de semana em Araxá em casa da CBMM do Grupo Moreira Salles e da multinacional Molycorp..." E, complementa que "uma ONG financiou projetos do Instituto Cidadania, presidido por Luiz Inácio da Silva, inclusive o 'Fome Zero', que integra o programa de governo do presidente eleito".
O Brasil como único exportador mundial do minério não dá o preço no mercado externo, o preço do metal quase 100% refinado é cotado a US$ 90 o quilo na Bolsa de Metais de Londres, enquanto que totalmente bruto, no garimpo o quilo custa 400 reais. Na cotação do dólar de hoje (R$ 1,75), R$ 400,00 = $ 228,57. Portanto, $ 228,57 - $ 90,00 = $ 138,57. Como conclusão, o sucesso do governo atual nas exportações é "sucesso de enganação". O brasileiro é totalmente ludibriado com propagandas falsas de progressos nas exportações, mas, em relação aos negócios internacionais, de verdadeiro é a concretização de maus negócios.
Nas jazidas de Catalão e Araxá o nióbio bruto, extraído da mina, custa 228,57 dólares e é vendido no exterior, refinado, por 90 dólares. Como é que pode ocorrer tal tipo de transação comercial com total prejuízo para a população do país? É muito descaso com as questões do país e o desinteresse com o bem-estar do povo brasileiro. Como os EUA, a Europa e o Japão são totalmente dependentes do nióbio e o Brasil é o único fornecedor mundial, era para todos os problemas econômicos, a liquidação total da dívida externa e de subdesenvolvimento serem totalmente resolvidos.
Deve ser frisada a grande importância do nióbio e a questão do desmembramento de gigantescas fatias de territórios da Amazônia, ricas deste metal e de outras jazidas minerais já divulgadas. As pressões externas são demasiadas e visam à desmoralização das instituições brasileiras das mais diversas formas, conforme pode ser comprovado nas políticas educacionais e nos critérios de admissão de candidatos às universidades. Métodos que corrompem autoridades destituídas de valores morais são procedimentos que contribuem para a desmontagem do país. Uma gama extensa de processos que permitam os traidores obterem vantagens faz parte para ampliar a divulgação da descrença, anestesiando o povo, dando a certeza de que o Brasil não tem mais jeito.
A questão do nióbio é tão vergonhosa que na realidade o mundo todo consome l00% do nióbio brasileiro, sendo que os dados oficiais registram como exportação somente 40%. Anos e anos de subfaturamento tem acumulado um prejuízo para o país de bilhões e bilhões de dólares anuais.
Ronaldo Schlichting, no seu artigo publicado, ressalta que "no cassino das finanças internacionais o jogo da moda é chamado de 'mico preto', cujo perdedor será aquele que ao fim do carteado ficar com a carta do mico, denominada dólar". É, devido à incompetência do governo brasileiro e do ministro da Fazenda, quem ficou com o mico preto foi o povo brasileiro, o papel pintado, falso, sem valor, chamado de dólar.
O que está ocorrendo é que o Brasil está vendendo todas as suas riquezas de qualquer jeito e recebendo o pagamento em moeda podre, sem qualquer valor, ficando caracterizada uma traição ao país e ao povo brasileiro.
Edvaldo Tavares -
Tenente-Coronel Médico do Exército Brasileiro e especialista e Perito em Medicina de Tráfego (ABRAMET). Autor do livro "Sucesso na vida é para qualquer um. Inclusive para você!".

Nióbio é do Brasil
NIÓBIO na CPI Comercialização de metais não-ferrosos no governo do PT: Na CPI dos Correios, o Sr. Marcos Valério deixou escapar "que levou o pessoal do BMG ao Sr. José Dirceu para negociarem nióbio". O nióbio é um mineral também utilizado na construção de foguetes, armas e equipamentos cirúrgicos. Pois saibam que 90% do nióbio comercializado no mundo é brasileiro, mas oficialmente exportamos só 40% do produzido. CADÊ a DIFERENÇA? Subfaturamento e prejuízo de bilhões de dólares aos cofres brasileiros. Logo após o assento do PT no governo nacional, o Presidente Lula decreta a criação da Reserva "Indígena" Raposa Serra do Sol. Localização: Nordeste do Estado de Roraima (RR), na fronteira com a Guiana e a Venezuela. Com extensão de 1.678.800 hectares, habitada por 15 mil indígenas pertencentes aos povos Macuxi, Wapichana, Ingaricó, Tauirepang e Patamona e organizados num total de 170 aldeias. E é de se estranhar mais ainda que os índios se rebelaram, pegaram em armas e fizeram policiais federais como reféns, EXIGINDO o cancelamento do decreto que criaria tal reserva. Perguntinha ingênua: Mas não seriam os índios que estariam exigindo a criação da reserva? Ganha uma das maiores reservas do mundo de urânio e nióbio quem souber responder... Em entrevista, o Secretário de Turismo da cidade de Araxá relatou a importância do nióbio: "Para que vocês tenham uma idéia, os requintados hotéis da cidade vivem abarrotados, não só pelos turistas que visitam a cidade em razão do balneário, da lama medicinal. Os hotéis ficam lotados de americanos, japonezes, europeus, canadenses, árabes e endinheirados do mundo inteiro atrás desse tal de nióbio... eles precisam dele para mil e uma utilidades... principalmente para a fabricação de turbinas de aviões". Abóboda no Hotel Tropical de Araxá A maior reserva do mundo de nióbio está na cidade mineira de Araxá. Seu prefeito atual foi eleito pela interessante e inusitada coligação de 14 partidos políticos. NIÓBIO, palavra proibida aos brasileiros! O nióbio é um metal prateado claro, brilhante, dúctil, resistente à corrosão e temperaturas elevadas. Grupo 5 da Tabela Periódica. Da mitologia grega: Níobe, filha de Tântalo. Foi descoberto por Charles Hatchett em 1801. Hatchett na foto acima, encontrou o elemento no mineral columbita enviado para a Inglaterra em torno de 1750 por John Winthrop , que foi o primeiro governador de Connecticut. Devido a semelhança, havia uma grande confusão entre os elementos nióbio e tantálio que só foi resolvido em 1846 por Heinrich Rose e Jean Charles Galissard de Marignac que redescobriram o elemento. Desconhecendo o trabalho de Hatchett Since denominou o elemento de nióbio. Em 1864 , Christian Blomstrand foi o primeiro a preparar o elemento pela redução do cloreto de nióbio , por aquecimento, numa atmosfera de hidrogênio. . “Columbium” foi o nome dado originalmente ao elemento nióbio por Hatchet, porém, a IUPAC adotou oficialmente o nome “niobium" em 1950, após 100 anos de controvérsias. Muitas sociedades químicas e organizações governamentais referem-se ao elemento 41 pelo nome IUPAC. Entretanto, a maioria dos metalurgicos e produtores comerciais do metal, principalmente americanos , adotam o seu nome original colúmbio. a CBMM e Araxá A CBMM - Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração, fundada em 1955, é uma empresa privada dedicada à extração, processamento, fabricação e comercialização de produtos a base de niobium. Cidade de Araxá/ BR. Uma conta de participação nos lucros entre a estatal CODEMIG e a CBMM garante a exploração racional do depósito de nióbio próximo à cidade de Araxá/ MG. O contrato concede 25% de participação nos lucros operacionais da CBMM ao governo do estado de Minas Gerais. Desde 1961, a CBMM extraiu 15,5 milhões de toneladas de minério destas reservas, com uma taxa média anual de 800.000 toneladas. A CBMM é a única produtora de nióbio com presença em todos os segmentos de mercado. Com subsidiárias na Alemanha, a Niobium Products Company Gmbh, em Dusseldorf; na América do Norte, a Reference Metals Company Inc, em Pittsburgh e na Ásia, a CBMM Ásia Co. Ltd. em Tóquio.

Utilização do NIÓBIO
O nióbio é empregado na fabricação de: * Ligas e super ligas que operam a altas temperaturas em turbinas de aeronaves a jato, supercondutores e magneto-permanentes; * Fundição de ferro e em ferramentas de aço, conferindo maior dureza e resistência; * Tubulações de grande porte para gás e óleo; * Eletroldo e solda elétrica; * Aço inoxidável; * Na construção naval, reduz o peso da embarcação mantendo a mesma capacidade de carga; * Em sistemas avançados de fornecimento de ar, como os utilizados no programa espacial "Gemini"; * Na indústria automobilística, em peças de aço estrutural de alta resistência; * Quando adicionado ao aço inoxidável é utilizado em sistema de escapamento dos automóveis; * Na produção de ligas superondutoras de nióbio-titânio usadas na fabricação de magnetos para tomógrafos e ressonância magnética; * Em cerâmicas eletrônicas e em lentes de câmeras; A aplicação mais importante do nióbio é como elemento de liga para conferir melhoria de propriedades em produtos de aço, especialmente nos aços de alta resistência e baixa liga. Brasil, um país mal amado! O nióbio é vendido no mercado mundial a R$400,00 o kg, enquanto que um metro linear de chapa para ser utilizada em aeronaves é comercializada a US$ 50.000,00, sem falar quanto à sua utilização nas missões espaciais em todo o mundo. Face à gravidade dos fatos apresentados a cerca do futuro da NOSSA AMAZÔNIA e da suposta evasão de divisas decorrentes da exploração do NIÓBIO, encaminhei e-mail à Corregedoria Geral da Polícia Federal/DF, Promotoria de Justiça do Estado de São Paulo, ao Depto. de Jornalismo da TV Senado e rádio CBN. Minha geração nasceu para trabalhar para não conseguir pagar se quer os juros da nossa dívida externa, enquanto que as nossas riquezas estão sendo saqueadas bem debaixo dos nossos olhos e os impostos se multiplicando. Quem se lembra da Serra Pelada? Onde foi parar todo aquele ouro suficiente para pagar TODA a dívida externa do Brasil? E para onde vai TODO o MINÉRIO de FERRO do Pará? Será que não seria conveniente montar uma siderúrgica para fazer ao menos um pouco chapa de aço, gerando renda e emprego aos brasileiros, ao invéz de se mandar todo o minério em estado bruto para o exterior? Ou esta é mais uma história do saudoso Páu-brasil? Até quando este país mal amado, continuará sendo saqueado?
criado por palma.honorio
Nióbio: exportar commodities até quando?
http://www.youtube.com/watch?v=IJ6hkZ-SFFo
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veja se acorda o povo daí, depois manda os dividendos... sabe como é né, ganho por hora aula...
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se tiver uma fazendinha aí a preço módico, me avisa, vai que encontro um poço a mais e nióbio....
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Dependência de nióbio é causa de preocupação de Washington
Brasil é responsável por 87% das importações americanas do minério - usado até mesmo em projetos espaciais

A grande dependência do nióbio brasileiro deve explicar, segundo especialistas, a preocupação do governo dos Estados Unidos com relação à segurança das minas do País. O Brasil detém 98% das reservas e 91% da produção mundial do minério, usado para a fabricação de aços especiais.

Os Estados Unidos não produzem o minério.

Relatório anual do Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês) aponta que o Brasil tem reservas de 2,9 milhões de toneladas de nióbio, com uma produção acumulada de 57 mil toneladas em 2009. O País foi responsável, no ano passado, por 87% das importações americanas do mineral.

O documento indica que a maior economia do mundo continuará dependente do nióbio brasileiro. "As reservas domésticas (dos Estados Unidos) de nióbio têm baixa qualidade, algumas complexas do ponto de vista geológico, e muitas não são comercialmente recuperáveis", diz o texto, publicado em janeiro. Segunda maior reserva, o Canadá é responsável por apenas 7% da produção mundial.

Procuradas pelo Estado, as empresas responsáveis pelas minas citadas no documento divulgado pela WikiLeaks não se pronunciaram sobre o assunto. A CBMM, do grupo Moreira Salles, e a Anglo American são as duas grandes produtoras de nióbio no País, operadoras das minas de Araxá e de Goiás, respectivamente.

O Brasil é também um grande produtor de manganês, o que explica a inclusão do produto na lista dos ativos brasileiros importantes. Segundo documento da USGS referente a esse mineral, o Brasil teve a quarta maior produção em 2009, ano em que foi responsável por 5% das importações americanas da commodity. Os Estados Unidos não produzem manganês desde a década de 70, também por causa da baixa qualidade das jazidas domésticas.

A lista divulgada pela WikiLeaks inclui a produção de minério de ferro pela "mina Rio Tinto", que não tem mais ativos brasileiros nesse segmento. A companhia operava uma mina em Corumbá, no Mato Grosso do Sul, que foi vendida à Vale do Rio Doce do ano passado. Nenhuma das empresas comentou a inclusão do projeto na lista.

PARA ENTENDER

O nióbio, um metal nobre descoberto em 1801, é usado para a fabricação de peças inoxidáveis e em outras ligas de metais não-ferrosos, como as utilizadas em oleodutos e gasodutos. Por suas propriedades, também é largamente utilizado em indústrias nucleares. Grande quantidade de nióbio é utilizada em superligas para a fabricação de motores de jatos e subconjuntos de foguetes - equipamentos que necessitam de alta resistência à combustão. Pesquisas avançadas com este metal foram utilizados no programa Gemini, da Nasa.



COREIA DO NORTE: DIREITO A AUTODEFESA COM DISSUASÃO NUCLEAR

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Coreia Popular afirma direito a autodefesa com dissuasão nuclear... 

para entenderem bem o que é isso, já que nem todos sabem realmente o que é BOMBA atômica e de hidrogÊnio, assistam, mas devo avisá-los que há coisa melhor, HAARP...

Pelicula de la Bomba Atomica


Documentário - Guerra Climática - HAARP e CHEMTRAILS

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) tornou pública, na noite desta terça-feira (12.02 2013), uma declaração explicativa sobre o teste nuclear realizado pelo país e divulgada nesta segunda-feira (11), o que causou inquietude por parte da comunidade internacional. O Portal Vermelho divulga a íntegra da nota abaixo: 

"O terceiro teste nuclear subterrâneo da RPDC é uma medida de autodefesa frente ao ato hostil dos EUA contra si. O lançamento bem-sucedido de dezembro do ano passado da unidade Nº 2 de satélite "Kwangmyongsong-3" foi inteiramente um esforço pacífico realizado segundo o plano de desenvolvimento da ciência e da tecnologia para a construção da economia e a melhoria da vida do povo.
 

Todo o mundo, inclusive os países inimigos, reconheceu a entrada do satélite de uso prático da RPDC em órbita prevista e ficou admirado ante ao desenvolvimento da sua tecnologia espacial. Entretanto, os Estados Unidos voltaram a instigar e aprovar a nova “resolução de sanção” do Conselho de Segurança da ONU questionando o lançamento do satélite da RPDC, qualificada de violação das “resoluções” do Conselho de Segurança.

 
A violação do direito a lançar satélites é precisamente o dano à soberania da RPDC, razão pela qual nunca se tolerará tal ato hostil. Em realidade, não era imprescindível fazer o teste nuclear, e nem tínhamos tal plano. Nosso poder nuclear dissuasivo é capaz de aniquilar de uma só vez os ninhos principais de agressão, golpeando-os com precisão onde quer que estejam nesta Terra.
 

Foi nossa meta concentrar nossas forças na construção econômica e na melhora da condição de vida da população apoiando-nos no poder nuclear dissuasor e de autodefesa, preparado pelos generalíssimos por toda a vida. Quando os EUA instigaram a aprovação, em abril passado, da “declaração presidencial” que questiona o lançamento de satélites com fins pacíficos da RPDC, e abusando do Conselho de Segurança da ONU, a RPDC mostrou seu autocontrole.


Mas o império infringiu flagrantemente, outra vez, nosso direito de lançar o satélite, e levou à prática, antes de qualquer outro país, a “resolução de sanção” do Conselho de Segurança, ao invés de se retratar; a recrudescente hostilidade nos obriga a deixar de manter a paciência.

O objetivo principal de o atual teste nuclear é demonstrar a indignação do nosso exército e povo ante o ato hostil criminoso dos EUA, à vontade e a capacidade da Coreia de Songun de defender a todo custo à soberania do país.


Nosso teste nuclear é uma medida justa de autodefesa que não contravém qualquer lei internacional. Já faz muito tempo que o império colocou a RPDC na lista de alvos de golpes nucleares preventivos; enfrentar, através do poder nuclear dissuasivo, a essa recrudescente ameaça nuclear dos EUA é uma medida de autodefesa absolutamente justa.


A fim de salvaguardar o máximo interesse do país, a RPDC retirou-se do Tratado de Não Proliferação (TNP) seguindo o processo legítimo, e optou pela via de dispor-se do poder nuclear dissuasor para autodefesa.Na história de mais de 60 anos da ONU, se realizaram na Terra mais de 2 mil testes nucleares e mais de 9 mil lançamentos de satélites, mas não houve qualquer resolução do Conselho de Segurança que proibisse fazê-los.

O império, que realizou o maior número de testes nucleares e lançamentos de satélites, instigou a aprovação da “resolução” do CS que não permite fazê-los só à RPDC, o que advém da violação dos direitos internacionais e do clímax da pauta de dois pesos e duas medidas.


Se o Conselho de Segurança da ONU tivesse agido com a mínima equidade, não teria questionado o exercício da autodefesa e as atividades da ciência e tecnologia com fins pacíficos de um país soberano sem a política de golpe nuclear preventivo dos EUA, que ameaça a paz e a segurança internacionais.

O presente teste nuclear advém da primeira contramedida tomada pela RPDC, que se mantém no máximo controle de si mesma. Se os Estados Unidos criam uma situação complicada e tomam até o fim medidas hostis contra a RPDC, esta não poderá fazer menos que tomar sucessivamente a segunda e a terceira contramedidas.


Os registros dos navios de guerra e o bloqueio marítimo de que falam tanto as forças hostis serão consideradas ações de guerra e provocarão um golpe de represália impiedoso por parte da RPDC aos ninhos principais. Os Estados Unidos devem optar por um dos dilemas: respeitar o direito ao lançamento de satélite da RPDC, para abrir a conjuntura de alívio e estabilidade; ou seguir tomando o atual caminho errôneo em direção à tensa situação, perseguindo até o fim a política hostil contra a RPDC. Caso escolha o caminho de confrontação, o mundo verá corretamente como defenderão até o fim os uniformizados e os civis da RPDC a sua dignidade e soberania no combate de vida ou morte entre a justiça e a injustiça e com isso, acolherão com o triunfo final, o grande evento revolucionário da reunificação da pátria".


Com informações do Conselho da Embaixada da República Popular Democrática de Coreia no Brasil.
Fonte: vermelho.org

. O JULGAMENTO IMORAL DE BRADLEY MANNING: WIKILEAKS

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Bradley Manning Tells Court Public Have the Right to Know About US War Cr
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PAUL JAY, editor sênior de TRNN: Michael Ratner, advogado de Wikileaks, assistiu à audiência, ontem, em que Manning falou, em tom firme, com inteligência e confiança, detalhando as inúmeras brutalidades às quais assistiu e que o levaram a enviar os documentos que, sim, enviou a Wikileaks. Aqui, Michael Ratner fala à TRNN e conta o que viu.

Michael, que fala conosco de New York City, é presidente emérito do Centro de Direitos Constitucionais; é presidente do Centro Europeu pelos Direitos Humanos e Constitucionais em Berlim; é o advogado que defende Julian Assange nos EUA; e também é membro do conselho editorial de The Real News Network. Obrigado pela entrevista.
MICHAEL RATNER: É um prazer estar com você, Paul.

JAY: Você ontem viveu dia muito fortemente emocionante, assistindo ao julgamento histórico de Bradley Manning. O que aconteceu lá?

RATNER: Fui cedo para Fort Meade, e foi coisa de dia inteiro. Bradley Manning estava na sala do tribunal. A maior parte de imprensa foi direcionada para um auditório, e só uns poucos – eu também, mas não sou jornalista – fomos autorizados a entrar na sala em que Bradley Manning depôs. Foi dia especial, porque o advogado de Bradley Manning e o próprio Bradley decidiram que Bradley se declararia culpado em algumas das acusações, com penas menores; mas não nas acusações de espionagem e colaboração com o inimigo..

Fato é que, para mim, no plano emocional, foi um dia devastador. No fim do dia, sentia-me uma ruína, emocionalmente devastado. Mas, ao mesmo tempo... Quem lá estava viu, afinal, quem é Bradley Manning. É um herói. Um desses raros homens que, diante de um crime para o qual todos fecham os olhos, encontra o que fazer e age.

Tecnicamente, Bradley, hoje, declarou-se culpado em nove acusações. E, quando o acusado se declara culpado, a corte tem de ter certeza de que o acusado entende perfeitamente o que está fazendo, que entende a natureza da confissão de culpa. Então, a corte pede ao acusado que narre detalhadamente as próprias ações. Bradley Manning declarou-se culpado de distribuir, ou de transferir a WikiLeaks (que são meus clientes), todos os documentos dos chamados “Iraq War Logs”, dos “Afghan war logs”, o vídeo “Collateral Murder”, telegramas do Departamento de Estado, os 13 telegramas de Reykjavik, etc.. Mas o mais interessante, nessa admissão de culpa em nove acusações, foi que a juíza permitiu que Bradley lesse uma declaração de cerca de 30 laudas. A leitura durou duas, quase três horas. E esse documento, sim, permitiu ver que tipo de homem é Bradley Manning. Foi declaração profunda, imensamente emocionante.

Começa com quando ele se alistou no exército; fala depois de sua primeira missão no Iraque. E essa primeira missão já foi associada a algo que se conhece como SigAct, abreviatura de “atividades significativas”: são os relatórios diários de tudo que acontece em campo. E Bradley, quanto mais lia aqueles relatórios, mais perturbado se sentia com o que via acontecer no Iraque: número de mortos, número de... Bradley disse que entendeu rapidamente que estavam assassinando pessoas cujos nomes constavam de uma ‘'lista de matar'’. Que absolutamente não estavam ajudando a salvar ninguém. E conta que concluiu que teria de haver discussão muito séria sobre a contrainsurgência: se existe para ajudar alguém ou para ferir inocentes e matar alvos predefinidos.

Ao mesmo tempo em que trabalhava com os arquivos da guerra do Iraque – era parte do seu trabalho – trabalhava também com os arquivos da guerra do Afeganistão, material muito semelhante, condições semelhantes, locais semelhantes. Todos esses arquivos passaram pelas  mãos de Bradley.


Também ao mesmo tempo, ouviu falar da organização WikiLeaks. E ouviu falar de WikiLeaks porque WL acabava de divulgar – nem lembro quantas dezenas de milhares de SMSs, aquele, com as mensagens de texto de pessoas que estavam dentro do World Trade Center quando foi atacado. Assim, ele tomou conhecimento da existência de WikiLeaks. Em seguida fez algumas pesquisas pelo computador, e descobriu que, em 2008, havia um documento do governo dos EUA sobre como desmontar a organização WL.

Quer dizer... Foram dois processos: Bradley lendo os arquivos da Guerra do Iraque, os arquivos da Guerra do Afeganistão e, em seguida, fazendo contato, como fez, com WikiLeaks.

Mas, no início, só havia os arquivos da Guerra do Iraque e os arquivos da Guerra do Afeganistão, e Bradley cada vez mais perturbado com o que lia. De início, não fez qualquer movimento. Mas, em certo momento, ele viajou aos EUA já com todos aqueles arquivos baixados em seu computador, acho, ou num CD, talvez num pequeno cartão para transporte de dados. Estava em Maryland. Nevava muito. Bradley não conseguia decidir-se sobre o que fazer com os arquivos. Falou sobre eles com um amigo, seu namorado, pelo menos durante algum tempo, e perguntou a ele “o que você faria se tivesse com você coisas que todos os norte-americanos têm de ver?” O rapaz nada disse de relevante. Bradley continuou a pensar nos arquivos, que continuavam a incomodá-lo.

Quando voltava de Boston a Maryland, entrou numa loja Barnes & Noble, para fugir da tempestade de neve e, também, porque precisava do acesso à banda larga, e, dali, enviou os documentos a WikiLeaks. Enviou pela própria página de WL, na qual há uma sessão para envio anônimo de documentos. Depois, Bradley, como já dissera antes, diz que se sentiu muito aliviado; “eu tinha certeza de que era algo que o povo norte-americano tinha de ver; que todos têm de debater essa guerra. E eu esperava que os arquivos da Guerra do Afeganistão e os arquivos da Guerra do Iraque modificassem a situação”. Assim, o primeiro bloco de documentos estava enviado.

A partir daí, é claro, há correspondência, de algum modo, entre Manning e WikiLeaks. Manning nunca soube quem estava na outra ponta do contato por computador. Diz que, em algum momento, é possível que tenha sido o próprio Julian Assange, ou, talvez, alguém chamado Daniel Schmitt (um rapaz alemão que esteve com os WikiLeaks durante algum tempo, Domscheit/Schmitt). Mas Bradley não sabe quem seria. Diz que, sim, bem poderiam ser outras pessoas das organizações WikiLeaks. “Eu nunca soube com quem me comunicava, da organização WikiLeaks. Todos os contatos eram anônimos”.


Bradley Manning e Assange

Bradley diz também que, ninguém associado com a Organização WikiLeaks (WLO) pressionou-o para que lhes desse mais informação. “A decisão de entregar documentos a WikiLeaks foi exclusivamente minha”, ele disse. É bem claro que Bradley é pessoa politizada. Pelo menos, entende claramente que a opinião pública tem de conhecer exatamente o que fazem os governantes.

Depois disso, o grande acontecimento foi o vídeo “Collateral Murder”. As pessoas, nos gabinetes no Iraque, discutiam se os vídeos seriam legais, se estariam de acordo com as leis de guerra e do serviço militar, ou não. Bradley decidiu ver, ele mesmo, os tais vídeos. E viu. E horrorizou-se porque “primeiro, sim, até se poderia argumentar que tivesse sido acidente”, quando os dois jornalistas da Reuters foram mortos com tiros de arma que atirava do que parece ser um helicóptero. E, sim, é possível que tenha acontecido um engano, como Bradley disse. E há discussão até hoje sobre se teriam, mesmo, de assassinar os jornalistas da Reuters.

Mas o problema é que, em seguida, aparece uma caminhonete para socorrer as pessoas feridas... E os atiradores no helicóptero atiram contra a caminhonete. E isso, Bradley parece não ter dúvida alguma, é crime de guerra, ação bem claramente proibida. Era pessoal de resgate, que vinha resgatar os feridos. Ninguém portava armas. Mas o vídeo permite ouvir as falas dos militares dentro do helicóptero, a sanha por sangue. E a expressão que ele usou: sanha de sangue [orig. bloodlust]. Quando veem alguém que rasteja no chão, aparentemente já ferido, alguém diz no helicóptero que “tomara que ele saque a arma”. Evidentemente, para terem o pretexto necessário para matá-lo.

O vídeo também o incomodou. Incomodou-o, sobretudo, o fato de o vídeo não ter sido entregue à Agência Reuters, apesar de a Reuters tê-lo requisitado, em nome das famílias dos dois jornalistas mortos. E o governo dos EUA, o CENTCOM, os militares responderam que nem tinham certeza de que tivessem o tal vídeo. E o vídeo lá estava. Outra vez, o que temos é Bradley profundamente incomodado com o que via e agindo, reagindo, tomando uma atitude.

Essa é a segunda acusação face à qual Bradley declarou-se culpado: ter entregado aquele vídeo, outra vez, como antes, enviado à página de WikiLeaks. Esse vídeo sequer estava classificado como secreto – o que é interessante. Mas Bradley enviou o vídeo, sim, à organização WikiLeaks.

O terceiro caso é com a polícia iraquiana. Pediram que Bradley ajudasse a polícia do Iraque, a polícia de Bagdá, que os ajudasse a identificar, insurgentes, não sei, ou outros desse tipo. Àquela altura, 15 pessoas foram entregues à polícia iraquiano. E Bradley examinou aqueles casos; pediu para examiná-los. E descobriu que nada havia contra aquelas pessoas; no máximo, acusações de terem colado cartazes criticando a corrupção no governo iraquiano. Mais uma vez o caso incomoda Bradley, porque aqueles prisioneiros foram terrivelmente maltratados. Bradley temeu que fossem mortos ou desaparecessem ou, até, que fossem mandados para Guantánamo, se fossem entregues aos EUA.

Então, sua primeira providência foi tentar relatar o caso aos seus próprios superiores, os quais, é claro, não lhe deram qualquer atenção. Bradley, outra vez, enviou os arquivos relacionados àqueles prisioneiros, para WikiLeaks. WikiLeaks não publicou aqueles documentos, mas, é claro, Bradley continuava conversando com WikiLeaks. Mas o caso dos iraquianos presos chamou a atenção de Bradley para outro tópico: Guantánamo.

O que Bradley disse à corte foi “[incompr.] tem direito de interrogar pessoas, é claro, mas Guantánamo é moralmente questionável. O que fazemos ali é manter encarceradas pessoas inocentes, pobres, gente de escalão muito inferior, e Barack Obama prometeu fechar Guantánamo. Minha opinião é que manter aquela prisão fere os EUA”.


Prisão de Guantánamo, território cubano ilegalmente ocupado pelos EUA
A partir daí, Bradley passou a trabalhar no que hoje se chama “arquivos dos detentos”, arquivos sobre cada um dos prisioneiros de Guantánamo. E, quando falou com WikiLeaks, disse que mandaria aqueles arquivos; WikiLeaks respondeu “OK, são arquivos antigos, já perderam o conteúdo político, mas são historicamente importantes para o caso Gauntánamo; e podem ser úteis aos advogados”. Então, os arquivos foram enviados para WikiLeaks.

Na sequência, a última coisa sobre a qual Bradley falou foram os telegramas do Departamento de Estado. Houve telegrama anterior, chamado “Reykjavik 13”, que, de fato, foi o primeiro documento, pelo que sei, que WikiLeaks divulgou online. Reykjavik 13 foi recolhido de uma website que tem algo a ver com a Islândia. E, de repente, lá estava a Islândia – no coração da crise financeira. – E havia terríveis pressões, pelo Reino Unido e pelos EUA, sobre a Islândia, para que o país se rendesse aos programas de resgate e de austeridade. E a Islândia recusou. E o tal telegrama falava das pressões que os EUA estavam fazendo sobre a Islândia. E Bradley Manning – que sabia o que mais ninguém sabia – reagiu. Denunciou que os EUA estavam assediando a Islândia. Que não pode ser. Que nada, naquele caso, poderia ser secreto.

Com isso, claro, Bradley chegou aos telegramas diplomáticos. – Bradley leu todos os telegramas sobre o Iraque, cada um daqueles telegramas, disse ele; e percebeu que, basicamente, todos aqueles telegramas incluíam crimes, criminalidade de diferentes níveis. O que o convenceu de que aquele tipo de diplomacia também prejudica os EUA: diplomacia de segredos inconfessáveis dos quais o público jamais toma conhecimento. Em seguida, então, enviou a WikiLeaks os telegramas diplomáticos.

Mas o que se vê em cada um desses casos, é que Bradley foi influenciado, sempre, pelo que viu ou leu. Foi sincera e profundamente atingido e influenciado. E não conseguiu nada, nas tentativas que fez para alertar, primeiro, os seus superiores. Se não conseguia fazer nada dentro da estrutura onde estava – o que mais poderia fazer? Então, decidiu que todos, todos os cidadãos dos EUA, toda a opinião pública, nos EUA e no mundo, tinham de ser informados. Porque era preciso discutir aquilo tudo. Supôs que talvez, com a discussão, se conseguiria mudar aquelas políticas.

Mas... Houve vários momentos muito interessantes, no depoimento. A certa altura, quando já havia voltado para Maryland, pensando em divulgar os arquivos sobre o Iraque e o Afeganistão, Bradley contou que, em primeiro lugar, fez contato com outros veículos. Telefonou a um dos editores do The New York Times e deixou uma mensagem na secretária eletrônica, ou na página do editor. Jamais houve resposta. Telefonou ao The Washington Post e, disse ele, ninguém, ali, o levou a sério. Foi quando entendeu que nada conseguiria, em matéria de divulgar os fatos, nem doWashington Post nem do New York Times. Disse que, então, começou a procurar outros meios para divulgar os arquivos. No final, considerando o que WikiLeaks já fizera no passado, Bradley disse que concluiu que seria o melhor meio de divulgar os arquivos.

O que pensei, naquele tribunal, vendo e ouvindo aquele rapaz, 22 anos, que se alistou no Exército aos 20 anos, e que aos 22 já distribuía aqueles documentos para WikiLeaks, porque se sentiu horrorizado, perturbado... O que pensei ali, naquela hora, é que esse rapaz é um herói. Bradley Manning é um grande herói. Um homem que viu o que os militares dos EUA faziam no Afeganistão, no Iraque, em Guantánamo, que viu o que o Departamento de Estado fazia pelo mundo... E decide que é indispensável agir, fazer alguma coisa.

Infelizmente, pagará preço muito, muito alto pela sua coragem...

Para que todos entendam, tenho de explicar um pouco como aquilo funciona. Não é como o que se vê nas cortes comuns, quando é possível fazer um acordo com o Procurador, quando há pena máxima e pena mínima, conforme o crime que o acusado escolha confessar. No caso desse tribunal militar as coisas não funcionam desse modo.

Trata-se, nesse caso, do que a juíza chamou de “naked plea” [lit. “admissão nua”(?) (NTs)]. Significa que Bradley apenas decidiu declarar-se culpado nessas nove acusações. Então, a juíza requereu que ele narrasse todos os atos praticados.

Mas essas não são as acusações mais graves. Até aí, só se falou de acusações que, se o acusado for condenado, gerarão pena de 20 anos de prisão. Mas a questão é que o procurador não é obrigado a aceitar coisa alguma. Ele pode dar andamento ao processo e exigir julgamento de todas as demais acusações, as mais graves. Pode até usar elementos do que Bradley Manning confessou ter feito e de como agiu.

E esses desdobramentos é que serão realmente decisivos. Mas o primeiro passo também conta muito. Bradley demonstrou que é homem que faz e assume a responsabilidade pelo que faz. A declaração que leu no tribunal é perfeitamente verossímil, faz perfeito sentido, é crível. De fato, é documento impressionantemente sincero e claro. Pode-se esperar que o juiz seja tocado por aquela fala. Pode-se esperar que a sentença considere que o acusado declarou-se culpado de alguns feitos. Mas não, de modo algum, se declara culpado das acusações que a Procuradoria amontoa contra ele e que podem condená-lo à prisão perpétua. Foi um dia de tribunal realmente impressionante, Paul.
JAY: Muitos disseram que Manning seria homem perturbado, pessoa fraca... Que impressão você teve. De que tipo de homem se trata?

RATNER: Sabe... Vi Manning pela primeira vez na audiência em que ele testemunhou sobre os abusos e a tortura que havia sofrido, durante praticamente um ano, no Iraque e na prisão de Quantico. Já naquele dia, via-se que não é fraco, nem perturbado; é, de fato, muito diferente disso. É homem forte, muito inteligente. Já se via claramente na audiência sobre a tortura e viu-se novamente agora, o mesmo homem.

Em primeiro lugar, é visivelmente pessoa muito inteligente. Não fosse, não teria sido enviado para missão no serviço de computação de alto nível, computadores, informes. É evidente que ele entende do que fazia e fez, em serviço para o qual foi selecionado e nomeado.

Mas também é pessoa que tem personalidade política, que percebe as implicações do que pensa, de como se apresenta. Não é fraco nem é voz fraca.

Num certo momento da audiência, a juíza lhe fez uma pergunta; Bradley respondeu que não poderia responder, porque teria de revelar informação secreta. Muitos riram, porque... ali, sob processo, sob ataque do Promotor, ele ainda pensou mais em proteger informação secreta do que em responder à juíza. Alguns riram. Outros permaneceram sérios. Outros baixaram a cabeça.

Mas é claro que foi dia duríssimo para Bradley Manning... Será sentenciado a pena muito longa. Esperemos que não receba a pior sentença. Esperemos que considerem essas acusações nas quais ele declarou-se culpado.

Ainda se deve registrar aquela declaração lida, umas 35 páginas, que não foram distribuídas a ninguém, nem a advogados nem a jornalistas presentes. Só a juíza recebeu o documento. Mas havia cópias circulando entre aqueles caras que andavam por ali, no salão, em uniforme de camuflagem. Nós não recebemos. Evidentemente, não é documento secreto. Eu, como outros, ouvimos a leitura de todo o documento, palavra a palavra; claro que não é secreto. O que há é que essa corte é conhecida por demorar muito, inadmissivelmente demais, para distribuir documentos devidos à defesa.

Já há importante processo iniciado contra essa Corte, pelo Centro [de Direitos Constitucionais]. Já obrigamos essa Corte a liberar alguns documentos devidos à Defesa. Mas a declaração que Manning leu no tribunal é documento muito, muito importante. Todos, jovens, velhos, que leiam aquela declaração hão de sentir-se tocados. Talvez mais gente se disponha a agir, a fazer o que possa, para que esse país seja forçado a andar na direção do estado de direito, na direção do respeito à lei. Para que os EUA deixem de ser a máquina de matar que, me parece, Bradley Manning viu, com clareza, em escandaloso funcionamento.

[Agradecimentos. Fim da entrevista]
Vídeo original e, inglês
Fonte: http://therealnews.com/t2/index.php?option=com_content&task=view&id=31&Itemid=74&jumival=9779#.UTEkYzCG1Vp
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Bio
Michael Ratner is President Emeritus of the Center for Constitutional Rights (CCR) in New York and Chair of the European Center for Constitutional and Human Rights in Berlin. He is currently a legal adviser to Wikileaks and Julian Assange. He and CCR brought the first case challenging the Guantanamo detentions and continue in their efforts to close Guantanamo. He taught at Yale Law School, and Columbia Law School, and was President of the National Lawyers Guild. His current books include "Hell No: Your Right to Dissent in the Twenty-First Century America," and “ Who Killed Che? How the CIA Got Away With Murder.” NOTE: Mr. Ratner speaks on his own behalf and not for any organization with which he is affiliated.

Transcript
PAUL JAY, SENIOR EDITOR, TRNN: Welcome to The Real News Network. I'm Paul Jay in Baltimore. And welcome to this week's edition of The Ratner Report with Michael Ratner, who now joins us from New York City.

Michael is president emeritus of the Center for Constitutional Rights in New York. He's chair of the European Center for Constitutional and Human Rights in Berlin. He's also the U.S. attorney for Julian Assange. And he's also a board member of The Real News Network.
Thanks very much for joining us.
MICHAEL RATNER, PRESIDENT EMERITUS, CENTER FOR CONSTITUTIONAL RIGHTS: Good to be with you, Paul.
JAY: So you spent a hell of a emotional day at a remarkable trial of Bradley Manning today. What happened?
RATNER: I went down to Fort Meade, and it was an all-day affair. Bradley Manning was in the courtroom. Most of the press goes to a theater room, but a few of us—I'm not press—go into the room with Bradley Manning. And it was a special day because it was a day in which Bradley Manning's lawyer and Bradley had decided to plead guilty to certain of the charges, but really lesser included charges, not the top charges of espionage and aiding the enemy and all of that.
But I was devastated by the day emotionally. I was devastated by it. But at the same time, you really saw who Bradley Manning was, what a hero he was, and how when he saw wrong, he basically acted.
Technically what happened today is he pleaded guilty to nine charges. And when you plead guilty in a court, the court wants to make sure you understand what you're doing, the nature of the plea, and asks you to describe what your actions are. And so Bradley Manning pleaded guilty to many of the distribution or the transferring of documents to WikiLeaks, who is my client, all of the documents from the Iraq War Logs, the Afghan war logs, "Collateral Murder" video, Department of State cables, the Reykjavik 13 cable, etc.
But what was amazing about this guilty plea to nine charges is the judge allowed him to read a statement that's probably a 30-page statement—it took two or three hours—that really gave you a sense of who Bradley Manning was. And it was an incredibly moving statement. He started out by when he joined the military, and then he described what his first job was in Iraq. And his first job was really compiling and working with something called SigAct, which are significant activities. And those are the daily log reports of what happens in the field. And as he read those reports, he got more and more disturbed by what he saw going on in Iraq, the amount of killings, the number of—the fact that they were killing people on a kill list, he said, rather than helping people. And he thought there should be a serious discussion of counterinsurgency, what it meant, what it meant to really help people instead of hurt them.
At about the same time as he was looking at these and working—this was part of his work, the Iraq War Logs. And of course the Afghan war logs, similar material, were in the same sort of location, so he got to see those as well.
The same time that he's doing this, he's also becoming aware of the organization WikiLeaks, and he's primarily becoming aware of it through the fact that they released—I forgot how many tens of thousands of SMSs, those special—you know, the text messages from people who were in the World Trade Center when it was hit. And that was, I guess, an exposure by WikiLeaks. And then he did some research on WikiLeaks while he was at his computer, and he found out that in 2008 there was a report done by the U.S. government about how to counter WikiLeaks way back in 2008.
So you have these two things going along—him getting disturbed by the Iraq War Logs, the Afghan war logs, and then him being in contact, at least, with WikiLeaks.
The first thing that happens is the Iraq War Logs and the Afghan war logs, and what happens is that he gets disturbed by it. He doesn't do anything with it, but he goes to the United States at some point with those logs downloaded onto his computer, I guess, or onto a chip, really, like, a little SD card. And he's in Maryland, and there's a snowstorm. He can't decide what to do with it. He talks to someone who was at least his boyfriend for a while and said, what if you had things that the American people ought to see. The boyfriend is noncommittal. He keeps thinking about it. It keeps bothering him.
And ultimately, when he goes back to Maryland from Boston, he goes into a Barnes & Noble becauses there's a snowstorm and he needs to use their broadband, and he uploads the documents to WikiLeaks. He uploads them through their site where it's an anonymous upload to WikiLeaks. And then he said afterwards, I felt really relieved; I felt that this was something the American people had to see; they had to debate this war; and I hoped, I hoped that the Afghan war logs and the Iraq War Logs would change the situation. So that's the first set of documents.
At the same time, he's then in, of course, correspondence of some sort with WikiLeaks. He doesn't know who's at the other end of the computer. He says at some point, maybe it's Julian Assange, maybe it's someone named Daniel Schmitt, who was the German guy who was at least with WikiLeaks for a while—Domscheit/Schmitt. He doesn't know who it is. He says, it might be other people in WikiLeaks' organization; I don't really know who I was communicating with; it's anonymous.
And then he also says during the course of this day that I was not pressured at all by anybody from WikiLeaks; this was a decision I made on my own.
So the first set of documents, you already see he's very politicized and thinking about people ought to see what the government is doing.
The next big event that happens is the "Collateral Murder" video. People are in his Iraq office, and they're discussing, you know, these videos and did it comply with the rules of engagement or not. And so he decides to go look at it himself. And he sees it, and he's really upset by it, 'cause first he sees what looks like you could argue was a mistake when the two Reuters journalists are killed from what he calls a—whatever it is, an aerial gunship. And then—and he says, well, they mistakenly shot them. And, of course, there's a dispute about whether that was a mistake or whether they should have killed those two Reuters people.
But then a van comes to try and rescue people, and the people in the helicopter fire on the van. And at that point, that's—he thinks that's just outside of the rules of engagement. These people were coming to rescue them. They had no weapons. And then he hears the bloodlust of the people in the helicopter—and that's the word he used, bloodlust. When they saw a guy crawling along the ground who apparently was wounded, they said in the helicopter, we hope he picks up a gun—essentially so they can shoot him.
And he gets very disturbed by this, very disturbed by the fact that it wasn't given to Reuters, even though Reuters asked for it on behalf of their dead journalists in their own organization and that the U.S. government or CENTCOM, the military, said they weren't even sure they had it. And there it was. So that's again him being upset by what he saw and doing something and acting on it. So that's the second thing he pleads guilty to is giving that video, again, uploading it to WikiLeaks. It turns out not to have even been classified, which is interesting. But he gives it to WikiLeaks.
The third incident is with the Iraq police. He's asked to help out with the Iraq police, the Baghdad police, help them identify, you know, insurgents or other things, I think, something like that. At some point, 15 people are turned over to the Iraq police. And he looks into what their case is. He's asked to do that. And the case against them was nothing but putting up posters about the corruption of the government in Iraq. He gets very upset by this because these people are treated badly. He's afraid they're going to be disappeared, and he's even afraid they're going to go to Guantanamo if they're turned back to the United States.
So what he does: he tries to report it to his commanders. They of course—they disregard it. And at that point, he again uploads that to WikiLeaks. WikiLeaks does not happen to publish that, but he continues, of course, talking to WikiLeaks about documents that—or at least about continuing to be in touch with WikiLeaks about documents. And that got him intrigued by something he'd been upset by for a while, which is Guantanamo.
What he said in court was, look it, [incompr.] have a right to interrogate people, sure, but Guantanamo really is morally questionable; what we're doing is keeping innocent people there and people who are very low-level, and Barack Obama promised to end it, and I think it just hurts the United States to keep it open. And that got him interested in finding what are called the detainee files, and those are files on each of the detainees in Guantanamo. And then he says when he talked—when he said to WikiLeaks, here's what I'm going to give you, and WikiLeaks says, well, what is it, and then WikiLeaks responded, well, they're old and they're not that political but they're important historically for Guantanamo, and they may help the lawyers as well. So then those get uploaded to WikiLeaks.
And then, of course, the last thing he talked about was the State Department cables. And there was an earlier State Department cable called the Reykjavik 13, which was actually the first document, I think, put up online by WikiLeaks. Reykjavik 13 he got off a website having to do with Iceland. And there was—Iceland during the financial crisis, there was huge pressure by the U.K. and the United States on Iceland to concede to all the bailouts and the austerity program, and Iceland refused. And this cable talked about the pressure that was being put on Iceland by the U.S. And he reacted, Bradley Manning reacted by saying, they're bullying Iceland, and I think this ought to get out; I don't think this kind of stuff should be secret.
And that got him, of course, into the diplomatic cables, which—he read every one on Iraq, he said, and he read them more broadly eventually, and he saw that basically they were hiding criminality and that he believes that that kind of diplomacy hurts the United States, secret diplomacy and that's not out in the public. And then that was the diplomatic cables that were released.
But what you see in each of these incidents is that in each one, he was affected by what he read or what he saw, and deeply affected, and he couldn't really do much with going up the chain of command. He couldn't do much with—what could he do with it? And he decided that the public, the U.S. people, and the world ought to know about it, because they ought to discuss it, and maybe that would change policy.
Now, there were a couple of other very interesting moments. There was a moment when he's back in Maryland about to want to releasing the Iraq and Afghan war logs, and he first tries to get them into another media, not WikiLeaks. He calls up The New York Times public editor and leaves a message on the public editor's website or answering machine, never gets a call back. He calls The Washington Post, and he said The Washington Post really didn't take him seriously. And so he felt that he couldn't do anything with The Washington Post or The New York Times. He said he was looking at some other places to do it. But in the end, because of what WikiLeaks had done in the past, he felt that would be the best way he could do it.
I guess for me sitting in the courtroom and seeing this young man, [incompr.] 22 years old, joined the military—20 years old, and at 22 started to upload documents to WikiLeaks because he was so disturbed, it made you realize what a hero Bradley Manning is. I mean, here he saw what the U.S. military was doing, what they were doing in Afghanistan, Iraq, Guantanamo, and what the State Department was doing, and he decided that I should do—that he should do something about it. And, unfortunately, he's going to pay a high price for it. The plea that he took, if—.
Let me just say how the pleas work here. This is not like a plea we see in a regular court. Normally you make a deal with the prosecutor. You go before the judge. There's a maximum sentence, or at least there's a plea to what might be a maximum sentence.
It's not the way this plea worked. This is what the judge referred to as a naked plea, which means he just decided to plead guilty to these nine specifications on his own with his lawyer and detailed what happened. They're not the highest charges. They're charges that cumulatively could give him 20 years. The problem is the prosecutor doesn't have to accept it and can go ahead and still prove the higher charges, using even elements of what Bradley Manning has pled to.
So that's going to be the important thing here. I think it's an important step. He's showing that he took responsibility for his actions. He gave an incredible, really, statement, moving statement about why he did it. And, hopefully, the judge will be moved, and, hopefully, his sentence will reflect what he actually pled guilty to and not the charges that can end up with a life imprisonment for Bradley Manning that the prosecutor wants to pile on. So it was an amazing day in court, Paul.
JAY: Now, he's been kind of depicted to some extent as sort of a weak person, sort of disturbed. What kind of man did you witness?
RATNER: You know, this is—the first time I saw it was when I went to Bradley Manning's hearing, where he actually got on the stand and testified about the abuse and torture that he underwent for almost a year between Iraq and Quantico. And at that point you realized this is not a weak, this is not a disturbed—this is something very different than that. This is a strong person, very intelligent. That came out in the hearing on the abuse, and it came out today.
First, he was obviously very intelligent. I mean, he was put into this high-level computer thing. When you heard him talk about computers, he just knows a heck of a lot.
But in addition, he's a strong person politically about what he thinks, about how he presents himself. He didn't have a weak voice. There was even a couple of funny moments in this very difficult day. At one point, the judge asked him a question, and he couldn't answer without revealing, he said, classified information. So everybody laughed about it, 'cause here he is now actually in the process, when he's asked a question, of protecting classified information from the judge's question. So everybody got a little bit of a laugh out of that.
But of course it's a tough day for Bradley Manning, that he's going to be sentenced to certainly a fairly long-term—hopefully not that long, and, hopefully, they'll accept these charges.
But what I sat there and realized is here you had a 22-year-old person who really acted on what he saw and his belief, and he's going to be someone who we can—.
As a last point here, the 35-page statement or whatever it was was not given to any of us. It was given to the judge, it was given to all these guys in camoflage and everybody else. We didn't get it. It's not because any of it was classified. I heard every word of it. It's because this court doesn't give materials out very readily. And we have lawsuits, the Center has a big lawsuit going on about this. We've gotten them to release a few things. But this document is so important, in my view, I think young people, old people reading this document will be moved to act themselves in a way that will try and make this country really adhere to the rule of law and stop being the killing machine that I think Bradley Manning saw that it was.
JAY: Alright. Thanks very much for joining us, Michael.
RATNER: Thank you, Paul.
JAY: And thank you for joining us on The Real News Network.

HUGO CHAVEZ JAMAIS MORRERA

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Hay evidencias concretas de que EE.UU. cuenta con la tecnología necesaria para atentar contra la vida del presidente venezolano Hugo Chávez, así lo aseguró la abogada y escritora Eva Golinger.

"Hay información que desde los años 70 intentaban asesinar por ejemplo al presidente cubano en ese momento, Fidel Castro, con radiación además de otros métodos. Eso no es ningún secreto, todo eso ha sido revelado en miles de documentos desclasificados. Podemos imaginar ahora la capacidad de estas armas que posee hoy en día EE.UU. Ha empleado diferentes armas biológicas contra sus adversarios", agregó Golinger.

Washington "tiene alta capacidad científica y biológica. Ha habido también otros intentos de atentado contra la vida de Chávez en los últimos años. Muchos medios de comunicación, figuras políticas de EE.UU. y sus aliados han intentado desfigurar esta información, manipularla y distorsionarla y hacer de quienes lo denuncian como si fuera una locura o como si se tratara de ciencia ficción. Sin embargo es una realidad, hay evidencias de que esta capacidad existe", aseguró.
http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=9nnIFS4YmOY
Morreu um grande latino americano, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez Frias. Essa morte deve encher de tristeza todos os latino americanos e centro americanos. O presidente Chávez foi, sem dúvida, uma liderança comprometida com o seu país e com o desenvolvimento dos povos da América Latina. Em muitas ocasiões, o governo brasileiro não concordou integralmente com o presidente Hugo Chávez. Porém, hoje, como sempre, nós reconhecemos nele uma grande liderança, uma perda irreparável e, sobretudo, um amigo do Brasil. Um amigo do povo brasileiro.
O presidente Hugo Chávez deixará no coração, na história e nas lutas da América Latina um vazio. Lamento, como presidente da República, e como uma pessoa que tinha por ele um grande carinho. Além de liderança expressiva, o presidente Chávez foi um homem generoso. Generoso com todos aqueles que, neste continente, precisaram dele. Por isso, eu queria propor aqui um minuto de silêncio para homenagear esse grande latino americano.
Dilma Rousseff
O governo brasileiro tomou conhecimento, com grande pesar, da morte do Presidente Hugo Chávez.

As transformações econômicas, sociais e políticas que Chávez conduziu, nos últimos 14 anos, na Venezuela, fizeram desse grande líder a mais importante referência da história daquele país e o projetaram em toda a América Latina e Caribe.

Hugo Chávez contribuiu para o fortalecimento do nosso continente, sendo responsável pela constituição da Unasul e da Celac.

O governo e o povo brasileiros perdem um grande amigo, cuja coragem, generosidade e calor humano irmanaram Venezuela e Brasil como nunca antes em nossas histórias.

Hugo Chávez viverá na memória de venezuelanos, brasileiros e latino-americanos e será uma eterna referência para toda a América Latina.

Dilma Rousseff
Presidenta da República Federativa do Brasil


Murió un gran latinoamericano, el presidente venezolano Hugo Chávez Frías. Esta muerte se llena de tristeza a todos los países de América Latina y América Central. El presidente Chávez fue, sin duda, un liderazgo comprometido con su país y con el desarrollo de los pueblos de América Latina. En muchas ocasiones, el gobierno brasileño no estaba de acuerdo completamente con el presidente Hugo Chávez. Pero hoy, como siempre, reconocemos en él a un gran líder, una pérdida irreparable y, sobre todo, un amigo de Brasil. Un amigo del pueblo brasileño.
El presidente Hugo Chávez salga del corazón, la historia y las luchas de América Latina un vacío. Lo sentimos, como presidente, y como una persona que tenía un gran afecto por él. Además liderazgo expresivo, el presidente Chávez era un hombre generoso. Generoso con los que, en este continente, lo necesitaba. Por lo tanto, me gustaría proponer aquí un minuto de silencio en honor a este gran latinoamericano.
Dilma Rousseff



O Discurso Proibido de Hugo Chávez na COP-15 (Legendado)
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ANTOLÓGICO: Um dos maiores fiascos da história dos grandes eventos da ONU foi a Conferência sobre Mudanças Climáticas, conhecida como COP-15, realizada em Copenhagen. 15 anos após a definição do Protocolo de Kyoto, que estabeleceria normais mundiais para a redução das emissões de gases contaminantes, a Conferência chegou ao fim sem nenhuma única resolução concreta, em meio a um grande embate diplomático e grandes manifestações de rua. No Brasil, a grande mídia deu um grande destaque ao discurso do então presidente Lula, como tendo sido o mais importante da Conferência. A mídia alternativa de esquerda, por sua vez, deu grande repercussão ao discurso do presidente da Bolívia Evo Morales. No entanto, ambos os discursos não chegam aos pés do que foi realmente o grande discurso da Conferência. Em seu pronunciamento (totalmente abafado pela grande mídia e ignorado pela esquerda brasileira), o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, fez um dos discursos ambientalistas mais contundentes da história das Nações Unidas, citando, dentre outros, o pensador brasileiro Leonardo Boff e alguns dos lemas que se gritavam nas ruas. Não deixe de assistir este momento histórico, pela primeira vez legendado e traduzido em português, e ajude a divulgá-lo para que o Brasil, e, sobretudo seus ambientalistas, possam conhecer. Mais um vídeo raro e essencial editado e legendado pela página "Ocupa a Rede Globo".
















O DEPUTADO MARCO FELICIANO ESTA CERTO? E A BÍBLIA TAMBÉM?

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POR DAVID DA COSTA COELHO
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Tempos atrás postei em meu blog que o Brasil caminhava a passos largos para se tornar um estado religioso, não que já não seja, pois as nossas cidades e estados tem nomes católicos devido à historicidade dessa religião com os portugueses que colonizaram o País, nossa moeda, por imposição de religiosos no congresso, contem ali o nome de deus, originado do judaísmo; nossos feriados são em maioria referentes a algum santo católico, e a comemoração natalina, outra festa supostamente católica, mas na verdade em comemoração ao deus Mitra, adorado pelos soldados romanos com pão, hóstia e nascido em 25 de dezembro que a ICAR, transformou no nascimento do suposto Jesus, pois historicamente ele não existiu.
Ainda hoje nossos juízes católicos mantem em suas salas de audiência crucifixos dourados, de inox, e madeira, todos eles pomposos e deslumbrantes, alguns bem grandes por sinal, como o que pude ver numa audiência contra um banco em finais de 2012. E quem ostentava o mesmo era uma juíza, supostamente uma defensora do estado laico e das leis. Quase lhe perguntei se eu podia colar ali na parede ao lado as inúmeras terras paralelas, símbolo de minha religião reencarnacionista; mas não podemos falar diretamente com eles, pois para isso pagamos advogados, e basicamente para o tema em pauta, então deixei pra lá. Ao olhar fotos dos juízes do STF, vi ali um crucifixo gigantesco, e de novo vem à pergunta, esse estado é laico ou um estado somente dos católicos?
 Para piorar a questão, depois da reforma protestante, em que católicos e facções religiosas opostas, mas crentes no mesmo deus se mataram e torturaram aos milhões, o protestantismo se espalha na nação como praga de gafanhotos, não respeitando outras religiões, embora oficialmente digam isso para aquelas pessoa que não sabem que estamos em uma guerra religiosa, onde cada pastor condiciona seu ‘rebanho de ovelhas’, com palavras sagradas da Bíblia, um apanhado de literatura fantasiosa copiada de outros povos ao longo de milênios pelos judeus, semelhante a literatura de cordel do nordeste, e reunidas em um livro após o concilio de Niceia, comandado por Constantino, o Grande.

Essa guerra só passou a ser visível com o advento da IURD, do bispo e doutor em teologia, Edir Macedo, cá entre nós, um dos poucos religiosos que admiro e respeito por seu nível acadêmico, e ser religioso ao estilo brasileiro, na base do jeitinho, onde obtém as coisas sem atacar diretamente as demais religiões, coisa que faziam no começo de sua famosa igreja. Dentro da linha fundamentalista, ninguém supera o psicólogo e pastor Silas Malafaia, não que ele esteja errado em proferir sua verborragia, afinal ele é o que se tornou devido sua grande eloquência, e também devido a seu livro sagrado, assim nada mais justo ele gritar a todos os cantos que a Bíblia é seu livro de cabeceira e de vida. E ali deus fez coisas realmente fantásticas para o homem, e todas as pessoas deveriam viver segundo aqueles gentis seres tribais de milhares de anos atrás.
As partes de fazer guerra, ter escravos, matar pessoas que não acreditam em javé, e ainda levar os prepúcios masculinos obtidos em batalha, a isso não é do contexto, e sim de uma época, e nós, de outras religiões não entendemos o poder de deus e suas palavras. Mas nesse mesmo capitulo, há também aquele em que se diz que homo afetivos são imorais, por isso deus destruiu Sodoma e Gomorra e tantos outros pecadores, e os negros são assim por que foram banidos, ou filhos de algum descendente de Adão que não seguiu a cantilena, inclusive a ICAR justificou os 400 anos de escravidão negra com essa passagem da bíblia.
Quando vemos na teve ou no congresso, pastores que se elegeram deputados com o poder do voto de suas ovelhas, eles não estão ali para garantir direitos iguais às minorias, ou lutar por menos impostos, retomar as riquezas nacionais levadas embora por multinacionais em seus acordos escusos com nossas elites, a exemplo do nióbio; e sim para impor uma visão de mundo que estão nas escrituras de sua religião, e de interpretação livre de cada denominação evangélica, pois diferentes dos cristãos, eles não tem um Papa com um dizer a ser seguidos por todos, lembrando aqui que a ICAR defende coisas muito semelhantes aos protestantes, e em matéria de corrupção, pedofilia, e se intrometer na vida e saúde das pessoas, são de fato, campeões mundiais...
Uma espécie de discípulo de Silas Malafaia, que caiu nas graças das redes sociais, é o pastor e deputado Marcos Feliciano, que preside a comissão de direitos humanos, mas como escrevi em outro tema aqui em minha pagina, apenas ficção cientifica da melhor qualidade, e não passa disso. Ao defender suas posições, não são as do estado laico, e sim as da bíblia e do povo que já morreu a milhares de anos, mas suas palavras copiadas de outros povos, e tornadas sagradas por imposição estatal e religiosa durante milhares de anos, podem agora ser aplicadas porque ele tem o poder de deputado federal. Ao contrario do que imaginam os leigos no que tange a democracia, ela não se atem aos direitos das minorias, e sim das maiorias que se elegem representantes, e como tal, eles ao se uniram em bancadas, e estão ali para defender o povo que os elegeu, bem como visão de mundo, mesmo que religiosa e retrógada...
Em poucos anos, se o nível de educação nas escolas não melhorar, e existirem aulas qualificadas de historia, geografia, filosofia e sociologia, com certeza terão mais ovelhas sendo arrebanhadas por qualquer esperto que saiba manipular pessoas carentes de uma denominação, e se deixem levar por lideres religiosos fundamentalistas, e políticos espertos como Jose Serra; aquele mesmo que é contra o aborto, mas mandou a esposa fazer, não aceita a religião se intrometer no estado, mas beija o Malafaia nas eleições, e vai a tudo quanto é culto evangélico e também católico, a exemplo de sua ida a Basílica de Aparecida... Mas como sou professor de História, e ela me faz ser cético antes de tudo, ainda mais lendo esses dias que o governador de são Paulo, do PSDB, extinguiu os cursos acima propostos no 2º grau, ficando só português e matemática, se essa moda pega em todos os estados governados por essa denominação, só restara aos professores destas matérias largarem o magistério e virarem pastores, pois se pessoas comuns, muitas sem um canudo de curso superior pode arrebanhar e manipular as ovelhas; imaginem então nós, com um conhecimento de mundo que poucas pessoas tem? 

NOVOS PAPAS, VELHOS HÁBITOS CRIMINOSOS...

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A religião é apenas uma forma das pessoas que não sabem o porquê de sua existência acharem um sentido pra vida. Deus seria uma explicação para tudo que não pode ser comprovado cientificamente, a bíblia é apenas mais um livro mitológico. A religião é aproveitada por pregadores como um meio de controlar, manipular a população, para que elas não sigam suas vidas, continuando sempre com a ideia que padres são realmente mensageiros de deus, dando-lhes o sustento que já é pouco, conquistado à cada dia, com o suor de suas lágrimas. Realmente a população é extremamente fechada para novos pensamentos, explique para um seguidor de deus que o mesmo não existe e ele te responderá com um pensamento religioso, tente explicar a farsa da religião e a resposta será gloriando deus. Seus pensamentos voltados para a igreja, achando que com orações o mundo melhorará, não os abre espaço para pensar que se eles fizessem algo a mais, para melhorar o mundo onde vivem, protestar contra as injustiças que são feitas todos os dias pela nossa política, talvez conseguiríamos um lugar melhor pra se viver.
Kietker

Igreja Católica ajudou ditadura com desaparecidos, diz Videla

O ex-ditador argentino Jorge Videla deu novas informações a uma revista de Córdoba sobre a cumplicidade da Igreja Católica com a ditadura militar. Falou sobre como os bispos Pio Laghi (ex-núncio apostólico) e Raúl Primatesta, entre outros, ajudaram a ditadura. Não só assessoraram os militares sobre como lidar com a questão dos desaparecidos. Também ofereceram seus “bons ofícios” para informar a algumas famílias do assassinato dos filhos, garantindo-lhes que não os tornariam públicos. Compreende-se por que até hoje a Igreja não excomungou Videla. O artigo é de Horácio Verbitsky, do Página/12.


http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=20604
Bergoglio - "Mentiras e calúnias" na Igreja argentina
 Fonte: Unsinos
 Em 1995, o jesuíta Francisco Jalics publicou um livro, "Ejercicios de meditación". Ao narrar seu sequestro, dizia que "muitas pessoas que sustentavam convicções políticas de extrema direita viam com maus olhos nossa presença nas favelas. Interpretavam o fato de que vivêssemos ali como um apoio à guerrilha e se propuseram nos denunciar como terroristas.
Nós sabíamos de onde soprava o vento e quem era o responsável por essas calúnias. Assim, fui falar com a pessoa em questão e lhe expliquei que ele estava jogando com as nossas vidas. O homem me prometeu que faria saber aos militares que não éramos terroristas. Por declarações posteriores de um oficial e 30 documentos aos quais pude ter acesso mais tarde, pudemos comprovar sem lugar a dúvidas que esse homem não cumpriu sua promessa, mas, pelo contrário, havia apresentado uma falsa denúncia aos militares".
Em outra parte do livro, ele acrescenta que essa pessoa tornou "crível a calúnia, valendo-se de sua autoridade" e "testemunhou diante dos oficiais que nos sequestraram que havíamos trabalhado na cena da ação terrorista. Pouco antes, eu havia manifestado a essa pessoa que ele estava jogando com as nossas vidas. Ele devia ter consciência de que nos mandava a uma morte certa com as suas declarações".
Emblemático... O Francisco I todo faceiro e sorridente ao lado de um dos maiores facínoras da história, General Jorge Videla; Responsável pela mais sanguinária ditadura contra o povo argentino. O novo papa tem contra si, acusações em roubo de bebês, subtraídos das presas políticas e "doadas" a casais de apoiadores do regime... Uma santidade.
A identidade dessa pessoa que é revelada em uma carta que Orlando Yorioescreveu em Roma em novembro de 1977, dirigida ao assistente geral daCompanhia de Jesus, padre Moura. Esse texto permite conhecer o resto da história, pelo testemunho direto de uma das vítimas.
Madres de Plaza de Mayo y declaraciones sobre el nuevo PAPA: 

"La Iglesia que colaboró con la Dictadura, la que mintió, la que nos dio la espalda, es la de Bergoglio y la derecha".

A reportagem é de Horacio Verbitsky, publicada no jornal Página/12, 10-04-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Nessa recapitulação escrita 18 anos antes que o livro de Jalics, Yorio conta a mesma coisa, mas em vez de "uma pessoa" diz Jorge Mario Bergoglio[cardeal arcebispo de Buenos Aires]. Conta que Jalics falou duas vezes com o provincial, que "se comprometeu a frear os rumores dentro da Companhia e a se adiantar para falar com os membros das Forças Armadas para testemunhar nossa inocência". Também menciona as críticas que circulavam na Companhia de Jesus contra ele e Jalics: "Fazer orações estranhas, conviver com mulheres, heresias, compromisso com a guerrilha", semelhantes às que Bergoglio transmitiu à Chancelaria. Yorio não conhecia a existência desse documento, que eu encontrei cinco anos depois de sua morte. Em seu livro, Bergoglio diz o mesmo que lhes transmitia a Jalics e Yorio: que ele não acreditava na veracidade dessas acusações. Por que, então, devia comunicá-las ao governo militar, como prova o documento que se reproduz abaixo?
Uma boca importante
Quando Bergoglio disse que havia recebido relatórios negativos sobre ele, Yorio falou com os consultados por meio de seu superior. Pelo menos três deles (os sacerdotes Oliva, José Ignacio Vicentini e Juan Carlos Scannone) lhe disseram que não haviam opinado contra ele, mas sim a favor. No clima da Argentina, a acusação de pertencimento à guerrilha em "uma boca importante (como a de um jesuíta) podia significar simplesmente a nossa morte. As forças de extrema direita já haviam metralhado um sacerdote em sua casinha e haviam raptado, torturado e abandonado morto a um outro. Os dois viviam em favelas. Nós havíamos recebido avisos no sentido de nos cuidarmos", escreveu Yorio ao padre Moura.
Ele acrescenta que Jalics falou não menos do que duas vezes com Bergoglio para fazer com que ele visse o perigo em que essas versões os colocavam. Segundo Yorio, "Bergoglio reconheceu a gravidade do fato e se comprometeu a frear os rumores dentro da Companhia e a falar com membros das Forças Armadas para testemunhar nossa inocência. [Mas como] o provincial não fazia nada para nos defender, começamos a suspeitar de sua honestidade. Estávamos cansados da província e totalmente inseguros".
Tinham seus motivos. Durante anos, Bergoglio os havia submetido a um fustigamento insidioso, sem assumir de forma aberta as acusações contra ele, que sempre atribuía a outros sacerdotes ou bispos que, uma vez confrontados, o desmentiam. Bergoglio havia lhes garantido uma continuidade de três anos em seu trabalho na vila de Bajo Flores. Mas informou ao arcebispoJuan Carlos Aramburu que estavam ali sem autorização. O aviso lhes chegou por meio de um dos fundadores do Movimento de Sacerdotes para o Terceiro Mundo e da pastoral "villera",Rodolfo Ricciardelli, a quem o próprio Aramburu havia contado. Quando Yorio o consultou, Bergoglio lhe disse que Aramburu "era um mentiroso" e que empregava essas "táticas para incomodar a Companhia".

A infâmia pública
Em nosso intercâmbio epistolar, Yorio defendeu que, no clima de medo e delação instalado dentro da Igreja e da sociedade, os sacerdotes que trabalhavam entre os mais pobres "eram demonizados, postos em suspeita dentro de nossas próprias instituições e acusados de subverter a ordem social".

Nesse contexto, foram submetidos por Bergoglio "à proibição e à infâmia pública de não poder exercer o sacerdócio, dando assim ocasião e justificação para que as forças repressivas fizessem com que desaparecêssemos. Podiam nos avisar de que havia perigos, mas sem frear as difamações das que os mesmos que nos faziam o serviço de nos avisar eram cúmplices. Podiam nos alertar que estávamos marcados e acusados, mas mantendo no mistério e na ambiguidade as causas da acusação, tirando-nos assim a possibilidade de nos defender".

Uma vez que saíram da Companhia de Jesus, Bergoglio lhe recomendou que fossem ver o bispo de Morón, Miguel Raspanti, em cuja diocese poderiam salvar o sacerdócio e a vida. O provincial se ofereceu para enviar um relatório favorável para que os aceitasse. Yorio e Jalics souberam pelo vigário e por alguns sacerdotes da diocese de Morón que la carta do provincial Bergoglio a Raspanti continha acusações "suficientes para que não pudéssemos exercer mais o sacerdócio".

– Não é verdade. Meu relatório foi favorável. O que acontece é que Raspanti é uma pessoa de idade que às vezes se confunde – defendeu-se Bergoglio diante de Yorio. Mas em seu novo encontro com o bispo de Morón, ratificou as acusações, segundo o relato que Raspanti transmitiu a outro sacerdote da comunidade de Bajo Flores, Luis Dourrón. Yorio insistiu então com Bergoglio.

– Raspanti diz que seus sacerdotes se opõem a que vocês entrem na diocese – arguiu desta vez o provincial.

Outra alternativa possível era que eles se integrassem à Equipe da Pastoral "Villera" do Arcebispado de Buenos Aires. Seu responsável, padre Héctor Botán, propôs isso ao arcebispo Aramburu.

– Impossível. Há acusações muito graves contra eles. Não quero nem vê-los – respondeu-lhe.

Um dos sacerdotes "villeros" se queixou ao vigário episcopal da região de Flores, Mario José Serra.

– As acusações vêm do provincial – explicou-lhe Serra.

O próprio Serra foi encarregado de comunicar a Yorio que haviam lhe retirado sua licença para exercer seu ministério na arquidiocese, devido ao fato de que o provincial havia informado que "eu saí da Companhia".

– Não tinham por que te tirar a licença. Essas são coisas do Aramburu. Eu te dou licença para que continues celebrando missa em privado, até que consigas um bispo – disse-lhe Bergoglio.

A última tentativa para lhes conseguir um bispo que os incardinasse foi feita pelo sacerdote da arquidiocese Eduardo González. Convocado à Assembleia Plenária do Episcopado que começou no dia 10 de maio de 1976, ele propôs o caso ao arcebispo de Santa Fe, Vicente Zazpe.

– Não é possível se encarregar deles, porque o provincial anda dizendo que vai lhes tirar da Companhia – defendeu.

A Equipe da Pastoral "Villera" enviou uma carta de protesto a Bergoglio, com cópia ao nuncioPio Laghi, a Aramburu e a Raspanti, que não responderam. O tempo havia se esgotado, epoucos dias depois Yorio e Jalics foram sequestrados, conduzidos à Esma [Escola de Mecânica da Armada] e depois a uma casa operativa, na qual foram torturados.

Um interrogador com ostensivos conhecimentos teológicos disse a Yorio que sabiam que ele não era guerrilheiro, mas que, com o seu trabalho na vila, unia os pobres, e isso era subversivo. Sua liberdade foi negociada pelo governo em troca de que o episcopado recebesse o chefe do Estado Maior do Exército, Roberto Viola, e o ministro da Economia, José Martínez de Hoz. Um dia antes dessa visita ao episcopado, Yorio e Jalics foram drogados e depositados por um helicóptero em um banhado de Cañuelas.

Depois de recuperar a liberdade, Yorio se refugiou em uma igreja e depois na casa de sua mãe. A proteção de um bispo era mais urgente do que nunca. O único que o aceitou foi Jorge Novak. Quando começaram as batidas policiais na região e soube que perguntavam por Yorio, Novak insistiu para que ele saísse do país. "Bergoglio não queria me mandar para Roma, mas por pressão da minha família e de Novak eu saí. Estava escondido, porque houve uma ordem deVidela para me buscar", escreveu-me Yorio em 1999.

Quando reapareceram em Cañuelas, a então irmã Norma Gorriarán, da Companhia de Maria, visitou Yorio na casa de sua mãe. Em uma entrevista para o meu livro "Historia política de la Iglesia Católica argentina", realizada no dia 27 de julho de 2006, ele lembrou que estavam descascando ervilhas quando chegou a irmã de Yorio com a informação de que o estavam buscando. "Eu o levei a uma casa de irmãs em Villa Urquiza, onde tive Orlando por um mês, em uma salinha, no terraço".

Bergoglio exigiu que dissesse onde estava Yorio, "aparentemente para protegê-lo. Mas não me parecia confiável". A religiosa se negou. Bergoglio "tremia, furioso pelo fato de que uma freira insignificante o enfrentava. Apontava para mim e me dizia: `Você é responsável pelos riscos que Orlando corre, onde quer que esteja`. Ele queria saber onde ele estava".

Por último, Laghi conseguiu os documentos para ele, e Bergoglio lhe pagou a passagem para Roma. "Mas ele não pôde me dar nenhuma explicação sobre o ocorrido antes. Adiantou-se a me pedir por favor que não as desse, porque se sentia muito confuso e não saberia me dar essas informações. Eu também não lhe disse nada. O que poderia lhe dizer?".

Yorio lembrou que apenas em Roma o secretário do geral dos jesuítas "tirou a venda dos meus olhos". Esse jesuíta colombiano, o padre Cándido Gaviña, "me informou que eu havia sido expulso da Companhia. Também me contou que o embaixador argentino no Vaticano havia lhe informado que o governo dizia que havíamos sido capturados pelas Forças Armadas porque os nossos superiores eclesiásticos haviam informado o governo que pelo menos um de nós era guerrilheiro. Gavigna pediu-lhe que confirmasse isso por escrito, e o embaixador o fez".

Em troca, Jalics viajou aos Estados Unidos e depois à Alemanha. Escreveu que tinha mais ressentimento para quem os havia entregue do que contra seus capturadores e, apesar da distância, "não cessavam as mentiras, calúnias e ações injustas". Mas, conta em seu livro, em 1980, queimou os documentos comprovatórios do que ele chama de "o delito" de seus perseguidores. Até então, os havia guardado com a secreta intenção de utilizá-los. "Desde então me sinto verdadeiramente livre e posso dizer que perdoei de todo o coração".

Em 1990, durante uma de suas visitas ao país, Jalics se reuniu no instituto Fe y Oración, da rua Oro 2760, com Emilio e Chela Mignone. Segundo a ata desse encontro, escrita por Mignone, Jalics lhes disse que "Bergoglio se opôs a que, uma vez posto em liberdade, ele permanecesse na Argentina e falou com todos os bispos para que não o aceitassem em suas dioceses em caso de se retirar da Companhia de Jesus". Bergoglio diz agora que, quando Jalics vem ao país, ele o visita. A família de Yorio tem uma informação diferente: é Bergoglio quem o busca, como parte de sua operação de dissimulação.



O papel de Bergoglio na ditadura argentina
Fonte : Unisinos

Diante de um grande público, no qual se encontravam membros da Igreja Católica e de outras confissões, foi apresentado nesta sexta-feira o livro "El jesuita: Conversaciones con el cardenal Jorge Bergoglio", dos jornalistas Francesca Ambrogetti e Sergio Rubin.

A nota é do jornal Clarín, 12-06-2010. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

No livro, Bergoglio defende sua atuação durante a última ditadura depois que o jornalistaHoracio Verbitsky o acusou em uma série de artigos de ter virtualmente "entregue" ao governo militar dois sacerdotes de sua congregação, a Companhia de Jesus, que trabalhavam em uma vila portenha.

Bergoglio também se refere à atuação da Igreja nos anos de chumbo. A apresentação esteve a cargo de "Canela" (a jornalista Gigliola Zecchin); Juan Carr, da Rede Solidária e de Alberto Zimerman, da DAIA..





OS EUA FAZEM INVEJA A HITLER...

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levantamento feito por Alberto da Silva Jones, publicado em 2007 no sítio do Centro de Mídia Independente/Brasil:


‪Terrorstorm: História do Terrorismo Governamental [Legendado]


http://www.youtube.com/watch?v=EQlYaw3NinM#t=6m41s

CIA Agents Reveal "Secrets of the CIA" 


Entre as várias invasões que as forças armadas dos Estados Unidos fizeram nos séculos XIX, XX e XXI, podemos citar:

1846/1848 - México - Por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas;

1890 - Argentina - Tropas desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos americanos;

1891 - Chile - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldes nacionalistas;

1891 - Haiti - Tropas debelam a revolta de operários negros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA;

1893 - Hawai - Marinha enviada para suprimir o reinado independente e anexar o Hawaí aos EUA;

1894 - Nicarágua - Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês;

1894/1895 - China - Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa;

1894/1896 - Coréia - Tropas permanecem em Seul durante a guerra;

1895 - Panamá - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana;

1898/1900 - China - Tropas ocupam a China durante a Rebelião Boxer;

1898/1910 - Filipinas - Luta pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, 27/09/1901, e Bud Bagsak, Sulu, 11/15/1913; 600.000 filipinos mortos;

1898/1902 - Cuba - Tropas sitiaram Cuba durante a guerra hispano-americana;

1898 - Porto Rico - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos;

1898 - Ilha de Guam - Marinha desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje;

1898 - Espanha - Guerra Hispano-Americana - Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial;

1898 - Nicarágua - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur;

1899 - Ilha de Samoa - Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa;

1899 - Nicarágua - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez);

1901/1914 - Panamá - Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção;

1903 - Honduras - Fuzileiros Navais desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho;

1903/1904 - República Dominicana - Tropas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução;

1904/1905 - Coréia - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa;

1906/1909 - Cuba -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições;

1907 - Nicarágua - Tropas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua;

1907 - Honduras - Fuzileiros Navais desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua;

1908 - Panamá - Fuzileiros invadem o Panamá durante período de eleições;

1910 - Nicarágua - Fuzileiros navais desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua;

1911 - Honduras - Tropas enviadas para proteger interesses americanos durante a guerra civil invadem Honduras;

1911/1941 - China - Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas;

1912 - Cuba - Tropas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana;

1912 - Panamá - Fuzileiros navais invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais;

1912 - Honduras - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano;

1912/1933 - Nicarágua - Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de combaterem guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos;

1913 - México - Fuzileiros da Marinha invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução;

1913 - México - Durante a revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas;

1914/1918 - Primeira Guerra Mundial - EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens;

1914 - República Dominicana - Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução em Santo Domingo;

1914/1918 - México - Marinha e exército invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas;

1915/1934 - Haiti - Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos;

1916/1924 - República Dominicana - Os EUA invadem e estabelecem governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos;

1917/1933 - Cuba - Tropas desembarcam em Cuba e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos;

1918/1922 - Rússia - Marinha e tropas enviadas para combater a revolução bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles;

1919 - Honduras - Fuzileiros desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço;

1918 - Iugoslávia - Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia;

1920 - Guatemala - Tropas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala;

1922 - Turquia - Tropas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna;

1922/1927 - China - Marinha e Exército mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista;

1924/1925 - Honduras - Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional;

1925 - Panamá - Tropas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos;

1927/1934 - China - Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante sete anos ocupando o território;

1932 - El Salvador - Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional - FMLN -
comandadas por Marti;

1939/1945 - II Guerra Mundial - Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroshima e Nagasaki;

1946 - Irã - Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã;

1946 - Iugoslávia - Presença da marinha ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos;

1947/1949 - Grécia - Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas "eleições" do povo grego;

1947 - Venezuela - Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder;
1948/1949 - China - Fuzileiros invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista;

1950 - Porto Rico - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce;

1951/1953 - Coréia - Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Estados Unidos são um dos principais protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governo pró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul;

1954 - Guatemala - Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a reforma agrária;

1956 - Egito - O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense-britânica, a retirar-se do canal;

1958 - Líbano - Forças da Marinha invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil;
1958 - Panamá - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos;

1961/1975 - Vietnã. Aliados ao sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exército do Vietnã do Sul e entram num conflito traumático, que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldou a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas;

1962 - Laos - Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao;

1964 - Panamá - Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira de seu país;

1965/1966 - República Dominicana - Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas desembarcaram na capital do país, São Domingo, para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924;

1966/1967 - Guatemala - Boinas Verdes e marines invadem o país para combater movimento revolucionário contrário aos interesses econômicos do capital americano;

1969/1975 - Camboja - Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja;

1971/1975 - Laos - EUA dirigem a invasão sul-vietnamita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana;

1975 - Camboja - 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez;
1980 - Irã - Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois do seqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então;

1982/1984 - Líbano - Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos no país logo após a invasão por Israel - e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para os americanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas;

1983/1984 - Ilha de Granada - Após um bloqueio econômico de quatro anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha;

1983/1989 - Honduras - Tropas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira invadem o Honduras;

1986 - Bolívia - Exército invade o território boliviano na justificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas de cocaína;

1989 - Ilhas Virgens - Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano;

1989 - Panamá - Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.

1990 - Libéria - Tropas invadem a Libéria justificando a evacuação de estrangeiros durante guerra civil;

1990/1991 - Iraque - Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos, com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes) que ganhou o título de "Operação Tempestade no Deserto". As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo;

1990/1991 - Arábia Saudita - Tropas americanas destacadas para ocupar a Arábia Saudita que era base militar na guerra contra Iraque;

1992/1994 - Somália - Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropas do general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país;

1993 - Iraque - No início do governo Clinton é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait;

1994/1999 - Haiti - Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropas americanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder ao presidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe, mas o que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos;

1996/1997 - Zaire (ex-República do Congo) - Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus;

1997 - Libéria - Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes;

1997 - Albânia - Tropas invadem a Albânia para evacuar estrangeiros;
2000 - Colômbia - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o "gás verde");

2001 - Afeganistão - Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje;

2003 - Iraque - Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de "Operação Liberdade do Iraque" e por Saddam de "A Última Batalha", a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundo inteiro. As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca.


* Na América Latina, África e Ásia, os Estados Unidos invadiam países ou para depor governos democraticamente eleitos pelo povo, ou para dar apoio a ditaduras criadas e montadas pelos Estados Unidos, tudo em nome da "democracia" (deles). São eles:

Equador (1963): O presidente esquerdista Carlos Julio Arosemena Montoy é deposto e deportado para o Panamá após um golpe militar.

Brasil (1964): o general Humberto Castelo Branco e outros militares articulam um golpe militar com o apoio dos EUA. O documentário "O dia que durou 21 anos" conta mais sobre o golpe

KARMA, ISSO EXISTE OU NÃO PASSA DE UMA GRANDE BOBAGEM?

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POR DAVID DA COSTA COELHO
Quando o homem descobriu a agricultura, pouco depois houve a necessidade da criação de classes sociais para poder organizar colheitas, defender a propriedade, pedir bênçãos aos deuses animistas, mais tarde elevados às características e dons de animais no totemismo; e finalizando essa fase, antes das cidades estados, transferem essas qualidades ‘magicas’ para os seres humanos, notadamente descendentes dos criadores destas religiões. Assim se originou inúmeros grupos sociais e uma pirâmide estamental que dividiu as pessoas em escalas de importância, e cada grupo só se casava exclusivamente com os de sua casta, aonde quer que venha surgir agrupamentos humanos, depois cidades, impérios e nações...
 Como sempre, aqueles que se encontravam no topo da pirâmide exploravam de forma vil o povo na escala mais abaixo socialmente falando, compostos de escravos, agricultores, e homens livres. Para manter os entes felizes e satisfeitos, havia duas coisas a se considerar, a religião – sistema de crenças e valores religiosos pelo qual o fiel orienta sua vida, seus filhos e familiares próximos - passada pelos pais através de gerações, afirmando que as coisas eram da forma como estavam devido à vontade dos deuses, e nós, sua criação, deveríamos nos ater a sua vontade, bem como a situação que nos encontrávamos dentro desta escala social. Para aqueles que ainda assim insistiam em questionar tais verdades religiosas, havia o fio da espada a cortar sua língua, partes do corpo, pois o mutilado era visto como criminoso herege, e exemplo a ser seguido caso outros também contestassem a tal verdade suprema. Em ultimo caso a morte também era um espetáculo à parte para esses descrentes e seus discípulos.
O sistema estamental perdurou por milênios nas principais civilizações do mundo, e em alguns lugares da Terra ainda existe, ao menos no sentido da realeza. Mas na Índia, uma das civilizações mais antigas do planeta, ele persiste intocável, a despeito do capitalismo e sua busca em dividir a pirâmide apenas entre os muito pobres, cobrindo 70% da pirâmide com o proletariado, e os 30% de ricos e super-ricos a explorar os abaixo dela. E foi exatamente neste país que surgiu o tema que ainda hoje muitas pessoas se entregam de corpo e alma, como se sua vida fosse uma pirâmide reencarnatória de milhares de anos, baseada no que tu come, bebe, faz ao próximo, ou a si mesmo, para que numa próxima vida venha a nascer num plano mais elevado da pirâmide.
Meu querido Pavlov se estivesse vivo e entendesse de biologia moderna, diria que foram condicionados a repetir tal cantilena, e muitos destes senhores ainda carregam o destino atávico de não ir contra tal coisa, mesmo não havendo mais pessoas com espadas para demolir os descrentes. Na própria Índia, um dos que se insurgiu contra tal manipulação foi o criador de uma religião chamada Jainismo, e seu nome era Mahavira. Segundo ele, não era preciso passar milhares de encarnações aqui na terra para se tornar um ascendido, um iluminado; o fiel deveria, no entanto, seguir oito caminhos que ele determinou a seus seguidores...
No credo por ele criado não havia castas e todos seriam iguais, mesmo seu criador sendo de uma casta superior e elitista, ele declinou sua herança e foi viver como mendigo, o que cabia aos inferiores e intocáveis, a ralé da pirâmide social indiana, sendo este um dos pilares de sua fé, ausência de apego a bens, emoções e tudo que o prendesse a este mundo.
Após sua morte, seus ensinamentos sofreram mais acréscimos e divisões religiosas seguiram-se, coisa mais do que natural a toda religião porque seus fundadores não são imortais, e mesmo que fossem deuses, sem crentes para acreditar, até mesmo divindades morrem, entretanto, uma das coisas fundamentais que os dogmatizados do karma ainda se prendem, também se encontra no Jainismo... O tal acumulo negativo que se leva em reencarnações segundo algumas cantilenas reencarnacionistas, até mesmo no espiritismo, criado por Hippolyte Léon Denizard Rivail, cujo nome ele mudou para publicar seus livros, e se tornou Allan Kardec... Em sua coletânea, ele se apega de forma acadêmica a todas as religiões anteriores, e codifica o que seria após sua morte a doutrina kardecista, mas também eivada da cantilena do Karma negativo, e pior ainda, o que escreveu da base espirita foi de origem de duas falsárias - ‘Kate e Maggie Fox’ - que se redimiram anos depois, mas Rivail já tinha morrido, e mortos não escrevem nada, e nem voltam na forma de espíritos para corrigir livros espiritas errados que eles escreveram em vida.
Para entender o tamanho desta idiotice denominado herança de uma encarnação anterior, gosto sempre de citar o conceito de acender uma lâmpada. Há o polo negativo e o positivo, ao se encontrarem, eles geram a luz. E ela é a essência da vida, pois sem essa energia, que não é boa e nem má, e não se importa com besteiras inventadas por elitistas religiosos há milhares de anos, sem luz do sol não existiria vida na terra. Portanto vamos desmontando de forma intelectual esse sofismo que alguns ainda insistem em levar em frente, bem como o tal do karma, e mais tarde outro, derivado da influencia indiana com o ocidente e povos do oriente médio; o pecado que muito se usa para manipular crianças em  escolas e seminários religiosos com orações como o pai nosso, bem como outras mais cabrestantes de mentes...
Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda, também passou pelas mesmas coisas que o criador do Jainismo, mas diferente deste, Buda era um príncipe, depois de ser excluído de ver o mundo como era, disfarçou-se e abandonou o palácio onde tudo era lindo e perfeito. Acompanhado de um serviçal, ele contemplou a doença, velhice, morte e a desigualdade social. A explicação recebida era o sistema de castas do Hinduísmo, do qual ele fazia parte do topo por ser da elite da pirâmide. No entanto, após aquela experiência, ele não era mais o mesmo homem, e decidiu descobrir a verdade, ou morrer tentando. Abandona a vida de riqueza e luxuria inerente à sua condição, sua mulher e filho, partindo para viver entre os gentios inferiores. Virou um mendigo pedindo esmola, depois se entregou como discípulo de vários ascetas que supostamente teriam encontrado uma forma de escapar das mazelas da reencarnação. No entanto, aqueles caminhos não o levaram a seu destino, e depois de muito sofrimento, e dele mesmo embarcar num ascetismo próprio, deixando de seguir outros, quase as portas da morte, foi salvo por uma mulher que o alimenta, ganha forças se ilumina, e depois disso arregimenta um mundo de discípulos.
Resume sua iluminação em quatro caminhos, após sua morte, também seu credo é dividido, acrescenta – se mais coisas que a fazem descendente direto do hinduísmo e Jainismo, e temos de novo o tal do karma de vidas passadas, como se nós, pudéssemos viver uma vida de rico nesta encarnação, e numa próxima, com corpo e diferente geografia, retornar ao antigo pais e pedir aos descendentes daquela família a parte da própria herança, já que seria o mesmo reencarnado...
Não é preciso dizer o que se receberia dos familiares por tal idiotice... E a resposta é simples, reencarnamos não porque cometemos este ou aquele pecado, matamos bilhões ou salvamos milhões de seres, não comemos este ou aquele alimento; ou fomos este ou aquele animal numa reencarnação anterior- outra idiotice de facções budistas, jainistas e hindus - por isso jamais se deveria comer carne; de novo outro sofisma piramidal imposto.
O objetivo da reencarnação é a evolução da alma, e isso se dá não se excluindo de nada, alimentando um passado cheio de conceitos mortos. Reencarnar significa que sua jornada em dimensões onde existam planetas como a terra ainda não terminou, portanto, para seguir adiante, lembre-se que sua vida aqui é apenas um personagem, não deixe ser dominado pela cultura que lhe impuseram. Absorva aquilo que o fará melhor como ser humano, sem, no entanto deixar de entender como funciona a própria humanidade.
Não há karmas de vidas passadas, não existe o tal do bem e do mal, uma luta fratricida entre um criador e sua criatura, muito em voga em religiões originarias do judaísmo, e que também receberam influencia de religiões indianas. Cada vida que aqui temos, é para aprender, e para isso devemos passar por todas as fazes dela, e a dor inerente a cada idade. Só cresceremos quando nada mais a nossa volta for capaz de nos abalar ou tirar de nossa missão de vida.
Há inúmeras formulas magicas para ir ao céu, não reencarnar mais, ou planejar uma reencarnação mais a nossa altura e dignidade. Bom, eu só conheço uma que funciona, pois foi o que todos que vieram antes buscaram, encontraram, e após suas mortes foi modificado; não é o ascetismo, evitar alimentos, ou praticar isso ou aquilo, e sim buscar do dia que nasce até a hora de ir novamente a seu paraíso celestial religioso...
Esse caminho é o conhecimento, ele é a real motivação de reencarnar, o conhecedor jamais se aquieta, e sempre buscará mais e mais, e como o mesmo é infinito, sua busca o fará retornar aqui o numero de vezes que for necessário. Quando sua alma comportar uma quantia adequada, aí sim, talvez ela esteja satisfeita e não mais voltaremos aqui, salvo como professores, para dar aos obscurecidos não uma formula magica, e sim conhecimento para que estes também sejam quem sabe um dia mestres em ascensão... 

WIKILEAKS: SABOTAGEM DOS EUA NA BASE DE ALCÂNTARA CONTRA BRASIL COM AVAL DE FHC

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Telegramas revelam intenções de veto e ações dos EUA contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro com interesses de diversos agentes que ocupam ou ocuparam o poder em ambos os países

Os telegramas da diplomacia dos EUA revelados pelo Wikileaks revelaram que a Casa Branca toma ações concretas para impedir, dificultar e sabotar o desenvolvimento tecnológico brasileiro em duas áreas estratégicas: energia nuclear e tecnologia espacial. Em ambos os casos, observa-se o papel anti-nacional da grande mídia brasileira, bem como escancara-se, também sem surpresa, a função desempenhada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, colhido em uma exuberante sintonia com os interesses estratégicos do Departamento de Estado dos EUA, ao tempo em que exibe problemática posição em relação à independência tecnológica brasileira. Segue o artigo do jornalista Beto Almeida.
O primeiro dos telegramas divulgados, datado de 2009, conta que o governo dos EUA pressionou autoridades ucranianas para emperrar o desenvolvimento do projeto conjunto Brasil-Ucrânia de implantação da plataforma de lançamento dos foguetes Cyclone-4 – de fabricação ucraniana – no Centro de Lançamentos de Alcântara , no Maranhão.
Veto imperial

O telegrama do diplomata americano no Brasil, Clifford Sobel, enviado aos EUA em fevereiro daquele ano, relata que os representantes ucranianos, através de sua embaixada no Brasil, fizeram gestões para que o governo americano revisse a posição de boicote ao uso de Alcântara para o lançamento de qualquer satélite fabricado nos EUA. A resposta americana foi clara. A missão em Brasília deveria comunicar ao embaixador ucraniano, Volodymyr Lakomov, que os EUA “não quer” nenhuma transferência de tecnologia espacial para o Brasil.
 “Queremos lembrar às autoridades ucranianas que os EUA não se opõem ao estabelecimento de uma plataforma de lançamentos em Alcântara, contanto que tal atividade não resulte na transferência de tecnologias de foguetes ao Brasil”, diz um trecho do telegrama.
Em outra parte do documento, o representante americano é ainda mais explícito com Lokomov: “Embora os EUA estejam preparados para apoiar o projeto conjunto ucraniano-brasileiro, uma vez que o TSA (acordo de salvaguardas Brasil-EUA) entre em vigor, não apoiamos o programa nativo dos veículos de lançamento espacial do Brasil”.
Guinada na política externa

O Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA (TSA) foi firmado em 2000 por Fernando Henrique Cardoso, mas foi rejeitado pelo Senado Brasileiro após a chegada de Lula ao Planalto e a guinada registrada na política externa brasileira, a mesma que muito contribuiu para enterrar a ALCA. Na sua rejeição o parlamento brasileiro considerou que seus termos constituíam uma “afronta à Soberania Nacional”. Pelo documento, o Brasil cederia áreas de Alcântara para uso exclusivo dos EUA sem permitir nenhum acesso de brasileiros. Além da ocupação da área e da proibição de qualquer engenheiro ou técnico brasileiro nas áreas de lançamento, o tratado previa inspeções americanas à base sem aviso prévio.
Os telegramas diplomáticos divulgados pelo Wikileaks falam do veto norte-americano ao desenvolvimento de tecnologia brasileira para foguetes, bem como indicam a cândida esperança mantida ainda pela Casa Branca, de que o TSA seja, finalmente, implementado como pretendia o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Mas, não apenas a Casa Branca e o antigo mandatário esforçaram-se pela grave limitação do Programa Espacial Brasileiro, pois neste esforço algumas ONGs, normalmente financiadas por programas internacionais dirigidos por mentalidade colonizadora, atuaram para travar o indispensável salto tecnológico brasileiro para entrar no seleto e fechadíssimo clube dos países com capacidade para a exploração econômica do espaço sideral e para o lançamento de satélites. Junte-se a eles, a mídia nacional que não destacou a gravíssima confissão de sabotagem norte-americana contra o Brasil, provavelmente porque tal atitude contraria sua linha editorial historicamente refratária aos esforços nacionais para a conquista de independência tecnológica, em qualquer área que seja. Especialmente naquelas em que mais desagradam as metrópoles.
Bomba! Bomba!
 
O outro telegrama da diplomacia norte-americana divulgado pelo Wikileaks e que também revela intenções de veto e ações contra o desenvolvimento tecnológico brasileiro veio a tona de forma torta pela Revista Veja, e fala da preocupação gringa sobre o trabalho de um físico brasileiro, o cearense Dalton Girão Barroso, do Instituto Militar de Engenharia, do Exército. Giráo publicou um livro com simulações por ele mesmo desenvolvidas, que teriam decifrado os mecanismos da mais potente bomba nuclear dos EUA, a W87, cuja tecnologia é guardada a 7 chaves.
A primeira suspeita revelada nos telegramas diplomáticos era de espionagem. E também, face à precisão dos cálculos de Girão, de que haveria no Brasil um programa nuclear secreto, contrariando, segundo a ótica dos EUA, endossada pela revista, o Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, firmado pelo Brasil em 1998, Tal como o Acordo de Salvaguardas Brasil-EUA, sobre o uso da Base de Alcântara, o TNP foi firmado por Fernando Henrique. Baseado apenas em uma imperial desconfiança de que as fórmulas usadas pelo cientista brasileiro poderiam ser utilizadas por terroristas , os EUA, pressionaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) que exigiu explicações do governo Brasil , chegando mesmo a propor o recolhimento-censura do livro “A física dos explosivos nucleares”. Exigência considerada pelas autoridades militares brasileiras como “intromissão indevida da AIEA em atividades acadêmicas de uma instituição subordinada ao Exército Brasileiro”.
Como é conhecido, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, vocalizando posição do setor militar contrária a ingerências indevidas, opõe-se a assinatura do protocolo adicional do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares, que daria à AIEA, controlada pelas potências nucleares, o direito de acesso irrestrito às instalações nucleares brasileiras. Acesso que não permitem às suas próprias instalações, mesmo sendo claro o descumprimento, há anos, de uma meta central do TNP, que não determina apenas a não proliferação, mas também o desarmamento nuclear dos países que estão armados, o que não está ocorrendo.
Desarmamento unilateral

A revista publica providencial declaração do físico José Goldemberg, obviamente, em sustentação à sua linha editorial de desarmamento unilateral e de renúncia ao desenvolvimento tecnológico nuclear soberano, tal como vem sendo alcançado por outros países, entre eles Israel, jamais alvo de sanções por parte da AIEA ou da ONU, como se faz contra o Irã. Segundo Goldemberg, que já foi secretário de ciência e tecnologia, é quase impossível que o Brasil não tenha em andamento algum projeto que poderia ser facilmente direcionado para a produção de uma bomba atômica. Tudo o que os EUA querem ouvir para reforçar a linha de vetos e constrangimentos tecnológicos ao Brasil, como mostram os telegramas divulgados pelo Wikileaks. Por outro lado, tudo o que os EUA querem esconder do mundo é a proposta que Mahmud Ajmadinejad , presidente do Irà, apresentou à Assembléia Geral da ONU, para que fosse levada a debate e implementação: “Energia nuclear para todos, armas nucleares para ninguém”. Até agora, rigorosamente sonegada à opinião pública mundial.
Intervencionismo crescente

O semanário também publica franca e reveladora declaração do ex-presidente Cardoso : “Não havendo inimigos externos nuclearizados, nem o Brasil pretendendo assumir uma política regional belicosa, para que a bomba?” Com o tesouro energético que possui no fundo do mar, ou na biodiversidade, com os minerais estratégicos abundantes que possui no subsolo e diante do crescimento dos orçamentos bélicos das grandes potências, seguido do intervencionismo imperial em várias partes do mundo, desconhecendo leis ou fronteiras, a declaração do ex-presidente é, digamos, de um candura formidável.
São conhecidas as sintonias entre a política externa da década anterior e a linha editorial da grande mídia em sustentação às diretrizes emanadas pela Casa Branca. Por isso esses pólos midiáticos do unilateralismo em processo de desencanto e crise se encontram tão embaraçados diante da nova política externa brasileira que adquire, a cada dia, forte dose de justeza e razoabilidade quanto mais telegramas da diplomacia imperial como os acima mencionados são divulgados pelo Wikileaks.

FHC, Fundação Ford , Cia ...
por Sebastião Nery
da Tribuna da Imprensa

“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de 145 mil dólares. Nasce o Cebrap”.

Esta história, assim aparentemente inocente, era a ponta de um iceberg. Está contada na página 154 do livro “Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível”, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro de 69.

Fundação Ford

Há menos de 60 dias, em 13 de dezembro, a ditadura havia lançado o AI-5 e jogado o País no máximo do terror do golpe de 64, desde o início financiado, comandado e sustentado pelos Estados Unidos. Centenas de novas cassações e suspensões de direitos políticos estavam sendo assinadas. As prisões, lotadas. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos.

E Fernando Henrique recebia da poderosa e notória Fundação Ford uma primeira parcela de 145 mil dólares para fundar o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). O total do financiamento nunca foi revelado. Na Universidade de São Paulo, sabia-se e se dizia que o compromisso final dos americanos era de 800 mil a um milhão de dólares.

Agente da CIA

Os americanos não estavam jogando dinheiro pela janela. Fernando Henrique já tinha serviços prestados. Eles sabiam em quem estavam aplicando sua grana. Com o economista chileno Faletto, Fernando Henrique havia acabado de lançar o livro “Dependência e desenvolvimento na América Latina”, em que os dois defendiam a tese de que países em desenvolvimento ou mais atrasados poderiam desenvolver-se mantendo-se dependentes de outros países mais ricos. Como os Estados Unidos.

Montado na cobertura e no dinheiro dos gringos, Fernando Henrique logo se tornou uma “personalidade internacional” e passou a dar “aulas” e fazer “conferências” em universidades norte-americanas e européias.

Era “um homem da Fundação Ford”. E o que era a Fundação Ford? Uma agente da CIA, um dos braços da CIA, o serviço secreto dos EUA.

Quem pagou

Acaba de chegar às livrarias brasileiras um livro interessantíssimo, indispensável, que tira a máscara da Fundação Ford e, com ela, a de Fernando Henrique e muita gente mais: “Quem pagou a conta? A CIA na guerra fria da cultura”, da pesquisadora inglesa Frances Stonor Saunders (editado no Brasil pela Record, tradução de Vera Ribeiro).

Quem “pagava a conta” era a CIA, quem pagou os 145 mil dólares (e os outros) entregues pela Fundação Ford a Fernando Henrique foi a CIA. Não dá para resumir em uma coluna de jornal um livro que é um terremoto. São 550 páginas documentadas, minuciosa e magistralmente escritas:

“Consistente e fascinante” (”The Washington Post”). “Um livro que é uma martelada, e que estabelece em definitivo a verdade sobre as atividades da CIA” (”Spectator”). “Uma história crucial sobre as energias comprometedoras e sobre a manipulação de toda uma era muito recente” (”The Times”).

Milhões de dólares

1 – “A Fundação Farfield era uma fundação da CIA… As fundações autênticas, como a Ford, a Rockfeller, a Carnegie, eram consideradas o tipo melhor e mais plausível de disfarce para os financiamentos… permitiu que a CIA financiasse um leque aparentemente ilimitado de programas secretos de ação que afetavam grupos de jovens, sindicatos de trabalhadores, universidades, editoras e outras instituições privadas” (pág. 153).

2 – “O uso de fundações filantrópicas era a maneira mais conveniente de transferir grandes somas para projetos da CIA, sem alertar para sua origem. Em meados da década de 50, a intromissão no campo das fundações foi maciça…” (pág. 152). “A CIA e a Fundação Ford, entre outras agências, haviam montado e financiado um aparelho de intelectuais escolhidos por sua postura correta na guerra fria” (pág. 443).

3 – “A liberdade cultural não foi barata. A CIA bombeou dezenas de milhões de dólares… Ela funcionava, na verdade, como o ministério da Cultura dos Estados Unidos… com a organização sistemática de uma rede de grupos ou amigos, que trabalhavam de mãos dadas com a CIA, para proporcionar o financiamento de seus programas secretos” (pág. 147).

FHC facinho

4 – “Não conseguíamos gastar tudo. Lembro-me de ter encontrado o tesoureiro. Santo Deus, disse eu, como podemos gastar isso? Não havia limites, ninguém tinha que prestar contas. Era impressionante” (pág. 123).

5 – “Surgiu uma profusão de sucursais, não apenas na Europa (havia escritorios na Alemanha Ocidental, na Grã-Bretanha, na Suécia, na Dinamarca e na Islândia), mas também noutras regiões: no Japão, na Índia, na Argentina, no Chile, na Austrália, no Líbano, no México, no Peru, no Uruguai, na Colômbia, no Paquistão e no Brasil” (pág. 119).

6 – “A ajuda financeira teria de ser complementada por um programa concentrado de guerra cultural, numa das mais ambiciosas operações secretas da guerra fria: conquistar a intelectualidade ocidental para a proposta norte-americana” (pág. 45). Fernando Henrique foi facinho.

(*) Publicado na Tribuna da Imprensa de 09 de fevereiro de 2008
Fonte: http://www.pragmatismopolitico.com.br/2011/02/wikileaks-revela-sabotagem-contra.html

DESAPEGO, MÁGOA E PERDÃO...

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DESAPEGO? VOCÊ SABE LIDAR COM TÉRMINOS?
Por: Marcelo Guerra / Médico graduado pela UFRJ.
Reflita sobre a importância de aceitar a impermanência da vida, pois muitas filosofias orientais falam da impermanência das coisas. Assim, aquilo que é de uma maneira hoje, não necessariamente será do mesmo jeito amanhã. Hoje você pode ter estabilidade financeira e amanhã pode se ver completamente sem dinheiro.
No entanto, não só os bens materiais são perecíveis. Os relacionamentos e os sentimentos também podem mudar ou até mesmo terminar. No início de um namoro é comum cada um fazer juras eternas, como se aquela relação nunca fosse acabar ou mudar. Depois de alguns anos, a convivência pode trazer dificuldades a este casal ou as mudanças de cada um podem levá-los a ver a vida de forma diferente, causando obstáculos intransponíveis. Afinal, aquelas promessas não fazem mais sentido, já que as pessoas passaram por transformações e não são mais as mesmas.
A precariedade daquilo que temos como certo é chamada insegurança. E saber conviver com isso é uma arte. Acredito que há forças atuantes em todo o universo que conduzem muitos dos acontecimentos, nos permitindo novas escolhas a cada momento de nossas vidas. O medo nos força a evitar a insegurança através do controle, mas é impossível ter o controle de todas as situações. O controle exagerado leva inevitavelmente à frustração.
O que temos de permanente é nossa essência, muitas vezes encoberta por sombras e por preocupações materiais, mas é aquilo que somos e aparece pelos nossos propósitos maiores na vida. Por isso, o único remédio para a impermanência das coisas é o desapego. Para abrirmos mão do controle, é preciso ter confiança de que as forças do universo guiarão nossos destinos. Pode nem ser como esperamos, mas sempre ocorrerá o melhor possível, rumo ao nosso desenvolvimento.
Rudolf Steiner, fundador da Antroposofia, fala como o futuro pode ser aguardado com serenidade, pela confiança nas forças que direcionam o universo. Assim, a certeza e a coragem devem andar de mãos dadas, uma conduzindo a outra, para que sejamos pessoas seguras, por mais precárias que sejam as certezas. ”Em verdade, nada terá valor se a coragem nos faltar. Disciplinemos nossa vontade e busquemos o despertar interior todas as manhãs e todas as noites".
MÁGOA E PERDÃO
Por: Talita Boros
Estudos recentes mostram o impacto de sentimentos negativos, como a mágoa e o rancor, no sistema cardíaco. A psicanalista Lindalva Moraes explica que a pessoa ressentida sente necessidade de alimentar a dor, fortalecendo a posição de injustiçada, e confirma que esses sentimentos negativos podem acabar influenciando numa piora da saúde, colaborando para o aparecimento de sintomas físicos e até de doenças graves, como o câncer.

Segundo o professor de Psicologia Júlio Rique Neto, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), existem diversas formas de controlar a mágoa, mas somente o perdão é capaz de fazer as pessoas realmente superarem esses anseios. “Mesmo aquelas que têm o sentimento de vingança, não se sentem melhor depois que quem lhes fez mal paga por isso. O ressentimento não passa”, explica. “Quando a pessoa mostra arrependimento verdadeiro, a gente consegue perdoar. O perdão também faz bem para quem está sofrendo situação”.

O Forgiveness Institute (Instituto do Perdão) da Universidade de Wisconsin, nos Estados Unidos, se dedica a estudar cientificamente os benefícios do perdão e defende a prática. O psicólogo Robert Enright, uma das autoridades no tema, explica que quando uma pessoa perdoa, ela exerce o aprendizado da virtude moral. “O perdão é como a paciência, bondade, justiça e o respeito. Em todas essas virtudes, não existem pré-requisitos para oferecê-las. A pessoa não precisa ser justa para receber lealdade, por exemplo. E o mesmo funciona para o perdão. Nós podemos oferecê-lo aos outros sempre que desejarmos. O perdão é incondicional, assim como a justiça”, Segundo Enright, não é fácil perdoar qualquer tipo de erro e muitas pessoas não conseguem perdoar injustiças terríveis, como no caso do assassinato de um ente querido.

“O que muitas vezes as pessoas não entendem é que perdoando estamos fazendo um favor a nós mesmos. O perdão serve para nos libertar da prisão emocional da raiva, ressentimento e infelicidade. Uma pesquisadora da Duke University Medical Center afirmou que os benefícios do perdão estão correlacionados com o aumento da função imunológica em pacientes com o vírus HIV. Além de dar a sensação de liberdade o ato de desculpar pode fazer muito bem à saúde de quem consegue realizá-lo.
Pessoas que sofrem de estresse cardíaco após uma grande decepção restauram as funções do coração depois que conseguem perdoar o outro, assim como as que tinham alterações de pressão, retomam o ritmo normal após relevarem o rancor e perdoarem.

“O perdão restabelece o controle emocional e físico do corpo, além de reabilitar a dignidade e o bem-estar da vítima”. Descobrimos que as pessoas que foram tratadas injustamente tendem a ter menos energia se não perdoarem. Perdão adiciona vitalidade, acrescenta alegria, e isso tem um efeito positivo no sistema cardiovascular já que a raiva incessante é prejudicial”, relaciona o psicólogo Robert Enright. A última pesquisa feita na Universidade de Wisconsin mostra que quem perdoa apresenta um grande crescimento da autoestima e da esperança no futuro. No outro lado, para ser verdadeiramente perdoado, primeiramente a pessoa que cometeu a injustiça deve se arrepender do erro que cometeu. “Se queremos o perdão do outro é importante assumir total responsabilidade por aquilo que fizemos, pedir desculpas e tentar fazer as pazes. Mas a decisão de perdoar ou não cabe a outra pessoa”.


CULPA - MÁGOA E OS MICROORGANISMOS NA GÊNESE DAS DOENÇAS.


Por que algumas pessoas sentem culpa-mágoa, mas continuam suas vidas, enquanto outras param de viver, sem ânimo para continuar? Por que as reações são tão diferentes? Habitualmente, esse conteúdo de culpa e mágoa se entrelaça efetivamente em nossas vidas. À proporção que vamos nos dando conta de que estamos lesando alguém ou lesando a nós mesmo, de que estamos nos sentindo lesados e machucados por alguém ou por nós mesmo, temos dois caminhos a seguir: um de alimentar a culpa e a mágoa, e o outro de diluí-las. Quando as alimento, fixo-me, estagno e crio um movimento de petrificação, de imobilidade e encaminho-me para a doença, que irá desaguar no corpo caso eu não redirecione essa postura.

Quando eu faço a escolha por dissolver a mágoa-culpa, estou tomando uma direção exatamente oposta, mobilizando o auto perdão, no caso da culpa, e o hetero perdão no caso da mágoa, liberando-me, portanto, daquele conflito, dando um salto de qualidade e aprendendo com aquela experiência sofrida que experimentei. Assim, são duas dinâmicas absolutamente deferentes. Uma me leva para a enfermidade, e a outra para a cura. A mágoa e a culpa que eu sustento me fazem adoecer, e a mágoa e a culpa que eu trabalho positivamente me fazem crescer.

Qual a influência desses estados psicológicos no corpo físico? Por que eles favorecem a ação, de microorganismos causadores de doenças?

A mágoa e a culpa instalam-se em nível psíquico, repercutindo no corpo perispiritual.

Se não fazemos o desabafo ou se não estabelecemos a corrigenda como propõe André Luís no livro Evolução em Dois Mundos, surgem no nosso campo perispiritual zonas de remorso, resultado das nossas atitudes e posturas que estão sendo sustentadas teimosamente sem uma resolução plausível. Essa zona de remorso cria um campo de solução de continuidade na interação do corpo perispiritual e do corpo físico, abrindo espaço para a vulnerabilidade numa área do corpo, num tecido ou então no organismo por inteiro, gerando, assim, a manifestação de disfuncionalidades orgânicas ou de processos patológicos e físicos, bem como de distúrbios que envolvem as emoções ou de transtornos que envolvem a mente. Desse modo, esses conteúdos, se não são solucionados a tempo, vão se refinando até chegar ao corpo, que é a instância última que a natureza nos propõe para que possamos reverter o nosso caminho através da corrigenda, do auto perdão e do perdão ao outro, ambos originários na misericórdia que devemos ter. Por isso, Jesus propôs o "Bem Aventurados os Misericordiosos", pois, quando não exercemos a misericórdia, caminhamos para a instalação das doenças no corpo físico.

Quais os tipos de doenças físicas e mentais mais comuns relacionadas à culpa - mágoa?

Como diz André Luís tirando a imprevidência, a imprudência e a falta de higiene, todas as patologias derivam da relação profunda do espírito e seus campos energéticos mais profundos, que vão aos poucos se manifestando no corpo. Então poderíamos afirmar que na maioria das patologias vamos encontrar a culpa-mágoa, uma ou outra e, habitualmente, as duas entremeadas, como sendo as verdadeiras causas das doenças infecciosas, degenerativas, alérgicas, etc. ou sistêmicas, de natureza física ou mental.

Assim, vamos tendo esses conteúdos desequilibrantes de mágoa-culpa como sendo a verdadeira gênese das patologias que alcançam os homens na Terra.

Quais os recursos das psicoterapias para auxiliar a cura de pessoas contaminadas por esses estados negativos?

Toda abordagem psicológica ajuda para que se possam trabalhar essas sombras que carregamos dentro de nós mesmos.

Qualquer providência que leve o indivíduo à autorreflexão e a auto percepção, e que busque naturalmente projetá-lo para a saúde, o ajudará na superação dos seus limites, a vencer a mágoa e a trocar a culpa pelo perdão. Efetivamente, o Evangelho é, indiscutivelmente, o maior repositório de amor que a história da humanidade conheceu e está sempre nos inspirando a fazer esse trabalho de profundidade e sem nenhuma concorrência com qualquer psicoterapia ou abordagem psicológica. Ao contrário, sendo um instrumento catalizador, fornecedor, agenciador e sinergicamente terapêutica, o Evangelho é o grande espaço onde podemos nos encontrar para promovermos essas mudanças tão necessárias que não se limitam ao trabalho de dissolver sombras, porém, e sobretudo, de ampliar luzes dentro de nós mesmos.
Dr. Alberto Almeida - médico e terapeuta transpessoal, com formação em Homeopatia, Dinâmica de Grupos, Terapia Familiar Sistêmica e Programação Neurolinguística (PNL).

REDUÇÃO DA IDADE PENAL PARA 16 ANOS, UMA IDIOTICE...

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Por David da Costa Coelho.
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O inesquecível Leonel Brizola, em seus primeiros dias como governador do Rio de Janeiro, deixou bem claro qual seria sua principal politica, a EDUCAÇÃO. Ao longo e seu governo ele criou inúmeras escolas denominadas CIEP, mas o povo carinhosamente as denominou de Brizolões. Criticado pelos seus inimigos pela quantia de gastos com a educação em plena época de ascensão do neoliberalismo, a sua resposta foi pedagógica... ‘Melhor construir escolas e ensinar hoje as crianças a terem futuro, do que mais tarde ter de fazer presídios para prender aqueles que não se educaram, passando para o lado oposto aos educados, pois seu futuro seria a prisão ou cemitério .’  
Para as pessoas que não sabem o preço do projeto brizolista após décadas, hoje um preso custa ao estado brasileiro, eu e você, em media 1800 reais mensais, o Brasil atualmente possui 500 mil presos, e mais 250.000 com mandados que precisam ser cumpridos. Ou seja, 500.000 x 1800: 900.000.000 x 12: 10.800.000.000 DEZ BILHÕES E OITOCENTOS MILHÕES DE REAIS POR ANO só para prender pessoas, pelo tempo de suas penas, cujo objetivo prisional seria reeducar o cidadão que cometeu um crime e reinserir o mesmo na sociedade.
Nas prisões eles seriam divididos de acordo com suas penas, e teriam aulas que os capacitariam ao mercado de trabalho, evitando assim uma reincidência, ou seja; mesmo na prisão não há como escapar da tal educação, mas como elas são verdadeiras senzalas entulhadas de gente – apesar dessa gigantesca quantia que pagamos para que funcione - o que existe lá é uma escola universitária do crime; onde os presos são graduados e passam a ostentar canudos do CV, PCC, ADA...
Como ainda faltam metade dos que não foram detidos, ao final gastaremos quase 17 bilhões de reais com presos a cada ano, não bastando isso, querem reduzir a idade penal para 16 anos, pois bem, eu aposto meu diploma de professor de História contra 1 centavo de qualquer politico, se aprovado tal projeto, daqui alguns anos, vão pedir para 14 anos pelos mesmos motivos de hoje, e por aí vai....
Como sabemos na pilantragem politica, evidente que poucos governadores deram sequencia ao projeto de Brizola, o mesmo ocorrendo no Brasil inteiro com a educação tratada como lixo, e os professores ainda pior que o mesmo lixo que jogamos fora, não só pelos governantes, como também alguns alunos que não mais os respeitam.
Em media um professor ganha cerca de 1000 reais mensais por contrato, sem passagem nem direitos trabalhistas, para cuidar de 200 alunos ao final de um mês. Cerca de 40 crianças por sala de aula, o que dá 1 real por aluno ao final do mês. Mas como diz o nosso personagem amado pelos professores de são Paulo,Geraldo Alckmin (PSDB): Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não por salario, se quer ganhar melhor vai para o ensino privado.’ Como sabemos, esse é um motivo mais do que justo para sermos as lanterninhas mundiais em termos de conhecimento, projetos científicos, eternos compradores de tecnologia. Nações que se envolveram em guerras como o Vietnam e a Koreia do Sul, mesmo massacradas por guerras entre capitalismo e comunismo, são hoje exemplo de educação acima do nosso País.
Mas o que a educação tem haver com a violência juvenil que assola nossas cidades? Quase que mensalmente assistimos menores de 18 praticando crimes hediondos, cientes que ficarão detidos um mínimo de tempo por seus crimes bárbaros porque o ECAé leniente, os políticos querem que permaneça assim porque acabam tendo como justificar mais repressão social, desvio de dinheiro e luta contra o crime, uma bandeira de luta excelente para população amedrontada e eterna reeleição deles. Como sempre a culpa é da ausência de educação, pois quem faz as leis são os políticos, salvo raras exceções, a maioria deles são corruptos, ricos e com interesses apenas em suas falcatruas por mais poder e riqueza.
 No filme ‘UM CANDIDATO MUITO LOUCO’, o personagem dizia em sua campanha que deputados e senadores deveriam ostentar em seus ternos , assim como na Formula 1, os ícones de propaganda que bancavam suas campanhas e os interesses que defendiam; possibilitando a seus eleitores saber em que empresa votava, já que os políticos não estão ali pelo e para o povo, e sim pelas corporações e seus lucros astronômicos.
 E nesse quesito se encontra a pressão para reduzir a idade penal, porque se jogaria mais 100 ou 200 mil presos no sistema, e sabemos o custo disso... Não é necessário reduzir nada, e sim mudar a lei. Se um menor cometeu um crime hediondo, que fique preso o numero de anos que um adulto ficaria. Se for um crime pequeno, uma pena de acordo com o agravo. Porque jogar menores na escola do crime, nas senzalas que temos hoje, seria apenas aumentar o numero de soldados a disposição dos doutores da cadeia e facções criminosas carentes...
Hoje a elite vive cercada em seus condomínios de luxo, com grades, câmeras, segurança 24 horas, mas uma hora é obrigada a deixarem seus filhos e netos deixarem a ilha da fantasia, e assim como os dos pobres, eles também cometem crimes, brigam em torcidas organizadas, boates, e matam pessoas dirigindo seus carrões. Mas diferente dos negros, pobres e favelados, ao serem presos, apenas cometeram um ‘erro’, com bons advogados, segredo de justiça e ausente dos holofotes da mídia, em breve são soltos. Já aqueles das classes pobres e perigosas, sofrem todo rigor do que os policiais e delegados querem lhes imputar, entendemos, portanto que há também criminosos menores também de colarinho branco, e que a lei não é para todos...
Na escola do crime quase que exclusiva para as classes segregadas, muitos saem de lá revoltados, tornando se agora reincidentes, e mais tarde, acabam, cometendo mais crimes, alguns tão nefastos que fazem a farra dos programas jornalísticos e mídias sociais. E novamente entra o lobby da redução penal. Não há o mesmo no sentido de por politico corrupto na cadeia com prisão perpetua ou pena de morte ao estilo chinês a essa gente; agora para baixar a idade penal, não faltam motivos.
Se quiserem realmente impedir os crimes por menores, é fácil, peça a estes cidadãos que custam em media 166 mil reaispor mês, para dar leis no sentido de punir os crimes com o peso do ato tipificado, não importa se a criança tem 10, 15, 18. Que se criem não escolas do crime nas senzalas que chamamos de cadeias e cárceres, e sim centros de reabilitação com estudo técnico e profissional, que se fiscalize aonde vai cada centavo gasto nessa Disneylândia dos políticos e seus asseclas. E acima de tudo, votem em políticos que apoiem a educação, cobrem educação, lutem pela educação, porque sem ela, não existe nada mais a fazer pelo Brasil, a não ser lembrar tristemente a previsão de Brizola; construir presídios...

CONTOS DE TERROR: O MAGO DE OUTRO UNIVERSO...

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POR DAVID DA COSTA COELHO
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Os cientistas afirmam que um dia a nossa tecnologia estará tão avançada que não precisaremos mais de nenhuma maquina para realizar o que quer que desejemos, e quando essa época chegar, qualquer ser humano que não a conhecer só poderá nos chamar de deuses ou mágicos... Mas e se ela já chegou e ainda não descobrimos?
Em um universo muito antigo, uma supercivilização decidiu enviar seu povo para outras dimensões porque o seu cosmos havia entrado num processo de destruição molecular e eles tinham que sobreviver a qualquer custo. Os planetas, estrelas e sois daquele universo já não mais resistiam à entropia, desvaneciam-se a cada segundo, e mesmo eles em suas naves do tamanho de luas não tinham mais como manter tal estrutura porque os campos de força delas eram incapazes de se manterem num vácuo em expansão eterna, absorvendo cada átomo e energia que continha a nave, tal qual um buraco negro, mas em sentido oposto. Mesmo estes escudos sendo mais avançados, e muito mais poderosos do que milhões de buracos negros supermassivos.
 Em face de tal destino, a solução foi dirigir-se a universos mais novos. Mas nem todos conseguiram escapar de seu inglório destino, embora as naves tenham rasgado o espaço tempo, muitas foram vaporizadas nas fases transitórias entre as dimensões por sua matéria vir de um universo com tempo acelerado em 30 vezes do que os que escolheram, na verdade, descobriram que eles eram não só uma raridade cósmica, quanto um paradoxo; todos os demais cosmos tinham tempos de 1 para 30, e o deles de 30 para 1, assim, mesmo cruzando para novos, a matéria de suas naves e corpos estavam novamente conectadas a sua origem acelerada, rumo a destruição.
 No entanto, um pequeno grupo conseguiu chegar ao cosmo que continha o satélite da Terra, milhares de anos atrás. Ao pousarem a nave na lua, eles perceberam que o planeta possuía uma raça com capacidade para a inteligência, mas em escala tão primitiva que levaria milhões de anos para serem como eles. Contudo algo pior ocorria, a própria nave iniciou o processo de desintegração quântica, revertendo sua matéria para o universo deles, assim como ocorreu com as demais porque seu material provinha daquela dimensão.
 Em breve seus corpos iniciariam também o mesmo processo de entrelaçamento. Só havia uma forma de salvar os poucos sobreviventes, deveriam implantar suas essências naqueles proto-humanos primitivos e compartilhar com eles os corpos desse universo através de uma tecnologia de transferência energética ainda experimental. Eles poderiam sobreviver, mas em suas mentes pouquíssimo conhecimento de sua civilização seria mantido, portanto decidiram amplificar em cada um dos sobreviventes um ramo especifico e massivo do saber deles. Esses humanos primordiais precisavam de instrumentos para mudar a realidade e sobreviverem, ao passo que eles estavam tão avançados que só usavam a mente. Algo deveria ser feito para canalizar a alma deles naquela espécie rude, também melhorar tal povo; Permitindo o controle deles e as demais criaturas inferiores daquele planeta.
Em um ultimo alento de energia, antes de sua desintegração total, todos os seres da nave são transmigrados para vários corpos proto-humanos distintos em todos os locais do planeta onde habitavam as varias subespécies. Minutos depois a nave desaparece. Mas dentro dos corpos os seres superiores se veem como prisioneiros de entes bárbaros, em pleno alvorecer de uma civilização, ainda num estagio anterior ao de fazer fogo e metais. Não havia como interagir com eles a não ser quando estão dormindo e inconscientes, precisavam, portanto criar uma forma de atuar com aqueles indivíduos bárbaros, e isso seria feito em sonho ou os levando a meditação ou rituais de adoração aos espíritos dos antepassados ou da natureza, a partir de então, eles seriam para os seres primitivos deuses a lhes falar, ou também como divindades mais sábias por estarem num plano superior além da morte.
 Através de sonhos e interação com os alienígenas nos corpos dos homens da magia, os primitivos foram criando técnicas avançadas ao longo de gerações, fazendo de simples caçadores, a homens organizados em clãs. Mas descobriram algo mais importante, o fato de seus hospedeiros morrerem, fazia com que os espíritos dos alienígenas ocupassem em conjunto outros corpos já habitados por sua raça, o que tornava a interação mental mais forte. Assim em alguns casos eles perceberam que estimular os primitivos a se matarem, não era de tudo ruim, na verdade era a forma de escapar e selecionar a espécie que superaria todas as demais. Ao longo de milhares de anos, a competição entre elas, o clima do planeta e as doenças, fizeram prevalecer apenas o Homo Sapiens, e com ele a civilização iniciou o seu rumo sem volta ao progresso. 
Os alienígenas orientaram seus escolhidos na obtenção de seus credos e deuses, e à medida que eles aumentavam de numero, cada vez mais eles os forçavam a guerrear, levando os humanos a serem portadores de toda uma raça que nem sequer sabiam existir dentro deles, até que um dia isso não mais foi possível ocultar. Durante a idade média, numa fase em que varias religiões disputavam entre si a supremacia do poder, dois homens em nações distintas tomaram consciência de que algo mais habitava dentro deles. Hassam Marmud era um deles. Embora tenha nascido sobre as palavras sagradas de Maomé, ele era capaz de mudar a sua realidade apenas com o pensamento. Em sua cultura, havia os Djins, magos, e gênios, estes seres podiam realizar desejos mágicos, ou destruir a vida das pessoas de forma oculta e macabra. Ele percebeu em si os mesmos dons destes entes.
Não só isso, entendeu que esse dom estava inserido em mais pessoas, só que de forma latente e inconsciente. Um dia ele fez uma experiência, descobriu um de seus irmãos islâmicos emanando a mesma energia que ele, mas sem noção dela. Com sua mente ele desejou a morte do rapaz, prontamente este pegou sua faca e cortou seu pescoço. No segundo seguinte, os dons dele rapidamente migraram para seu corpo. E seus dons se amplificaram. De forma idêntica, o mesmo ocorreu em varias partes do mundo, e humanos especiais passaram a fazer a mesma coisa. Em breve eles carregavam dentro de si os poderes de um povo que havia transcendido o uso do corpo na realização de desejos. Eram os magos supremos, estes homens, incentivaram guerras e cruzadas religiosas e mortes em busca de pessoas denominados bruxos, por não terem a mesma visão religiosa da qual a civilização guerreira possuía. Ao longo de milhares de anos, estes magos se tornaram tão poderosos que não mais morriam.
Criaram sociedades secretas com o objetivo único de reunir só os membros acima dos reles humanos. Não só isso, descobriram que uma forma de aumentarem seus dons era fazerem os humanos adorarem cada vez mais as religiões que os seres dentro deles haviam criado milênios atrás. Através dessa energia, outros membros de sua espécie poderiam sair daqueles corpos e ocuparem um especifico, os unificando. Após milhares de anos, eles eram agora 10 mil super humanos. No entanto, dentro daquele grupo havia um que entendeu onde isso levaria a humanidade, em breve eles não mais precisariam dos humanos.
Ele achava que sua espécie não tinha o direito de erradicar bilhões de seres. Sem o conhecimento dos demais, ele estimulou a humanidade a deixar seus deuses e religiões tribais ao longo das eras, embora poucos seguissem essa linha no inicio, em pleno século XXI, muitos desacreditavam em tais contos primitivos. No entanto, ele sabia que isso não resolveria o problema. Diferente de todos os demais, ele recebeu o conhecimento do universo, e as almas que nele se uniram, também provinham desse seguimento. Então ele partiu para a ciência, a mesma que podia criar e destruir civilizações.
Construiu um aparelho quântico que abriu um portal entre o nosso universo, e o de suas almas, ele seria feito e desfeito em apenas um segundo, e não teria efeito nenhum sobre a Terra e este universo, tendo em vista que nada aqui continha sua energia primordial. No entanto, o mesmo não ocorreria com o que havia dentro dele e de milhares de outros humanos. No instante seguinte, tal como almas deixando o corpo de mortos, os últimos seres de um universo moribundo são tragados de volta a seu cosmo. Os hospedeiros humanos não podem sobreviver aquele evento cósmico, morrendo no mesmo instante em vários locais do planeta de morte natural e súbita. Aqueles seres foram os responsáveis pela ascensão do homem, lhes deu sua sobrevivência, tecnologia, magia e religião, e agora a raça humana finalmente poderia caminhar sozinha com o legado de algo que eles jamais sonharam ter...


AZZAK, O PRIMEIRO VAMPIRO...

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Capitulo 1..............  Meias origens 

  • Na natureza, cada espécie ocupa uma posição em relação a outra, vocês, humanos são o ápice da evolução em relação aos demais seres da Terra, e tem o poder e direito de usá-los em seu beneficio como espécie dominante; Nos estamos para vocês nesta mesma escala, assim como um chimpanzé se encontra para os humanos. Vocês são nosso alimento, nosso gado, cabendo a nos, criá-los e determinar quem de vos serão abatidos, porque como seus superiores, se não nos controlarmos, vocês se extinguirão em meio a nossa fome, como fizemos com os  Neandertais.

    Vera Langsdorff acorda de mais um pesadelo banhada de suor, e a ausência de seu marido devido um congresso nos EUA só faz aumentar seu temor do que vêm sonhando há vários dias, anjos lindos e loiros matando pessoas, sugando seus pescoços como vampiros, arrancando suas cabeças e jogando aos montes de corpos anteriores.
    Ela vê nesses sonhos cidades antigas que ficam repercutindo em sua mente, pirâmides do Egito, México, e ruínas na América do sul e Ásia... Planícies geladas com animais que ela via nos livros da escola, como mamutes e criaturas da era do gelo...
    Sua mente vislumbra não só essas civilizações como também os milhares de mortos pelos homens que fizeram esses mundos, nesses devaneios há também um homem de cabelos negros como a noite, destruindo os anjos da morte que via em seus sonhos, em seu rosto ela percebia o ódio, e a dor ao fazê-lo, por que seria assim?
    Com o dia já raiando e com muitas coisas pra dar seguimento em sua vida profissional, ela decide ir para o banho, afinal como bióloga geneticista do projeto genoma, suas responsabilidades não lhe permitiam sofrer por seus pesadelos, seu ofício a requeria em tempo integral; tanto é que não pode ir a América com Petersen porque seu trabalho era como ser chefe de uma biblioteca gigante e ter que ler todos os livros dela, já o do marido era palestrar sobre física quântica e trabalhar no [1]CERN.
    Eles formavam o casal perfeito, Petersen vivia no mundo da lua, hiperespaço e subespaço, e ela nas vontades estranhas do DNA da raça humana, e suas várias diferenciações em cada população específica... Assim, estando juntos eles tinham o que conversar, além é claro do amor entre ambos, faltando apenas um filho, coisa que já tinha data marcada, ela ainda estava com 35 e ele com 40, e dentro de 5 anos faria o tratamento para ter um, mas se viessem gêmeos ou além disso; muito comum após o procedimento médico com hormônios, todos seriam bem vindos e amados por ambos...
    Mas embora pensasse que era só coisas de sua mente, a realidade por trás de seus sonhos era maior do que podia supor, não eram pesadelos e sim um passado de alguém que estava vivo há mais de 50 mil anos, seu nome era Azzak, o primeiro vampiro da humanidade, e os anjos loiros, seus filhos; e assim como os filhos de  Cronos, morto por este, ele também foi forçado ao longo das eras a matá-los para impedi-los de destruir a raça humana em suas guerras fratricidas entre eles, por poder, vaidade e por verem os humanos apenas como escória a servir os seres superiores que eram, sem os quais ainda estariam nas cavernas...
    Apesar de ser esta a verdade no tocante aos mortais, Azzak considerava sua missão protegê-los, afinal, seus filhos nasceram de mulheres que um dia foram humanas.
    Eles haviam esquecido quem eram e o que nasceram para ser devido ao pai, e tudo que sabiam vinha da memória genética de Azzak, assim como seus dons de vampiro, não como os dele, mas únicos a seus filhos.
    Seus pesadelos vinham diretamente da mente do ser primordial, ele havia escolhido Vera como sua companheira, e para isso ela deveria antes saber o que, e quem ele era, e também seus herdeiros. O fato de ela ter marido era irrelevante, já que ele iria ser consumido por Azzak, além do que, um de seus poderes era o mimetismo, podendo assumir a forma e toda memória de quem ele havia se alimentado, coisa que seus filhos não herdaram.
    Por ser único, esse também era sua maior tristeza, e a lembrança de como nasceu ainda doía em sua mente, desejou jamais ter saído do poço de piche, e as memórias de seu mundo da idade do gelo lhe retomam mais uma vez:


    O mamute manca pela pradaria da tundra siberiana, atrás dele estão Azzak e seus 4 companheiros, ele era agora o líder de um clã cada vez menor. Mortos na luta pra sobreviver, num mundo onde não havia vida para velhos, fracos e doentes, onde a natureza determinava quem continuaria em sua corrida de revezamento genético dos vencedores, o que não era o caso do mamute, tinha perdido o título de macho dominante e ainda se ferira na batalha, caindo numa saliência, o que o fazia mancar, abandonado, era agora caçado por homens e feras de sua época...
    Mas mesmo coxo, ele não se entregava, e os amigos de Azzak confiaram demais na sorte, sabendo que para matá-lo deveriam se aproximar mais, eles se arriscam no momento errado e o mamute consegue avançar e esmagar Tuloc, um dos jovens caçadores que restaram, em meio a tantos que morreram.
    A tromba do animal o pega e termina de quebrar-lhe os ossos, atirando o longe, as lanças crivam a garganta do paquiderme, mas ele não cai... Ao longe as mulheres da tribo vêm seguindo e se aproximam com mais lanças, não há como aguardar sua tribo num momento tão inóspito, estavam famintos e suas crianças tinham morrido, e agora mais um.
    Por mais que o ataquem, o animal manca na pradaria tentando escapar, enquanto vai deixando no capim o sangue que lhe dá vida. Mas de longe percebem outros caçadores chegando, e embora os temam pelo que poderiam fazer, agora é hora de se unirem no abate...
    Depois de morto o animal, o chefe se aproxima dele e arranca-lhe os olhos, assim ele não sentirá que morreu e pode se juntar aos espíritos da pradaria e trouxer mais para alimentar a tribo, e esse era um costume há centenas de anos... Aproxima-se de Azzak e percebe que é o líder dos homens restantes. Entrega-lhe um olho em honra e come o outro, assim surge de imediato respeito e lealdade.

    - Eu sou Lupac, e estamos honrados em compartilhar com você e sua gente a presa.
    - Eu sou Azzak, chefe de apenas 2 homens, Silac e Licox, o que esta morto na pradaria era meu irmão, Azoc. Só restamos nós e 10 mulheres, sem outros caçadores conosco só nos caberia à morte, se permitir, gostaria de aceitá-lo como nosso chefe.
    - Então sejam bem vindos a minha tribo, precisamos de homens como vocês, quanto a seu irmão, ele terá as honras que merece.

    Depois de destrincharem o animal, eles recolhem gravetos e grama seca e fazem uma pira para cremar o corpo de Azoc, em respeito a sua coragem, a tromba do mamute é queimada junta de seu corpo, para que seu espírito seja vencedor sempre nas pradarias celestiais. Para Azzak é um dia triste, pois ver seu irmão ir antes da hora, assim como foi ao ver seus pais e amigos; mas ao se juntar a tribo de Lupac lhes abria um fio de esperança na sobrevivência, além do que lhe cabia agora como líder de seu clã as mulheres de seu irmão, e com bastante caçadores, certamente os dias serão melhores e poderiam ter filhos crescendo e não morrendo de fome, como os do ano anterior...
    6 meses após se juntar a tribo, Azzak era um dos mais queridos membros da tribo Naani, e amigo do filho do chefe, Lonac, faziam a frente nas caçadas e não faltavam alimentos para seu povo. Como eram nômades, e se deslocavam de acordo com as manadas, deviam sempre mudar para novos territórios, o que às vezes demandava conflitos com outros grupos humanos numa época em que a lei era à força das lanças. Lupac fazia o máximo possível para evitar conflitos, mas agora sua nação estava crescendo e arregimentando outros caçadores que estiveram na mesma situação de Azzak, e como precisavam mudar de território novamente, era hora de enviar batedores à frente não só no intuito de localizar a rota das manadas como virem possíveis tribos concorrentes.
    Azzak, Licox e seu inseparável amigo partem juntos para explorar as planícies longínquas, sabendo que o futuro de todos depende do que virem pelo caminho, eles levaram suprimentos para 5 dias, mas se virem no caminho algum animal que possam abater, eles o farão porque tem muitas bocas para alimentar.
    Bastava apenas defumar a carne e levarem para suas esposas grávidas, ter 4 mulheres era uma grande responsabilidade. Por 5 dias eles caminham seguindo os mamutes, mas ao longe encontram sinas de homens, havia fogo e cheiro de carne trazido pelo vento, e isso podia indicar problemas.
    Populações humanas crescendo e migrando era o que causava conflitos, porque assim como os animais, pessoas também lutavam por território, decidem procurar outra rota e uma manada que esteja descendo a planície...
    Por sorte eles localizam um animal que podem abater, é uma espécie de cervo ancestral e imenso para os padrões de hoje. Eles se aproximam lentamente contra o vento para tentar pegá-lo de surpresa, e é Azzak quem faz o primeiro arremesso, percebido, no entanto pelo mamífero, e assim ele consegue se desviar da arma fatal e a lança penetra sua coxa traseira, e ele dispara manco pelo capim, com os homens em seu encalço, pois sabiam que ele logo entregaria os pontos.
    A corrida prossegue até que o cervo chegue a um local que faz seu instinto lhe ordenar um pulo, e os homens atrás não vêem perigo nisso, pois é comum a essa espécie grandes saltos quando em fuga... Emparelhados os 3 repentinamente caem e ,se vêem presos na tundra, por mais que se remexam tentando sair, só fazem afundar mais a cada instante, aos gritos ele vê Lonac e Licox desaparecendo sem nada poder fazer, então ele se vê tragado, e seu rosto é encoberto pelo piche, num ultimo ato ele respira profundamente e afunda. Seu ultimo pensamento esta na sobrevivência de seus filhos...
    À medida que desce, a temperatura vai diminuindo e seu ritmo cardíaco o faz entrar em animação suspensa, ficando no limiar da morte, embora ainda viva, seus amigos morreram logo ao afundar. No entanto, algo mais esta vivo ali em baixo, algo imensamente mais velho, e percebendo o corpo, projeta para ele a essência vital que preserva há muito tempo. Azzak é envolvido por uma extrema energia e ao seu redor uma espécie de casulo o envolve, cura e o modifica com uma essência que não é de nenhum ser vivo da terra...
    Por cem anos ele ali permaneceu até que desperta. Dotado de uma força suprema e vontade de viver, ele se empurra até a superfície, e como num nascimento, ele abandona o útero de piche e sai do buraco rumo ao mundo que o aguarda e a sua tribo; o tempo não teve nenhum significado para Azzak, pois em sua mente foram apenas alguns momentos em luta pela vida e o lamento por seus amigos.
    Retorna em direção a sua tribo, mas não estão ali, e isso é estranho, deveriam estar, precisa narrar para Lupac o destino de seu filho e do seu amigo, sem ele para sustentar também as esposas, caberia agora mais uma vez a ele tomá-las também para compor sua família...
    Por dias ele os procurou e se não estivesse tão transtornado perceberia que não só a tundra havia mudado, ele também, já que não sentia mais fome e sede e não comia durante todo o tempo que deixou o buraco... Ao longe ele percebe fogo e sinais humanos, é uma tribo com uns 30 homens e um número maior de mulheres e crianças, joga sua lança ao chão para que não vejam perigo em sua presença e se aproxima, precisa saber se os viram.
    É recepcionado por 3 homens a quem dirige a pergunta, mas um deles responde:

    - Não vimos ninguém nesta pradaria há mais de 10 invernos, até mesmo a caça anda escassa e teremos que nos mudar, mas se desejar ficar conosco será bem vindo, o chefe Lontac precisa de caçadores.

    Azzak agradece o convite e fala com o chefe, após ele retorna a sua busca infundada, sem saber que aquela ali era realmente sua tribo, os descendentes deles após um século... Por seis meses ele vasculha toda a pradaria sem se dar conta de sua nova condição e finalmente reencontra a tribo de Lontac.

    - Pelo que vejo não encontrou sua gente não é?
    - Infelizmente não Lontac, não sei como explicar isso, não há vestígios deles ou de nosso acampamento, não compreendo como podem ter ido sem ao menos aguardar por mim.
    - Meu convite ainda se encontra aberto, você é um grande batedor e seria muito útil a todos nós, além do que temos muitas mulheres precisando de marido.

    Cansado de rodar por muitos meses, aquela parecia a única opção dele, e também poderia acabar encontrando sua tribo. Precisa de companhia feminina, sentir-se parte de alguma coisa...

    - Chefe Lontac, eu agradeço seu convite, e serei mais um de sua tribo, aceito qualquer desafio que quiser me propor para que eu tenha as mesmas regalias de seu povo.
    - Evidente que terá que provar isso meu amigo, e iniciamos amanhã mesmo, precisamos caçar, e cabe a você e Sadac, nosso outro batedor, localizarem nossas presas, temos que abater um ou 2 mamutes... Se obtiver sucesso, amanhã mesmo terá uma esposa, outras mais virão com seu sucesso.

    Ao raiar do dia, os dois homens iniciam as buscas na pradaria, e localizam uma manada de mamutes bem numerosa, para atingir o objetivo deveriam matar o líder, só que ele era o maior mamute que ele vira em toda sua vida, seria muito difícil, e não havia montanhas e nem precipícios para onde espantá-los e fazerem cair em armadilhas; facilitando a matança. Mas havia uma vantagem, ele ficava bem a frente dos demais pra evitar possíveis machos que podiam localizar seu bando e desafiá-lo, assim se fosse cercado e tivessem todos os homens com lanças, poderiam matar o animal.
    A estratégia foi montada e os homens avisados da posição, logo a planície era cercada por eles, se esgueirando em meio à relva e contra o vento, até que Lontac atira a primeira lança, logo seguidas de diversas, no entanto, elas são como gravetos, só irritando o gigante. Cercado, ele parte para cima deles e pisoteia de cara 3 caçadores, se dirigindo em seguida para matar Lontac. Imbuído de um fervor e ao mesmo tempo raiva por ver homens esmagados, Azzak pega sua lança, e captado as batidas do coração do monstro, arremessa com força sobre-humana, ela penetra a dura couraça e vaza o coração de um lado a outro, o animal tomba a metros de Lontac.
    Azzak corre até ele e faz uma reverência, depois vai até os homens para ver se pode fazer algo, mas só lhes resta o crematório, todos mortos. Ele já vira outros homens eliminados por mamutes, mas jamais se conformava, achava um destino inglório. Perguntavam-se quando chegaria sua vez. O silêncio toma conta deles, enquanto os olhos do animal são arrancados e dados a Azzak, mas este muda uma tradição milenar e os doa aos mortos, e faz uma reverência, e todos o seguem nela.
    Iniciam a retirada da pele e da carne do animal pra poderem rumar em direção ao restante da tribo, já que as mulheres e homens velhos ficavam cuidando dos menores enquanto as jovens vinham atrás de seus homens e familiares para auxiliar na limpeza da carne e ossos, e da pele do animal pra fazer roupas e utensílios.Eles pegam os mortos numa estrutura de madeira semelhante à usada para levar a carne, e os levam embora de volta a tribo, caminhando em silêncio.

    A carne do gigante, depois de defumada alimentará a todos por muitas luas, o que daria relativa paz a todos, para prantear os mortos e saber se deveriam se deslocar.
    A tribo celebra a vitória e aceita sua derrota, os mortos são cremados, e a carne dividida entre todos, Azzak recebeu 3 esposas para cuidar, mas a algo diferente nele. Não provou da carne, e nem sente vontade de comer. Depois de meses é que tomou conhecimento disso.
    E naquela noite ele entende o quanto mudou, suas 3 mulheres foram possuídas até o dia raiar e ele continuava potente para elas, mesmo após ejacular em cada uma nas vezes em que revisou de mulher. Com o dia raiando ele se levanta e vai até um rio próximo ao acampamento e fica pensando porque não sente mais fome ou sede. Põe água na palma da mão e experimenta seu sabor. Não o desagrada, mas não sente que precisa dela, bebe vários goles e fica ali sentado na beira do rio por horas pensando. Em suas lembranças o momento das lanças sendo arremessadas com lançadores. Era uma invenção bem antiga, mas ele sabia que precisavam de algo melhor, e em sua mente tinha esse conhecimento, ele olha para o seu braço e o dobra repetidas vezes, então a solução surge de imediato.
    Ao retornar a aldeia ele leva diversas madeiras e varas finas. Pega também penas de pássaros pelo caminho, manda suas mulheres recolherem seiva de árvores, dos ossos de mamute ele faz pontas para seu intento. Durante todo dia seguinte ele faz inúmeras flechas, e arcos de caça de 1.50 M, e então chama Lontac e outros homens da aldeia. Ao longe ele coloca pele de animais como alvo.
    O alvo esta bem distante, e após ordenado ao guerreiros que o acertem usando os lançadores, não há como, então Azzak pega um arco e atira várias flechas nele, todas cravando fundo nas peles.

    - Pensei nisso ontem quando estava no rio, nossos homens morrem porque temos que nos aproximar da caça, agora temos uma nova arma que pode acertar e minar suas forças a distância, assim só teremos que chegar perto depois e matar com precisão.

    Lontac já tinha uma imensa admiração por Azzak, depois desse dia ela seria ainda maior, ele havia criado o arco e flecha, e com isso os homens jamais seriam os mesmos, nem as criaturas a sua volta. Sua tribo pequena tinha agora um poderoso instrumento, e logo a todos possuiriam também.
    Nos dias que se seguiram, as novas armas foram postas à prova, treinavam com afinco. Nos lagos eles caçavam aves, nas pradarias os animais velozes de pequeno porte não eram mais imbatíveis.
    Um mês após o invento, Azzak esta de novo sentado próximo ao rio, e observa por horas uma pedra de cor marrom, algumas são assim, outras não. E de novo o fogo inventivo lhe vem à mente.
    Ele recolhe diversas daquelas pedras e leva para a aldeia, ali constrói uma espécie de fogão de lenha redondo no alto, e faz um trilho de madeira até o chão, como uma rampa, e a cobre com barro.  Inicia o fogo e o alimenta por horas até que uma fina camada de metal derretido começa a descer pelo caminho de barro.

    A tribo acompanha curiosa seu intento, Lontac entre eles. Depois ele pega as partes de metal já frio e com um martelo de pedra, faz uma faca. Compara a de osso, a de pedra, e a de metal, sem duvida a que fez é melhor. Com o tempo ele foi desenvolvendo novas técnicas para derreter o metal das pedras e usava moldes de pedra ou barro para colocar líquido derretido e produzir espadas, pontas para flechas e lanças e demais ferramentas. Usava o martelo para moldar estes objetos depois que esfriavam.
    Nas caçadas as invenções de Azzak são imbatíveis, não há mais homens mortos ou feridos, e com facas de metal o trabalho de retalhar a carne e pele é rápido e fácil. Por ordem de Lontac, todos possuem suas armas e sabem atirar com arcos e flechas, até as crianças treinam.
    Mas os mamutes não se importam com os homens, estão em marcha para novo território, assim como outros animais que eles caçam, restando à tribo ficar e morrer de fome, ou seguir em frente atrás deles, o que fazem em seguida.
    Por meses eles vêm descendo a planície até chegarem num local com grande quantidade de caça, água e árvores, um paraíso na terra, e Lontac estabelece ali o acampamento da tribo, e bem na hora, pois o inverno rigoroso estava trazendo ventos cortantes da pradaria e montanhas acima.
    Azzak e dois amigos vão para o rio e verificam o local a procura de pedras de metal, encontrando várias, então regressam a tribo e se unem as suas famílias para retornar no dia seguinte para levarem. A noite ele se diverte ouvindo os homens velhos contando aventuras de caçada, e depois retorna as suas mulheres, elas estão grávidas e ele se sente feliz em ter filhos, e com a certeza de poder alimentá-los.
    No dia seguinte ele volta ao rio, e entra na água, enquanto os amigos o esperam, mas então a morte o desperta de volta ao mundo real em que vive, não há paraíso, apenas matar ou morrer pra viver; seus colegas são mortos com lanças pelas costas por 4 homens de uma tribo rival, e logo lanças também batem em suas costas e abdômen, mas nada fazem por não penetrar na carne.
    Dotado de uma ira que jamais pensou ter, ele salta vários metros e cai em cima do primeiro agressor e arranca sua cabeça, o segundo tem o punho enfiado em seu tórax, e o coração é pego e puxado pela mão de Azzak, o terceiro ele corta de um lado a outro do tronco. Suas mãos são agora duras como aço, e nada as detêm. O último homem tenta fugir correndo em desespero e medo, mas é tarde, um soco o derruba e então Azzak instintivamente coloca as mãos no peito dele. O homem brilha e seu corpo é sugado por Azzak, restando ao redor à silhueta queimada de um homem no chão.
    Ele pega os homens que matou e os joga no rio, a correnteza os leva embora, pega os corpos dos amigos e leva para a aldeia. A recepção não é a de sempre.

    - Fomos atacados no rio, homens de uma tribo que jamais vi, mataram eles, mas os matei a todos e joguei-os ao rio.

    Lontac se enche de ódio e ordena que todos se armem, arcos e flechas são distribuídos para todos. A tribo tinha 80 pessoas, apenas 24 homens adultos agora.
    Passam a noite em vigia após cremar os mortos. Ao amanhecer são surpreendidos por mais de 200 nativos inimigos cercando a aldeia, e se lutassem, embora pudessem matar muitos, seriam extintos. Como chefe, sabia que devia conversar com os oponentes. Foi até o líder do grupo:

    - Esse é o território dos Azula, e vocês o invadiram, por esse crime todos deveriam morrer, mas eu não quero mais mortes do que as ocorridas assim eu lhes ordeno... Todos os homens e crianças meninos devem ir embora, suas mulheres e filhas devem ficar, e serão agora parte dos Azula. Vocês têm até amanhã à noite para aceitar, se decidirem o contrário, todos morrerão.

    Desferidas as palavras, o chefe e seus homens partem deixando a Lontac a decisão mais dura que teve que tomar um dia como chefe. Não havia como vencerem mais de 200 homens, e a guerra só traria desgraça, ao mesmo tempo não existia como abandonar a eles, suas mulheres e filhas, essa também era a decisão do conselho de anciões e de toda a tribo. Decidem então lutar, se tem que morrer que sejam todos juntos, mas Azzak pede ao chefe que lhe conceda um dia, pois vai falar com o chefe dos Azula e talvez encontrar uma solução que agrade a todos e evite mortes.
    Seu pedido é aceito e ele se encaminha desarmado a aldeia rival. Um corredor de homens o acompanha até o momento em que o deixam falara com Satac o chefe.

    - grande chefe Satac, eu vim aqui em paz, da mesma forma que foi a nossa aldeia, e trago uma opção a sua proposta. Nossos homens são grandes guerreiros e estamos cansados de ir de um lugar a outro na pradaria, somos pouco, é verdade, no entanto, cada homem de minha tribo vale por 5 dos seus, por isso eu lhe peço que aceite a nós como parte de sua tribo se eu vencer 5 de seus melhores guerreiros; caso em contrário, o destino de muitos homens será morrerem na pradaria. Meu povo esta disposto a lutar até o último de nós, mas se me vencerem no combate, partiremos com o raiar do dia e caberá a vocês cuidarem de nossas famílias.

    Satac jamais em sua vida ouviu tamanha afronta, quem era esse homem para se dizer capaz, e também a sua gente, de valer por 5 de seus melhores homens? Devia tê-los dizimado quando chegaram, mas a audácia às vezes tem seu valor. Escolheu os mais fortes de seus guerreiros e lhes entregou a missão de matar o forasteiro na disputa.

    - já que cada um de vocês vale 5, creio que não precisará de lança, não é? Se vencer farão parte de minha tribo, se perder, partem ao amanhecer levando seu corpo.

    Azzak sorri e lhe responde:

    - Tenho minhas mãos, mas em minha aldeia tenho coisa melhor que isso, e em breve também terão, já que seremos um só povo sob seu comando.

    Satac os manda para o local onde lutarão e ordena o ataque, uma lança é atirada contra Azzak, mas ele se desvia é a pega no ar. Outras a seguem e ele as bloqueia com a lança obtida. Joga a sua fora e parte para cima dos homens, desferindo socos no rosto, 2 minutos após o combate, eles estão desmaiados. Ao chefe só lhe resta acreditar, aquele homem sozinho derrubou desarmado seus melhores guerreiros, com muitos iguais a ele seriam imbatíveis e teria o controle de todo o leito do rio e da caça, sem precisar migrar para tão longe na pradaria; afinal, homens e animais sempre precisavam de água.

    - Vá e diga ao seu chefe que agora serão parte do meu povo, um só nação, traga todos para a aldeia, teremos uma grande festa de comemoração. E você agora será a partir de hoje o líder de meus caçadores.
    - irei imediatamente e notificarei Lontac, em breve estaremos todos aqui.

    Mas a partida e a vitoria de Azzak não fez as coisas parecerem tão simples e fácil como ele pensou, os homens são motivados por orgulho, vaidade e medo, e a vaidade é sem duvida a maior de suas fraquezas, ou riquezas a quem as sabe explorar do medo alheio.
    Sadac, feiticeiro da tribo via um destino negro a sua gente se estes intrusos fossem aceitos, além do que seu irmão foi morto por eles no rio, e agora era a hora de usar seus dons para fazer a vingança que sua alma pedia.

    - Não vejo com bons olhos esses homens unirem-se a nossa tribo Sotac, os espíritos trazem mau sinal quanto a esse demônio vestido de homem.
    - Eu também não gosto velho amigo, mas dei minha palavra, e ele venceu meus homens desarmado e só, serão uma ótima adição a tribo dos Azula.
    - Ou a destruição dela, se cada um deles fizer o mesmo que Azzak, poderão, quem sabe no futuro disputar a chefia da aldeia, e teremos como líder não Sotac, e sim Lontac; e eu prefiro você e não nenhum estranho a nossa gente e costumes.
    - O que devo fazer então, consulte os deuses da noite?
    - Eu já fiz isso, e só a morte deles pode manter nosso povo em paz e unido.
    - Se é assim que sejam mortos, mas como faremos isso? Não quero perder nem mais um de meus guerreiros.
    - Não precisa de nenhum para o que planejei, na festa, colocarei na bebida uma erva que adormece as pessoas que beberem da água das moringas, e prepararei um antídoto para os nossos homens, assim após comerem e beberem muito deles ficarão sonolentos e matá-los será simples como eliminar uma criança.
    - Então que assim seja. Se tivermos que matar pra viver é o que faremos, embora seja uma pena perder as mulheres deles.
    - Não será uma perda total, jogaremos seus restos para os carniceiros, e depois o excremento servirá para alimentar o capim, assim teremos muitos mamutes aqui. A mãe natureza é sábia e aproveita tudo...

    Azzak encontra Lontac e lhe da as boas novas, e este fica feliz e radiante em saber que não mais precisam migrar ou perder suas famílias. Desmontam o acampamento e partem para o território dos Azula.
    Sotac acompanha a chegada de Lontac a sua tribo, bem como estranhas armas que todos possuem, até mesmo crianças, e possuem facas que cortam melhor que as deles.

    - O que são essas coisas Lontac?
    - São arcos, com eles podemos abater animais com mais precisão que as lanças, e as pontas são de metal, feitas por Azzak, ele é muito forte e inteligente, e será de grande ajuda a nossa tribo. Não sou mais o chefe de ninguém, esse cargo agora é seu, mas meus conselhos estão à  sua disposição.

    Sotac percebe que seus novos membros têm seu valor, e após mortos suas novas armas serão de grande valia, mas ainda tinha receios morais de matá-los. No entanto, as palavras de Sadac lhe consumiam, sendo assim não mudou o plano, e ordenou a festa para os novos agregados a tribo.
    Azzak de sua parte ficou satisfeito de ver sua gente protegida, após ajudar a montar as tendas, ele parte para a ravina em busca de paz e sossego, a solidão. Às vezes isso era uma necessidade sua porque estava descobrindo muitas coisas sobre si mesmo, e pensava como podia ter feito o que fez com o homem no lago. Não havia corpo ao final, só chão queimado a sua volta. No entanto sentiu-se possuído de uma energia sem limites após absorvê-lo, e também adquiriu todo seu conhecimento. O homem se chamava-se Murat, e tinha mulher e filhos, coisa que reconheceu quando veio à aldeia fazer o acordo com o chefe e salvar sua tribo.
    Seus sentidos estavam expandidos a um nível gigantesco, tanto é que ele pode ouvir e acertar no coração do mamute, mesmo distante. E sua força também, podia ver a quilômetros de distancia, e por isso gostava de olhar pássaros voando. Podia ver cada nuança de suas penas, ou mesmo seus olhos.
    E sua energia sexual era incomparável. Em breve seria pai de 3 homens, sabia disso com certeza absoluta. Parecia que os filhos lhe falavam da barriga das mães.
    Não possuía mais nenhuma das suas cicatrizes de caçada, e os dentes perdidos ao longo dos anos nasceram de novo, e como na infância, os velhos caíram e deram lugar a novos. Estava um pouco mais alto e definido. De certa forma se sentia outro homem, e muito melhor em todos os sentidos... Faltava agora reaprender a dormir.
    Na aldeia, a comida em excesso e a água com sonífero estava fazendo suas vítimas ficarem sonolentas e irem dormir, Azzak já não ouvia a algazarra dos amigos. Mas na madrugada ele ouve um tipo de som que reconhecia muito bem, lanças penetrando em carne e grunhidos de morte, não uma, mas diversas, em particular ele distingue 3, eram suas mulheres sendo mortas, e seus filhos com elas. A ligação com seus filhos cessaram. Possuído de um sinistro pressagio ele inicia a corrida pra aldeia, mas numa velocidade jamais imaginada por qualquer humano, ao longo de sua vida ele descobrirá poderes que farão seus filhos famosos, além dos super sentidos, eles poderão voar e controlar a mente de suas vítimas.
    Um dia, num futuro muito distante, ele assistirá a um filme de vampiro chamado A Rainha dos Condenados, e de todos que viu e leu até então, a da autora deste livro é o filme que chegará o mais próximo possível do que ele e seus filhos realmente eram, sem é claro as besteiras de a luz os matar e a solidão dos séculos, o que lhes interessava era o poder e escravizassem os humanos como escória a servir a elite, no caso seus filhos.
    [2]Akasha era a única vampira que se parecia com o que suas crianças eram: poderosos, impiedosos e lascivos. Mas não ele, seus dons jamais foram descritos por nenhum escritor do tema até hoje. Serão descobertos por uma cientista, Eva, sua futura esposa.
    Ao chegar à aldeia o que vê é o inimaginável, todos de sua tribo foram mortos enquanto dormiam, em volta deles poças de sangue irrigavam o solo da tundra, e suas mulheres estavam ali, assim como Lontac, com quem falará horas antes e o mandou vir para cá celebrar a união e a vida, agora, todos morto.
    Ao verem Azzak vivo os homens partem para cima dele e arremessam centenas de lança, mas ele, como que instintivamente consciente de seus poderes não as impede, elas tocam seu corpo, como uma relva de grama bate em uma pedra, e nada fazem, ele, no entanto é diferente, se lança na direção deles e inicia o revés da vingança. Suas mãos entram nos corpos dos inimigos e trazem coração e demais órgãos. Seus socos agora incontidos arrancam cabeças e afundam tórax, um a um ele vai despedaçando os oponentes e fazendo ao seu redor um banho de sangue, em meia hora ele matou quase todos os homens da tribo, deixando apenas o feiticeiro e o chefe, as mulheres e crianças gritam desesperadas ao verem o morticínio de suas famílias.
    Ergue-se e caminha em direção aos dois homens. Em seus olhos não há mais humanidade, só ódio e vingança. Sotac e Sadac não tem forças para se mexer ou correr, o medo os petrifica.

    - Por que fez isso, nos tínhamos um acordo, seriamos uma grande tribo, talvez a maior que já tenha surgido, e vocês os mataram pior que os carniceiros da planície, por quê? Por quê?

    - Sadac me convenceu de que vocês iriam se rebelar contra nós e nos destruir, mas vejo agora que ele sim nos destruiu, e eu também por ouvi-lo, não temo minha morte, ainda mais depois de ver o que você fez. Só temo agora pelas nossas famílias, sem caçadores, todos morrerão.

    Azzak olha para o feiticeiro. Ele enterra a mão no peito dele e abre, então levanta o braço, abrindo o tórax no meio e dividindo-o de baixo para cima, e depois desce, o homem cai ao chão dividido em dois, cada olho apontando para lados opostos onde as partes da cabeça caíram.
    Olha para Sotac, e este esta paralizado, jamais viu um homem ser dividido ao meio, nem nas caçadas com as feras, aquele não era uma e nem mesmo um homem, era um demônio...
    Com a mente Azzak lhe ordena que fique de joelhos, e ele fica, Sotac sente as mãos do destruidor na sua cabeça, daí em diante nada mais há para sentir, seu corpo começa a brilhar e se transforma em energia pura, logo nada dele existe mais, só o chão calcinado a sua volta.
    Só após destruir os homens causadores do seu ódio é que ele conseguiu voltar ao normal, mas a visão dantesca do que havia ocorrido ali não tinha uma explicação lógica, só as vaidades e temores humanos respondiam a isso. Sentou-se ao lado do corpo dividido de Sadac é o contemplou até o raiar do dia, havia um feiticeiro na sua antiga tribo e na que o adotará, e todos eram sábios e em comunhão com a natureza, mas o que levou esse homem a ser o contrário? Tinha que haver uma explicação lógica para aquilo. Mas só quem poderia dar era o próprio, e morto de nada servia para ele. Mas da mesma forma que ocorreu com o primeiro homem que consumiu, também as memórias do chefe estavam ali, e vasculhando nelas, ele descobre uma possível razão, vingança familiar. Os homens no rio tinham parentes e um deles era o feiticeiro...
    O dia já ia nascendo quando Azzak percebe a montanha de corpos da sua gente e dos que matou, precisará de muita lenha para cremá-los. Ordena mentalmente as mulheres e crianças que peguem os corpos dos azulas e coloquem numa pilha, e em cima os de sua gente. Depois manda que desmontem tudo que possa queimar e tragam lenha, muita lenha. Então inicia o fogo, fazendo uma pira gigantesca, as mulheres e crianças famintas olham os corpos se carbonizarem, enquanto comem o pouco que resta das provisões que sobreviveram à orgia do dia anterior. O fogo vara a noite e Azzak ali permanece, atiçando e concentrando as chamas nos últimos restos até que só sobre cinzas.
    Ao raiar de um novo dia as mulheres se aproximam dele, submissas e lhe pedem que arrume comida, agora ele é o responsável por quase 300 mulheres e crianças, mas ele não pediu isso e nem deseja ser nada além do que ele é. O instinto lhe lá a resposta, ele ordena mentalmente as pessoas que dêem as mãos num circulo imenso e finalmente se une a eles.
    Ao fazer isso, como se fosse uma bola de pólvora, as mulheres e crianças sofrem o mesmo processo de seu antigo chefe, e são consumidas por Azzak. Na pradaria, sob o solo calcinado, uma roda gigantesca marca o local onde antes havia tantos humanos. Contudo, não é só a energia que ele absorve, também o que essas pessoas eram, e tantos sentimentos e medos poluindo seu espírito quase o enlouquecem. Mas ao final ele os enterra em seu âmago e nada mais resta a não ser o passado morto e sepultado. A pradaria o espera, e ele parte.
    Vagando durante meses em sua solidão e comunhão com os seres selvagens ao seu redor, ele caminha entre as mega bestas, os reis gigantes de sua época, mas mesmo sozinho na pradaria, os predadores não o atacavam, na verdade, permitiam que andasse junto.
    O viam como igual, e foi na imensidão daquele lugar que ele descobriu seus dons, podia comandar as pessoas e animais com sua mente e isso também legaria aos filhos, não na totalidade, estes somente comandariam além de humanos, os animais carnívoros.
    Outros poderes dele, além de super sentidos, correr e voar mais rápido que seus descendentes vampiros, eram poder de combustão, inteligência, força de milhares de homens, mimetismo, juventude eterna e imortalidade, compartilhar memória genética com o pensamento a quem ele desejasse e absorver a energia vital dos corpos humanos e suas memórias, elas não o dominavam pela culpa ou o que esses humanos foram, apenas lhes dava suas experiências de vida e seus desejos, e dentro dele não estavam mortas e enterradas com o fim da vida humana, ao contrario, dentro de Azzak, eles viveriam para sempre. Num certo sentido ele atendia ao desejo de uma parte da humanidade, ser imortais...
    Seus filhos só podiam absorver parte dessa energia no sangue pra se manterem vivos, e sem isso, como vírus, se cristalizavam se ficassem sem alimento por mais de 10 anos, só despertando se alimentados de novo, mas ao contrario dele, estes necessitavam dormir por algum tempo.

    Azzak desperta de suas lembranças e deixa sua escolhida acordar para sua rotina de vida. Ele podia dominar a mente de qualquer pessoa na hora que desejasse, mas em se tratando de Vera ele fazia isso durante seu sono ao dormir, e entrar no estado [3]REM a mente dela ficava capacitada a ver uma quantidade de memórias gigantescas de milhares de anos, mas que funcionavam como um sonho temporal.
    Ele a observava desde que sua mãe ficou grávida, algo nela despertou sua telepatia e ele a viu nascer e crescer. Uma de suas filhas que esta vivendo no continente africano também a sentiu e iria tomá-la para si, como fazia com humanos especiais. Apesar da distância que mantinha com ela por não concordar com seus hábitos do passado ele ainda era seu pai e seu criador, assim Shivali a devassa negra, se rendeu a vontade dele, não sem antes discutir é claro, afinal os filhos sempre desejam mandar nos pais quando estes já estão velhos.

    De volta ao seu laboratório, Vera se sentia cada vez mais distante do trabalho que tanto amava, por algum motivo desconhecido, sabia que podia fazer mais intelectualmente do que estava a sua frente. E isso a deixava irritada, a saudade do marido idem, pois como mulher, precisava cheirar seu homem, fazer amor com ele e deitar sobre seu peito protetor. Sabia que o marido jamais andaria com outras, ele era aquele tipo de homem que nascera para ser cientista bitolado e relacionamentos extraconjugais não se enquadravam no seu mundo da física que era até a melhor das amantes diante dos desafios mentais e prazerosos que proporcionava. Mesmo na cama no ato do amor carnal ele divagava em seu mundo e ela percebia isso ao sentir a ereção dele se esvair pensando em outras coisas, mas como mulher sábia, aprendeu a resolver o problema, mordia a orelha dele com força nesses instantes e Petersen voltava ao mundo dos terráqueos e continuava as investidas na esposa.
    Mas ela era diferente, desde muito nova sua beleza nórdica e corpo atlético atraia os homens que desejava e até os incômodos. De fato, o sexo com tais estranhos foi sua segunda paixão antes do marido e da ciência que exercia. Até os 28 anos experimentou todos os prazeres que outro ser de carne e osso, não importando se homem ou mulher, poderia lhe dar. Era independente financeiramente desde a morte dos pais num acidente de carro, que só não a levou junto por estar viajando ao Egito e longe do frio inverno europeu.
     Aquilo marcou sua vida como nada jamais o faria, e desde então ela se tornou uma [4]hedonista para as coisas que importavam na vida curta e breve de um ser humano. Só deixou de ter outras pessoas após conhecer o marido por acaso no saguão de um hotel em Berlim onde iria a um congresso. De imediato ficaram atraídos e daí para o casório aos 28 foi um passo. É claro que coube a ela lhe ensinar muitas coisas sobre sexo, afinal ele possuía quase nenhuma experiência devido ser quem era, e ela o colocou do jeito que precisava.
     Infelizmente ao longo dos anos ele se dedicava cada vez mais a amante mental e menos a ela. E isso fazia reacender velhos desejos que enterrara com o casamento. Amava o marido e não pensava em ficar com outros, esse era o seu lado emocional lhe respondendo, ao passo que a Vera hedonista, presa neste tempo todo e vendo sua beleza correr como areia de ampulheta a dizia para ser feliz com algum desconhecido nem que por poucos instantes.
     E essa satisfação ela tinha durante a noite ao desfrutar sem saber das memórias vividas de Azzak. Ao longo de centenas de séculos, ele teve milhares de mulheres. E todas tinham orgasmos de fazer inveja a mais louca das taradas desde o império romano e suas orgias. Conectada a mente de seu futuro amo, ela se contorcia de prazer durante toda a noite e acordava não só satisfeita, mas desejosa de reencontrar seu homem perfeito em seu mundo onírico. Ela havia encarnado mentalmente cada uma das mulheres, e o resultado era o prazer e desejo intenso e arrasador por aquele homem alto e ruivo que em nada lembrava o marido.  Acordava não extenuada, como era de se esperar diante de tanto prazer, mas cheia de energia, vinda é claro dos poderes de Azzak, se assim não fosse ela nem poderia sair da cama por dias.
     Mas mesmo acordada ela não conseguia tirar o homem alto e misterioso de sua mente. Não era um passado simples, como filmes ou lembranças de uma vida, e sim de milhares.
    Seu corpo ainda estava elétrico dos prazeres recebidos durante o sono, e com isso também vinha algo análogo, à fome. Após um banho rápido para os padrões dela, geralmente uma hora, foi digerir seu café da manhã. Desde que iniciara os sonhos com o personagem misterioso, passou a ter uma necessidade estranha de comer bifes ao ponto, quase sangrando. Sempre gostou de carne, um dos grandes problemas entre ela e o marido, vegetariano fanático e que literalmente lhe torrava a paciência para deixar esse hábito ‘primitivo e prejudicial aos animais indefesos’. De vez em quando as brigas eram homéricas, mas ela era a fêmea dominante e Petersen se rendia ao domínio dela. Mas ele vingava-se depois com seu modo usual, refugiando-se em seu mundo mental e a deixava falando sozinha diversas vezes.
    Um grande cineasta brasileiro chamado Nelson Rodrigues, escreveu muitas frases sobre o casamento, e Verá gostava especialmente de uma: ‘Só o cinismo redime um casamento. É preciso muito cinismo para que um casal chegue às bodas de ouro.’
    Era nessas horas que seu lado hedonista pedia que manda-se tudo para o inferno e saísse pelo mundo gastando o rio de dinheiro deixado pelos pais. Herdara também diversas propriedades e dentre elas o castelo assombrado de Sammenzzano na Itália. O castelo estava abandonado porque ela não tinha intenções de gastar um centavo ali. No entanto, após os sonhos ela havia repensado suas atitudes, pois ele era sua herança e tinha que preservar seu dote. Afinal sua ascendência italiana por parte de mãe a fazia rever tal coisa; e assim como o significado de seu nome, deveria ser verdadeira consigo mesma. Além do que ser dona de algo assombroso e cheio de história, além de estórias de seus lúgubres moradores ao longo dos séculos, era encantador. Num certo sentido estava mais afeita as coisas macabras e passou a encarar a morte de forma distinta. Afinal para que se mantivesse viva, deveria sugar a energia vital de coisas que antes tinham vida, como plantas e animais. E achava hipocrisia dos vegetarianos pensar que uma planta não vivia ou sentia, coisa que para muitos que conversavam com plantas seria também...
    Andava irritada com tanta besteira, e uma mudança de ares seria bem vindo em sua vida. Comunicou ao marido sua resolução e partiu para Itália no final de semana. Mas como de costume, foi só, porque o companheiro não pôde acompanhá-la.  Depois de alugar um carro, ela parte para Florença, onde vislumbra o seu castelo caindo aos pedaços, um local que tinha uma história rica e viva, e por descaso, servia apenas para fazer filmes fantasmagóricos de vez em quando, e gerar lendas idiotas de fantasmas para que não roubassem mais nada de lá.
    Assim como sua origem de pais de nacionalidades diferentes, seu castelo refletia a mesma genética, já que era uma mistura arquitetônica de várias culturas que dominaram aquela parte da Itália durante séculos, inclusive os mouros, além do gótico.
    Em sua alma ela sentia o resplendor que um dia tivera aquele lugar, bem como suas batalhas, as guaritas sobre ele não eram para vislumbrar o horizonte, e sim para defesa de seus moradores e dos servos dos senhores de então, donos da propriedade. Gostava de ver a entrada imponente do mesmo, bem como o relógio sobre a guarita frontal. Precisava trazer Petersen até aqui nas férias dele, isso se este saísse delas rumo ao ócio e não a mais uma de suas intermináveis palestras, mas a culpa era sua, tinha o marido que queria, pois este lhe dava liberdade, no entanto, às vezes queria ser acompanhada dele em momentos mágicos como este.
    Desejava entrar e ver como estava a estrutura por dentro, porem, estava sem as chaves, e sozinha lhe dava receio, após vislumbrar todo o exterior por um longo tempo, ela parte para a casa do zelador, o Sr Raffaele e a esposa dona Costanza. Um casal na casa dos 70 anos, mas com saúde de pessoas do mediterrâneo devido excelente dieta de azeite, vinho e frutos do mar. Seus pais tinham um carinho muito grande pelo casal, e ela nutria sentimento semelhante também, porque eles a conheciam desde criança.
     Pensava se ficaria assim na velhice com o marido... Mas a simples idéia, bem como a certeza de virar uma velhinha lhe causava arrepios. Aceitar a morte era uma necessidade de todos os humanos, mas a velhice era o terror particular de bilhões, e dela principalmente, sendo a venda de cosméticos, plásticas e aparelhos de ginástica o motor do desejo da eterna juventude da humanidade rica que podia pagar por aquilo.
     Por seu desejo intimo, não gostaria de morrer velha, porque um de seus maiores passatempos era colecionar fotos de mulheres famosas de filmes antigos de Hollywood, e muitas de suas atrizes favoritas do passado, como greta garbo, Ingrind Bergman, Betti Davis, Sophia Loren, Rita Hayworth, Liz Taylor e tantas outras de seu imenso acervo; lhe diziam como era cruel a uma mulher ser tão bela e desejada na juventude, e na velhice tornar-se uma espécie de gárgula para ser posta em igrejas velhas e cemitérios, coisa que em poucos anos mais iriam de vez.
      Por sua decisão pessoal, já havia marcado a data de sua ‘morte’, iria no máximo com 55 anos de vida, e de uma forma bem inusitada, pulando de pára-quedas. Já tinha saltado diversas vezes e adorava a sensação de voar e despencar céu abaixo. O tranco da abertura dele também dava outra adrenalina, mas era uma delícia, já tinha dado mais de 50 saltos, incluindo aí depois do casório, coisa que seu companheiro não só temia como pressionou a deixar tal esporte por temer acidentes com sua amada, e ela apaziguadora; parou de vez... Mas era assim que decidiu morrer. Já tinha tudo em mente e seria um mergulho a 9.8 metros por segundo de 112 mil pés de altitude, claro que usaria mascará com oxigênio, e o pára-quedas jogaria fora logo de inicio para não ceder a tentação de abrir e se salvar. Morrer esmigalhada se divertindo era melhor que como uma múmia velha e cheia de criados ao redor. Quanto ao marido, ele continuaria sua vida, e experiências malucas de físicos, é claro que sofreria e talvez jamais se casasses novamente, afinal, não se encontra uma Vera Langsdorf dando sopa por aí... Ela era a última de sua família e linhagem, e se entregar a morte dessa forma, em sua opinião, seria mais digno do que ver os anos refletindo no espelho, rugas, frustrações e uma beleza que se derretia ao longo dos anos como um boneco de cera em meio a um incêndio. Se acreditasse em algum deus, coisa que não devido ao que ocorreu com sua família, mesmo tendo nascido italiana e sendo criado como católica, perguntaria ao mesmo porque maltratava tanto as mulheres; seja em livros sagrados ou mesmo na vida física em que tinham que menstruar, ter celulite, TPM, engordar, aturar marido ou namorado canalha...  Só em usar o corpo de uma mulher casada para fazer um filho divino, era outra atitude do deus cristão que ela não engolia de jeito nenhum. Ainda bem que não acreditava nas idiotices que a mãe a obrigou a ler desde o catecismo e seminário. Quando olhava as desigualdades pelo mundo, aí mesmo que detestava tais deuses. Quanto a sua morte, um pecado capital devido ao suicídio, não dava a mínima, melhor morrer feliz e ir para um inferno que não existia, do que se ver derretendo e ainda usando maquiagem, igual Betti Davis.
    Do outro lado do mundo, no topo do último andar de um prédio em NY, enquanto observa os humanos caminhando como formigas ensandecidas, atrás de sobrevivência e bens mundanos materiais, Azzak se diverte com os pensamentos de sua escolhida. Humanos jamais o deixam sem surpresas. Seria uma eternidade inglória se eles não existissem na terra, embora alguns com certeza precisassem ser varridos, a maioria valia a pena.

    Na realidade os pensamentos dela refletiam ânsias e desejos humanos incompreendidos porque o tempo deles era como um piscar de olhos, onde aprendiam o quão fantástico é o mundo e suas belezas, mas no segundo seguinte, se fecha e tudo aquilo se perde para sempre. Mas a coisa mais difícil deles entenderem e aceitarem, como no caso de vera, era a velhice, nem ele mesmo entendia já que não ocorria com ele e seus filhos...
    Ver um corpo definhar e enrugar-se em várias décadas, era algo realmente incompreensível, embora Sidarta, um dos seus filhos vampiros que existiu por milhares de ano como tal, e ao final se entregou tanto ao que acreditava, que pediu para realmente morrer como humano, tenha lhe dado uma plausível explicação.
    Embora tenha sentido uma imensa tristeza em ter de fazê-lo humano e velo definhar como tal, hoje suas palavras ainda eram ícone e filosofia para milhões de humanos e presentes também em outras religiões que seus outros filhos Jesus e Mohammad haviam dado aos povos do ocidente, é claro que esses não foram loucos de morrerem como humanos, ao contrario, estavam bem vivos em Shantala, aguardando a hora do banquete tão necessário a eles todos. Coisa que Azzak não tardaria mais em atender.
    Com pesar profundo e dor de alma, viu a morte humana levar seu filho... Observou passo a passo sua evolução, não como um pai, mas Sim um cientista. Acompanhou ele em pensamento à distância porque sabia que se estivesse próximo ele perceberia e influenciaria suas escolhas, o que odiava, mas respeitava como um verdadeiro pai que ama seus filhos deve fazer porque ser é diferente de querer manter e ditar os caminhos de quem você coloca no mundo, é claro que às vezes a intervenção é necessária, coisa que lhe rasgava a alma até hoje.


    - Vera, nada é impossível quando se tem tempo, essa é apenas uma palavra para vocês humanos que tem só 80 anos de vida, existindo há milênios como eu, ela será apenas um dito passado, num mundo de sonhos, sonhados por homens que são o sonho de quem não teve tempo de viver pra ver esse sonho...
    Nos meus 50 mil anos de vida, fiz coisas que ainda são sonhos para vocês humanos, no entanto, sua civilização esta se reerguendo, embora ainda paire sobre suas cabeças o fantasma de outra guerra atômica...

    - Nunca houve uma guerra atômica Azzak, tivemos sim guerras convencionais na primeira e na segunda, e bombas atômicas só as jogadas em Hiroshima e Nagasaki, ou em testes...
    - Estou falando não de seu tempo minha cara, e sim de 20 mil anos atrás, quando meus filhos criaram uma civilização anterior e se digladiaram entre si e os impérios que fizeram, eles sobreviveram a elas e mataram quase todos os humanos da terra, por mais que me tenha doido, eu os exterminei para que vocês sobrevivessem.
    - Não há vestígios disso Azzak, nossa civilização tem apenas 6 mil anos.
    - Isso porque seus governos são muito bons em ocultar o passado de vocês, mas vejo que precisa ver por si mesma.

    Azzak entrou na mente dela, e o tempo deixou de existir, Vera agora estava vivendo o momento específico em que os filhos dele dominavam o mundo, viu naves cruzando a terra, trens flutuantes, como os do Japão atual, navios, e até mesmo robôs. Viu centenas de anjos loiros lutando entre si nas batalhas no céu, e também explosões atômicas onde hoje é a África, a Rússia, Índia e Tibet. Após milênios, ela vê o homem retornar a barbárie das cavernas e reerguer de novo a civilização como é hoje.
    Durante o holocausto, cidades fantásticas no mundo todo foram varridas pelas explosões atômicas, mas ainda havia vestígios deste período na forma de pirâmides em todo planeta, e muitos templos ainda a serem descobertos após milênios soterrados. As pirâmides do Egito eram só uma amostra e em nenhum momento foram feitas por egípcios, as mais elaboradas é claro, ou seja, a do vale dos reis. No Himalaia havia uma gigantesca e completamente inacessível ao homem, oculta por rochas estrategicamente, e um escudo energético abaixo dos granitos e basaltos. E ela vê quem foi o autor de tal ocultação, o ser que agora lhe mostra os tempos idos...

    - Inacreditável! Como foi possível fazer uma cidade como essa, muito maior que nova York, e por que a ocultou de nós?
    - Ser imortal é fazer escolhas para o futuro, vocês ainda são crianças para desfrutar do que existe nela, e se acabarem se destruindo a si mesmos, como ocorreu no passado, posso reconstruir a raça humana com o que tenho ali, como fiz nas vezes que meus filhos explodiram suas bombas, mudando o eixo do planeta e levaram a derradeira era glacial que extinguiu também os mamíferos gigantes. Mas não é esse meu desejo, por milênios vi o que meus filhos podem fazer, e não desisti dos que ainda estão por aí, quero de volta o meu império.
    - Mas seus filhos são vampiros, eles matam pessoas, destroem também por prazer, não tem a consciência que você possui, e não se negam a usar seus poderes de seres imortais. Além do que não possuem nenhuma das fraquezas dos vampiros que assistimos no cinema e nas series de televisão; alho, prata, luz solar, crucifixos, água benta, ou serem convidados para entrar na casa dos outros, ou serem mortos por estacas de madeira ou prata. E ainda assim você pretende recriar esses seres sem consciência?
    - Isso é devido às lendas que se criaram ao redor dos vampiros, por isso são lendas para crianças, e também aos casamentos endogâmicos entre reis e rainhas lá no antigo Egito e principalmente na Europa até finais do sec. XIX; ocasionando doenças como a [5]Porfiria, mas quem foi que lhe disse que eles estão mortos? Eu e meus filhos somos imortais, e vocês não possuem nenhuma arma capaz de matá-los, o único ser que pode fazer isto sou eu, o pai deles; como já fiz no passado para salvar a humanidade. Graças a mim, foram destruídos todos os homens de Neandertal por ser exclusivamente bom pai para meus filhos, mas jamais permitirei que eles destruam o homo sapiens, essa intervenção nos assuntos deles foi uma das coisas mais difíceis que me propus, mas fiz, os que me respeitaram ainda estão vivos pelo mundo e outros hibernando na cidade até vocês terem capacidade de sustentá-los novamente.
    - Essa eu não acredito Azzak, como eles destruíram os Neandertais se estes viviam na Europa e o Sapiens na Ásia e África, e se encontraram entre 20 mil anos quando houve as migrações pra lá pelo estreito de Bering? Já vi centenas de documentários sobre isso... E se estão vivos, onde estão? Não há noticias de pessoas sendo mortas sem sangue por aí, só nos filmes mesmo...
    - Mas nenhum deles falou comigo ou veio me entrevistar como testemunha natural da história, agente da mudança e extermínio de espécies ou civilizações. Eu poderia jogar todas as histórias em sua cabeça, como a que viu anteriormente, mas ainda esta se recobrando de tudo que viu de meu passado e isso pode destruir sua mente se for posto de uma vez, terá a eternidade comigo para rever meu passado e de meus filhos, sendo assim devo lhe contar.
    Depois de destruir os algozes de minha tribo e me isolar na planície por meses, eu resolvi voltar ao convívio com humanos, mas agora com plena consciência de quem eu era, encontrei uma tribo bem numerosa e voei até eles, ao descer ao chão eles perceberam que eu era um deus, ajoelhando-se, já que vocês sempre cultuavam seres diversos para explicar coisas do seu mundo escuro e incompreensível à noite, ou as estações da terra.
    Pode ser dizer que eu fui o primeiro deus na forma humana, depois meus filhos tomariam meu lugar, você deve ter lido sobre eles ao longo da história, e ainda cultuam alguns certamente: Nas Américas Quetzalcoatl, manitu e tantos outros.
    Hórus, Attis da Frigia, Krishna da Índia, Dionísio da Grécia, Mithra da Pérsia, Budha, Jesus Cristo e Mohamed ou Maomé aqui no ocidente... Esses dois últimos foram os mais promissores porque as religiões que legaram a vocês são cultuadas por mais da metade da humanidade, mas se levarmos em conta a ajuda do irmão deles, Budha, cuja ideologia é semelhante, então temos 70% da humanidade crendo no que legaram a vocês. Só lhes digo que não estão lá muito contentes, porque por milhares de anos foram vampiros dignos do nome, mas após a guerra de extinção atômica viraram pacifistas e quiseram mudar o mundo com palavras e códigos de conduta para as quais até hoje vocês não estão preparados. Daí as encenações que tivemos que criar para que eles ‘morressem’ e vocês seguissem o que deixaram. Certamente eles não retornarão e suas religiões continuarão sendo motivo de guerras até a humanidade crescer novamente pro estagio de 20 mil anos atrás.
    Todos os deuses que vocês cultuaram ao longo de milênios em todos os continentes eram meus filhos, de Odim a Gáia

    As palavras de Azzak deixaram Vera perplexa, não só viu em sua mente o passado, como ouvia dele o que agora não poderia assistir mentalmente, os maiores ícones religiosos da terra não eram entes divinos filhos de um deus salvador e nascidos de virgens, mas sim vampiros que decidiram virar hippies após milhares de anos assassinando pessoas por prazer ou fome.

    - Ordenei ao chefe deles que me obedecessem a partir de então e que eles seriam a tribo mais poderosa de seu tempo. Dei-lhes arcos e flechas e metais com os quais nenhuma outra tribo podia confrontar. Escolhi 10 mulheres para mim e ao longo dos anos viemos descendo até chegarmos ao mar. As poucas tribos que nos confrontaram se rendiam de imediato a me ver voando sobre suas cabeças e se integravam ao povo que eu escolhera...
    Eu possibilitei aos homens alimento como em nenhuma época de suas vidas, e abundavam carcaças de mamutes para todos, bem como outros mamíferos gigantes da era do gelo. As minhas mulheres engravidaram e eu sabia que deveria buscar um local onde pudesse ter certas coisas que a tundra siberiana não permitia, com o planeta gelado onde estávamos havia extensas localidades próximo ao oceano que me permitiria criar uma cidade. Aprendi em pouco tempo como construir barcos, e com os metais forjados a tarefa se tornou simples dado o numero de homens a minha disposição.
    Naveguei com uma esquadra gigantesca com todo meu povo e chegamos onde hoje é a Espanha, dali montei acampamento e iniciei a construção de uma cidade. Meus filhos não nascem de 9 meses, e sim numa gravidez de 5 anos. Após nascer, seu crescimento era rápido e em 10 anos eram adultos e tão inteligentes quanto eu. A minha tribo crescia rapidamente em filhos, em pouco tempo ergui uma cidade semelhante a Atenas. Ensinei seus habitantes à agricultura e tarefas menores à manutenção dos cidadãos e da metrópole, enquanto meus filhos cuidavam de outras áreas do conhecimento; eles eram algo similar a Leonardo da Vince e Einstein.
    Em cem anos éramos milhares, e os habitantes originais que nos acompanhavam tinham morrido exceto eu, meus filhos e as mães deles, eu possuía nessa época 100 esposas, e havia mais candidatas para mim e meus descendentes. No entanto, nenhum de meus sugadores de sangue pôde fazer o mesmo, só mil anos após nascerem davam vida a outros de sua espécie, e exclusivamente com seus irmãos, agora sabe de onde egípcios e demais povos arrumaram esse hábito de casamentos endogâmicos... Mas diferente de vocês humanos, com eles não havia problemas genéticos, de certa forma a herança muda a cada geração.
    Engravidar de mim as mantinha jovens, fortes e férteis para mais filhos por 2 séculos, meu sêmen era uma espécie de fonte da juventude, e depois deste tempo pereciam. Foi ao final deste período que os grandes problemas iniciaram. Meus filhos imortais desenvolveram dons além da inteligência, no início eu pensei ser uma doença que se curaria, mas depois percebi que era algo natural a eles, assim como é a mim, absorver todo o corpo de um mortal. Podiam fazer tudo àquilo que você vê os vampiros fazendo, e eram insaciáveis, matando as pessoas de nosso mundo para sobreviver de sangue, e por prazer, viravam vampiros com 30 anos de idade e precisavam de sangue, e embora eu os obrigasse a obter essa dieta dos mamíferos gigantes e outros seres que caçávamos e criava para alimentar meu povo, isso não os alimentava plenamente e passaram a matar os cidadãos uma vez por semana. Os humanos eram sua fonte de vida plena, já outros seres não.
    E eu, como um pai cego de orgulho, amor e vaidade por eles nada podia fazer diante de minha ligação genética, mas precisava pensar racionalmente senão nosso mundo desabaria... Dei-lhes outra opção de alimento, poderiam se alimentar dos Neandertais que abundavam em nosso continente... Havia milhões deles, e devo dizer que foram à subespécie humana mais promissora. Proibi-os de matarem as mulheres, somente homens, assim eu podia ter mais filhos com elas e as demais também com os machos sapiens.
    Dei a eles uma cota de quantos poderiam abater para que não acabassem com a espécie e atacassem os humanos sapiens, antes deste terem número suficiente pra sobreviverem, deviam abater só os velhos, como qualquer predador, durante as noites eles voavam pelo continente espalhando o terror e buscando suas presas. A morte dos Neandertais ocasionou um aumento de mamíferos gigantes, já que seus predadores naturais diminuíam a cada ano. E eu também tinha criação destes espalhados por vários locais próximo de onde vivíamos, além de alimento, eram também excelentes animais de trabalho, várias vezes mais fortes que os elefantes de hoje...
    Assim minha cidade se desenvolveu e começamos a criar tecnologia, em 200 anos após a extinção de meu segundo povo já estávamos na era do vapor...
    Meus filhos vampiros de mulheres Neandertais eram diferentes de seus irmãos sapiens, nasciam após 4 anos de gestação, e sua sede de sangue era maior também. E devo dizer, um pouco desobedientes. Todos estavam ligados a mim mentalmente e minha palavra era a lei, ninguém desobedecia, mas havia entre eles nitidamente aquela sensação de que eu preferia uns em detrenimento a outros, coisa de filhos. Para mim eram todos meus sem distinção. Também questionavam por que só Neandertais podiam servir de comida se o sangue dos sapiens era tão bom e saboroso quanto... Aquela situação foi me irritando a ponto de eu decidir fazer algo que jamais quis, os separei. Mandei-os para outro local fazerem sua própria cidade, e longe de se irritarem, sentiram-se felizes em poder construir algo do zero. Para tanto teriam que ter uma líder, já que foi a primeira a nascer de Neandertais, Gaia foi minha escolhida.
    - Não me diga que ela realmente existiu.
    - Claro que sim, não só ela, mas todos os deuses que vocês cultuam... Já lhe disse isso. Ela fez coisas tão fantásticas, naquela época, que só agora vocês estão redescobrindo. As mitologias etruscas, gregas e romanas de faunos, Mênades, ciclopes semi-deuses e tantas outras são frutos de suas experiências genéticas com humanos. Meus filhos viviam apenas para a ciência, e cabia aos mortais cuidar de tudo nas cidades e nos adorar como deuses que éramos. Para que determinados sentimentos entre eles fossem abrandados, eu criei um culto, onde humanos sapiens velhos e deficientes deveriam seguir para o outro mundo onde renasceriam como vampiros ao doarem-se para saciar a fome dos deuses. E o sonho de todos os cidadãos era chegar à velhice para ser alimento e renascer séculos depois como um de nós.
    Com o tempo fui criando outras cidades pelo mundo e abundando de tecnologia, havia cada vez mais vampiros e menos Neandertais. A solução era os sapiens das cidades terem mais filhos, coisa que só foi resolvida com os experimentos de Gaia, ao lhes proporcionarem em sua comida hormônios que estimulavam a gravidez de gêmeos e até mais...
    No entanto o que eu mais temia ocorreu, extinguimos os Neandertais homens, e mesmo cruzando sapiens com eles, seus filhos híbridos geravam poucos filhos. Nessa época havia um milhão de vampiros insaciáveis pelo mundo e seu alimento acabara.
    Gaia e seus irmãos não tinham opção, eram seres superiores e eu os proibi de matarem os humanos fora de nosso mundo tecnológico. Assim ela convenceu os habitantes das cidades a doarem suas vidas para os deuses, e eles obedeciam isso da única forma que sabiam e acreditavam, esperando renascer como meus filhos, deuses.
    Em duas décadas não havia mais um humano em nenhuma de nossas cidades espalhadas na Ásia, America e Europa de hoje.  Todos consumidos e aguardando no além a reencarnação num mundo superior como meus filhos.
    O número de humanos no planeta não poderia alimentar meus filhos, e se eu permitisse isso, não haveria um só na terra hoje. A ciência de Gaia produziu sangue sintético, mas não os alimentava por não ter energia vital, no final não havia solução. Os humanos deveriam alimentá-los, entretanto, depois entraríamos no mesmo gargalo e eles pereceriam de fome. Então algo dentro de mim me indicou o que deveria fazer, fui de cidade em cidade e os uni com minha mente. A energia emanou de mim, e eles brilharam como a tribo que absorvi, mas o mesmo não se deu com eles, voltaram ao estagio anterior e viraram humanos. Aprendi a controlar o processo e deixei apenas alguns na forma original, entre eles Gaia, cristo, Buda, Maomé e tantos outros que depois espalhariam as religiões humanas. Alimentados pela minha energia, assim como o leite de uma mãe, eles não precisariam de sangue por milênios. Assim os encarreguei da construção da cidade do Himalaia, e longe de seus irmãos, agora mortais...
    Mas o resultado final não me agradou, os transformados deixaram de ser deuses e agora tinham vidas curtas e efêmeras a viver. Não mais voavam, ou controlavam inferiores e precisavam uns dos outros, numa cadeia de dependência social. Assim eles usaram veículos para percorrer o planeta, a exemplo de vocês hoje. E também armas, eles culpavam os irmãos Neandertais por virarem humanos, e os Neandertais o mesmo dos sapiens.
    Eu não me intrometia em nada mais do mundo dos humanos, me preocupava apenas com Shantala, a cidade dos últimos vampiros. Isolei-me nela e só trabalhava junto a eles produzindo maravilhas. Passaram-se milênios e a terra era repovoada, mas eles não se entendiam e iniciaram guerras entre si pela divisão do planeta. Até que no final, há 20 mil anos fizeram a ultima, onde bombas atômicas varreram todos eles da face da terra. Antevendo o conflito final, eu e meus filhos recolhemos milhares de humanos primitivos dos demais continentes e também das cidades, e os congelamos em Shantala.
    Ao final da guerra nuclear, o planeta caiu em mais uma era do gelo. Ela iria durar até cerca de 10 mil anos atrás. Aos poucos fui reintroduzindo o homem em todos os continentes, e cabia a meus vampiros lhes dar novamente suas crenças e tecnologia básica para sobreviveram as feras e intempéries.
    Assim vocês se recompuseram e viveram para fazer sua história, carregando apenas poucas informações sobre esse passado brilhante que meus filhos ocasionalmente contavam a sacerdotes dos cultos que criaram, a da Atlântida é e Lemúria são algumas delas...
    Ao final deste tempo eles voltaram a alimentarem-se de humanos novamente, mas em numero bem pequeno, e proibido por mim de se reproduzirem, a humanidade foi retomando a civilização. Mas meus filhos decidiram que como deuses, precisavam de sacrifícios e escravos humanos, daí todas as suas religiões terem em seu inicio essa temática.
    Aqui nas Américas ele foi realmente [6]sangrento por durar mais que nos demais, mas os sacrifícios humanos em todo os continentes, são em devoção a eles, e mesmo nas religiões solares de meus outros filhos, também propiciaram milhões de mortes em sua adoração ou guerras em nome deles, e que vocês fazem ainda hoje...
    Eles viveram entre vocês até cerca do século VII, quando Maomé lhes deu o islamismo e unificou todos os deuses do deserto num só em seu continente. O resto é história. Meus filhos estão espalhados pelo mundo vivendo como humanos em palácios e templos suntuosos e sugando alguns humanos se estes são doentes e fracos. Às vezes os deixo consumirem de saúde perfeita, mas só em raras ocasiões. Mas a maioria deles se encontra mesmo em Shantala.
    - Então eles ainda estão por aí e matando pessoas?
    - Claro que sim! Faz parte da natureza a existência de predadores, e com os humanos não haveria de ser diferente. Hoje vocês já passam dos 6 bilhões, e se nada for feito, em algumas décadas poderão dobrar esse contingente. Nunca houve uma época mais propicia a recriação de meus filhos como agora. Além do que, só de fome e guerras morrem milhões todo ano.
    - Não pode fazer isso Azzak, se é como diz, haveria uma carnificina outra vez. E hoje existem armas tão poderosas quanto em seu passado. Os governos se uniriam e os destruiriam vocês em pouco tempo...

    Azzak sorri e se diverte com as palavras dela. Por mais linda e inteligente que fosse, não compreendia o que significava ser um vampiro. Felizmente ele havia aprendido a fazer algumas coisas divinas nesses 50 mil anos.
    Conectou sua mente com a de sua filha Gaia, e a de ambos a de Vera. Assim ele não mais precisava narrar nada a ela, e também a faria experimentar tudo que ele e seus filhos viveram ao longo do tempo sem matá-la no processo...
    Ela agora os via e entendia o que era poder, e isso se intensificou ainda mais ao captar a memória de Gaia sugando um humano. Seu corpo explodiu em êxtase orgástico, podia captar toas às coisas vivas da terra, sua energia, seu poder oculto, na verdade, por aqueles instantes ela era a própria Gaia. Sentiu-se um vampiro de verdade; eles eram realmente seres superiores, super homens num sentido amplo. Não podiam fazer todas as coisas do personagem dos quadrinhos, como visão de calor e raios-X, mas no restante eles podiam tudo. E a inteligência estava num patamar que nenhum humano jamais experimentou. A mente de Gaia estava a todo instante indo e vindo em comunhão com a vida da terra e o que ela poderia fazer para moldá-la nessa nova investida no renascimento de seus iguais.  Viu Azzak acompanhar o nascimento de cada um de seus filhos. Sentiu também o quanto ele sofreu aos os transformar em humanos e se destruírem. Como qualquer humano ele jamais desejou viver para ver a morte de um filho, no entanto ele viu a de milhões deles porque nunca foi um.
    Compreendeu de imediato a ânsia dele em ter centenas de mulheres para lhe dar novos filhos. Assim como os humanos e demais seres vivos são compelidos a se reproduzirem e perpetuarem a espécie por seus genes egoístas, ele passou pelo mesmo processo em seus anos iniciais como ser único. Com a mente, ela percorreu todos os continentes da terra e sentiu que havia uma diferença muito grande entre humanos e vampiros.
    Por natureza os vampiros só matavam para obter alimento, e raramente por prazer, enquanto homens o faziam entre sua espécie por motivos fúteis e ganância do que era do próximo. Os próprios continentes já traziam essa desigualdade... Divididos entre 1º mundo de capitalistas, 2º mundo de outrora URSS e demais comunistas, mas em mutação para uma espécie de capitalismo de estado e 3º mundo de países pobres a serem explorados pelos do 1º, grupo.
     1.5 bilhões de pessoas possuíam riquezas e saúde, e o restante da humanidade padecia de todas as mazelas que não deveriam; entre elas a fome. Se houvesse um número específico de vampiros como predadores, e crescendo pouco em mil anos, existiria um equilíbrio populacional humano e o fim das desigualdades, já que seriam mortos os fracos e doentes como em qualquer regra da selva da natureza, não que ela concordasse, mas as coisas eram o que se destinavam a ser ha bilhões de anos... Mas como renascer seres assim sem que tivesse uma guerra entre as espécies, dado a tecnologia atual? Precisariam ser como sempre foram, seres fictícios, mitos para filmes, séries e livros, mas o que percebia da mente de Gaia é que estes dias de ficção estavam contados.
    Em Shantala havia mais de 10 mil deles hibernando, fora os que estavam perambulando pelo mundo, e fazendo as pessoas desaparecerem. E a mídia afirmando durante anos que eram os alienígenas que seqüestravam as pessoas. Não só eram os vampiros, mas também havia uma predileção por crianças e adolescentes. Algo a ver com a força vital da juventude.
    Conectar-se com Azzak e Gaia fez ela não só experimentar a sensação do que ambos eram, como desejou o mesmo para si, no entanto, ela era humana, e sabia bem o que deveria fazer para impedir a história de se repetir milênios após...
    Mas como convencer Azzak a proteger a humanidade dos seus filhos, inclusive dos seus próprios a nascer, e que dentro de alguns anos estariam também entre os ‘deuses’?
    Como descendente de alemães, ela era uma das herdeiras incondicionais dos crimes cometidos pelos nazistas no extermínio de milhões de pessoas com armas de fogo, guerras, gás e fome, mas o que iria ocorrer se os vampiros reassumissem seu papel na história? Faria dele e de todos os grandes carrascos da humanidade anjos em comparação ao que viria.
    Captando os pensamentos dela, Azzak e a filha, simplesmente sorriram, mesmo estando ambos a milhares de quilômetros um do outro. Humanos tendem a pensar que são entes superiores e que podem tudo, inclusive achar que devem mudar a história do que ocorrerá por serem conhecedores dela.
    Só havia uma forma de fazer Vera ver a verdade, ela deveria ser a primeira vampira a existir sem ter nascido de uma. E a resposta estava com os genes que ela carregava. Era uma das descendentes diretas de vampiros que viraram humanos, e sobreviveram após a guerra, repovoados como humanos milhares de outros, anos atrás. Mas somente uma pessoa no universo poderia fazer isso; Azzak.
    Em sua mente ela vê todos os homens e mulheres que deram origem a sua existência até se ver na pessoa que existiu como vampiro e seria seu parente 49 mil anos atrás. O nome dele era Zaroc, um vampiro de Neandertais, e irmão da mesma mãe de Gaia. Foi feito humano porque era o oposto da Irmã e um grande encrenqueiro em seu tempo. Também foi ele um dos descobridores das armas que destruiriam a raça humana antiga. Embora humanos vivam em média de 80 a 130 anos, ele viveu naquela forma por mais de mil devidos seu conhecimento de genética e suas tentativas de regredir a forma original. Em experiências consecutivas, tendo a si mesmo como cobaia, ele impediu por séculos sua degeneração celular, mas ao final a morte humana o levou. No entanto deixou inúmeros herdeiros, e estes foram salvos em Shantala e repovoaram a terra novamente com os demais humanos. Hoje a ciência descobria que temos 4% de DNA Neandertal, mas desconhecem que muitos possuem o mesmo de vampiros.
    Gaia explica mentalmente a seu pai o que ele deve fazer para fazer de Vera uma vampira, assim como faz quando quer se alimentar, ele deve absorvê-la, mas não com as mãos e sim mordê-la como os vampiros que são. Algo que ele não faz a milhares de anos e ainda era humano... com o contato com sua saliva e o sangue passando na circulação de ambos, ela sofrerá o processo inverso e seus genes a despertarão para o que é, num novo renascimento...  Ela sonhara com os anjos loiros desde criança, assim como todos seus parentes anteriores, estava em seu sangue às memórias genéticas de seu pai ancestral vampiro.
    E embora existissem vampiros de cabelos ruivos, os loiros e altos eram a maioria na espécie, e mesmo se reproduzindo com outras tonalidades, eram os loiros que nasciam. Gaia descobriu que ao longo de milhares de anos todos teriam filhos assim ou mudariam em vida para aquela tonalidade de pele e cabelo. E não era uma doença e sim um padrão da espécie deles. Na raça humana o clima e a alimentação determinava a cor da pele e características físicas do corpo e cabelo, mas com os vampiros isso não ocorria. Eram invulneráveis ao frio ou ao calor. Num certo sentido, tinham mais parentesco com vírus que com humanos.
    Libertada das imagens que viu, e ainda tremendo com emoções primitivas e novas, castigando sua humanidade, Vera retorna a sua consciência. A imagem de Gaia não lhe sai da mente. Conhecer alguém tão velho, e ao mesmo tempo tão bela, sábia e destruidora, era uma experiência digna de superar qualquer milagre religioso. Saber também que tinha genes vampirescos em seu corpo era ainda mais aterrador.
    O que poderia fazer para reverter o impossível? Como convencer seres supremos a permanecer ocultos à raça humana, e se revelados? Será que as nações poderiam destruir seres com poderes além da compreensão humana? Uma coisa era um vampiro à lá Drácula e suas fraquezas literárias, mas nem em sonho eram iguais ao reais, a única coisa em comum eram as pessoas que mataram, de resto, só folclore...

    - Compreendeu agora porque devemos retomar nosso lugar como criadores de seu mundo? Somos os seus deuses, seus criadores de tecnologia, e também de seus medos primitivos de entes noturnos. Somos a raça suprema... E dentro de poucos anos, talvez duas décadas eu desperte a todos os 10 mil que vivem em Shantala e nos apresentaremos ao mundo de uma forma única...

    Vera treme diante de tais palavras. Sabia que as superpotências tinham armas atômicas para varrer a vida da terra por diversas vezes se surgisse um conflito, e com certeza haveria um se descobrissem a cidade em território chinês com armas mais sofisticadas dos que temos hoje...
    Cabia a ela convencer o único que poderia impedir isso.

    - Azzak, para que retornarem? Podem muito bem ficarem aguardando nossa evolução tecnológica para apresentarem-se a nos num momento menos bárbaro de nossa civilização. Além do que, possuem tecnologia pra nos recriar, como fez no passado.
    - Seu argumento é bom Vera, mas eu esperei milhares de anos por isso, e mesmo na época da primeira civilização, o mundo não era tão desigual como hoje. A mesquinhez impera no homem moderno, onde há recursos e alimentos para todos, mas só uma pequena minoria usufrui. Há humanos demais na terra para alimentar meus filhos e permitir o renascimento de meu povo, fora os velhos, doentes físicos e mentais que vocês relegam, mas não matam por ‘humanidade’, só com eles haveria saciedade por gerações.
    Quanto à suposta luta deles, lamento informar, mas a minha moeda de troca é bem aprazível a seus lideres mundiais. Dinheiro a rodo eles possuem, além de poder, e seu único temor real é a morte, sendo aí o fiel da balança porque posso lhes dar a imortalidade...
    - Como? Se vampiros só nascem de outros vampiros, e não do que vemos no cinema?
    - Gaia percebeu em muitos desses super ricos e líderes mundiais, o mesmo que você carrega, genes latentes de meus filhos que transformei em humanos milhares de anos atrás... Assim posso fazê-los vampiros. E como são quem manda no dinheiro e no poder das nações, terei o controle mundial sem precisar brigar por isso... E uma vez vampiros, todos são obrigatoriamente fieis a mim, inclusive a você, já que também decidi transformá-la... Como não quero mais esposas do que as que tive no passado, preciso de alguém com um nível de poder semelhante ao meu, minha fase de reprodutor já passou por enquanto, e deixo isso a meus filhos.
    Agora quero uma imperatriz para compartilhar as eras comigo. Você terá seus próprios filhos só daqui uns 200 anos, quando estivermos com nosso império já concretizado aí eu a farei vampira, ficará como agora devido minha energia. Mas nos milhares de anos que tenho, nunca mudei meu modo de pensar por ninguém, mas estou disposto a fazer isso por esse breve tempo. O futuro me dará as respostas se devo ou não atender aos desejos de minha imperatriz.
    Assim eu retomo meu império e os humanos ainda pensarão que mandam. É claro que dentro de algumas décadas farei Jesus, Maomé e Buda retomarem também seus impérios religiosos. Já consigo imaginar o meu cristo descendo dos céus em Jerusalém, assim como Maomé em Meca no festival deles anual para milhões... Será bem divertido.
    Quanto aos humanos, que eles nos amem nos adorem e nos dêem o que ansiamos. Esse é o papel deles na terra.
    Já as tão temidas armas nucleares que você tanto teme, pois li isso em seus pensamentos, 40 mil anos atrás nós as tínhamos, e também como detê-las com o que hoje vocês chamam de ‘Domo de Tesla.’ Ou desativá-las com um simples campo de táquions ionizados que impede a fusão de neutros. Suas super armas não passam de fogos de artifício diante do que possuímos em nossa cidade. Em termos comparativos de tecnologia, eu diria que vocês estão na idade da pedra e nós no século 50 mil a sua frente. Lá existe até tecnologia para irmos de uma galáxia a outra, superior até mesmo as suas ficções máximas como de Star Gate [7][8]Jornada nas Estrelas. A raça humana é o que é, apenas alimento para mim e meus filhos imortais, e em breve você será uma também. Mas por boa vontade, ordenarei aos lideres mundiais que trarei de volta a nossa espécie que desarmem essas coisas inúteis para lhe agradar minha diva...

    Embora pequena, ela sabia que obtivera uma vitória. Além do que não era de estranhar que os lideres mundiais e super ricos fossem descendentes de vampiros, afinal eles eram assim mesmo dentro de seu elitismo para com os pobres do mundo e a sanha capitalista de lucrar em cima da massa pobre do mundo. Talvez fosse certa a opção de Azzak e o tempo lhe diria a verdade.


    Do alto do maior edifício de New York, Azzak acompanha o frenesi louco dos humanos em busca de seus ofícios. Muitos milênios atrás, nos momentos em que desfrutava da companhia dos animais, e apreciava muito também os insetos, abelhas e formigas em particular por sua busca incessante por comida e alimentar proles eternas, ele relembra disso porque pessoas eram para ele semelhante em muita coisa às formigas. Em seus carros, presos aos intermináveis rodovias e engarrafamentos, trens, metrôs e filas intermináveis, até mesmo em seus momentos de lazer nas filas de boates da cidade, mercados museus...
    40 mil anos atrás eles não eram tantos e nem estavam presos a este comportamento, é claro que na época não existia bilhões deles como hoje. E esta seria uma das coisas que possibilitaria não só a ele como seus filhos comandá-los como era seu destino. Seus 10 mil filhos iriam consumir diariamente este número de humanos como alimento, e era uma quantia insignificante em face aos milhões que morriam de fome, guerras e doenças por todo o planeta, sendo na África e Ásia os campeões nesta categoria.
    Uma de suas filhas, Pahala, que morava há milhares de anos nas florestas do Canadá, havia herdado dele esse amor pelos animais e também à vida simples. Conversavam muito telepaticamente e se dependesse dela, os vampiros jamais se mostrariam aos humanos, ao contrario, ela apreciava ser parte do mito que o cinema havia criado para sua espécie. Era uma das que seu pai havia deixado como vampira por seu grande amor a vida selvagem e ao próprio pai.
    Ele tinha amor a todos os seus filhos, mas dentre eles havia alguns que ele dedicava algo mais, e Pahala era uma delas. Desde seu nascimento de uma fêmea Neandertal, até o momento em que arrancou a cabeça do 1ºhumano e lhe sorveu o sangue em sua primeira refeição como vampira que ele a acompanhou. 
    Ensinou a voar, nadar, correr e se comunicar mentalmente com todos os seres vivos. O poder mental de um vampiro era uma de suas maiores armas, todos os seres não vampiros estavam suscetíveis a eles, e nisso Hollywood não havia errado. Motivo esse também porque ele ria consigo mesmo das palavras de Vera diante das armas humanas e sua resistência à conquista. Seus filhos Sidarta, Jesus, Maomé e tantos outros utilizaram seus dons para serem seguidos pelas massas e viverem as palavras criadas por seus credos, que ao final derivam nas religiões históricas pelas quais os humanos regulam suas vidas e também se matam em nome delas.
    Pahala era uma espécie de deusa protetora para as criaturas do seu território e também para as tribos indígenas que lá se encontravam, porque compreendia a necessidade de alimento de todos e o ciclo de caça e caçador. Quando os europeus descobriram as terras do norte e iniciaram a exploração da madeira e da caça, exterminando ursos, lontras, castores e vários animais por suas peles, o que sentiu de imediato foi o desejo de exterminar a todos numa só noite, no entanto o pai interviu e lhe disse para deixar os humanos em paz, deveria apenar matar para comer, e que na época certa, quando houvesse o número ideal deles, sua vingança poderia ser saciada. E assim ela os aturou ao longe enquanto ouro era descoberto e a ganância humana muda de foco, no inicio do século XX ela acompanha a continua exploração de seu paraíso, e agora o ouro é negro e grudento, petróleo...
    Ao longo do tempo sua raiva aos humanos e suas sanha predatórias dentro de suas florestas só fazia crescer tal sentimento aumentar, assim desenvolveu um gosto peculiar pelo ponto fraco de todos os mortais, seus filhos.
    Era deles que gostava de se alimentar, não só pelo prazer de ferir humanos destruidores, mas também devido à energia vital presente nos ainda jovens, o sangue de crianças era para ela um néctar digno de todos os deuses que eles criaram, e para tanto, ela os caçava no mundo inteiro e levava a seu reduto, onde os tratava com o melhor alimento encontrado em suas florestas, para ao final, depois de 2 meses após se purificarem com as aguas, as frutas e a carne de animais abatidos por ela e consumidos no mesmo dia por suas criações, era o seu dia de sorver o alimento.
    Seu poder mental fazia com que eles as vissem como suas mães. E na hora de morrer e conceder vida a vampira, continuava a ser assim. Deitados numa cama em que as pernas ficavam bem no alto, e a cabeça bem abaixo, ela aproximava suas presas a garganta e perfurava a jugular, e o sangue descia da cabeça e do resto do corpo até que nada mais restava a não ser um corpo seco e sem vida, já que esta, através do liquido vermelho, agora alimentava Pahala, um dos seres mais antigos e poderosos da terra.
    A jovem criança, agora inerte era levava para a floresta. La ela fazia uma pira de madeira, e ali depositava o corpo, e com suas mãos na madeira, iniciava o fogo, um truque que seu pai havia lhe ensinado 49 séculos atrás, vampiros podiam fazer fogo só com a mente ou tocando em qualquer objeto que desejasse incinerar.
    Encarava crianças de locais distantes como vinhos de safras nobres, o sangue de humanos derivava não só pelo tipo sanguíneo bem como pelo paladar, e o menino que ela se alimentou era de uma safra muito especial de humanos, vinha de uma tribo da África, os Massai.
    Em geral os humanos eram de uma grande família de subespécies que sobraram das tantas que evoluíram, assim como os Neandertais consumidos até a extinção por seus milhares de irmãos.
    Avaliando porque sangue Massai era tão saboroso, ela entendeu o motivo, devido sua dieta de sangue de vaca e leite, colhido no ato e alimentando as crianças que ao final se tornavam tão altos como europeus e americanos ricos e vampiros. Mas diferentes destes, era energia vital destes alimentos naturais que fazia deles o alimento que incendiava sua libido.
    Naquele instante ela era um só com suas criaturas amadas e suas arvores, podia sentir a energia vital de cada coisa, era como um orgasmo sexual muito intenso. E neste momento ela sentiu algo que não devia... humanos, em pleno século XXI exterminando animais não por fome ou caça para pele ou algo mais, mas apenas por prazer. Eram seis homens atirando em ursos por puro sadismo, cada tiro era como uma agulhada em seu coração. E a fúria contida há séculos gritou dentro dela com uma onda mental que foi sentida por todos os vampiros acordados, e também por seu pai. Ela alça voo e chega ao local já com vários animais agonizando enquanto os tiros persistem. E um deles a atinge no peito. Ela olha a bala se espatifar em sua pele invulnerável e da um salto para a arma de onde ela saiu cem metros atrás, em sua frente um jovem caçador se assusta ao ver a mulher alta e ruiva descer a sua frente. Mas é só o que lhe resta porque no segundo final ela lhe decepa a cabeça com as mãos. Pula para o segundo homem, e assim como fez seu pai 50 mil anos atrás, ela o abre de um lado a outro com suas mãos.As duas bandas do corpo caem, enquanto suas vísceras esangue tingem de vermelho o solo e a vegetação. Refeitos da surpresa os homens restantes atiram freneticamente na vampira, e ela parte para o terceiro e corta suas pernas acima do joelho e o vê inundarem o local com sangue e medo, o qual ela saboreia com um prazer maior que o de quem se alimenta. O 4º homem ela ergue e pega pelas pernas e abre de baixo para cima. De uma só vez. Os dois restantes fogem correndo um para cada lado, e ela apanha o 1º e o leva para o céu e então o solta para ver seu corpo despedaçar nas rochas pontudas. O ultimo esconde-se em uma toca. Então ela decide ser piedosa não com ele, e sim com os ursos, o apanha pelas pernas e voa com ele até outro local onde estão vários ursos em busca de salmão, mas por ordem sua, eles fazem uma roda em volta do homem e o atacam... lhe devorando primeiro as pernas e braços enquanto ele grita de terror. Logo não há mais vida em seu corpo e nem mais um só pedaço deste a não ser no estomago dos animais...
    Exaurida e vingada, ela voa até as montanhas geladas da terra que tanto ama, mas sabe que ainda há coisas a fazer... Ainda cheia de ódio chega ao local onde estão os cadáveres e comanda os corvos para o banquete, ela destrói todas as armas e carrega os corpos dos ursos para o interior das florestas, ali, sua essência será devorada pelas criaturas microscópicas, devolvendo a terra o elemento do qual são feitos, e que dará inicio a novas vidas através das arvores, suas folhas e frutos dos quais todos se alimentam na cadeia alimentar.
    A noite ela e o pai se comunicaram mentalmente, e ela lhe pediu perdão por ser tão dominada por emoções, mesmo estando viva há milhares de anos.
    - Ao contrario do que possa pensar minha filha, são essas emoções que nos mantem vivos e sãos. E sei o quanto é difícil a seres como nós ver humanos, verdadeiros insetos vorazes destruidores de tudo que amamos e nos contermos porque os deixamos serem os senhores deste mundo. Será que eles aceitariam as vacas, porcos e galinhas mandando neles?
    Mas prometi a vocês milhares de anos atrás que esse tempo terá um fim, e esse dia esta muito próximo.
    - sabe minha opinião sobre isso pai, mas sou minoria neste assunto. Só quero viver em paz nas florestas, com meus animais, aves, peixes e com os poucos humanos mortais com quem falo enquanto não morrem de velhice ou doenças.
    Mas o que me alegraria neste instante seria poder ajudar a criar uma criança sua, quando pretende ter uma com Vera?  E quando fará dela uma de nós?
    - Há muitas coisas em jogo ainda. Mas ela será uma de nós sim, e em breve haverá um vampirinho para tu ensinar e cuidar, assim como fez com milhares de seus irmãos e irmãs. Talvez um dia tenha seus próprios filhos.
    - Sim pai, talvez mas isso não é algo que me interessa por enquanto, talvez quando estivermos no comando deste planeta eu mude de ideia.

    Ao finalizar a conversa mental com seu pai, ela decide ir à caça de novas vitimas para sua granja humana, assim ela voa até a Itália porque já tinha um tempo que não pegava nenhum daquele país para se alimentar, mas uma casa em particular lhe chama a atenção. Com seus dons mentais ela podia captar as ondas cerebrais de todos dentro do recinto, bem como a idade... E naquela casa esta um casal de uns 35 anos e uma criança de uns 12, uma menina entrando na adolescência.
    Como família italiana, eram muito religiosos, havia crucifixos nas portas de entrada, e em varias partes da casa. Ela se aproxima da porta e o sensor de presença acende a luz, a casa tem todas as tecnologias de segurança possíveis, câmeras inclusive, mas a um pensamento dela, todas se desligam e as imagens dela desaparecem do sistema de gravação.
    A porta eletrônica se abre ante a mente dela e Pahala flutua até quarto da menina chamada Giovana... Uma garota muito linda, mas que dentro de algumas décadas, como todos os humanos estará velha e enrugada aguardando a morte. No quarto mais símbolos religiosos e imagens de santos católicos e da virgem Maria. Aquela família acredita tanto em seus deuses primitivos e em sua tecnologia inferior que se acham invioláveis e protegidos, era hora de ensiná-los uma lição para sempre e ao mesmo tempo dar motivos para a imprensa sensacionalista italiana vender jornais.
    Ela iria mudar um pouco sua dieta vital ao não leva-la a sua floresta, mas era uma diversão que estava disposta a se dar, afinal o poder sem uso não tinha sentido.
    Ordenou a Giovana que acordasse e fosse ao quarto dos pais beijarem-nos pela ultima vez. Induzidos mentalmente pela vampira ao estado REM de sono, eles não acordam, mas se lembrarão da filha despedindo-se deles. Ela retorna ao quarto e deita-se na cama. Pahala então lhe perfura com os dentes que saem da posição retrátil nas duas partes de sua boca e suga vagarosamente cada gota de vida da garota até que não haja mais sangue em seu corpo. A menina outrora rosada, esta agora branca e sem vida, os furos são fechados pelo poder de cura da vampira, e ela deixa a casa, saciada e feliz porque dentro de si, mais uma vida inocente vai agora dentro de si.Quanto aos pais, só lhes restará pelo resto de suas curtas vidas a tristeza da morte misteriosa de sua filha, uma dor incessante, e um castigo de deus?

    Pahala



    Do alto do maior edifício de New York, Azzak acompanha o frenesi louco dos humanos em busca de seus ofícios. Muitos milênios atrás, nos momentos em que desfrutava da companhia dos animais, e apreciava muito também os insetos, abelhas e formigas em particular por sua busca incessante por comida e alimentar proles eternas, ele relembra disso porque pessoas eram para ele semelhante em muita coisa às formigas. Em seus carros, presos aos intermináveis rodovias e engarrafamentos, trens, metrôs e filas intermináveis, até mesmo em seus momentos de lazer nas filas de boates da cidade, mercados museus...
    40 mil anos atrás eles não eram tantos e nem estavam presos a este comportamento, é claro que na época não existia bilhões deles como hoje. E esta seria uma das coisas que possibilitaria não só a ele como seus filhos comandá-los como era seu destino. Seus 10 mil filhos iriam consumir diariamente este número de humanos como alimento, e era uma quantia insignificante em face aos milhões que morriam de fome, guerras e doenças por todo o planeta, sendo na África e Ásia os campeões nesta categoria.
    Uma de suas filhas, Pahala, que morava há milhares de anos nas florestas do Canadá, havia herdado dele esse amor pelos animais e também à vida simples. Conversavam muito telepaticamente e se dependesse dela, os vampiros jamais se mostrariam aos humanos, ao contrario, ela apreciava ser parte do mito que o cinema havia criado para sua espécie. Era uma das que seu pai havia deixado como vampira por seu grande amor a vida selvagem e ao próprio pai.
    Ele tinha amor a todos os seus filhos, mas dentre eles havia alguns que ele dedicava algo mais, e Pahala era uma delas. Desde seu nascimento de uma fêmea Neandertal, até o momento em que arrancou a cabeça do 1ºhumano e lhe sorveu o sangue em sua primeira refeição como vampira que ele a acompanhou. 
    Ensinou a voar, nadar, correr e se comunicar mentalmente com todos os seres vivos. O poder mental de um vampiro era uma de suas maiores armas, todos os seres não vampiros estavam suscetíveis a eles, e nisso Hollywood não havia errado. Motivo esse também porque ele ria consigo mesmo das palavras de Vera diante das armas humanas e sua resistência à conquista. Seus filhos Sidarta, Jesus, Maomé e tantos outros utilizaram seus dons para serem seguidos pelas massas e viverem as palavras criadas por seus credos, que ao final derivam nas religiões históricas pelas quais os humanos regulam suas vidas e também se matam em nome delas.
    Pahala era uma espécie de deusa protetora para as criaturas do seu território e também para as tribos indígenas que lá se encontravam, porque compreendia a necessidade de alimento de todos e o ciclo de caça e caçador. Quando os europeus descobriram as terras do norte e iniciaram a exploração da madeira e da caça, exterminando ursos, lontras, castores e vários animais por suas peles, o que sentiu de imediato foi o desejo de exterminar a todos numa só noite, no entanto o pai interviu e lhe disse para deixar os humanos em paz, deveria apenar matar para comer, e que na época certa, quando houvesse o número ideal deles, sua vingança poderia ser saciada. E assim ela os aturou ao longe enquanto ouro era descoberto e a ganância humana muda de foco, no inicio do século XX ela acompanha a continua exploração de seu paraíso, e agora o ouro é negro e grudento, petróleo...
    Ao longo do tempo sua raiva aos humanos e suas sanha predatórias dentro de suas florestas só fazia crescer tal sentimento aumentar, assim desenvolveu um gosto peculiar pelo ponto fraco de todos os mortais, seus filhos.
    Era deles que gostava de se alimentar, não só pelo prazer de ferir humanos destruidores, mas também devido à energia vital presente nos ainda jovens, o sangue de crianças era para ela um néctar digno de todos os deuses que eles criaram, e para tanto, ela os caçava no mundo inteiro e levava a seu reduto, onde os tratava com o melhor alimento encontrado em suas florestas, para ao final, depois de 2 meses após se purificarem com as aguas, as frutas e a carne de animais abatidos por ela e consumidos no mesmo dia por suas criações, era o seu dia de sorver o alimento.
    Seu poder mental fazia com que eles as vissem como suas mães. E na hora de morrer e conceder vida a vampira, continuava a ser assim. Deitados numa cama em que as pernas ficavam bem no alto, e a cabeça bem abaixo, ela aproximava suas presas a garganta e perfurava a jugular, e o sangue descia da cabeça e do resto do corpo até que nada mais restava a não ser um corpo seco e sem vida, já que esta, através do liquido vermelho, agora alimentava Pahala, um dos seres mais antigos e poderosos da terra.
    A jovem criança, agora inerte era levava para a floresta. La ela fazia uma pira de madeira, e ali depositava o corpo, e com suas mãos na madeira, iniciava o fogo, um truque que seu pai havia lhe ensinado 49 séculos atrás, vampiros podiam fazer fogo só com a mente ou tocando em qualquer objeto que desejasse incinerar.
    Encarava crianças de locais distantes como vinhos de safras nobres, o sangue de humanos derivava não só pelo tipo sanguíneo bem como pelo paladar, e o menino que ela se alimentou era de uma safra muito especial de humanos, vinha de uma tribo da África, os Massai.
    Em geral os humanos eram de uma grande família de subespécies que sobraram das tantas que evoluíram, assim como os Neandertais consumidos até a extinção por seus milhares de irmãos.
    Avaliando porque sangue Massai era tão saboroso, ela entendeu o motivo, devido sua dieta de sangue de vaca e leite, colhido no ato e alimentando as crianças que ao final se tornavam tão altos como europeus e americanos ricos e vampiros. Mas diferentes destes, era energia vital destes alimentos naturais que fazia deles o alimento que incendiava sua libido.
    Naquele instante ela era um só com suas criaturas amadas e suas arvores, podia sentir a energia vital de cada coisa, era como um orgasmo sexual muito intenso. E neste momento ela sentiu algo que não devia... humanos, em pleno século XXI exterminando animais não por fome ou caça para pele ou algo mais, mas apenas por prazer. Eram seis homens atirando em ursos por puro sadismo, cada tiro era como uma agulhada em seu coração. E a fúria contida há séculos gritou dentro dela com uma onda mental que foi sentida por todos os vampiros acordados, e também por seu pai. Ela alça voo e chega ao local já com vários animais agonizando enquanto os tiros persistem. E um deles a atinge no peito. Ela olha a bala se espatifar em sua pele invulnerável e da um salto para a arma de onde ela saiu cem metros atrás, em sua frente um jovem caçador se assusta ao ver a mulher alta e ruiva descer a sua frente. Mas é só o que lhe resta porque no segundo final ela lhe decepa a cabeça com as mãos. Pula para o segundo homem, e assim como fez seu pai 50 mil anos atrás, ela o abre de um lado a outro com suas mãos.As duas bandas do corpo caem, enquanto suas vísceras esangue tingem de vermelho o solo e a vegetação. Refeitos da surpresa os homens restantes atiram freneticamente na vampira, e ela parte para o terceiro e corta suas pernas acima do joelho e o vê inundarem o local com sangue e medo, o qual ela saboreia com um prazer maior que o de quem se alimenta. O 4º homem ela ergue e pega pelas pernas e abre de baixo para cima. De uma só vez. Os dois restantes fogem correndo um para cada lado, e ela apanha o 1º e o leva para o céu e então o solta para ver seu corpo despedaçar nas rochas pontudas. O ultimo esconde-se em uma toca. Então ela decide ser piedosa não com ele, e sim com os ursos, o apanha pelas pernas e voa com ele até outro local onde estão vários ursos em busca de salmão, mas por ordem sua, eles fazem uma roda em volta do homem e o atacam... lhe devorando primeiro as pernas e braços enquanto ele grita de terror. Logo não há mais vida em seu corpo e nem mais um só pedaço deste a não ser no estomago dos animais...
    Exaurida e vingada, ela voa até as montanhas geladas da terra que tanto ama, mas sabe que ainda há coisas a fazer... Ainda cheia de ódio chega ao local onde estão os cadáveres e comanda os corvos para o banquete, ela destrói todas as armas e carrega os corpos dos ursos para o interior das florestas, ali, sua essência será devorada pelas criaturas microscópicas, devolvendo a terra o elemento do qual são feitos, e que dará inicio a novas vidas através das arvores, suas folhas e frutos dos quais todos se alimentam na cadeia alimentar.
    A noite ela e o pai se comunicaram mentalmente, e ela lhe pediu perdão por ser tão dominada por emoções, mesmo estando viva há milhares de anos.
    - Ao contrario do que possa pensar minha filha, são essas emoções que nos mantem vivos e sãos. E sei o quanto é difícil a seres como nós ver humanos, verdadeiros insetos vorazes destruidores de tudo que amamos e nos contermos porque os deixamos serem os senhores deste mundo. Será que eles aceitariam as vacas, porcos e galinhas mandando neles?
    Mas prometi a vocês milhares de anos atrás que esse tempo terá um fim, e esse dia esta muito próximo.
    - sabe minha opinião sobre isso pai, mas sou minoria neste assunto. Só quero viver em paz nas florestas, com meus animais, aves, peixes e com os poucos humanos mortais com quem falo enquanto não morrem de velhice ou doenças.
    Mas o que me alegraria neste instante seria poder ajudar a criar uma criança sua, quando pretende ter uma com Vera?  E quando fará dela uma de nós?
    - Há muitas coisas em jogo ainda. Mas ela será uma de nós sim, e em breve haverá um vampirinho para tu ensinar e cuidar, assim como fez com milhares de seus irmãos e irmãs. Talvez um dia tenha seus próprios filhos.
    - Sim pai, talvez mas isso não é algo que me interessa por enquanto, talvez quando estivermos no comando deste planeta eu mude de ideia.

    Ao finalizar a conversa mental com seu pai, ela decide ir à caça de novas vitimas para sua granja humana, assim ela voa até a Itália porque já tinha um tempo que não pegava nenhum daquele país para se alimentar, mas uma casa em particular lhe chama a atenção. Com seus dons mentais ela podia captar as ondas cerebrais de todos dentro do recinto, bem como a idade... E naquela casa esta um casal de uns 35 anos e uma criança de uns 12, uma menina entrando na adolescência.
    Como família italiana, eram muito religiosos, havia crucifixos nas portas de entrada, e em varias partes da casa. Ela se aproxima da porta e o sensor de presença acende a luz, a casa tem todas as tecnologias de segurança possíveis, câmeras inclusive, mas a um pensamento dela, todas se desligam e as imagens dela desaparecem do sistema de gravação.
    A porta eletrônica se abre ante a mente dela e Pahala flutua até quarto da menina chamada Giovana... Uma garota muito linda, mas que dentro de algumas décadas, como todos os humanos estará velha e enrugada aguardando a morte. No quarto mais símbolos religiosos e imagens de santos católicos e da virgem Maria. Aquela família acredita tanto em seus deuses primitivos e em sua tecnologia inferior que se acham invioláveis e protegidos, era hora de ensiná-los uma lição para sempre e ao mesmo tempo dar motivos para a imprensa sensacionalista italiana vender jornais.
    Ela iria mudar um pouco sua dieta vital ao não leva-la a sua floresta, mas era uma diversão que estava disposta a se dar, afinal o poder sem uso não tinha sentido.
    Ordenou a Giovana que acordasse e fosse ao quarto dos pais beijarem-nos pela ultima vez. Induzidos mentalmente pela vampira ao estado REM de sono, eles não acordam, mas se lembrarão da filha despedindo-se deles. Ela retorna ao quarto e deita-se na cama. Pahala então lhe perfura com os dentes que saem da posição retrátil nas duas partes de sua boca e suga vagarosamente cada gota de vida da garota até que não haja mais sangue em seu corpo. A menina outrora rosada, esta agora branca e sem vida, os furos são fechados pelo poder de cura da vampira, e ela deixa a casa, saciada e feliz porque dentro de si, mais uma vida inocente vai agora dentro de si. Quanto aos pais, só lhes restará pelo resto de suas curtas vidas a tristeza da morte misteriosa de sua filha, uma dor incessante, e um castigo de deus?
















    [1] Européen pour la Recherche Nucléaire), é o maior laboratório de física de partículas do mundo, localizado na região noroeste de Genebra, na fronteira Franco-Suíça
    [2] Akasha é um personagem fictício criado pela escritora Anne Rice, pertence ao livro ¨A Rainha Dos Condenados¨. Como vampira suprema, é imune a luz e objetos religiosos, é imortal e tem o poder de destruir seus inimigos com chamas ao sabor de sua mente. Pode voar e sua força é a de milhares de homens, assim como sua fome de sangue.  Seus poderes de vampira fazem que todos se curvem a sua vontade, como uma luz atrai a mariposa, suas vítimas nao perdem sua luz e se entregam a ela como fonte de saciar seus desejos de sangue ou prazer.
    [3] O sono REM caracteriza-se por uma intensa atividade registrada no Eletroencefalograma (EEG) seguida por flacidez, paralisia funcional, dos músculos esqueléticos. Nesta fase, a atividade cerebral é semelhante à do estado de vigília. Deste modo, o sono REM é também denominado por vários autores como sono paradoxal, podendo mesmo falar-se em estado dissociativo. Nesta fase do sono, a atividade onírica é intensa, sendo sobretudo sonhos envolvendo situações emocionalmente muito fortes.É durante essa fase que é feita iscugula da atividade cotidiana, isto é, a separação do comum do importante. Estudos também demonstram que é durante o REM que sonhos ocorrem. A fase representa 20 a 25% do tempo total de sono e surge em intervalos de sessenta a noventa minutos. É essencial para o bem-estar físico e psicológico do indivíduo.
    [4] O hedonismo significa viver para se gratificar, para se dar prazer. Naturalmente, o conceito de prazer varia de pessoa para pessoa, e o sexo é para seguidores desta linha uma extensão da vida bem vivida. Para os generosos, prazer é trabalhar pela felicidade alheia, e assim ser feliz. Outros colocam seu prazer na satisfação do paladar, e vivem para comer. O hedonismo pode ser altruísta ou egoísta, dependendo da hierarquia espiritual de quem o pratica, ou tambem ausência dela.
    [5] Porfirias são um grupo de distúrbios herdados ou adquiridos que envolvem certas enzimas participantes do processo de síntese do heme. Estes distúrbios se manifestam através de problemas na pele e/ou com complicações neurológicas. Existem diferentes tipos de porfirias, atualmente sendo classificadas de acordo com suas deficiências enzimáticas específicas no processo de síntese do heme.
    A porfiria é uma explicação utilizada para a origem dos mitos dos vampiros e lobisomens pelas similaridades entre a condição e o folclore. A porfiria cutânea tarda apresenta-se clinicamente como uma hipersensibilidade da pele à luz, levando à formação de lesões, cicatrização e desfiguração. A anemia, a pele clara e a sensibilidade à luz são características do mito do vampiro, enquanto que desfigurações em casos mais avançados, acompanhados de distúrbios mentais, poderiam ter levado ao mito do lobisomem. Há ainda relatos anedóticos de canibalismo ou da ingestão de sangue por parte de portadores, que se beneficiariam da ingestão das enzimas.
    [6] Os sacrifícios humanos: Os relatos mais minuciosos sobre os ritos de sangue Maia provêm do Período Pós-Clássico. Entre eles, a cena da extração do coração de um guerreiro para oferecê-lo aos deuses.Os métodos de sacrifício eram diversos. Durante o Período Clássico foi posto em prática o esquartejamento, realizado em ocasiões durante o jogo de bola. Segundo o pensamento maia, os ritos eram imprescindíveis para garantir o funcionamento do universo, os acontecimentos do tempo, a passagem das estações, o crescimento do milho, e a vida dos seres humanos. Os sacrifícios eram necessários para assegurar a existência dos deuses, repondo seu consumo periódico de bioenergia.

    [7] O enredo de todas as produções gira em torno da premissa do Stargate, um aparelho anular supercondutor que permite viagens pelo "subespaço", através de um buraco-de-verme estável, com destino a outro aparelho idêntico localizado a uma vasta distância do primeiro (outro sistema estelar, por exemplo). A existência dos aparelhos é descrita como um segredo militar. Segundo as produções, a maioria das mitologias da Terra teria por base acontecimentos envolvendo extraterrestres que visitaram ou controlaram as civilizações do planeta no passado distante, dentre os quais uma espécie alienígena - posteriormente conhecida como os goa'ulds - que teria escravizado os habitantes do Egito Antigo, criando ali o que viria a ser as cultura e religião egípcias. Passando por deuses, os goa'ulds fizeram os humanos de escravos e usaram o Stargate terrestre para transportar trabalhadores da Terra para outros planetas habitáveis. Em algum momento, os egípcios teriam se revoltado, forçando os alienígenas a fugir, e enterrado o aparelho, que seria redescoberto em 1928.

    [8] No "universo" de Star Trek, a humanidade desenvolveu a tecnologia das viagens espaciais mais rápidas que a luz após uma fase pós-apocalíptica em meados do século XXI. Posteriormente, os seres humanos uniram-se a outras espécies da galáxia para formar a Federação dos Planetas Unidos. Resultado da intervenção alienígena e do progresso científico, a humanidade, na altura do século XXIII, já teria superado muitos de seus defeitos e vicissitudes, teria erradicado doenças e a pobreza e se dedicaria a explorar novos mundos. As histórias de Star Trek costumam descrever as aventuras de seres humanos e alienígenas que servem na Frota Estelar da Federação.

A CONSPIRAÇÃO EUA = BOSTON

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 Suspect 1 Being escorted Away
A "armadilha" Boston-Tchetchenia do FBI

 A imprensa independente não se intimidou. Encontram-se fotos, em Natural News, um achado, um perfeito tesouro de fotos e mais fotos que mostram empregados da Craft no local da Maratona, em uniforme completo de combate, mochilas pretas, equipamento tático, portando até detector de radiação.

Por Pepe Escobar, da Asia Times Online

As fotos, portanto, existem. E como reagiu o FBI? Impôs total blecaute. Censura total de imagens, coisa do tipo “nenhuma outra imagem será confirmada” – só imagens que mostrem os irmãos Tsarnaev. A empresa Craft é intocável.

As bombas em Boston foram tiro pela culatra. Disso já não há qualquer dúvida. O que ainda não se sabe é que nível de tiro saiu-lhes pela culatra.
 How Suspect 1 ended up
Pode ter sido operação clandestina que saiu totalmente errada. Pode ter sido tiro que saiu pela culatra de ex “combatentes da liberdade” – nesse caso tchechenos étnicos – reconvertidos em terra-rists [como Bush pronunciava a palavra terrorists (NTs)]. Pode ter sido tiro saído diretamente pela culatra da política externa dos EUA contra muçulmanos, que só existe para mandá-los para Guantanamo, Abu Ghraib ou Bagram, entregá-los “extraordinariamente” (mas frequentemente) para serem torturados em solo estrangeiro ou para assassiná-los ‘legalmente’.
 How Suspect 1 ended up 2
O FBI, como se poderia facilmente prever que faria, não admite nenhuma dessas opções. Mantém-se agarrado a um roteiro enroladíssimo, digno desse pessoal mais completamente movido à cocaína. Noites hollywodianas dos anos 1980s: uma dupla de bandidos que “odeiam nossas liberdades”, porque... odeiam.
 Suspect 2 Not Injured
Como já escrevi, numa espécie de preâmbulo ao que aqui se lê, há buracos de dimensões intergalácticas na história dos irmãos Tsarnaev.[1] Já se sabe – pela mãe dos dois rapazes [2] – que o FBI (Federal Bureau of Investigation) seguia o irmão mais velho, Tamerlan, há, no mínimo, cinco anos. Em entrevista posterior a Piers Morgan da CNN, a mãe falou, sim, claramente, sobre “orientações” que o filho recebera.
 Suspect 2 getting a breathing tube
Simultaneamente, o FBI foi obrigado a admitir que, no início de 2011 aceitou o pedido de “um governo estrangeiro” (expressão-código para “Rússia”) para não perder de vista o mais velho dos irmãos, Tamerlan. Aparentemente foi o que fizeram – e nada encontraram que sugerisse atividade terrorista.
 While we were distracted
Assim sendo, o que aconteceu depois? Alguém no FBI, dos que têm QI superior a 50, devem ter percebido que, por causa do pedido dos russos, o FBI ‘descobrira’ um precioso ‘operativo’ tchecheno-americano. E Tamerlan tornou-se informante do FBI. Podia ser tocado como se toca rabeca, para produzir qualquer som – como tantos outros tolos antes dele.
 Suspect still had his backpack
Portanto, se não o afinaram corretamente, pode-se acusar o FBI, com todo o direito, de incompetência devastadora (e não seria a primeira vez). Porque o FBI está dizendo agora que jamais suspeitou de que seu ‘operativo’ estivesse construindo alguma bomba, que desejasse testá-la ou que andasse de bomba da mochila pelas calçadas da maratona de Boston.

O que o FBI jamais, em tempo algum, dirá é quando monitoraram/controlaram/chantagearam Tamerlan pela última vez. Não esqueçamos: trata-se do mesmo FBI que nos ofereceu aquele ‘plano’ tipo “Velozes e Furiosos”, mancomunado com um cartel mexicano para assassinar um embaixador saudita[3] – plano que foi desmascarado e exposto apenas em alguns dias.
 Infographic on Mercenaries
Tamerlan, é claro, pode ter dado uma de FBI p’ra cima do FBI (embora, talvez, nem tanto) e, depois de anos de monitoramento/controle/chantagem, passou a trabalhar como agente duplo. Ao que se sabe, trocou os EUA pela Rússia por longo período – de janeiro a julho de 2012. Ninguém sabe o que fez nesse período; o FBI adoraria provar que participou de treinamento terrorista tático. Mas, se era de fato ‘operativo’ tão interessante, bem pode ter sido mandado infiltrar-se nos grupos de jihadis tchechenos comandados por Doku Umarov no vizinho Daguestão.
 Spot the agent
Quanto às relações complexas, cheias de nuances, como são todas as relações muito íntimas, desde os anos 1990s, entre Washington e os terra-rists chechenos – absoluto tabu na imprensa-empresa dos EUA –, ninguém precisa ler mais que o interessantíssimo e surpreendente Sibel Edmonds [19/4/2013, “USA: The Creator & Sustainer of Chechen Terrorism” (EUA: Criador e mantenedor do terrorismo checheno)].[4]

Sobre o tal exercício

O FBI tem poder suficiente para impor aos EUA e ao planeta qualquer roteiro fantasioso sobre “dois jovens tchechenos do mal”. Consideremos então um cenário alternativo crível, para ver a que nos leva.
 Ignore these people
Em vez de dois sujeitos (estrangeiros) do mal, totalmente americanizados, que repentinamente são inoculados pelo vírus do ódio “contra nossas liberdades” mediante doutrinação jihadista feita principalmente online, vejamos quem realmente se beneficia com o que aconteceu em Boston.
 Oops too soon
O Boston Globe foi forçado a “fazer desaparecer” a informação sobre um exercício de contraterrorismo – que incluiria cães que farejam bombas – e que aconteceria durante a maratona. O FBI bem pode ter dito ao seu ‘operativo’ Tamerlan que ele participaria do exercício. Tamerlan podia ser sujeito durão, mas seria facilmente chantageado, se sua família fosse ameaçada no caso de ele não cooperar.
 Wrong Backpack
Então, entregaram a Tamerlan uma mochila preta com uma falsa bomba de panela-de-pressão e disseram-lhe que a pusesse num local determinado – como um dos procedimentos incluídos no exercício. Nesse ponto, todo o (nosso) cuidado é pouco: não há nenhuma prova conclusiva que autorize a confirmar que se tratasse de simples exercício. Não há como saber se a bomba era falsa ou se estava armada para explodir ou ser explodida.
 
Digamos que Tamerlan, homem durão, e seu irmão, o impressionável Djokhar, tenham sido realmente responsáveis (sem o FBI no quadro). Depois de tanto planejamento, com certeza haveria rota de fuga planejada – transporte, passaportes, dinheiro, bilhetes de avião. E nada disso havia. Djokhar foi à escola, treinou na academia, enviou mensagens por Twitter.
 What they mean to say
Não há absolutamente nenhuma testemunha que diga ter visto os irmãos depositarem as bombas. Eles puseram as bombas onde as puseram, porque essa foi a instrução que receberam do FBI. E dali em diante, já ninguém entende mais nada. Roubaram um Mercedes num posto de gasolina e deixaram partir o motorista – depois de dizerem a ele que eram responsáveis pelas bombas da Maratona. Djokhar e a Mercedes conseguem sair vivos de tiroteio cerrado, furando uma muralha de policiais – mas, no percurso, o Mercedes passa por cima do corpo de Tamerlan enrolado em explosivos. Djokhar deixa uma trilha de sangue. Mas nenhum cachorro seguiu a trilha.

E há o saborosíssimo exercício em cidade sob lei marcial: toda a cidade foi esvaziada e paralisada – o prejuízo gerado por essa operação é incalculável – por causa de um adolescente em fuga pela cidade. Atenção, EUA! A coisa está só começando!

O que é certo é que os irmãos Tsarnaev absolutamente não eram militantes jihadis; só os viciados nos veículos de esgoto de Murdoch algum dia engolirão a ideia de que fossem.

Basta passar os olhos por uma página de jihadistas autênticos, como o Kavkaz Center [http://en.wikipedia.org/wiki/Kavkaz_Center], muito bem estabelecidos e plenamente representativos do que se conhece como o Emirado Islâmico do Cáucaso, de insurgentes. Ali se fazem boas perguntas. E o Centro Caucasiano desmonta completamente a versão de que os irmãos seriam jihadistas empedernidos.

A [empresa] Craft, que tudo sabe

Poucas empresas paramilitares e respectivas griffes no ocidente industrializado são mais sinistras que The Craft.[5] Craft foi responsável pelo exercício de guerra. O símbolo é uma caveira, parecida, até, com O Justiceiro, personagem Marvel. O motto chega a ser tímido, ante o que a empresa faz: “Não importa o que sua mãe diga: a violência resolve”. A imprensa-empresa nos EUA fez simplesmente sumir qualquer vestígio da multidão de empregados-agentes da Craft que estavam em todos os pontos, muitos deles, no local da Maratona. Pode-se falar em um blecaute, pelas empresas-imprensa.

Mas a imprensa independente não se intimidou. Encontram-se fotos, em Natural News,[6] um achado, um perfeito tesouro de fotos e mais fotos que mostram empregados da Craft no local da Maratona, em uniforme completo de combate, mochilas pretas, equipamento tático, portando até detector de radiação. As fotos, portanto, existem. E como reagiu o FBI? Impôs total blecaute. Censura total de imagens, coisa do tipo “nenhuma outra imagem será confirmada” – só imagens que mostrem os irmãos Tsarnaev. A empresa Craft é intocável.

O problema é que tudo que tenha a ver com a empresa Craft nesse cenário é problema. (1) A invisibilidade da Craft – toda a imprensa-empresa obedecendo como ovelhinhas ao que o FBI ordenou e apagando do noticiário todos os fatos. (2) A qualidade da expertise “de segurança” – um exército de mercenários ao qual se paga uma fortuna... e os tais hiper treinados ‘especialistas’ armados com o mais pesado armamento high-tech do planeta não conseguem capturar uma dupla de amadores?! E (3) a sinistra possibilidade de tudo tenha sido operação clandestina executada pela empresa Craft.

Se nos mantivermos fieis à realidade, deixando de lado as histórias em quadrinhos by Marvel, todas as evidências apontam para alguma coisa bem semelhante ao modus operandi da galáxia soturna de franquias da al-Qaeda. Consideradas as provas recolhidas da história e do comportamento dos irmãos – nenhuma atividade passada nem militar nem de sabotagem – elas também sugerem que não teriam experiência suficiente para planejar e executar tudo aquilo, sozinhos. Mas pode-se entender sem dificuldade uma operação copiada da al-Qaeda e atribuída a dois rapazes que não teriam como defender-se – algo que, pelo menos em teoria, a empresa Craft poderia facilmente planejar.

Por tudo isso, eis a que nos leva um cenário perfeitamente realista: falsa operação construída por FBI/Craft, a qual (1) pode ter dado terrivelmente errado, motivo pelo qual os autores tiveram de encontrar dois bodes expiatórios, no prazo de algumas horas; ou (2) a sinistra possibilidade de que tudo tenha sido planejado como joguinho de gato-e-rato para produzir exatamente o resultado que produziu – e levar à militarização, agora já quase total, de toda a vida civil nos EUA.

Vale o escrito (em sangue). Estão sumindo os últimos vestígios de Estado de Direito nos EUA – agora que um painel bipartidário de especialistas já descobriu que todos os funcionários em postos de comando do governo George W Bush estiveram, sem dúvida possível, implicados em torturas; e que a tortura foi prática sistemática, mesmo que jamais tenha conseguido impedir qualquer ato terrorista.

Washington está a um passo de ver-se incluída na lista cintilante de estados como o Egito na era Mubarak, Bahrain e Uganda. Como o coronelão-senador Lindsay Graham já declarou, “a pátria é o campo de batalha”. E você, leitor, é “combatente inimigo”. Se decidirmos que é.
 .


ALLAN KARDEC, UM RACISTA BRUTAL E GROSSEIRO...

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"Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança negra recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, jamais fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton. Isso justamente pois os brancos são espíritos superiores, mais antigos e assim muito mais evoluídos do que os espíritos mais novos e primitivos que não se distinguem de macacos." Allan Kardec
POR Orlando Fedeli

É bem sabido que o darwinismo suscitou uma grande onda racista. Pois se a luta pela sobrevivência causava a seleção das espécies, a luta entre as raças causaria o aperfeiçoamento da espécie. Assim, o nazismo foi um dos efeitos do darwinismo. O que, porém se deixa à sombra, é a influência do darwinismo no racismo de Allan Kardec, o fundador do espiritismo "moderno". Kardec, cujo verdadeiro nome era Hypolite Léon Dénizard Rivail, foi um homem que aprendeu bem mal a Gnose típica das sociedades secretas a que pertenceu. Nessas sociedades do século XIX, se ensinava uma doutrina mais ou menos influenciada pelo romantismo, doutrina em geral originada do cabalista Jacob Boehme. Se Kardec aprendeu mal essa doutrina teosófica e romântica, ensinou-a pior ainda. Daí nasceu o sistema gnóstico grosseiro e cheio de contradições do espiritismo moderno.
 
Lendo os livros de Kardec, tem-se a impressão de ler textos de um aluno de ginásio que, não tendo compreendido bem a lição que recebeu, e com presunção própria aos ignorantes, escreve obras sem nexo, contraditórias e mal feitas. O resultado é uma Gnose de "basse cour", isto é, uma "gnose de galinheiro". Por ela se passa pisando como em "lama" pseudo intelectual. Pois lendo -- com repugnância -- o livro A Gênese de Allan Kardec (Ed . Lake, São Paulo, 1a edição, comemorativa do 100 o aniversário dessa obra) pode-se encontrar o seguinte texto, escandalosamente racista, do fundador do espiritismo moderno:
 
"O progresso não foi, pois, uniforme em toda a espécie humana; as raças mais inteligentes naturalmente progrediram mais que as outras, sem contar que os Espíritos, recentemente nascidos na vida espiritual, vindo a se encarnar sobre a Terra desde que chegaram em primeiro lugar, tornam mais sensíveis a diferença do progresso. Com efeito, seria impossível atribuir a mesma antiguidade de criação aos selvagens que mal se distinguem dos macacos, que aos chineses, e ainda menos aos europeus civilizados" (Allan Kardec, A Gênese, ed. cit. p. 187, o sublinhado e o negrito são meus).

Kardec afirma aí o mais grosseiro e brutal racismo.  Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro - Vimos já várias citações escandalosamente racistas de Allan Kardec, frutos de sua doutrina caudatária do evolucionismo darwinista. Queremos apresentar mais um texto desse autor, que, embora tendo baixíssimo nível intelectual, vem causando muito mal, particularmente no Brasil. Na obra intitulada O Livro dos Espíritos, Allan Kardec pergunta:
"6 --Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomarmos uma criança hotentote recém nascida e a educarmos nas melhores escolas, fareis dela, um dia, um Laplace ou um Newton?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 126). Já a pergunta denota certo racismo, pois supõe que uma criança hotentote, ainda que educada nas melhores escolas, não teria possibilidade natural de alcançar o nível de um cientista branco. Allan Kardec explicita seu racismo brutal e grosseiro na resposta que dá a essa pergunta, por ele mesmo feita:
"Em relação à sexta questão, dir-se-á, sem dúvida, que o Hotentote é de uma raça inferior; então, perguntaremos se o Hotentote é um homem ou não. Se é um homem, por que Deus o fez, e à sua raça, deserdado dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é um homem, porque procurar fazê-lo cristão ?" (Allan Kardec, O Livro dos Espíritos, Instituto de Difusão Espírita, Araras, São Paulo, sem data, capítulo V, p. 127).

Como é possível se imprimir e difundir, ainda hoje, uma doutrina racista tão brutal e tão grosseira? É patente, nas frases citadas, que Allan Kardec considerava a raça branca -- a caucásica -- superior à raça hotentote. E Kardec chega ao absurdo de levantar a hipótese de que um hotentote não seria um homem! Hitler aprovaria a doutrina racista de Kardec. E os espíritas tupiniquins, repudiam eles esse racismo grosseiro e brutal, ou o aceitam? Se o repudiam, como poderão continuar aceitando a doutrina espírita de Kardec como revelada por "espíritos superiores"? E será que esses "espíritos superiores" eram "caucásicos", isto é, arianos? Não há dúvida, pois: Allan Kardec era um racista grosseiro e brutal. E a doutrina espírita é racista. Daí, o orgulho que ela suscita em seus seguidores, que -- se são caucásicos -- se julgam superiores aos demais mortais, quer porque os consideram de raças inferiores, quer - quando se comparam a outros brancos -- os julgam pouco evoluídos espiritualmente.

Allan Kardec foi de fato um racista grosseiro e bruto, acrescentando ao evolucionismo darwiniano a sua doutrina gnóstica, muito mal aprendida e pior explicada. Seus textos indicam um homem cheio de contradições e de baixo nível intelectual. Quero citar dele novos textos, comprovantes desse evolucionismo bruto e grosseiro do espiritismo kardecista. No mesmo livro A Gênese, que já mencionei, se pode ler o seguinte:
"Esses Espíritos dos selvagens, entretanto pertencem à humanidade; atingirão um dia o nível de seus irmãos mais velhos, mas certamente isso não se dará no corpo da mesma raça física, impróprio a certo desenvolvimento intelectual e moral. Quando o instrumento não estiver mais em relação ao desenvolvimento, emigrarão de tal ambiente para se encarnar num grau superior, e assim por diante, até que hajam conquistado todos os graus terrestres, depois do que deixarão a Terra para passar a mundos mais e mais adiantados" (Revue Spirite, abril de 1863, pág. 97: Perfectibilidade da raça negra, in Allan Kardec, A Gênese, Lake _ Livraria Allan Kardec editora, São Paulo, p. 187. O negrito é do original e o sublinhado é meu).

Nesse texto do fundador do espiritismo moderno, está explicita a tese de que Kardec considerava os selvagens e a raça negra como inferiores. O que é racismo bruto e grosseiro. Se algum espírita ousar defender esse racismo kardecista, hoje, estará cometendo uma violação das leis antirracistas vigentes no Brasil. E Allan Kardec considerava raças inferiores não só os indígenas e negros, mas também os indivíduos de raça amarela. Raça superior seria só a branca. Para o racista grosseiro e bruto que foi Allan Kardec também os chineses seriam de uma raça inferior. Eis a prova do que estou afirmando, retirada de outro livro de Allan Kardec:
"Um chinês, por exemplo, que progredisse suficientemente e não encontrasse na sua raça um meio correspondente ao grau que atingiu, encarnará entre um povo mais adiantado" (Allan Kardec, O que é o Espiritismo, Edição da Federação Espírita Brasileira, Brasília, 32a edição, sem data, pp. 206-207. A edição original de Qu'est ce que le Spiritisme é de 1859).

Portanto, para Kardec e para os espíritas, também os amarelos (japoneses, chineses, etc.), teriam que se reencarnar em raças superiores ou mais adiantadas. Hitler não diria muito diferente. E Allan Kardec, esse racista bruto e grosseiro, pretendia que sua palavra fosse superior à palavra de Deus, na Sagrada Escritura; Pois ele escreveu:
"A reencarnação fazia parte dos dogmas judaicos sob o nome de ressurreição; só os Saduceus, que pensavam que tudo acabava com a morte, não acreditavam nela. As ideias dos Judeus sobre esse ponto, como sobre muitos outros, não estavam claramente definidas, porque não tinham senão noções vagas e incompletas sobre a alma e sua ligação com o corpo. Eles acreditavam que um homem que viveu podia reviver, sem se inteirarem com precisão da maneira pela qual o fato podia ocorrer; designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação" (Allan Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, Instituto de Difusão Espírita, Araras 1978, p. 59. O negrito e o sublinhado são meus. O itálico é do autor).

Portanto Allan Kardec se considerava mais "judicioso" do que a Bíblia, porque, naquilo que os autores inspirados por Deus erraram, ele Kardec elucidou. Além de ser, então, um racista brutal e grosseiro, Allan Kardec era um presunçoso soberbo, que se colocava até mesmo acima da Bíblia.
FONTE:
Orlando Fedeli - "Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro"
MONTFORT Associação Cultural
http://www.montfort.org.br/index.php?secao=veritas&subsecao=religiao&artigo=kardec&lang=bra
Online, 26/04/2013 às 00:50h

“ENTRE FRENOLOGISTAS E ROUSSEAUNIANOS: A INTERPRETAÇÃO DE ALLAN KARDEC SOBRE AS RAÇAS” (uma análise histórica do texto “Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra” - 1862).

Por: Roberta Müller Scafuto Scoton

“Kardec era racista?” Essa é a questão que tem vindo à tona nos últimos tempos com o ressurgimento da discussão em torno de um artigo escrito pelo codificador da doutrina dos espíritos, Allan Kardec. Artigos de periódicos brasileiros de circulação nacional e textos de internet demonstram o reaparecimento da polêmica. Por um lado, os adeptos do espiritismo “defendem” Kardec, contextualizam, afirmam ser o periódico Revue Spirite, no qual foi publicado, somente experimental etc. Por outro lado, os contrários ao espiritismo utilizam este texto como “arma”, como uma forma de mostrar que Kardec era “um racista brutal e grosseiro”. Diante destas constatações e da atualidade da polêmica – em decorrência, em nossa opinião, das discussões em torno do decreto do Presidente dos EUA, George W. Bush, sobre a implementação nas escolas norte-americanas do ensino do criacionismo ao lado das teorias de Darwin – analisaremos o texto de Kardec, levando em consideração o contexto cultural em que foi produzido.

A epígrafe deste artigo – “A raça negra é perfectível?” – é a frase que inicia o texto de Allan Kardec, Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra, publicado na Revue Spirite, Journal d‟etudes psychologiques, em abril de 1862, na França. Nele, o autor se questiona sobre a perfectibilidade da raça negra e tenta responder a questão tomando como fio condutor as discussões no âmbito de uma ciência de destaque no período, que é a frenologia. A fim de elucidar algumas questões, tomamos como suporte algumas ideias expressas por Kardec em dois outros textos publicados no mesmo periódico: A cabeça de Garibaldi, de março de 1861 e A Frenologia e a Fisignomonia, de julho de 1860. Pensamos que o artigo Frenologia espiritualista e espírita seja uma síntese das idéias apresentadas nestes dois ensaios anteriores, os quais versam sobre assuntos próximos e são referidos no texto de 1862. No artigo A Frenologia e a Fisignomonia, Kardec analisa as ciências frenológicas e a fisignomonia sob o ponto de vista da doutrina espírita. E no artigo A Cabeça de Garibaldi, examina uma carta publicada no periódico francês O Siécle, de 04 de fevereiro de 1861, em que contém o resultado dos exames frenológicos feitos pelo Dr. Riboli no crânio de Garibaldi. Tais textos dialogam com as correntes científicas do período, como a fisignomonia, o evolucionismo e, principalmente, a frenologia. Além disso, observamos a presença de ideias filosóficas, como é notado, por exemplo, ao adotar o conceito de “perfectibilidade”, cunhado por Jean Jacques Rousseau, pensador francês do século XVIII. Neste artigo, analisaremos a influência destas ideias e como se deu a apropriação das mesmas por Allan Kardec, principalmente no que se refere à sua fala acerca das raças, tendo em vista que neste período havia o predomínio do paradigma das raças. Antes de iniciarmos a análise, situaremos o sujeito-histórico Allan Kardec e o contexto intelectual e científico da Europa no século XIX, dando destaque às principais teorias científicas e ideológicas, ao surgimento do Espiritualismo Moderno e a formulação da doutrina espírita por Allan Kardec, principalmente acerca dos temas da reencarnação e evolução espiritual.

O Espiritualismo Moderno foi um movimento de caráter religioso e intelectual que reuniu de forma eclética e difusa, tradições e filosofias de origens diversas (Espiritismo Kardecista, Teosofia de Helena Blavatsky, orientais, pré-cristãs...), as quais possuíam como perspectiva comum, de um lado, o enfrentamento dos valores da modernidade e preceitos da ciência, e de outro, a crítica à tradição cristã. Tal movimento nasceu em meados do século XIX, opondo-se a crença dominante na necessidade de um plano progressivo da história desvinculado da idéia de um plano divino. A emergência do denominado "Cientificismo" levou ao confronto acirrado entre ciência e religião, principalmente através da eliminação de Deus como princípio metafísico de explicação, sendo substituído pela ciência enquanto forma de conhecimento que comportaria uma garantia da própria validade.

O movimento espiritualista era centrado na relação com a morte, no contato sistemático e regular com os mortos, nas manifestações conscientes dos espíritos e nos ensinamentos por eles transmitidos. Embora o movimento se origine de uma reação ao materialismo cientificista dominante no século XIX, o movimento incorpora princípios da ciência positivista, da filosofia secularizada, do materialismo político e racional. Segundo Eliane Moura Silva, o "movimento incorporou princípios científicos, investigou os fenômenos na sua lógica e veracidade e combateu o materialismo simplista lançando novas bases para pensar verdades religiosas tradicionais." Outra característica importante do movimento foi o papel central dado às comunicações com os mortos, inaugurando, em um movimento de caráter científico e filosófico a alcunha de ser inspirado pelos Espíritos e não por seres vivos. Tais contatos com o mundo dos mortos tinham, como objetivo trazer as „revelações‟ dos Espíritos sobre a morte, a vida após a morte e a questão do aprimoramento espiritual. Também teve destaque o incentivo à educação, tanto como ao incentivo ao estudo, à aquisição de conhecimentos e ao aprimoramento intelectual e moral. A educação passou a ser um fator benéfico na compreensão de mensagens mais profundas, de ensinamentos mais elevados, que se pretendiam ser a fonte para mudar o homem e a sociedade, tornando-a mais justa e igualitária.

Os estudiosos do Espiritualismo Moderno e Espiritismo concordam em afirmar que o movimento espiritualista e as primeiras comunicações entre o mundo visível e o invisível, tiveram início na ladeia de Hydesville, do Condado de Wayne, próximo a Nova York, em março de 1848, na casa dos Fox, com pancadas nas paredes que perturbavam o repouso da família. Foi quando duas meninas, Katherine, de nove anos, e Margaretha, de doze, passaram a imitar as batidas que eram ouvidas, e a falar para o “desconhecido”, que respondia por meio de pancadas. A partir daí, estabeleceram um código, a partir do qual se tornou possível a comunicação com os espíritos. Além disso, as irmãs Fox demonstraram possuir a faculdade de mover objetos pesados ao mais leve toque de suas mãos. Tais fenômenos, que pareciam questionar as leis da Física, tornaram-se conhecidos na América, na Europa e em outros lugares do mundo. Estimulou a formação de grupos para estudar a comunicação entre o mundo dos vivos e dos mortos, e se tornou popular o costume de grupos de pessoas se reunirem em volta de uma mesa para fazê-la girar ou responder a perguntas. Havia duas correntes de explicação para o fenômeno: a dos que acreditavam realmente na influência dos espíritos e a dos que julgavam que fosse uma decorrência da ação do fluido magnético descoberto por Mesmer no século XVIII. O fato é que as mesas girantes e falantes foram alvo do interesse de magnetizadores, místicos e ocultistas, além de se constituírem no passatempo predileto do momento.

Caberia a um francês partir da observação dos fenômenos das mesas girantes e falantes e chegar à elaboração de uma doutrina que buscava conciliar a religião com a ciência. O corpo doutrinário que organizou foi fruto da seleção a que submeteu as informações fornecidas por diversos espíritos intermediados pelos médiuns, que ele tentou adequar às descobertas mais recentes nas diversas áreas do conhecimento. Em relação aos fenômenos espíritas propriamente ditos, ele procurava manipulá-los e explicá-los de acordo com o procedimento científico, isto é, passando-se pelo crivo da observação e experimentação. A legitimação científica foi buscada, ainda, na ampliação do campo fenomenológico, com a inclusão das manifestações dos espíritos na ordem natural.

O francês que organizou a doutrina dos espíritos foi Hippolyte Leon Denizard Rivail, que nasceu em 03 de outubro de 1804, em Lyon, França, onde seu pai era juiz. Realizou seus estudos até os 10 anos em sua cidade natal, sendo enviado posteriormente, para complementá-los, no estabelecimento de ensino instalado por Jean-Henri Pestalozzi, educador liberal e protestante inspirado nas doutrinas de Rousseau, num castelo em Yverdon, cidade suíça no Cantão de Vaud. Durante o período que permaneceu no instituto de educação de Pestalozzi, Rivail teve acesso aos conhecimentos reservados à juventude bem-nascida da primeira metade do século XIX. A partir dos 14 anos tornou-se colaborador no educandário, depois submestre, tendo lecionado várias matérias. Rivail conhecia profundamente o idioma alemão, inglês, holandês, algumas línguas neolatinas, latim e grego. Para o alemão verteu excertos de autores clássicos franceses, com destaque aos escritos de Fénelon, dentre os quais, Telêmaco foi posteriormente publicado para uso em educandários.

Radicando-se em Paris, Rivail dedicou-se ao magistério, a traduzir obras em inglês e alemão, e preparar textos didáticos e de organização do ensino. Continuador de Pestalozzi que, por sua vez, inspirava-se em Jean Jacques Rousseau, acreditava ser a educação básica a mais importante e o ambiente familiar o mais adequado à formação das novas gerações. Sob este aspecto, o pensamento de Kardec também se identifica com o de Auguste Comte, igualmente rousseaniano, e que defendia que a transmissão da cultura cabia à mulher durante o período da educação básica e que caberia a ela a formação de novas gerações. Em 1826, Rivail fundou um estabelecimento de ensino em Paris, a “École de Premier Degré”, porém o educandário sofreu a concorrência com as escolas congregacionistas, como as demais escolas leigas, e encerrou suas atividades oito anos depois, com a falência precipitada pelo outro sócio. Com o fechamento da escola, Rivail passou a fazer a contabilidade de três casas comerciais e, à noite, continuou a dedicar-se à tradução de obras em inglês e alemão, além da preparação de cursos para alunos de ambos os sexos.

Em 1832, casou-se com Amélie-Gabrielle Boudet, professora diplomada, filha de um tabelião de Paris. A partir daí, ambos passam a se dedicar, por algum tempo, à educação feminina, fundando e dirigindo um pequeno pensionato nos arredores de Paris. Interessado na questão do ensino diferenciado que era ministrado às crianças do sexo feminino, Rivail apresentou, em 1847, por ocasião de uma nova lei de educação, sugestões para a organização do ensino em geral, e do ensino nos educandários para meninas em particular.

Toda esta atividade didática caminhava a par com a busca do conhecimento do psiquismo humano e da transcendência da alma. A influência de Pestalozzi não se restringia ao aspecto intelectual da formação de Rivail, sendo também seu pensamento religioso e moral, impregnado de tolerância, absorvido pelo discípulo que, mais tarde, sistematizaria a doutrina dos Espíritos no sentido de conciliá-la com as várias correntes religiosas. Pestalozzi era um pouco ortodoxo, que aceitava o espírito da doutrina cristã, mas não os dogmas, fazendo com que atraísse sérios ataques à instrução religiosa que seu instituto ministrava aos alunos, tanto protestantes quanto católicos. Ele não admitia o dogma do pecado original pois, como educador, Pestalozzi acreditava no potencial de cada criança, na possibilidade de cada uma imprimir um rumo à sua vida, na responsabilidade individual, ou seja, no livre-arbítrio, daí a importância da educação no processo de desenvolvimento do indivíduo. A identificação com o pensamento de Pestalozzi se fez através dessa espécie de cristianismo sem dogmatismos, da crença na bondade intrínseca do ser humano, e da tolerância para com as mais diferentes crenças.

As experiências com o magnetismo animal haviam feito grande sucesso em Paris desde a chegada do médico austríaco Franz Anton Mesmer, em 1778. Mesmer afirmava a existência de um fluido que cercava e penetrava todos os corpos e, a partir daí, desenvolveu uma teoria sobre a causalidade das doenças e a técnica de cura. Segundo esta teoria, as doenças eram causadas por um obstáculo ao fluxo desse fluido através do organismo, e para restabelecer a saúde a pessoa deveria controlar a ação do fluido, afastando os obstáculos a seu fluxo, o que era feito através de toques ou massagens em certos pontos induzindo uma crise que restauraria o equilíbrio. De início, Rivail interessou-se pela aplicação do magnetismo à terapêutica, observou a força magnética que todos os seres humanos possuem e tornou-se um magnetizador. Foi quando o fenômeno das mesas girantes e falantes tornou-se a grande atração. As explicações variavam: muitos acreditavam na atuação de espíritos dos mortos, outros relacionavam o fenômeno ao magnetismo dos participantes. Rivail interessou-se também por essas sessões se efeitos físicos e pelas primeiras tentativas de escrita mediúnica em pedra ardósia. Observou as ocorrências, passou-as pelo método da experimentação, e concluiu que tinha uma causa inteligente, com o que afastou a teoria de que seriam resultado da força magnética.

A partir de 1855, dedicou-se a estudar profundamente os fenômenos e as crenças relacionadas a uma vida após a morte. Recolheu mensagens, deu início a uma série de sessões de perguntas e respostas sobre as mais diversas questões e, algum tempo depois, percebeu que o material coletado, se devidamente organizado, constituiria um corpo doutrinário passível de ser transmitido ao público em geral. Ele tentou expurgar qualquer traço que pudesse dificultar a aceitação da doutrina por parte das várias correntes religiosas e concedeu tanta ênfase à parte mítica quanto à parte moral, „que exige de cada um a reforma de si mesmo‟. Em 18 de abril de 1857 saía a primeira edição de O livro dos Espíritos, obra que expõe as comunicações espirituais com as quais teve contato, organizadas e sistematizadas em forma de perguntas e respostas. Espécie de „catecismo comentado‟, o estilo dessa obra guarda ainda muito do ethos pedagógico no qual Kardec fora educado. Quanto ao conteúdo, o primeiro livro da codificação de Kardec apresenta-se como uma demonstração, objetiva e comprovável para seu autor, da existência de entidades espirituais e como um conjunto de ensinamentos revelados por espíritos elevados e puros, versando sobre a imortalidade da alma, a natureza dos espíritos e suas relações com os homens, a pluralidade das vidas e dos mundos habitados, e as leis morais que regem o presente e o porvir da humanidade. A obra era assinada por Allan Kardec, pseudônimo que Rivail. Alan Kardec fora o nome druida de Rivail em uma das encarnações anteriores, ao tempo de Júlio César, segundo seu guia espiritual.

Visando dar expressão às adesões e fazer frente a doutrinas rivais, Kardec e alguns amigos lançam em 1858 a Revue Spirite, apresentada como um “Journal d‟études psychologiques”. A Revue Spirite torna-se logo uma referência internacional para os simpatizantes das ideias contidas em O livro dos espíritos, publicando casos de comprovação da existência dos espíritos, comunicações espirituais e artigos de uma centena de colaboradores, entre os quais figuravam o escritor Victor Hugo, o dramaturgo Victorien Sardou e o astrônomo Camille Flamarion.) Kardec manteve-se na direção do periódico até a sua morte, em 31/03/1869, vítima da ruptura de um aneurisma, quando Leymarie assumiu o cargo. A 1º de abril do mesmo ano a Societé Parisienne des Études Spirites foi organizada por Kardec, sendo a primeira sociedade com esse caráter a ser regulamentada na França. É baseando no caráter experimental desta revista que os muitos espíritas atualmente defendem o espiritismo e a figura de Allan Kardec. Um dos argumentos é de que deve-se “distinguir o que são apenas opiniões pessoais das questões qualificadas como conceitos doutrinários estabelecidos”. Essa afirmação é embasada na idéia dos espíritas de que as obras da codificação seriam ditada por espíritos bons, que revelariam a verdade; enquanto nas demais obras prevaleceria a opinião pessoal. No mesmo artigo citado anteriormente, afirma-se que existem verdades ditas pelos espíritos que os homens não estão preparados para entender, já que são limitados pelo contexto em que se encontram. O próprio Kardec em A Gênese, afirma que a Revue Spirite representa um “terreno de ensaio”, no qual se sonda a opinião dos homens e dos espíritos sobre alguns assuntos, “antes de admiti-los como partes constitutivas da doutrina”.

Como vimos, Allan Kardec teve uma formação intelectual no instituto de Pestalozzi, onde sofreu influência de várias correntes filosóficas e suas linguagens, tais como: Grande Arquiteto, tolerância, liberdade, igualdade, evolução, progresso, etc. Da mesma forma que seu contemporâneo Auguste Comte, para ele o progresso humano se realiza de etapas sucessivas e necessárias. A diferença é que, para Comte, a evolução do homem começa e termina no mundo físico, enquanto que para Kardec, a evolução transcende a matéria e desdobra-se pela vida espiritual, passando pelas reencarnações, como essenciais neste processo.

Segundo Lilia M. Schwarcz, o termo “raça” é introduzido na literatura mais especializada em inícios do século XIX, por Georges Cuvier, inaugurando a idéia da existência de heranças físicas permanentes entre os vários grupos humanos. Esta visão aparecia como uma reação ao Iluminismo em sua visão unitária da humanidade, e que supunha uma igualdade entre os seres humanos das diferentes regiões do mundo. A partir deste período, passa-se a discutir sobre o problema das origens da humanidade, apresentando duas vertentes nas quais se aglutinavam os autores que pensavam sobre a origem do homem: a visão monogenista e a poligenista. A primeira, que foi dominante até meados do século XIX, congregando pensadores que acreditavam que a humanidade era uma, em conformidade com as escrituras bíblicas. Pensava-se na humanidade como um gradiente, sem pressupor uma noção única de evolução. Por outro lado, a visão poligenista, predominante a partir de meados do século XIX, transforma-se em uma hipótese plausível, respaldada pela crescente sofisticação das ciências biológicas e diante da contestação ao dogma monogenista da Igreja. Partiam esses autores da crença na existência de vários centros de criação, que correspondiam às diferenças raciais observadas.

A versão poligenista permitiu o fortalecimento de uma interpretação biológica na análise dos comportamentos humanos, que passam a ser crescentemente encarados como resultado imediato de leis biológicas e naturais. Esse viés interpretativo é contemporâneo da frenologia e da antropometria, teorias que passam a interpretar a capacidade humana tomando em conta o tamanho e proporção do cérebro dos diferentes povos. Recrudescia uma linha de análise que cada vez mais se afastava dos modelos humanistas, estabelecendo rígidas correlações entre conhecimento exterior e interior, entre a superfície do corpo e a profundeza de seu espírito. Nasce no mesmo período a antropologia criminal, que teve como maior expoente Cesare Lombroso, que argumentava que a criminalidade seria um fenômeno físico e hereditário.

“Retornando a Hipócrates, o poligenismo insistia na idéia de que as diferentes raças humanas constituiriam „espécies diversa‟, „tipos‟ específicos, não redutíveis, seja pela aclimatação, seja pelo cruzamento, a uma única humanidade. (...) A „perfectibilidade‟ anteriormente encontrada no „bom selvagem‟ agora lhe era recusada, assim como era questionado o voluntarismo, próprio do século das Luzes.”

Com a publicação e divulgação de A origem das espécies de Charles Darwin, o embate entre poligenistas e monogenistas tende a amenizar. A partir deste momento a teoria de Darwin passa “a constituir uma espécie de paradigma de época, diluindo antigas disputas. Segundo Kwame Appiah, a partir das idéias de Darwin, estas disputas se dissolveram e chegouse à conclusão de que “todos os seres humanos descendem de uma população original (provavelmente (...) da África) e que, a partir dela, as pessoas se espalharam de modo a povoar o globo habitável”.

Na doutrina kardecista, “a autoridade conferida às fontes decorre (...) da submissão destas a expedientes diversos de validação: (...), foram confrontados com a experiência contemporânea dos „dos espíritos‟.” Utiliza como estratégia de argumentação o confronto com a tradição bíblica e a discussão das idéias postuladas por correntes diversas do pensamento científico da época. O uso de referências oriundas da ciência, não só como citação, mas também como estratégia argumentativa, evidencia que à época as relações entre ciência e religião se haviam complexificado, não se podendo reduzi-las à simples oposição e/ou exclusão.

Algumas doutrinas religiosas surgidas na Europa passaram a reivindicar o estatuto de ciência, entre elas o Espiritismo e a Teosofia, os quais se autodefiniram como sendo ciência, filosofia e doutrina ao mesmo tempo. A fim de legitimar a reivindicação do estatuto de científico, foi central a importância conferida ao tema da evolução por exemplo, por ser esta uma questão em pauta na produção científica da época. Tal tema foi apresentado como argumento e não como dogma, aparecendo nas obras dos propagadores da doutrina como uma hipótese a ser comprovada. Para se atestar seu caráter científico, recorreram a evidências empíricas e fontes documentais, a fim de construírem seus argumentos por meio do confronto de interpretações. Kardec confrontava a tradição bíblica com as recentes descobertas científicas. Um exemplo é o fato de não descartar a idéia da criação, sustentada pela tradição bíblica, mas buscar uma posição conciliatória, mantendo a idéia da criação divina do homem, apenas incorporando a possibilidade de se repensar a datação de sua origem.

Em O livro dos espíritos (1857) – obra inaugural de Kardec que é apresentada em forma de perguntas e respostas – Kardec coloca na pergunta nº 50: “a espécie humana começou por um único homem?” Responde: “Não, aqueles a quem chamais de Adão não foi o primeiro, nem o único na Terra”. Na pergunta 53: “O homem surgiu em muitos pontos do globo?” Responde: “Sim e em épocas várias, o que também constitui uma das causas da diversidade das raças. Depois, dispersando-se os homens por climas diversos e aliando-se os de uma a outras raças, novos tipos se formaram”. Na continuação da pergunta 53: “estas diferenças constituem espécies distintas?” Responde: “Certamente que não; são todos de uma mesma família. Porventura as múltiplas variedades de um mesmo fruto são motivo para que deixem de formar uma mesma espécie?”

Kardec teve contato com as ideias de Charles Darwin após a publicação de O livro dos espíritos (1857), já que a obra que consolida o novo paradigma científico da época, A origem das espécies, é de 1859. Tal visão foi incorporada no livro de Kardec A Gênese, de 1868, atualizando pressupostos da doutrina espírita acerca da origem do homem. Porém, antes mesmo de ter contato com o novo paradigma de Charles Darwin sobre evolução, Kardec apresentava ideias sobre progresso espiritual, em O Livro dos Espíritos afirma que a alma humana reencarnava sucessivas vezes para se aprimorar e progredir. Tal progresso espiritual se efetuava através de uma longa cadeia de existências encarnadas, provas e sofrimentos que contribuíam para o aprimoramento do ser humano. Desta maneira, dentro da concepção evolutiva e progressiva apresentada pela doutrina espírita, os ciclos sucessivos de reencarnação permitiriam o aprimoramento da alma para chegar às formas espirituais superiores e puras, cumprindo missões cada vez mais adequadas, até alcançar estágios superiores da espiritualidade. Segundo Sandra Stoll, haveria uma tensão entre duas forças, as quais definiriam a concepção espírita de evolução: por um lado, o processo de evolução como uma lei, que remeteria à formulação das ciências naturais e, por outro, coloca também a sujeição do funcionamento do processo da evolução ao exercício do livre-arbítrio do homem.

Como vimos, O livro dos espíritos (1857) é publicado dois anos antes do livro de Darwin, A origem das espécies (1859), que consolida o novo paradigma científico da época. Nesta obra, Kardec reproduz a visão científica dominante à época, que é a poligenia e, portanto, “neste primeiro livro de Allan Kardec, a idéia de uma origem comum a todas as raças humanas, tese difundida pelos monogenistas, não se coloca”. A publicação do livro de Darwin (1858) dilui os debates: postula a unidade da espécie e a origem comum de todas as raças humanas. Estas ideias tiveram impacto no Espiritismo, havendo algumas mudanças na postura de Allan Kardec sobre o tema. Na obra A Gênese (1968), atualiza “pressupostos da doutrina espírita em razão da incorporação de ideias que traduziam o pensamento das novas correntes que vinham conquistando hegemonia no campo científico”. Nesta obras, descarta a idéia de Criação, porém não endossa todos os postulados das novas teorias evolucionistas, sendo reticente com relação a questão da origem das raças humanas. O que Kardec sustenta é uma combinação de ideias que se sedimentam em versões concorrentes do evolucionismo: 1) defende a tese corrente entre os monogenistas de que a humanidade teria uma origem única (a princípio divina, depois natural); 2) mantém o argumento dos poligenistas quanto a pluralidade de origem das raças que conformam o gênero humano.

No artigo “Frenologia espiritualista e espírita: Perfectibilidade da raça negra”, Kardec se propõe a analisar a capacidade de a raça negra de se aperfeiçoar, perguntando-se “a raça negra é perfectível?”, que é a frase que serviu de epígrafe a este o texto. Perfectibilidade é um conceito-chave na teoria humanista de Jean Jacques Rousseau, exposta principalmente em sua obra Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens. Tal expressão se refere a capacidade do homem de se aperfeiçoar, através da educação e seria uma especificidade humana que o distinguiria dos animais. Distancia-se da concepção dos evolucionistas do século XIX, no que se refere à capacidade singular e inerente a todos os homens de sempre se superarem. Como vimos, baseia-se nos pressupostos filosóficos deste pensador francês, com os quais teve contato no instituto de Pestalozzi, quando se habilitava como pedagogo. Nesta escola “procurava seguir os ensinamentos de Jean Jacques Rousseau, especialmente no que se refere à importância da educação infantil”.

Para responder a questão sobre a perfectibilidade da raça negra, toma como fio condutor às hipóteses vinculadas a uma corrente científica em voga, que é a frenologia. No final do século XVIII, o cientista Camper se interroga sobre a significação da morfologia craniana e por meio de suas pesquisas acerca do assunto, descobre um meio de calcular o grau de inteligência dos homens. Analisa a estrutura morfológica dos crânios de animais e de todas as raças humanas e conclui que existe uma relação íntima entre a inteligência e o volume da massa cerebral: nos indivíduos de fronte alta o cérebro pode desenvolver-se amplamente, mas, quando a fronte é projetada para trás, a massa cervical comprimida tem sua expansão prejudicada. Baseando-se nestas premissas, ele inaugura um método gráfico que permite calcular o “quociente intelectual” de qualquer ser vivo, seja um ser humano ou um animal. A partir destas idéias, Camper postula hierarquia: galinhola, crocodilo, galgo, cão de caça, buldogue, mono, o grande macaco da Índia, orangotango, negro, americano, diferentes tipos de caucasianos e de europeus, Apolo de Delfos. Portanto, em sua classificação, o negro encontraria-se a meio caminho entre o homem e o macaco. Tais estas ideias de Camper e de outros craniologistas foram debatidas e refutadas já no início do século XIX. Porém, foi mantida a certeza de que um europeu possui uma capacidade cerebral de um décimo superior à dos negros e de que podiam medir, através desta ciência, a capacidade da caixa craniana das diferentes raças. Outra ciência que teve destaque ao lado da craniologia foi a fisignomonia, criada por Jean Gaspard Lavater (1741-1801), teólogo, filósofo e poeta suíço, e exposta em sua obras Ensaios de fisignomonia (1781). A fisignomonia pretendia descobrir os segredos da alma e da inteligência fundando-se não no exame dos crânios, mas no estudo da fisignomonia, que postula uma relação entre os traços do rosto e o caráter.

Franz Joseph Gall, fundador da frenologia, desenvolve a tese segundo a qual a morfologia craniana é modelada pela forma do cérebro em função da personalidade do indivíduo. Em sua obra "Anatomia e fisiologia do sistema nervoso e do cérebro em particular, com observações sobre a possibilidade de reconhecer várias disposições intelectuais e morais do homem e dos animais pela configuração de suas cabeças", publicada em quatro volumes, entre 1810 e 1819, analisa, através de exemplos e gravuras, as 27 localizações cerebrais que determinam a geografia cerebral. Ele também manda modelar em gesso quatrocentas cabeças de homens apanhados em sua diversidade, do mendigo ao príncipe, do idiota e do surdo-mudo ao sábio. Portanto, para a frenologia, analisando-se a morfologia cerebral, chegava-se a conclusões sobre as capacidades do indivíduo. No texto de Kardec observamos que o autor tem conhecimento acerca destas teorias no âmbito da frenologia, ao afirmar:

(...) é admitido em princípio que todas as partes do cérebro não têm a mesma função. Além disso, é reconhecido que os cordões nervosos que, do cérebro como fonte, se ramificam em todas as partes do corpo, como os filamentos de uma raiz, são afetados de maneira diferente segundo a sua destinação; é assim que o nervo ótico, que chega ao olho e desabrocha na retina, é afetado pela luz e pelas cores, e transmite sua sensação ao cérebro numa porção especial; que o nervo auditivo é afetado pelos sons, e os nervos olfativos pelos odores. Que um desses nervos perca sua sensibilidade por uma causa qualquer, e a sensação não mais ocorre; fica-se cego, surdo ou privado do olfato. Esses nervos têm, pois, funções distintas e não podem, de nenhum modo, se substituir, e, no entanto, o exame mais atento não mostra a mais leve diferença em sua contextura.

Afirma que a frenologia acredita que o tamanho e formato do crânio, resultado do volume do órgão – o cérebro – determinam o desenvolvimento de faculdades. Além disso, Kardec critica esta perspectiva da frenologia, afirmando que ela não leva em consideração “o meio, os hábitos e a educação” como significativos para o desenvolvimento e aprimoramento de certas características dos indivíduos, já que eles seriam determinados somente por suas características físicas:

Enganar-se-ia estranhamente crendo-se poder deduzir o caráter absoluto de uma pessoa só pela inspeção das saliências do crânio. As faculdades se fazem, reciprocamente, contrapeso, se equilibram, se corroboram ou se atenuam umas pelas outras, de tal sorte que, para julgar um indivíduo, é preciso ter em conta o grau de influência de cada um, em razão de seu desenvolvimento, depois fazer entrar na balança o temperamento, o meio, os hábitos e a educação.

A partir desta crítica a frenologia o autor passa a analisar a correlação entre, por um lado, tipo físico e raça, e por outro, faculdades e capacidades do indivíduo. Faz tal análise sob o ponto de vista do espiritualismo kardecista. Afirma a existência de dois sistemas opostos que teriam dividido os frenologistas em materialistas e em espiritualistas. No texto A cabeça de Garibaldi, escrito publicado em março de 1861, na Revista Espírita, também faz referência a estas duas escolas do que denomina “discípulos de Gall”. Acerca dos materialistas afirma que estes defendem

que o pensamento é um produto da substância cerebral; que o cérebro segrega o pensamento, como as glândulas a saliva, como o fígado a bílis; ora, como a quantidade de secreção é geralmente proporcional ao volume e à qualidade do órgão secretor, dizem que a quantidade do pensamento é proporcional ao volume e à qualidade do cérebro, que cada parte do cérebro, segregando uma ordem particular de pensamentos, os diversos sentimentos e as diversas aptidões estão na razão do órgão que os produz.

O autor critica esta perspectiva por transformar o “homem [em] uma máquina” e também denuncia esta vertente em relação à imputabilidade criminal, já que os atos maus seriam consequência da imperfeição do organismo, sendo, portanto, “toda punição (...) injusta e todos os crimes (...) justificados.”

Por outro lado, os espiritualistas afirmariam “que os órgãos não são a causa das faculdades, mas os instrumentos da manifestação das faculdades, que o pensamento é um atributo da alma e não do cérebro.” Para os espiritualistas, haveria, portanto, uma inversão “da frenologia: para eles, não seria o órgão que determinaria a faculdade, mas o contrário, a faculdade inerente ao espírito modelaria o órgão, como é expresso no trecho: “(...) um homem não é poeta porque tem o órgão da poesia; tem o órgão da poesia porque é poeta (...)”. Kardec, embora afirme que a explicação espiritualista seja mais plausível se comparada a dos frenologistas materialistas, julga-a incompleta e afirma que só o Espiritismo pode dar explicações mais precisas baseando-se na “preexistência da alma, sua anterioridade ao nascimento do corpo, o desenvolvimento adquirido segundo o tempo que ela viver e as diferentes migrações que percorreu.” Partindo destes pressupostos do Espiritismo, que para Kardec seriam suplementar ao Espiritualismo, afirma que a alma ao reencarnar, unindo-se ao corpo, leva as qualidades boas e más que adquiriu nas outras existências, “daí as predisposições instintivas; de onde se pode dizer, com certeza, que aquele que nasceu poeta já cultivou a poesia; que aquele que nasceu músico cultivou a música; que aquele que nasceu celerado foi mais celerado ainda”. Portanto, haveria faculdades inatas aos espíritos, as quais produzem nos órgãos destinados a sua manifestação, um desenvolvimento interior e molecular.

Após apontar o posicionamento do Espiritismo no âmbito dos debates envolvendo frenologistas materialistas e espiritualistas, inicia o exame da questão do que denomina “anterioridade de certas raças e de sua perfectibilidade”. Kardec indaga-se sobre a possibilidade de o “selvagem feroz” adquirir as qualidades que lhe faltam em uma só existência; e se através da educação desde o berço poderia desenvolver faculdades, como as artes, a oratória etc. Responde negativamente, afirmando ser “materialmente impossível”. Afirma que a única “possibilidade de um progresso” para o selvagem é através de sua alma, tomando novas existências. Indaga-se:

Mas, então, por que nós, civilizados, esclarecidos, nascemos na Europa antes que na Oceania? Em corpos brancos antes que em corpos negros? Por que um ponto de partida tão diferente, se não se progride senão como Espírito? Por que Deus nos isentou do longo caminho que o selvagem deve percorrer? Nossas almas seriam de uma outra natureza que a sua? Por que, então, procurar fazê-lo cristão? Se o fazeis cristão, é que o olhais como vosso igual diante de Deus; se é vosso igual diante de Deus, porque Deus vos concede privilégios? Agiríeis inutilmente, não chegaríeis a nenhuma solução senão admitindo, para nós um progresso anterior, para o selvagem um progresso ulterior; se a alma do selvagem deve progredir ulteriormente, é que ela nos alcançará; se progredimos anteriormente, é que fomos selvagens, porque, se o ponto de partida for diferente, não há mais justiça, e se Deus não é justo, não é Deus. Eis, pois, (...) duas existências extremas: a do selvagem e a do homem mais civilizado (...).

Nesta citação percebemos alguns elementos importantes do pensamento de Kardec acerca das raças. Primeiramente, ele parte de uma hierarquia entre os povos, ao afirmar que os espíritos “civilizados” e “esclarecidos” nascem na Europa e não na Oceania. Portanto, para ele, os espíritos evoluídos e esclarecidos tenderiam a nascer entre os povos do continente europeu. Outro elemento importante do trecho é o fato de admitir a possibilidade de progresso e evolução, ao afirmar que o progresso da alma do europeu é anterior e o do selvagem é um progresso ulterior, posterior. Admite, portanto, que o europeu em um momento foram “selvagens”, porque todas as almas partem de um mesmo ponto de partida, de acordo com a justiça de Deus. Neste trecho, coloca-se para nós de maneira clara a adoção de pressupostos evolucionistas e positivistas, principalmente na idéia de que, tanto sociedade quanto espíritos evoluem e tem como fim a alcançar o progresso e a civilização. Estas idéias são a base para a doutrina kardeciana, notadamente no que tange a questão da reencarnação e da natureza dos espíritos. Por outro lado, também devemos analisar sob o ponto de vista das diversas teorias raciais produzidas durante o século XIX, em que as diferenças raciais eram centradas na biologia, nas diferenças físicas externas, como a cor, os cabelos, os ossos. Além disso, a concepção científica do século XIX sobre raça colocavam a raça negra em uma posição de inferioridade racial. Por estes modelos, os povos “selvagens” conhecidos pelos europeus eram considerados primitivos, no sentido de “primeiros homens”. Tal visão pressupunha uma evolução única e com uma perfectibilidade possível.

Maria Laura Cavalcanti, em seu livro O Mundo Invisível, em que analisa o ritual e cosmologia espírita, afirma que “o motor da trajetória espiritual é a relação que o Mundo dos Espíritos estabelece com o Mundo Visível ao longo de sucessivas encarnações”. O mundo visível, caracterizado como material e imperfeito, seria o local importante onde se daria a possibilidade de progresso do espírito: “neles os Espíritos originalmente iguais diferenciam-se, tornando-se mais ou menos imperfeitos, mais ou menos próximos da perfeição. O Mundo Visível é o lugar da produção de uma desigualdade justa, pois que fundada no mérito.”

Esta mesma autora resume a hierarquia dos espíritos, os quais seriam distribuídos em três ordens: Espíritos imperfeitos, bons e puros, segundo o quadro abaixo:



Retomando o texto de Kardec, ele afirma que as encarnações sucessivas para alcançar o progresso e civilização devem se dar de forma gradual, passando a alma do selvagem por existências intermediárias até chegar a do homem civilizado, europeu. Entretanto, mostra que nem sempre essa passagem se dá de forma gradual, havendo, por vezes, a encarnação de almas de selvagens em indivíduos do continente europeu. Para isso, cita o caso de Dumollard: “(...) em lugar de seguir os degraus da escala, vencer todos de repente e sem transição entre nós, e nos dará o odioso espetáculo de um Dumollard, que é um monstro para nós [europeus], e que nada apresentou de anormal entre as populações da África central, de onde talvez saiu [seu espírito].” Neste trecho, o autor faz referência a Martin Dumollard de Montuel, francês, que foi sentenciado á morte em 1861 na França, por matar meninas para beber o seu sangue. Kardec supõe que esta alma tivesse se originado da África Central, porque julga que esta prática diosa‟ seria corriqueira e comum entre os povos desta região. Desta maneira, Kardec explica a desigualdade de comportamentos na própria Europa civilizada: não seriam todos civilizados e evoluídos neste continente por conta de reencarnações ocasionais de espíritos pouco evoluídos de selvagens em corpos de indivíduos europeus. Portanto, a alteridade entre os “iguais” europeus era explicada pela alteridade entre a alma dos europeus e os “outros”.

Posteriormente a esta discussão, retoma a questão da frenologia. Afirma, baseandose em pesquisas frenológicas, feitas por cientistas, que entre os “povos pouco inteligentes”, predomina-se as faculdades instintivas e que há a atrofia dos órgãos relacionados à inteligência. Conclui que “o que é excepcional nos povos avançados, é a regra em certas raças”, ou seja, a pouca inteligência seria comum entre algumas raças e raro entre os povos “avançados”, europeus. Kardec pergunta se essa diferença seria uma injustiça e responde negativamente, afirmando, ao contrário, que é “sabedoria”, pois, “a natureza (...) nada faz de inútil; ora, seria uma coisa inútil dar um instrumento completo a quem não tem meios de se servir dele. Os Espíritos selvagens são Espíritos ainda infantis, podendo-se assim se exprimir; entre eles, muitas faculdades ainda estão latentes”. Portanto, para Kardec, os espíritos selvagens são como crianças, estando em um estágio evolutivo espiritual ainda inferior, o que não permitiria a eles, quando encarnados, de desenvolverem certas faculdades.

Percebemos, portanto, que Kardec posiciona-se de uma maneira intermediária entre os frenologistas materialistas e os espiritualistas. É a favor da hipótese da frenologia sobre a corelação entre faculdades intelectuais e tipos físicos e raças; e, no que se refere aos espiritualistas, são a favor da idéia de modelação do corpo pelo espírito. Entretanto, distancia-se das duas proposições ao partir dos pressupostos de que existem, por uma lado, raças e tipos humanos e povos diferenciados e, por outro, espíritos em diferentes estágios de desenvolvimento: haveria uma evolução tanto do mundo material quanto do espiritual, e que ambos processos estariam relacionados. Espíritos pouco evoluídos tenderiam a nascer entre os selvagens, portanto, desenvolveriam as faculdades mais rudimentares para serem capazes de viver entre os povos desta raça. Essa situação seria mais comum: espíritos não evoluídos e infantis não necessitam de corpos sofisticados, com órgãos e faculdades desenvolvidas, já que entre os selvagens, onde tais espíritos encanarão, só são necessários os desenvolvimentos de faculdades mais rudimentares e instintivos.

Diverge da hipótese espiritualista ao afirmar “seu espírito [de um membro do Instituto Francês] ao desenvolvimento dos órgãos [encarnado entre os povos africanos Hotentote]? De órgãos fracos, sim; de órgãos rudimentares, não”. Portanto, para ele, mesmo que um espírito encarne entre os selvagens, ele não teria condições “materiais” de desenvolver suas faculdades em um corpo pertencente a uma raça que não desenvolveu algumas faculdades importantes. Conclui que:

A Natureza, portanto, apropriou os corpos ao grau de adiantamento dos Espíritos que devem neles se encarnar; eis porque os corpos das raças primitivas possuem menos cordas vibrantes que os das raças avançadas. Há, pois, no homem, dois seres bem distintos: o Espírito, ser pensante; o corpo, instrumento das manifestações do pensamento, mais ou menos completo, mais ou menos rico em cordas, segundo as necessidades.

Chegando ao final do texto, Kardec retoma a questão da perfectibilidade das raças, afirmando haver duas formas de se tornarem perfectíveis: pelo espírito ou pelo corpo. O espírito se desenvolveria através de suas sucessivas migrações, via reencarnações, em que em cada vida vai adquirindo as qualidades que lhes faltam. Portanto, “ora, sendo insuficientes os corpos constituídos para seu estado primitivo, lhes é necessário encarnar em melhores condições, e assim por diante, à medida que progride”. Há também a perfectibilidade pelo corpo, a qual se daria “pelo cruzamento com as raças mais aperfeiçoadas, que lhes trazem novos elementos que as enxertam, por assim dizer, os germes de novos órgãos”. O cruzamento se daria em épocas de guerras, de conquistas e por emigrações. Porem, afirma que há raças que não se misturam com outras e que degeneram ao invés de progredir e levam ao seu desaparecimento inevitável. Ao discutir sobre os negros afirma:

Os negros, pois, como organização física, serão sempre os mesmos; como Espíritos, sem dúvida, são uma raça inferior, quer dizer, primitiva; são verdadeiras crianças às quais pode-se ensinar muito coisa; mas, por cuidados inteligentes, pode-se sempre modificar certos hábitos, certas tendências, e já é um progresso que levarão numa outra existência, e que lhes permitirá, mais tarde, tomar um envoltório em melhores condições. Trabalhando para o seu adiantamento, trabalha-se menos para o presente do que para o futuro, e, por pouco que se ganhe, é sempre para eles um tanto de aquisições; cada progresso é um passo adiante, que facilita novos progressos.

Neste trecho, afirma que os espíritos dos negros são inferiores e primitivos, como crianças, as quais se pode se ensinar “muita coisa”, mas que só poderão usufruir destes ensinamentos em uma vida posterior, em que tomará “um envoltório em melhores condições”. Ou seja, os ensinamentos foram válidos para que nas suas próximas vidas progrida mais rapidamente e nasça entre povos mais evoluídos: “Eis por que a raça negra, enquanto raça negra, corporeamente falando, jamais alcançará o nível das raças caucásicas; mas, enquanto Espíritos, é outra coisa; ela pode se tornar, e se tornará, o que somos; somente ser-lhe-á preciso tempo e melhores instrumentos”.

Outra afirmação importante é sobre o desaparecimento de raças selvagens. Como vimos acima, Kardec afirma que há a extinção de povos que se negam ao cruzamento com outros grupos e famílias. Porém, o autor coloca outro meio que faz com que as raças desapareçam, tornando-se, portanto, inevitável a extinção de raças inferiores e selvagens. Afirma que, mesmo em contato com a civilização, as raças selvagens permanecem selvagens, mas, com a ampliação das raças civilizadas, “as raças selvagens diminuem, até que desapareçam completamente, como desapareceram as raças dos Caraíbas, dos Guanches, e outras”.

Conclui o artigo afirmando algo muito constantemente endossado pela doutrina: de que o Espiritismo é complementar à ciência, que abre horizontes novos a todas as ciências, acreditando que ela abrirá “um novo campo para o progresso da ciência”. Neste texto de Kardec estão expostas preocupações e questões vigentes na época, como a da raça e da ciência da frenologia. O autor dialoga e apresenta um ponto de vista novo, fazendo uma síntese entre idéias da frenologia materialista e do espiritualismo moderno, embasando no paradigma das raças, que teve seu auge no século XIX.

Como apontamos anteriormente, nos dias de hoje, com o fim do paradigma das raças que teve respaldo até meados do século XX, este ensaio escrito por Kardec é retomado por adeptos do espiritismo e também pelos que são contrários à doutrina. Os “inimigos” utilizam o texto como prova de que Kardec e sua doutrina são racistas e preconceituosos e, por outro lado, os kardecistas defendem-no afirmando que a Revue Spirite tinha um caráter experimental, um “laboratório” e que não era uma obra, como as da codificação, ditadas por espíritos superiores, sendo portanto, passível de “erros mundanos” próprios ao período em que ele vivia e as incertezas científicas deste momento. Neste texto, nos propomos a uma análise que distancia destas duas perspectivas, analisando as idéias expressas por Kardec no ensaio a partir da história intelectual e científica, no contexto do século XIX, em que havia a predominância do paradigma das raças e em que a ciências, como a frenologia, a craniometria, a fisignomonia e o evolucionismo darwinista estavam em “moda”. Portanto, tentamos analisar neste artigo, a figura de Kardec como um “homem de seu tempo” e seus escritos impregnados de idéias difundidas por filósofos e homens da ciência.”

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Fontes:
Phrénologie spiritualiste et spirite. Perfectibilité de la race nègre. Revue Spirite. Journal d‟etudes psychologiques. 5º année, avril, 1862.
La Phrénologie et la Physiognomonie. Revue Spirite. Journal d‟etudes psychologiques. 3º année, juillet, 1860.
La tête de Garibaldi. Revue Spirite. Journal d‟etudes psychologiques. 4º année, mars, 1861.
Allan Kardec. A Gênese. Rio-RJ: FEB, 1995.
_________. O Livro dos Espíritos. Rio-RJ, 1995.

Sites e revistas:
FEDELI, Orlando. Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro. MONTFORT Associação Cultural: http://www.montfort.org.br/; capturado em 09/01/2006.
SOBRINHO, Paulo da Silva Neto. Allan Kardec, um racista brutal e grosseiro?!?: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/paulosns/allan-kardec-um-racista.html
FIGUEIREDO, Paulo Henrique de. O polêmico texto de Kardec sobre a raça negra. Revista Universo Espírita. Ano 2, nº 24, 2005.

Bibliografia
APPIAH, Kwame Anthony. Na casa de meu pai: a África na filosofia da cultura. Rio de Janeiro: Contraponto, 1997.
CAVALCANTI, M. L. O Mundo Invisível: Cosmologia, Sistema ritual e noção de pessoa no espiritismo. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
DAMAZIO, Sylvia F. Da elite ao povo: advento e expansão do Espiritismo no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1994.
DARMON, Pierre. Médicos e assassinos na Belle Époque: a medicalização do crime. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1991.
GIUMBELLI, Emerson. O cuidado dos mortos: uma história da condenação e legitimação do Espiritismo. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1997.
SANTOS, Patrícia Teixeira. “A África ou a morte!”: o projeto civilizatório católico para a África Central. (1864-1881). Mimeo.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O espetáculo das raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil, 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SILVA, Eliane Moura. O Espiritualismo no século XIX: reflexões teóricas e históricas sobre correntes culturais e religiosas. Campinas: Editora da Unicamp, 1997.
SILVA, Fábio Luiz. Espiritismo: história e poder (1938-1949). Londrina: EDUEL, 2005.
STOLL, Sandra Jacqueline. Espiritismo à brasileira. São Paulo: Edusp, 2003

MÉDICO BRASILEIRO DELATA MÍDIA GOLPISTA SOBRE MÉDICOS CUBANOS...

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Carta do médico PEDRO SARAIVA, enviada para o jornalista Luis Nassife inicialmente reproduzida em seu blog esclarece diversos pontos sobre a vinda dos médicos cubanos ao Brasil.
“Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma?”
Por Pedro Saraiva
Olá Nassif, sou médico e gostaria de opinar sobre a gritaria em relação à vinda dos médicos cubanos ao Brasil. Bom, como opinião inteligente se constrói com o contraditório, vou tentar levantar aqui algumas informações sobre a vinda de médicos cubanos para regiões pobres do Brasil que ainda não vi serem abordadas. Médicos cubanos no Haiti atendem mais de 15 milhões de miseráveis - O principal motivo de reclamação dos médicos, da imprensa e do CFM seria uma suposta validação automática dos diplomas destes médicos cubanos, coisa que em momento algum foi afirmado por qualquer membro do governo. Pelo contrário, o próprio ministro da saúde, Alexandre Padilha, já disse que concorda que a contratação de médicos estrangeiros deve seguir critérios de qualidade e responsabilidade profissional. Portanto, o governo não anunciou que trará médicos cubanos indiscriminadamente para o país. Isto é uma interpretação desonesta.
- Acho estranho o governo ter falado em atrair médicos cubanos, portugueses e espanhóis, e a gritaria ser somente em relação aos médicos cubanos. Será que somente os médicos cubanos precisam revalidar diploma? Sou médico e vivo em Portugal, posso garantir que nos últimos anos conheci médicos portugueses e espanhóis que tinham nível técnico de sofrível para terrível. E olha que segundo a OMS, Espanha e Portugal têm, respectivamente, o 6º e o 11º melhores sistemas de saúde do mundo (não tarda a Troika dar um jeito nesse excesso de qualidade). Profissional ruim há em todos os lugares e profissões. Do jeito que o discurso está focado nos médicos de Cuba, parece que o problema real não é bem a revalidação do diploma, mas sim puro preconceito.
- Portugal já importa médicos cubanos desde 2009. Aqui também há dificuldade de convencer os médicos a ir trabalhar em regiões mais longínquos, afastadas dos grandes centros. Os cubanos vieram estimulados pelo governo, fizeram prova e foram aprovados em grande maioria (mais à frente vou dar maiores detalhes deste fato). A população aprovou a vinda dos cubanos, e em 2012, sob pressão popular, o governo português renovou a parceria, com amplo apoio dos pacientes. Portanto, um dos países com melhores resultados na área de saúde do mundo importa médicos cubanos e a população aprova o seu trabalho.
- Acho que é ponto pacífico para todos que médicos estrangeiros tenham que ser submetidos a provas aí no Brasil. Não faz sentido importar profissionais de baixa qualidade. Como já disse, o próprio ministro da saúde diz concordar com isso. Eu mesmo fui submetido a 5 provas aqui em Portugal para poder validar meu título de especialista. As minhas provas foram voltadas a testar meus conhecimentos na área em que iria atuar, que no caso é Nefrologia. Os cubanos que vieram trabalhar em Medicina de família também foram submetidos a provas, para que o governo tivesse o mínimo de controle sobre a sua qualidade.
Pois bem, na última leva, 60 médicos cubanos prestaram exame e 44 foram aprovados (73,3%). Fui procurar dados sobre o Revalida, exame brasileiro para médicos estrangeiros e descobri que no ano de 2012, de 182 médicos cubanos inscritos, apenas 20 foram aprovados (10,9%). Há algo de estranho em tamanha dissociação. Será que estamos avaliando corretamente os médicos estrangeiros?
Seria bem interessante que nossos médicos se submetessem a este exame ao final do curso de medicina. Não seria justo que os médicos brasileiros também só fossem autorizados a exercer medicina se passassem no Valida? Se a preocupação é com a qualidade do profissional que vai ser lançado no mercado de trabalho, o que importa se ele foi formado no Brasil, em Cuba ou China? O CFM se diz tão preocupado com a qualidade do médico cubano, mas não faz nada contra o grande negócio que se tornaram as faculdades caça-níqueis de Medicina. No Brasil existe um exército de médicos de qualidade pavorosa. Gente que não sabe a diferença entre esôfago e traqueia, como eu já pude bem atestar. Porque tanto temor em relação à qualidade dos estrangeiros e tanta complacência com os brasileiros?
REVALIDA
- Em relação este exame de validação do diploma para estrangeiros abro um parêntesis para contar uma situação que presenciei quando ainda era acadêmico de medicina, lá no Hospital do Fundão da UFRJ.
Um rapaz, se não me engano brasileiro, tinha feito seu curso de medicina na Bolívia e havia retornado ao país para exercer sua profissão. Como era de se esperar, o rapaz foi submetido a um exame, que eu acredito ser o Revalida (na época realmente não procurei me informar). O fato é que a prova prática foi na enfermaria que eu estava estagiando e por isso pude acompanhar parte da avaliação. Dois fatos me chamaram a atenção, o primeiro é a grande má vontade dos componentes da banca com o candidato. Não tenho dúvidas que ele já havia sido prejulgado antes da prova ter sido iniciada. Outro fato foi o tipo de perguntas que fizeram. Lembro bem que as perguntas feitas para o rapaz eram bem mais difíceis que aquelas que nos faziam nas nossas provam. Lembro-me deles terem pedidos informações sobre detalhes anatômicos do pescoço que só interessam a cirurgiões de cabeça e pescoço. O sujeito que vai ser médico de família, não tem que saber todos os nervos e vasos que passam ao lado da laringe e da tireoide. O cara tem que saber tratar diarreia, verminose, hipertensão, diabetes e colesterol alto. Soube dias depois que o rapaz tinha sido reprovado.
Não sei se todas as provas do Revalida são assim, pois só assisti a uma, e mesmo assim parcialmente. Mas é muito estranho os médicos cubanos terem alta taxa de aprovação em Portugal e pouquíssimos passarem no Brasil. Outro número que chama a atenção é o fato de mais de 10% dos médicos em atividade em Portugal serem estrangeiros. Na Inglaterra são 40%. No Brasil esse número é menor que 1%. E vou logo avisando, meu salário aqui não é maior do que dos meus colegas que ficaram no Brasil.
- Até agora não vi nem o CFM nem a imprensa irem lá às áreas mais carentes do Brasil perguntar o que a população sem acesso à saúde acha de virem 6000 médicos cubanos para atendê-los. Será que é melhor ficar sem médico do que ter médicos cubanos? É o óbvio ululante que o ideal seria criar condições para que médicos brasileiros se sentissem estimulados a ir trabalhar no interior. Mas em um país das dimensões do Brasil e com a responsabilidade de tocar a medicina básica pulverizada nas mãos de centenas de prefeitos, isso não vai ocorrer de uma hora para outra. Na verdade, o governo até lançou nos últimos anos o Programa de Valorização do Profissional da Atenção Básica (Provab), que oferece salários mensais de R$ 8 mil e pontos na progressão de carreira para os médicos que vão para as periferias. O problema é que até hoje só 4 mil médicos aceitaram participar do programa. Não é só salário, faltam condições de trabalho. O que fazemos então? Vamos pedir para os mais pobres aguentar mais alguns anos até alguém conseguir transformar o SUS naquilo que todos desejam? Vira lá para a criança com diarreia ou para a mãe grávida sem pré-natal e diz para ela segurar as pontas sem médico, porque os médicos do sul e sudeste do Brasil, que não querem ir para o interior, acham que essa história de trazer médico cubano vai desvalorizar a medicina do Brasil.
- É bom lembrar que Cuba exporta médicos para mais de 70 países. Os cubanos estão acostumados e aceitam trabalhar em condições muito inferiores. Aliás, é nisso que eles são bons. Eles fazem medicina preventiva em massa, que é muito mais barata, e com grandes resultados. Durante o terremoto do Haiti, quem evitou uma catástrofe ainda maior foram os médicos cubanos. Em poucas semanas os médicos dos países ricos deram no pé e deixaram centenas de milhares de pessoas sem auxílio médico. Se não fosse Cuba e seus médicos, haveria uma tragédia humanitária de proporções dantescas. Até o New England Journal of Medicine, a revista mais respeitada de medicina do mundo, fez há poucos meses um artigo sobre a medicina em Cuba. O destaque vai exatamente para a capacidade do país em fazer medicina de qualidade com recursos baixíssimos (http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1215226).
- Com muito menos recursos, a medicina de Cuba dá um banho em resultados na medicina brasileira. É no mínimo uma grande arrogância achar que os médicos cubanos não estão preparados para praticar medicina básica aqui no Brasil. O CFM diz que a medicina de Cuba é de má qualidade, mas não explica por que a saúde dos cubanos, como muito menos recursos tecnológicos e com uma suposta inferioridade qualitativa, tem índices de saúde infinitamente melhores que a do Brasil e semelhantes à avançada medicina americana (dados da OMS).
- Agora, ninguém tem que ir cobrar do médico cubano que ele saiba fazer cirurgia de válvula cardíaca ou que seja mestre em dar laudos de ressonância magnética. Eles não vêm para cá para trabalhar em medicina nuclear ou para fazer hemodiálises nos pacientes. Medicina altamente tecnológica e ultra especializada não diminui mortalidade infantil, não diminui mortalidade materna, não previne verminose, não conscientiza a população em relação a cuidados de saúde, não trata diarreia de criança, não aumenta cobertura vacinal, nem atua na área de prevenção. É isso que parece não entrar na cabeça de médicos que são formados para serem superespecialistas, de forma a suprir a necessidade uma medicina privada e altamente tecnológica. Atenção! O governo que trazer médicos para tratar diarreia e desidratação! Não é preciso grande estrutura para fazer o mínimo. Essa população mais pobre não tem o mínimo!
Que venham os médicos cubanos, que eles façam o Revalida, mas que eles sejam avaliados em relação àquilo que se espera deles. Se os médicos ricos do sul maravilha não querem ir para o interior, que continuem lutando por melhores condições de trabalho, que cobrem dos governos em todas as esferas, não só da Federal, melhores condições de carreira, mas que ao menos se sensibilizem com aqueles que não podem esperar anos pela mudança do sistema, e aceitem de bom grado os colegas estrangeiros que se dispõe a vir aqui salvar vidas.
Infelizmente até a classe médica aderiu ao ativismo de Facebook. O cara lê a Veja ou O Globo, se revolta com o governo, vai no Facebook, repete meia dúzia de clichês ou frases feitas e sente que já exerceu sua cidadania. Enquanto isso, a população carente, que nem sabe o que é Facebook morre à mingua, sem atendimento médico brasileiro ou cubano.
http://www.pragmatismopolitico.com.br/2013/05/medico-brasileiro-comenta-gritaria-da-midia-sobre-medicos-cubanos.html

MENTIRAS RELATIVAS À HISTÓRIA DA UNIÃO SOVIÉTICA

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  Através de sua pesquisa científica histórica ele viu o contexto maior de como os grupos secretos dos EUA (em grande parte operando através da sociedade Skull & Bones) usa a dialética hegeliana (criar tese e antítese criar para controlar a síntese) para criar, gerenciar e perpetuar o conflito.
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Uma entrevista clássica pelo Professor Anthony Sutton, que lecionou Economia na Califórnia State University e foi um pesquisador na Hoover Institution da Universidade de Stanford.

Nessa entrevista, o Prof. Sutton entra em sua pesquisa impecável de como um grupo coeso de financistas e magnatas da industria ocidentais (centrada em torno de Morgan e Rockefeller nos EUA, e em torno de Milner e financistas da "City of London", no Reino Unido) criaram e mantiveram seu três supostos inimigos desde o início: Rússia Soviética, a Alemanha nazista, e o Socialismo Fabiano de F.D. Roosevelt.
Particularmente, ele explica como os financistas de Wall Street/City of London usaram suas instituições bancárias e empresas industriais para:

1- Ajudar a financiar e sustentar a Revolução Bolchevique na Russia.
Estruturar a indústria soviética durante os planos quinquenais de Lênin, através de financiamento, tecnologia / transferências industriais e assistência técnica. Continuar a construir os soviéticos durante toda a Guerra Fria, através dos mesmos tipos de negócios. Isto incluiu as eras da Coréia e do Vietnã, durante o qual as tropas americanas estavam sendo mortas por ... armamentos soviéticos feitos com tecnologia ocidental.

2- Construir a Alemanha Nazista, tanto financeira como industrialmente;

3- Colocar Franklin D. Rosevelt (FDR) no poder nos EUA como o seu homem, e até mesmo elaborar as políticas do New Deal de Roosevelt, especialmente o National Recovery Act (Ato de Recuperação Nacional) - desenvolvido por Gerard Swopes da Gen. Electric e profundamente bem recebido pelo poder de Wall Street; Morgan, Warburg e Rockefeller.

Sutton não era um especulador selvagem. Ele era um pesquisador acadêmico distinto que documentou suas conclusões impecavelmente em suas diversas obras. Incapaz de contrariar suas pesquisas, o poder vigente (incluindo universidades) simplesmente tenta ignorar seu trabalho, fazer de conta que não existe.

O objetivo dessas políticas de Wall Street era muito simples: criar e globalizar o que Sutton chama de Socialismo Corporativo.
Um sistema em que tudo na sociedade é regido pelo Estado, e o Estado, por sua vez, é controlado por financistas que, portanto, acabam governando e administrando a sociedade, a seu gosto.
Em outras palavras, fazer a sociedade trabalhar para os financistas, utilizando-se um Estado socialista como seu intermediário. Isto é o que hoje conhecemos como o modelo de globalização econômica.
Como resultado de todos os conflitos do século 20, sobretudo da 2a. Guerra Mundial e da Guerra Fria, travada entre poderes (USA e URSS) manipulados e controlados por esses grupos de mega banqueiros, o mundo foi "globalizado".

Isso significa que o mundo foi totalmente tomado por esses financistas, e está cada vez mais perto de ser completamente governado por eles, através não só das Nações e seus Bancos Centrais, mas principalmente através de agências supranacionais e instituições.

A História do Racismo  
 http://www.youtube.com/watch?v=X8eY8Z70Big

Mário Sousa

(Membro do Partido Comunista dos Revolucionários Marxistas-Leninistas da Suécia KPML-r)


 

De Hitler a Hearst, de Conquest a Soljenitsin



    A mentirosa história dos milhões de pessoas que, supostamente, foram encarceradas e morreram nos campos de trabalhos forçados da União Soviética e como resultado da fome durante os tempos de Stálin.


Neste mundo em que vivemos, quem não ouve as terríveis histórias de possíveis mortes e assassinatos nos campos de trabalhos forçados do “gulag” da União Soviética?  Quem não ouve histórias dos milhões que morreram de fome e dos milhões de oposicionistas executados na União Soviética na época de Stálin?  No mundo capitalista, essas histórias são repetidas inúmeras vezes nos livros, jornais, no rádio e na televisão, e nos filmes, e os números míticos dos milhões de vítimas do socialismo aumentaram, aos saltos, nos últimos 50 anos.

Mas, na realidade, de onde vêm essas histórias e essas cifras?  Quem está por trás de tudo isso?

Uma outra pergunta:  o que há de verdade nessas histórias?  E que informações se encontram nos arquivos da União Soviética, anteriormente secretos, mas abertos à pesquisa histórica por Gorbachov em 1989?  Os autores dos mitos sempre disseram que todas as suas histórias dos milhões que morreram na União Soviética de Stálin seriam confirmadas no dia em que os arquivos fossem abertos.  E foi isso que aconteceu?  Elas foram confirmadas de fato?

O seguinte artigo nos mostra de onde se originaram essas histórias de milhões de mortes pela fome e nos campos de trabalhos forçados e quem está por trás delas.

O presente autor, após ter estudado os relatórios da pesquisa feita nos arquivos da União Soviética, pode dar informações, na forma de dados concretos, sobre o número real de prisioneiros, os anos que passaram na prisão e o número verdadeiro daqueles que morreram e daqueles que foram condenados à morte na União Soviética de Stálin.  A verdade é bem diferente do mito.

Existe um elo histórico direto ligando Hitler a Hearst, a Conquest, a Soljenitsin.  Em 1933, ocorreu uma mudança política na Alemanha que iria deixar sua marca na história do mundo por décadas a fora.  Em 30 de janeiro de 1933, Hitler tornou-se primeiro-ministro e uma nova forma de governo, envolvendo violência e desrespeito para com a lei, começou a tomar forma.  A fim de consolidar o seu controle sobre o poder, os nazistas convocaram novas eleições para 5 de março, empregando todos os meios de propaganda ao seu alcance para garantir sua vitória.   Uma semana antes das eleições, em 27 de fevereiro, os nazistas incendiaram o parlamento e acusaram os comunistas de serem os responsáveis.  Nas eleições que se seguiram, os nazistas obtiveram 17,3 milhões de votos e 288 deputados, cerca de 48% do eleitorado (em novembro, eles haviam recebido 11,7 milhões de votos e 196 deputados).  Banido o Partido Comunista, os nazistas começaram a perseguir os social-democratas e o movimento sindicalista, e os primeiros campos de concentração começaram a se encher com todos os homens e mulheres esquerdistas.   Entrementes, o poder de Hitler no parlamento continuou a crescer, com a ajuda da ala de direita.  Em 24 de março, Hitler conseguiu que o parlamento aprovasse uma lei que lhe concedia poder absoluto para governar o país por quatro anos sem consultar o parlamento.  A partir de então, começou a perseguição aberta aos judeus, os primeiros dos quais começaram a ser enviados para os campos de concentração,  onde os comunistas e social-democratas já se encontravam detidos.  Hitler continuou a pressionar no sentido de obter o poder absoluto, denunciando os acordos internacionais de 1918, que haviam imposto restrições ao armamento e militarização da Alemanha.  O rearmamento da Alemanha foi realizado a uma grande velocidade.  Esta era a situação na arena política internacional quando começaram a ser montados os mitos relativos àqueles que morreram na União Soviética.

A Ucrânia como um território alemão

Ao lado de Hitler, na liderança alemã encontrava-se Goebbels, o Ministro da Propaganda,  o homem responsável pela tarefa de inculcar o sonho nazista no povo alemão.  Este era um sonho de um povo racialmente puro vivendo em uma Grande Alemanha, um país com um amplo “Lebensraum”  (espaço vital) para viver.   Uma parte desse “Lebensraum”, uma área a leste da Alemanha que era, na realidade, bem maior do que a própria Alemanha, ainda tinha que ser conquistada e incorporada à nação alemã.  Em 1925, em seu livro Mein Kampf (Minha Luta), Hitler já havia indicado a Ucrânia como uma parte essencial do referido espaço vital alemão. A Ucrânia e outras regiões da Europa Oriental precisavam pertencer à nação alemã para serem utilizadas de uma maneira “apropriada”.   Segundo a propaganda nazista, a espada nazista liberaria tais regiões a fim de proporcionar espaço para a raça alemã.   Com a tecnologia e empresas alemãs, a  Ucrânia seria transformada em uma área que produziria cereais para a Alemanha.  Mas, primeiramente, os alemães tinham que livrar a Ucrânia de sua população de “seres inferiores” que, de acordo com a propaganda nazista, seriam postos a trabalhar como uma força de trabalho escravo em lares, fábricas e campos alemães – onde quer que fossem requeridos pela economia alemã. 

A conquista da Ucrânia e de outras áreas da União Soviética impunha a necessidade de guerra contra a União Soviética, e essa guerra tinha que ser preparada com grande antecedência.  Para tal finalidade, o ministério da propaganda nazista, dirigido por Goebbels, deu início a uma campanha denunciando um suposto genocídio cometido pelos bolcheviques na Ucrânia, um terrível período de fome deliberadamente provocado por Stálin a fim de forçar os camponeses a aceitarem a política socialista. O propósito da campanha nazista era preparar a opinião pública mundial para a “liberação” da Ucrânia pelas tropas alemãs.   Apesar dos enormes esforços e a despeito de alguns dos textos de propaganda alemã terem sido publicados na imprensa inglesa, a campanha nazista em torno do suposto “genocídio” na Ucrânia não teve grande sucesso mundial.  Estava claro que Hitler e Goebbels precisavam de ajuda para espalhar seus rumores difamatórios a respeito da União Soviética.  Essa ajuda eles encontraram nos EUA.

William Hearst, amigo de Hitler

William Randolph Hearst é o nome de um multimilionário que procurou ajudar os nazistas em sua guerra psicológica contra a União Soviética. Hearst era um famoso proprietário de jornal norte-americano, conhecido como o “pai” da assim-chamada “imprensa marrom”, isto é, a imprensa sensacionalista.  William Hearst começou sua carreira como editor de jornal em 1885, quando seu pai, George Hearst, um industrial de mineração milionário, senador e proprietário de jornal, colocou-o na direção do  San Francisco Daily Examiner.

Isto também foi o início do império jornalístico de Hearst, império que teve uma enorme influência sobre as vidas e o pensamento dos norte-americanos.  Após a morte de seu pai, William Hearst vendeu todas as ações da indústria de mineração que herdara e começou a investir capital no mundo do jornalismo.  Sua primeira compra foi a do New York Morning Journal, um jornal tradicional que Hearst transformou, completamente, em um jornal sensacionalista.   Ele comprava suas reportagens por qualquer preço e, quando não havia nenhuma atrocidade ou crime para relatar, ordenava a seus repórteres e fotógrafos que “fabricassem” matérias.  Na realidade, isto é o que caracteriza a “imprensa marrom”: mentiras e atrocidades “fabricadas” divulgadas como verdade.

Essas mentiras de Hearst o tornaram milionário e uma personalidade muito importante no mundo jornalístico.   Em 1935,  era um dos homens mais ricos do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 200 milhões.  Após a compra do  Morning Journal, Hearst continuou a comprar e estabelecer jornais diários e semanais em todos os EUA.   Na década de 1940, William Hearst possuía 25 jornais diários, 24 semanários, 12 estações de rádio, 2 serviços de notícias internacionais, uma empresa que fornecia notícias para filmes, a companhia cinematográfica “Cosmopolitan”, e muitas outras empresas.  Em 1948, ele comprou uma das primeiras estações de TV, a  BWAL, em Baltimore.   Os jornais de Hearst vendiam 13 milhões de exemplares por dia e tinham cerca de 40 milhões de leitores. Quase um terço da população adulta dos EUA lia os jornais de Hearst todos os dias.  Além disso, muitos milhões de pessoas, em todo o mundo, recebiam informações da imprensa de Hearst através de seus serviços de notícias, filmes e uma série de jornais que eram traduzidos e publicados em grandes tiragens, em todo o mundo.  As cifras mencionadas acima demonstram como o império de Hearst foi capaz de exercer influência sobre a política norte-americana e, de fato, sobre a política mundial, durante muitos anos – sobre questões que incluíam a oposição à entrada dos EUA na Segunda Guerra Mundial, ao lado da União Soviética, e o apoio à caça às bruxas anticomunista macarthista  da década de 1950.

A visão de William Hearst era ultraconservadora, nacionalista e anticomunista.  Sua política era a política da extrema direita.  Em 1934, ele viajou à Alemanha, onde foi recebido por Hitler como convidado e amigo.  Após essa viagem, os jornais de Hearst tornaram-se ainda mais reacionários, sempre apresentando artigos contra o socialismo, contra a União Soviética e, especialmente, contra Stálin.  Hearst também tentou usar seus jornais para fins de propaganda nazista aberta, publicando uma série de artigos escritos por Goering, o braço direito de Hitler.  Mas os protestos de muitos leitores o forçaram a parar de publicar tais artigos e a retirá-los de circulação.

Após sua visita a Hitler, seus jornais sensacionalistas se encheram de “revelações” sobre os terríveis acontecimentos na União Soviética – assassinatos, genocídio, escravidão, luxo para os governantes e fome para o povo, que constituíam as grandes notícias quase todos os dias.  O material era fornecido a Hearst pela Gestapo, a polícia política da Alemanha nazista. Nas primeiras páginas dos jornais apareciam, freqüentemente, caricaturas e fotos falsificadas da União Soviética, com Stálin apresentado como um assassino segurando na mão um punhal.  Não devemos nos esquecer de que tais artigos eram lidos, todos os dias, por 40 milhões de pessoas nos EUA e milhões de outras em todo o mundo!



O mito da fome na Ucrânia

Uma das primeiras campanhas da imprensa de Hearst contra a União Soviética girou em torno da questão dos milhões que, com base em alegações, teriam morrido como resultado da fome na Ucrânia.   Essa campanha começou em 18 de fevereiro de 1935 com uma manchete de primeira página no Chicago American: “Seis milhões de pessoas morrem de fome na União Soviética”.  Usando material fornecido pela Alemanha nazista, William Hearst, o barão da imprensa e simpatizante do nazismo, começou a publicar reportagens fabricadas sobre um genocídio que teria sido deliberadamente perpetrado pelos bolcheviques e causado a morte, por fome, de vários milhões de pessoas na Ucrânia.  A verdade era totalmente diferente.  Na realidade, o que ocorreu na União Soviética no início da década de 1930 foi uma grande luta de classes na qual pobres camponeses sem terra haviam se levantado contra os ricos proprietários de terra, os “kulaks”, e iniciado uma luta pela coletivização, uma luta para formar os colcoses (fazendas coletivas).

Essa grande luta de classes, envolvendo, direta ou indiretamente, uns 120 milhões de camponeses, deu origem à instabilidade na produção agrícola e à falta de alimentos em algumas regiões.  De fato, a falta de alimentos enfraquecia as pessoas, o que, por sua vez, levava a um aumento no número daqueles que se tornavam vítimas de doenças epidêmicas.  Naquela época, infelizmente, tais doenças eram comuns em todo o mundo.  Entre 1918 e 1920, uma epidemia de gripe espanhola causou a morte de 20 milhões de pessoas nos EUA e Europa, mas ninguém acusou os governos desses países de terem matado seus próprios cidadãos.  O fato é que não havia nada que esses governos pudessem fazer diante de epidemias desse tipo.  Só com o desenvolvimento da penicilina, em fins da década de 30, é que se tornou possível conter, eficazmente, tais epidemias. 

Os artigos da imprensa de Hearst afirmando que milhões morriam de fome na Ucrânia – uma fome supostamente provocada, deliberadamente, pelos comunistas – continham gráficos e detalhes sombrios.  A imprensa de Hearst se valia de todos os meios possíveis para fazer com que suas mentiras se parecessem com a verdade e conseguia que a opinião pública nos países capitalistas se voltasse violentamente contra a União Soviética.  Essa foi a origem do primeiro gigantesco mito fabricado, que alegava que milhões estavam morrendo na União Soviética.   Na onda de protestos contra a fome supostamente provocada pelos comunistas que a imprensa ocidental desencadeou, ninguém teve interesse em ouvir as negativas da União Soviética e no desmascaramento completo das mentiras da imprensa de Hearst, uma situação que prevaleceu de 1934 a 1987!   Por mais de 50 anos, várias gerações de pessoas em todo o mundo foram educadas à base de uma “dieta” dessas calúnias para que tivessem uma visão negativa do socialismo na União Soviética.

O império da mídia de massa de Hearst em 1998

William Hearst  morreu em 1951 em sua casa em Beverly Hills, Califórnia.   Deixou atrás de si um império de mídia de massa que, até hoje, continua a espalhar sua mensagem reacionária em todo o mundo.  A Hearst Corporation é uma das maiores empresas do planeta, englobando mais de 100 companhias e empregando 15.000 pessoas.  Atualmente, o império de Hearst compreende jornais, revistas, livros, rádio, TV, TV a cabo, agências de notícias e multimídia. 

52 anos antes da verdade emergir

A campanha de desinformação nazista a respeito da Ucrânia não morreu com a derrota da Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.  As mentiras nazistas foram assumidas pela CIA e pelo M-15 e sempre tiveram um lugar proeminente garantido na guerra de propaganda contra a União Soviética.  A perseguição anticomunista macarthista após a Segunda Guerra Mundial também se alimentou com os contos dos milhões que morreram de fome na Ucrânia.   Em 1953, um livro sobre o assunto foi publicado nos EUA.  Intitulado  “Black Deeds of the Kremlin”  (Os Atos Negros do Kremlin), sua publicação foi financiada pelos refugiados ucranianos nos EUA, pessoas que haviam colaborado com os nazistas na Segunda Guerra Mundial e a quem o governo norte-americano deu asilo político, apresentando-os ao mundo como “democratas”.

Quando Ronald Reagan foi eleito presidente dos EUA e começou sua cruzada anticomunista da década de 1980, a propaganda sobre os milhões que morreram na Ucrânia foi renovada.  Em 1984, um professor da Harvard publicou o livro  “Human Life in Russia” (A Vida Humana na Rússia), que repetia todas as falsas informações produzidas pela imprensa de Hearst em 1934.  Em 1984, então,  deparamos o renascimento das mentiras e falsificações nazistas produzidas na década de 1930, mas, dessa vez, sob o manto “respeitável” de uma universidade norte-americana.  Mas a campanha anticomunista não parou aí.  Em 1986, apareceu um outro livro sobre o assunto, intitulado "Harvest of Sorrow” (A Colheita de Sofrimento), escrito por um ex-membro do serviço secreto britânico, Robert Conquest, na época professor da Universidade Stamford, na Califórnia.  Por seu “trabalho” no livro, Conquest recebeu US$80 mil da Organização Nacional da Ucrânia.  Essa mesma organização também pagou por um filme feito em 1986 denominado “Harvest of Despair” (A Colheita do Desespero), no qual, entre outras coisas, foi utilizado material do livro de Conquest.  A essa altura, o número de pessoas que, segundo informações disseminadas nos EUA, haviam morrido de fome na Ucrânia, havia saltado para 15 milhões!

Entretanto, as afirmações de que milhões haviam morrido de fome na Ucrânia segundo a imprensa de Hearst na América do Norte, “papagueada” em livros e filmes, constituíam informações absolutamente falsas.  O jornalista canadense Douglas Tottle desmascarou, meticulosamente, as falsificações em seu livro “Fraud, Famine and Fascism – the Ukrainian Genocide Myth from Hitler to Harvard” (Fraude, Fome e Fascismo – o Mito do Genocídio Ucraniano de Hitler a Harvard), publicado em Toronto em 1987.  Entre outras coisas, Tottle provou que o material fotográfico empregado, fotografias horripilantes de crianças morrendo de fome, havia sido tirado de publicações de 1922, em uma ocasião na qual milhões de pessoas de fato morreram de fome e devido a condições de guerra, uma vez que oito exércitos estrangeiros haviam invadido a União Soviética durante a Guerra Civil de 1918-1921.  Douglas Tottle apresenta os fatos concernentes às alegações relativas à fome de 1934 e desmascara as diversas mentiras publicadas na imprensa de Hearst.  Um jornalista que, durante um longo tempo, enviou relatórios e fotografias de supostas áreas de fome era Thomas Walter, um homem que jamais havia posto o pé na Ucrânia e, mesmo em Moscou, permanecera apenas cinco dias.  

Esse fato foi revelado pelo jornalista Louis Fisher, correspondente em Moscou do The Nation, um jornal norte-americano.  Fisher também revelou que o jornalista M. Parrott, o verdadeiro correspondente da imprensa de Hearst em Moscou, havia enviado a Hearst relatórios, nunca publicados, sobre a excelente safra conseguida pela União Soviética em 1933 e sobre o progresso alcançado pela Ucrânia.  Tottle prova também que o jornalista que escreveu os relatórios sobre a alegada fome ucraniana, “Thomas Walker”, era, na realidade, Robert Green, um condenado que havia escapado de uma prisão do Estado do Colorado!  Esse Walker, ou Green, foi preso ao retornar aos EUA e, quando compareceu ao tribunal, admitiu que jamais havia estado na Ucrânia.  Todas as mentiras sobre os milhões que morreram de fome na Ucrânia na década de 1930, uma fome supostamente engendrada por Stálin, só foram desmascaradas em 1987!  O nazista Hearst, o agente de polícia Conquest e outros haviam tapeado milhões de pessoas com suas mentiras e relatórios fabricados.  Mesmo hoje, as histórias do nazista Hearst ainda estão sendo repetidas em livros recém-publicados, escritos por autores financiados por grupos de direita.

A imprensa de Hearst, que ocupa uma posição monopolista em muitos estados da América do Norte e tem agências de notícias em todo o mundo, constituiu o grande megafone da Gestapo (Geheime Staatspolizei, Polícia Secreta do Estado na Alemanha Nazista).  Em um mundo dominado pelo capital monopolista, foi possível para a imprensa de Hearst transformar as mentiras da Gestapo em “verdades” que foram transmitidas através de dezenas de jornais, estações de rádio e, mais tarde, canais de TV, em todo o mundo.  Quando a Gestapo desapareceu, essa guerra suja de propaganda contra o socialismo na União Soviética continuou, mas com a CIA como seu novo patrono.  As campanhas anticomunistas da imprensa norte-americana não sofreram a mais leve redução.  Elas foram realizadas, primeiramente, sob as ordens da Gestapo e, depois, sob as ordens da CIA. 

Robert Conquest no coração dos mitos

Esse homem, que é citado tão amplamente na imprensa burguesa, esse verdadeiro oráculo da burguesia, merece alguma atenção específica quanto a este ponto.  Robert Conquest é um dos dois autores que mais escreveram sobre os milhões que morreram na União Soviética.  Ele é, na verdade, o criador de todos os mitos e mentiras relativos à União Soviética que têm sido espalhados desde a Segunda Guerra Mundial.  Conquest escreve sobre os milhões que morreram de fome na Ucrânia, nos campos de trabalhos forçados do “gulag” e durante os Julgamentos de 1936-38, utilizando, como suas fontes de informação, ucranianos exilados nos EUA e pertencentes a partidos de direita, pessoas que colaboraram com os nazistas na Segunda Guerra Mundial.  Muitos dos heróis de Conquest eram conhecidos como tendo sido criminosos de guerra que dirigiram e participaram do genocídio da população judaica da Ucrânia em 1942.   Uma dessas pessoas era Mykola Lebed, condenado como criminoso de guerra após a Segunda Guerra Mundial.  Lebed havia sido chefe de segurança em Lvov durante a ocupação nazista e presidiu as terríveis perseguições dos judeus que ocorreram em 1942.  Em 1942 a CIA levou-o para os Estados Unidos, onde ele trabalhou como uma fonte de desinformação.

O estilo dos livros de Conquest é de um anticomunismo violento e fanático.  Em seu livro de 1969, Conquest nos conta que os que morreram de fome na União Soviética entre 1932-1933 alcançaram um total entre 5 e 6 milhões de pessoas, metade delas na Ucrânia.  Mas, em 1983, durante a cruzada anticomunista do presidente Reagan, Conquest estendeu o período da fome até 1937 e aumentou o número de vítimas para 14 milhões!  Tais afirmações foram altamente compensadoras:  em 1986, ele foi contratado por Reagan para escrever material para sua campanha presidencial visando à preparação do povo norte-americano para uma invasão soviética. O texto em questão foi denominado “O que fazer quando os russos vierem – um ‘manual  para sobrevivência”!  Estranhas palavras vindas de um professor de história!

O fato é que não há, em absoluto, nada de estranho em tais palavras, vindas de um homem que passou toda sua vida vivendo de mentiras e fabricações a respeito da União Soviética e de Stálin – primeiro, como agente do serviço secreto britânico e, em seguida, como escritor e professor na Universidade Stamford, na Califórnia.  O passado de Conquest foi revelado no Guardian de 27 de janeiro de 1978, em um artigo que o identificou como um ex-agente no departamento de desinformação do Serviço Secreto Britânico, isto é, o Departamento de Pesquisa de Informações (IRD).  O IRD foi uma seção criada em 1947 (originalmente denominada “Escritório de Informações sobre Comunistas”), cuja principal tarefa era combater a influência comunista em todo o mundo mediante a fabricação de artigos entre políticos, jornalistas e outros que estivessem em posição de influenciar na opinião pública.  As atividades do IRD tinham um alcance muito amplo, tanto na Grã-Bretanha como no exterior.  Quando o IRD teve que ser formalmente fechado em 1977, em conseqüência da denúncia do seu envolvimento com a extrema direita, foi descoberto que, só na Grã-Bretanha, mais de 100 dos jornalistas mais conhecidos tinham um contato no IRD que lhes fornecia, regularmente, materiais para os artigos.   Esta era a rotina em diversos jornais britânicos importantes, tais como o Financial Times, The Times, The Economist, Daily Mail, Daily Mirror, The Express, The Guardian e outros.  Os fatos denunciados pelo Guardian, portanto, nos dá uma medida de como os serviços secretos eram capazes de manipular as notícias que alcançavam o público em geral.

Robert Conquest trabalhou para o IRD desde quando ele foi criado até 1956.  O “trabalho” de Conquest era contribuir para a chamada “história negra” das reportagens fabricadas sobre a União Soviética, publicadas como fatos e distribuídas entre os jornalistas e outras pessoas capazes de influenciar a opinião pública.   Após ter deixado o IRD formalmente, Conquest continuou a escrever os livros sugeridos pelo IRD, com o apoio do serviço secreto.  Seu livro “O Grande Terror”, um texto básico da direita sobre o assunto da luta pelo poder que ocorreu na União Soviética em 1937, era, na realidade,  uma recompilação do texto que ele havia escrito quando trabalhava para os serviços secretos.  O livro foi concluído e publicado com a ajuda do IRD.  Um terço da publicação foi comprado pela imprensa de Praeger, normalmente associada à publicação de literatura originária das fontes da CIA.   A intenção era que o livro de Conquest fosse apresentado aos “tolos úteis”, tais como professores universitários e pessoas que trabalhavam na imprensa, rádio e TV, a fim de assegurar que as mentiras de Conquest e da extrema direita continuassem a ser difundidas amplamente entre grandes setores da população.  Até os dias de hoje, Conquest permanece para os historiadores da direita como uma das importantes fontes de material sobre a União Soviética.

Alexander Soljenitsin

Uma outra pessoa que está sempre associada aos livros e artigos sobre os supostos milhões que perderam suas vidas ou a liberdade na União Soviética é o autor russo Alexander Soljenitsin.   Soljenitsin tornou-se famoso em todo o mundo capitalista no final da década de 1960 com o seu livro  The Gulag Archipelago.  Ele próprio havia sido condenado, em 1946, a oito anos em um campo de trabalhos forçados por atividade contra-revolucionária na forma de distribuição de propaganda anti-soviética. Segundo ele, a luta contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial poderia ter sido evitada se o governo soviético tivesse chegado a uma solução de compromisso com Hitler.  Também acusava o governo soviético de Stálin de ser até mesmo pior do que Hitler, do ponto de vista, segundo ele, dos efeitos terríveis da guerra sobre o povo da União Soviética.  Soljenitsin não escondia suas simpatias pelo nazismo.  Foi condenado como traidor.

Em 1962, começou a publicar livros na União Soviética com o consentimento e ajuda de Nikita Kruchov.  O primeiro livro que ele publicou foi A Day in the Life of Ivan Denisovich  (Um Dia na Vida de Ivan Denisovitch), cujo tema diz respeito à vida de um prisioneiro.  Kruchov utilizou os textos de Soljenitsin para combater o legado socialista de Stálin.  Em 1970, Soljenitsin recebeu o Prêmio Nobel para literatura com o seu livro The Gulag Archipelago.  Seus livros começaram, então, a ser publicados em grande escala nos países capitalistas, e ele tornou-se um dos mais valiosos instrumentos do imperialismo no combate ao socialismo da União Soviética.  Seus textos sobre os campos de trabalhos forçados foram acrescentados à propaganda sobre os milhões que, supostamente, teriam morrido na União Soviética e foram apresentados pela mídia de massa capitalista como se fossem verdadeiros.   Em 1974, Soljenitsin renunciou à cidadania soviética e emigrou para a Suíça e, em seguida, para os EUA.   Na ocasião, foi considerado pela imprensa capitalista como o maior combatente pela liberdade e democracia.  Suas simpatias pelo nazismo foram enterradas para que não interferissem em sua guerra de propaganda contra o socialismo.

Nos EUA, Soljenitsin era freqüentemente convidado a falar em reuniões importantes.  Foi, por exemplo, o principal orador no congresso sindical da AFL-CIO em 1975 e, em 15 de julho de 1975, foi convidado a dar uma palestra no senado norte-americano sobre a situação mundial!  Suas palestras constituíam, na realidade, uma agitação violenta e provocativa e a defesa e propaganda das posições mais reacionárias.  Entre outras coisas, ele clamava para que o Vietnã fosse novamente atacado após sua vitória sobre os EUA.  E mais ainda:  depois de 40 anos de fascismo em Portugal, quando oficiais da ala esquerda do exército tomaram o poder na revolução popular de 1974, Soljenitsin começou a fazer propaganda em favor da intervenção militar dos Estados Unidos em Portugal, que, segundo ele, entraria para o Pacto de Varsóvia se os norte-americanos não interviessem!  Em suas palestras, sempre lamentava a libertação das colônias africanas de Portugal.

Está claro, porém, que o principal objetivo dos seus discursos sempre foi a guerra suja contra o socialismo – desde a alegada execução de vários milhões de pessoas na União Soviética até as dezenas de milhares de norte-americanos aprisionados e escravizados, segundo ele, no Vietnã do Norte!  Essa sua idéia  de que o Vietnã do Norte usava norte-americanos como mão-de-obra deu origem aos filmes de Rambo sobre a Guerra do Vietnã.  Os jornalistas norte-americanos que ousavam escrever em favor da paz entre os EUA e a União Soviética eram acusados por ele, em seus discursos, de serem traidores em potencial.  Ele também fazia propaganda em favor do aumento da capacidade militar dos EUA contra a União Soviética, que, segundo dizia, era “cinco a sete vezes mais poderosa em tanques e aviões e duas, três ou mesmo cinco vezes  mais poderosa em armas atômicas do que os Estados Unidos”.  Suas palestras sobre a União Soviética representavam a voz da extrema direita.  Todavia, ele próprio se posicionava ainda mais à direita em seu apoio público ao fascismo.

Apoio ao fascismo de Franco

Após a morte de Franco, em 1975, o regime fascista espanhol começou a perder o controle da situação política e, no início de 1976, os acontecimentos na Espanha ganharam a atenção pública mundial.  Houve greves e manifestações exigindo democracia e liberdade e, então, o herdeiro de Franco, o Rei Juan Carlos, foi compelido a introduzir, de maneira muito cautelosa, alguma liberalização a fim de acalmar a agitação social.

Naquele momento extremamente importante na história política da Espanha, Alexander Soljenitsin aparece em Madri e dá uma entrevista ao programa Directísimona noite de sábado, 20 de março, no horário de audiência máxima (ver os jornais espanhóis ABC e Ya de 21 de março de 1976).  Soljenitsin, que havia recebido as perguntas antecipadamente, aproveitou a ocasião para fazer todos os tipos de declarações reacionárias.  Sua intenção não era apoiar as medidas da  assim-chamada liberalização do rei.  Pelo contrário, fez advertências contra a reforma democrática.  Em sua entrevista na televisão, declarou que 110 milhões de russos haviam morrido como vítimas do socialismo e fez comparações entre “a escravidão à qual o povo soviético estava submetido e a  liberdade existente na Espanha”.  Também acusou os “círculos progressistas” de “utópicos”, por considerarem a Espanha uma ditadura.  Para ele, “progressistas” eram quaisquer pessoas da oposição democrática – fossem elas liberais, social-democratas ou comunistas.  “No último verão”,  dizia,  “a opinião pública mundial se preocupou com o destino dos terroristas espanhóis [isto é, antifascistas espanhóis sentenciados à morte pelo regime de Franco].  A opinião pública progressista sempre exige reforma política democrática e, ao mesmo tempo, apóia os atos de terrorismo”. 

“Aqueles que buscam uma rápida reforma democrática não percebem o que acontecerá amanhã ou depois?  Na Espanha poderá haver democracia amanhã, mas, depois de amanhã, poderão eles evitar cair da democracia no totalitarismo?” Quando os jornalistas perguntaram, cuidadosamente, se tais declarações não poderiam ser vistas como apoio a regimes em países onde não havia nenhuma liberdade, Soljenitsin respondeu:  “Conheço apenas um lugar onde não há nenhuma liberdade, e esse lugar é a Rússia.”  Suas declarações na televisão espanhola constituíam um apoio direto ao fascismo espanhol, uma ideologia que ele defende até hoje.  Essa é uma das razões porque Soljenitsin começou a desaparecer do cenário público em seus 18 anos de exílio nos EUA e uma das razões por que ele começou a receber menos apoio total dos governos capitalistas. Para os capitalistas, foi um presente dos céus poder usar um homem como ele em sua guerra suja contra o socialismo, mas tudo tem seus limites.  Na nova Rússia capitalista, o que determina o apoio do Ocidente a  grupos políticos é, pura e simplesmente, a capacidade de se realizarem negócios altamente lucrativos com a conivência de tais grupos.   O fascismo como regime político alternativo para a Rússia não é considerado bom para os negócios.  Por essa razão, os planos políticos de Soljenitsin para a Rússia estão mortos no que diz respeito ao apoio ocidental.  O que ele deseja como futuro político para a Rússia é o retorno ao regime autoritário dos czares, de mãos dadas com a Igreja Ortodoxa Russa tradicional!  Até os imperialistas mais arrogantes não estão interessados em apoiar uma estupidez política dessa magnitude.   Para se encontrar alguém que apóie Soljenitsin no Ocidente é preciso procurar entre os idiotas da extrema direita.

Os nazistas, a polícia e os fascistas

Assim, esses são os propagandistas mais valiosos dos mitos burgueses concernentes aos milhões que supostamente morreram e foram aprisionados na União Soviética:  o nazista William Hearst, o agente secreto Robert Conquest e o fascista Alexander Soljenitsin.  Conquest desempenhou o papel principal, uma vez que suas informações foram utilizadas pelos meios de comunicação de massa capitalistas em todo o mundo e foram até mesmo a base para a criação de faculdades em certas universidades.  A obra de Conquest constitui, sem dúvida, um trabalho de desinformação política de primeira classe. Na década de 1970,  ele recebeu uma grande ajuda de Soljenitsin e de indivíduos secundários, tais como Andrei Sakarov e Roy Medvedev.    Além desses, surgiram em todo o mundo pessoas que se dedicaram a especular a respeito do número de mortos e encarcerados e que sempre foram regiamente pagas pela imprensa burguesa.  A verdade, porém, finalmente veio à tona e revelou a verdadeira face desses falsificadores da história.   As ordens de Gorbachov para a abertura dos arquivos secretos do partido à investigação histórica tiveram conseqüências que ninguém poderia ter previsto.

Os arquivos demonstram que a propaganda mente

A especulação sobre os milhões que morreram na União Soviética faz parte da guerra suja de propaganda contra a União Soviética e, por esta razão, as negativas e explicações dadas por ela jamais foram levadas a sério e nunca encontraram espaço na imprensa capitalista.  Ao contrário, foram desprezadas, enquanto aos “especialistas” comprados pelo capital se deu tanto espaço quanto necessário para espalhar suas ficções.   E que ficções!  O que os milhões de mortos e prisioneiros reivindicados por Conquest e outros “críticos” tinham em comum era o fato de serem o resultado de aproximações estatísticas falsas e de métodos de avaliação sem nenhuma base científica.



Métodos fraudulentos deram origem a milhões de mortos

Conquest, Soljenitsin, Medvedev e outros utilizaram estatísticas publicadas pela União Soviética como, por exemplo, os censos nacionais de população, aos quais eles acrescentaram um suposto aumento de população sem levar em conta a situação no país.  Dessa forma, chegaram às suas falsas conclusões sobre o número de pessoas que deveria haver no país ao fim de certo período. As pessoas que faltavam foram consideradas como mortas ou encarceradas por causa do socialismo.   O método é simples, mas também totalmente fraudulento.  Este tipo de “revelação” de eventos políticos tão importantes jamais teria sido aceito se a “revelação” em questão se referisse ao mundo ocidental.  Em tal caso, certamente, professores e historiadores teriam protestado contra tais manipulações.  Mas, como o objeto dessas manipulações era a União Soviética, elas eram aceitáveis.  Uma das razões, com certeza, seria o fato de que os professores e historiadores colocavam o seu nível profissional bem aquém de sua integridade profissional. 

Em números, quais eram as conclusões finais dos “críticos”?  Segundo Robert Conquest (numa estimativa que ele fez em 1961), 6 milhões de pessoas morreram de fome na União Soviética no início da década de 1930.  Este número, Conquest aumentou para 14 milhões em 1986.  Quanto ao que ele diz sobre os campos de trabalhos forçados do “gulag”, 5 milhões de prisioneiros neles encontravam-se detidos em 1937, antes do início dos expurgos do partido, do exército e do aparelho do estado.  Segundo ele, depois de iniciados os expurgos, durante 1937-38, teria havido mais 7 milhões de prisioneiros, perfazendo o total de 12 milhões de prisioneiros nos campos de trabalhos forçados, em 1939!  E esses 12 milhões de Conquest teriam sido apenas prisioneiros políticos!  Nos campos de trabalhos forçados, também havia criminosos comuns, que, segundo Conquest, atingiam um número bem maior  que o dos prisioneiros políticos.  Isto significa, de acordo com Conquest, que teria havido de 25 a 30 milhões de prisioneiros nos campos de trabalhos forçados da União Soviética.

Novamente, segundo Conquest, um milhão de prisioneiros políticos foram executados entre 1937 e 1939 e outros 2 milhões morreram de fome.  O cálculo final resultante dos expurgos de 1937-1939, ainda segundo ele, era então de 9 milhões, dos quais 3 milhões teriam morrido na prisão.  Tais cifras foram imediatamente por ele submetidas a um “ajuste estatístico”, de modo a permitir-lhe chegar à conclusão de que os bolcheviques haviam matado não menos que 12 milhões de prisioneiros políticos entre 1930 e 1953.  Somando essas cifras aos números de pessoas que supostamente teriam morrido de fome na década de 1930, chegou à conclusão de que os bolcheviques mataram 26 milhões de pessoas.    Em uma de suas últimas manipulações estatísticas, afirmou que, em 1950, havia 12 milhões de prisioneiros políticos na União Soviética.

Alexander Soljenitsin empregou mais ou menos os mesmos métodos estatísticos de Conquest.  Mas, ao utilizar tais métodos pseudo-científicos com base em diferentes premissas, chegou a conclusões até mais extremas.   Soljenitsin aceitava as estimativas de Conquest das 6 milhões de mortes causadas pela fome de 1932-1933.   Entretanto, no que se referia aos expurgos de 1936-39,  acreditava que, pelo menos, um milhão de pessoas morreram a cada ano.  Resumindo sua avaliação, Soljenitsin afirma que, desde a coletivização da agricultura até a morte de Stalin, em 1953, os comunistas mataram 66 milhões de pessoas na União Soviética.  Além disso, sustenta que o governo soviético foi responsável pela morte de 44 milhões de russos que, ele diz, foram mortos na Segunda Guerra Mundial.   Sua conclusão é que “110 milhões de russos morreram, vítimas do socialismo”.  No que se refere aos prisioneiros, diz que o número de pessoas nos campos de trabalhos forçados era, em 1953, de 25 milhões.


Gorbachov abre os arquivos

A coleção das cifras fantasiosas apresentadas acima, produto de forjicação extremamente bem pago, apareceu na imprensa burguesa na década de 1960, sempre apresentada como se se tratasse de fatos verdadeiros, apurados mediante a aplicação de métodos científicos.

Por trás dessas manipulações estavam os serviços secretos ocidentais, principalmente a CIA e o M-15.  O impacto dos meios de comunicação de massa sobre a opinião pública é tão grande que, até hoje, as referidas cifras são consideradas verdadeiras por grandes parcelas da população dos países ocidentais.

Esta situação vergonhosa agravou-se. Na própria União Soviética, onde Soljenitsin e outros “críticos” bem conhecidos –tais como Andrei Sakharov e Roy Medvedev– não conseguiram encontrar ninguém para apoiar suas inúmeras forjicações, uma mudança significativa ocorreu em 1990.  Na nova “imprensa livre” aberta sob Mikhail Gorbachov, tudo o que fosse contrário ao socialismo foi saudado como positivo, com resultados desastrosos.  Uma inflação especulativa sem precedentes começou a ocorrer nos números daqueles que supostamente morreram ou foram aprisionados sob o socialismo, agora tudo misturado em um só grupo de dezenas de milhões de “vítimas” dos comunistas. 

A histeria da nova imprensa livre de Gorbachov trouxe à tona as mentiras de Conquest e Soljenitsin. Ao mesmo tempo, Gorbachov abriu os arquivos do Comitê Central do Partido Comunista à pesquisa histórica, uma exigência da imprensa livre.  A abertura dos arquivos é, realmente, a questão central nessa história emaranhada, por duas razões: em parte porque nos arquivos é possível encontrar os fatos que podem lançar luz sobre a verdade; contudo, ainda mais importante é o fato de todos aqueles que especularam freneticamente sobre o número de mortos e prisioneiros na União Soviética  afirmarem, por anos a fio, que, no dia em que os arquivos fossem abertos, os números citados por eles seriam confirmados.  Cada um desses especuladores afirmava que isso ocorreria:  Conquest, Sakharov, Medvedev e todo o resto.  Entretanto, quando os arquivos foram abertos e os relatórios das pesquisas baseados nos documentos reais começaram a ser publicados, algo muito estranho aconteceu.  Repentinamente, tanto a imprensa livre de Gorbachov como os especuladores perderam, completamente, o interesse nos arquivos.

O resultado das pesquisas realizadas nos arquivos do Comitê Central pelos historiadores russos Zemskov, Dougin e Xlevnjuk, que começaram a aparecer nas revistas científicas em 1990, passou inteiramente despercebido. Os relatórios contendo o resultado dessa pesquisa histórica foram completamente contrários à corrente inflacionária relativa ao número dos que, segundo a “imprensa livre”, morreram ou foram encarcerados.  Portanto, seu conteúdo permaneceu sem divulgação.  Os relatórios foram publicados em revistas científicas de pequena circulação, praticamente desconhecidas do público em geral.  Os relatórios dos resultados da pesquisa científica dificilmente poderiam competir com a histeria da imprensa, de modo que as mentiras de Conquest e Soljenitsin continuaram a ter o apoio de muitos setores da população da ex-União Soviética.  Também no Ocidente, os relatórios dos pesquisadores russos sobre o sistema penal sob o governo de Stálin foram totalmente desconsiderados nas primeiras páginas dos jornais e nos noticiários da TV. Por quê?






O que a pesquisa russa mostra

A pesquisa sobre o sistema penal soviético é apresentada em um relatório de quase 9.000 páginas.  Os autores desse relatório são muitos, mas os mais conhecidos deles são os historiadores russos V. N. Zemskov, A.N. Dougin e O. V. Xlevjnik.  Seu trabalho começou a ser publicado em 1990 e em 1993 já estava quase concluído e publicado em quase toda sua totalidade. Os relatórios chegaram ao conhecimento do Ocidente como resultado da colaboração entre pesquisadores de diferentes países ocidentais.  Os dois trabalhos com os quais este autor está familiarizado são um que apareceu na revista francesa  L’Histoire em setembro de 1993, escrito por Nicholas Werth,  pesquisador-chefe do Centro Nacional da Pesquisa Científica (CNRS),  e o trabalho publicado na revista norte-americana American Historical Review  por J. Arch. Getty, professor de história na Universidade da Califórnia, Riverside, em colaboração com G.T. Rettersporn, pesquisador do CNRS, e com o pesquisador russo V. N. Zemskov, do Instituto de História Russa (faz parte da Academia Russa de Ciências).  Atualmente, livros sobre o assunto apareceram, escritos pelos pesquisadores mencionados acima e por outros da mesma equipe de pesquisa.

Antes de prosseguir, desejo deixar claro, para que não venha ocorrer nenhuma confusão no futuro, que nenhum dos cientistas envolvidos nessa pesquisa tem uma visão socialista do mundo.  Ao contrário, sua visão é burguesa e anti-socialista.  Na realidade, muitos deles são bastante reacionários.  Isto é dito para que o leitor não venha imaginar que o que é apresentado a seguir é produto de alguma “conspiração comunista”.  O que se deu foi que os pesquisadores mencionados acima desmascararam integralmente as mentiras de Conquest, Soljenitsin, Medvedev e outros, o que fizeram puramente pelo fato de que colocam sua integridade profissional em primeiro lugar e não se deixam comprar para fins de propaganda.

Os resultados da pesquisa russa respondem a um número muito grande de questões sobre o sistema penal soviético.  Para nós, a era de Stálin é questão de maior interesse, e nela encontramos razões para debate.   Apresentaremos algumas questões muito específicas e buscaremos nossas respostas nas revistas  L’Histoiree American Historical Review.  Esta será a melhor maneira de trazer para o debate alguns dos aspectos mais importantes do sistema penal soviético.  As questões são as seguintes:

1.         De que consistia o sistema penal soviético?
2.         Quantos prisioneiros havia lá – tanto políticos como não-políticos?
3.         Quantas pessoas morreram nos campos de trabalhos forçados?
4.         Quantas pessoas foram condenadas à morte nos anos anteriores a 1953, especialmente        nos expurgos de 1937/38?
5.         Quão longas eram, em média, as sentenças?

Depois de responder a essas cinco questões, discutiremos as punições impostas aos dois grupos mais freqüentemente mencionados em conexão com prisioneiros e mortes na União Soviética, ou seja, os “kulaks” condenados em 1930 e os contra-revolucionários condenados em 1936-38.

Campos de trabalhos forçados no sistema penal

Comecemos com a questão da natureza do sistema penal soviético.  Depois de 1930, o sistema penal soviético compreendia prisões, campos de trabalhos forçados, as colônias de trabalho forçado do “gulag”, zonas abertas e obrigação de pagar multas.  Quem quer que fosse detido sob custódia era, geralmente, enviado a uma prisão normal, enquanto investigações eram realizadas para estabelecer se o detido era inocente (e, assim, devesse ser libertado) ou se  deveria ir a julgamento.  Uma pessoa acusada em tribunal poderia ser considerada inocente (e ser solta) ou culpada.  Se considerada culpada, poderia ser condenada a pagar uma multa, a cumprir um período de prisão ou, o que era menos comum, à morte.  A multa poderia ser uma dada percentagem de seu salário, por um dado período de tempo.  Aqueles condenados à prisão poderiam ser colocados em diferentes tipos de cadeia, dependendo do tipo de crime cometido.
Aos campos de trabalhos forçados do “gulag” eram enviados aqueles que cometessem crimes graves (homicídio, roubo, estupro, crimes econômicos etc.), bem como um grande número daqueles condenados por atividades contra-revolucionárias.  Outros criminosos condenados a mais de 3 anos de prisão também poderiam ser enviados a campos de trabalhos forçados.  Depois de passar algum tempo em um campo de trabalhos forçados, um prisioneiro poderia ser transferido para uma colônia de trabalhos forçados ou para uma zona aberta especial.

Os campos de trabalhos forçados eram áreas muito grandes onde os prisioneiros viviam e trabalhavam sob supervisão rigorosa.  Que eles trabalhassem e não constituíssem uma carga sobre a sociedade era, obviamente, necessário.   Nenhuma pessoa saudável passaria sem trabalhar.   O número de campos de trabalhos forçados existentes em 1940 era de 53. 

Havia 425 colônias de trabalhos forçados de “gulag”. Essas colônias eram unidades muito menores que os campos de trabalhos forçados, com um regime mais livre e supervisão menor.  A essas colônias eram enviados prisioneiros com sentenças menores – pessoas que haviam cometido transgressões criminosas ou políticas menos graves.  Elas trabalhavam em liberdade, em fábricas ou no campo, e faziam parte da sociedade civil.  Na maioria dos casos, o total de salários obtidos de seu trabalho nessas colônias pertenciam ao prisioneiro, que, nesse sentido, era tratado da mesma forma que qualquer outro trabalhador.

As zonas abertas especiais eram, em geral, áreas agrícolas para aqueles que haviam sido exilados, tais como os “kulaks” que haviam sido expropriados durante a coletivização.  Outras pessoas condenadas por transgressões criminosas ou políticas menores também poderiam cumprir suas penas nessas áreas. 


454.000 não são 9 milhões

A segunda questão dizia respeito a quantos prisioneiros políticos e quantos criminosos comuns havia.   Esta questão se refere àqueles presos em campos de trabalhos forçados, colônias tipo “gulag” e nas prisões (embora deva ser lembrado que nas colônias de trabalho forçado havia, na maioria dos casos, apenas perda parcial da liberdade).  A tabela apresentada em anexo seguir apresenta os dados que apareceram na revista American Historical Review, dados que abrangem o período de 20 anos, com início em 1934, quando o sistema penal estava unificado sob uma administração central, até 1953, o ano em que Stálin morreu.



Para começar, podemos comparar seus dados com aqueles apresentados por Robert Conquest.  Conquest afirma que, em 1939, havia 9 milhões de prisioneiros políticos nos campos de trabalhos forçados e que outros 3 milhões morreram no período 1937-1939.  O leitor não deve se esquecer de que Conquest está falando aqui apenas de prisioneiros políticos!  Além desses, ele diz, também havia criminosos comuns que, afirma, eram em número bem maior do que os prisioneiros políticos.  Em 1950 havia, segundo ele, 12 milhões de prisioneiros políticos!  Armados com os fatos verdadeiros, podemos, ver prontamente, como Conquest é um trapaceiro.

Nenhuma de suas cifras corresponde, mesmo que remotamente, à verdade.   Em 1939, havia um total, em todos os campos, colônias e prisões, de quase 2 milhões de prisioneiros.  Desses prisioneiros, 454.000 haviam cometido crimes políticos, e não 9 milhões, como afirma Conquest. Aqueles que morreram em campos de trabalhos forçados entre 1937 e 1939 foram 160.000, e não 3 milhões, segundo ele.  Em 1950 havia 578.000 prisioneiros políticos nos campos de trabalhos forçados, e não 12 milhões.  O leitor não deve se esquecer de que, até os dias de hoje, Robert Conquest permanece como uma das principais fontes para a propaganda da direita contra o comunismo.   Entre os pseudo-intelectuais da direita, Conquest é considerado um deus.  Quanto aos números citados por Alexander Soljenitsin – 60 milhões morreram em campos de trabalhos forçados – não há necessidade de comentários.  O absurdo de tal alegação é evidente.  Só uma mente doentia poderia promover tais juízos falsos.

Deixemos agora esses falsificadores e passemos, nós mesmos, a analisar concretamente a estatística relativa ao “gulag”.  A primeira pergunta a ser feita é como devemos encarar a quantidade não adulterada de pessoas apanhadas no sistema penal.   Qual é o significado da cifra de 2,5 milhões?  Toda pessoa que é metida na prisão constitui prova viva de que a sociedade ainda se encontra insuficientemente desenvolvida para dar a todo cidadão tudo o de que ele precisa para uma vida plena.  Desse ponto de vista, os 2,5 milhões representam, de fato, uma crítica da sociedade.

A ameaça interna e externa

O número de pessoas atingidas pelo sistema penal deve ser explicado corretamente.  A União Soviética era um país que apenas recentemente havia derrubado o feudalismo, e sua herança social em termos de direitos humanos constituía um peso para a sociedade.  Em um sistema antiquado como o czarismo, os trabalhadores estavam condenados a viver em profunda miséria e a vida humana tinha pouco valor.   O roubo e o crime violento eram punidos com violência sem restrições.  As revoltas contra a monarquia geralmente terminavam em massacres, sentenças de morte e sentenças de prisão extremamente longas.  Essas relações sociais e os hábitos espirituais a elas associados levam um longo tempo para mudar, fato que influenciou no desenvolvimento da sociedade na União Soviética e nas atitudes para com os criminosos.

Um outro fator a ser levado em conta é que a União Soviética, país que, na década de 1930, tinha entre 160 e 170 milhões de habitantes, estava seriamente ameaçada pelas potências estrangeiras.  Como resultado das grandes mudanças políticas que ocorreram na Europa na década de 1930, havia uma grande ameaça de guerra por parte da Alemanha nazista, uma ameaça à sobrevivência do povo eslavo, além do que o bloco ocidental também nutria ambições intervencionistas.  Esta situação foi resumida por Stálin em 1931 com as seguintes palavras:  “Estamos de 50 a 100 anos atrás dos países adiantados.  Temos que cobrir essa lacuna em 10 anos.  Ou fazemos isto ou seremos aniquilados”.   Dez anos mais tarde, em 22 de junho de 1941, a União Soviética foi invadida pela Alemanha nazista e seus aliados.  A sociedade soviética foi forçada a fazer grandes esforços na década de 1930-1940, quando grande parte de seus recursos foi dedicada às suas preparações de defesa para a guerra que se avizinhava contra os nazistas.  Por isso o povo trabalhava duro e produzia pouco em termos de benefícios pessoais.  A introdução da jornada de sete horas foi retirada em 1937 e, em 1939, praticamente todo domingo passou a ser dia de trabalho.  Em um período difícil como esse, com uma grande guerra ameaçando o desenvolvimento da sociedade por duas décadas (1930 e 1940), guerra que custaria à União Soviética 25 milhões de vidas, com a metade do país queimada até ficar em brasa, o crime realmente tendeu a aumentar, uma vez que o povo tentava ajudar-se a si mesmo no sentido de obter aquilo que a vida não poderia de outro modo oferecer-lhe.   Durante aqueles tempos muito difíceis, a União Soviética tinha o número máximo de 2,5 milhões de pessoas em seu sistema de prisão, isto é, 2,4% da população adulta.  Como podemos avaliar esta cifra?  Significa muito ou pouco?   Comparemos.

Mais prisioneiros nos EUA

Nos Estados Unidos da América, por exemplo, uma nação com 252 milhões de habitantes (em 1996), o país mais rico do mundo, que consome 60% dos recursos do planeta, quantas pessoas estão na prisão?   Qual a situação nos EUA, um país que não está ameaçado por nenhuma guerra e onde não estão ocorrendo quaisquer mudanças sociais profundas que afetem a estabilidade econômica?

Uma notícia apareceu nos jornais de agosto de 1997, em que a agência de notícias FLT-AP informava que nos EUA jamais houve tantas pessoas nas prisões como em 1996 – um total de 5,5 milhões.  Isso representava um aumento de 200.000 pessoas desde 1995 e significava que o número de criminosos nos EUA equivalia a 2,8% da população adulta.  Esses dados encontram-se disponíveis a todos aqueles que fazem parte do Departamento de Justiça norte-americano.  O número de condenados nos EUA, atualmente, é 3 milhões mais elevado do que o número máximo que já houve na União Soviética!  Na União Soviética havia um máximo de 2,4% da população adulta na prisão por seus crimes – e nos EUA a cifra é de 2,8% e está em ascensão!  De acordo com um comunicado à imprensa divulgado pelo Departamento de Justiça dos EUA em 18 de janeiro de 1998, o número de condenados nos EUA em 1997 aumentou em 96.000.

No que diz respeito aos campos de trabalhos forçados soviéticos, é verdade que o regime era duro e difícil para os prisioneiros, mas qual é a situação atual nas prisões dos EUA, que estão cheias de violência, drogas, prostituição, escravidão sexual (nelas são registrados 290.000 estupros por ano).  Ninguém se sente seguro nas prisões norte-americanas!  E isso hoje, e numa sociedade tão rica como jamais o foi antes!

Um fator importante: a falta de remédios

Passemos agora a responder à terceira questão.  Quantos morreram nos campos de trabalhos forçados?    O número variou de ano para ano, de 5,2% em 1934 a 0,3% em 1953.  As mortes nesses campos eram causadas pela falta de recursos na sociedade como um todo e, em particular,  de remédios necessários para combater as epidemias.  Esse problema não estava confinado aos campos de trabalhos forçados, mas se encontrava presente em toda a sociedade, bem como na grande maioria dos países do mundo.  Assim que os antibióticos foram descobertos, ganhando uso geral depois da Segunda Guerra Mundial, a situação mudou radicalmente.  Na realidade, os piores anos foram os anos de guerra, quando os bárbaros nazistas impuseram condições de vida muito severas a todos os cidadãos soviéticos.  Durante aqueles quatro anos, mais de meio milhão de pessoas morreram nos campos de trabalhos forçados – metade do número total que morreu em todo o período de 20 anos em questão.   Não nos esqueçamos de que naquele mesmo período, os anos de guerra, 25 milhões de pessoas morreram entre aqueles que estavam livres.  Em 1950, quando as condições na União Soviética haviam melhorado e os antibióticos haviam sido introduzidos, o número de pessoas que morreram na prisão caiu para 0,3%. 


Entretanto, os documentos que agora estão emergindo dos arquivos soviéticos contam uma história diferente.  É necessário mencionar aqui, para começar, que os números daqueles condenados à morte tiveram que ser juntados aos poucos, de diferentes arquivos, e que os pesquisadores, a fim de chegar a uma cifra aproximada, tiveram que coletar dados desses diversos arquivos de uma forma que dá origem ao risco de contagem dupla e, assim, ao risco de produzir estimativas mais elevadas do que a realidade.  Segundo Dimitri Volkogonov,  designado por Boris Yeltsin como responsável pelos velhos arquivos soviéticos, houve 30.514 pessoas condenadas à morte pelos tribunais militares entre 1o  de outubro de 1936 e 30 de setembro de 1938.  Uma outra informação vem da KGB: de acordo com informações fornecidas à imprensa em fevereiro de 1990, houve 786.098 condenados à morte por crimes contra a revolução durante os 23 anos entre 1930 a 1953.  Daqueles condenados, segundo a KGB, 681.692 receberam suas penas entre 1937 e 1938.  Não é possível verificar as cifras da KGB, mas essa última informação está aberta à dúvida.   Seria muito estranho que um número tão grande de pessoas tivesse sido condenado em apenas dois anos.  É possível que a KGB pró-capitalismo dos tempos atuais nos desse informações corretas da KGB pró-socialismo?  Seja como for, falta verificar se as estatísticas que servem de base às informações da KGB compreendem, entre aqueles supostamente condenados à morte durante os 23 anos em questão, os criminosos comuns, bem como os contra-revolucionários, e não apenas os contra-revolucionários como a KGB pró-capitalismo alegou em um comunicado à imprensa de fevereiro de 1990.  Os arquivos também tendem à conclusão de que o número de criminosos comuns e o número de contra-revolucionários condenados à morte eram aproximadamente os mesmos. 

A conclusão que podemos tirar disso é que o número dos condenados à morte em 1937-38 era de quase 100.000, e não vários milhões, conforme sustentado pela propaganda ocidental.

Também é necessário ter em mente que nem todos os condenados à morte na União Soviética foram realmente executados. Muitas sentenças de morte eram comutadas para sentenças de encarceramento em campos de trabalhos forçados. Também é importante distinguir entre criminosos comuns e contra-revolucionários.  Muitos dos condenados à morte haviam cometido crimes violentos, tais como assassinato ou estupro.  Sessenta anos atrás, esse tipo de crime era castigado com a morte em um grande número de países.

Questão 5:  Que duração tinham, em média, as penas?  A duração das penas de prisão tem sido objeto dos boatos mais vis na propaganda ocidental.  A insinuação mais comum é que ser um condenado na União Soviética significava passar anos sem fim na prisão – quem quer que entrasse jamais saía.  Isso é totalmente falso.  A grande maioria dos que iam para a prisão na época de Stálin eram, na realidade, condenados a um período de cinco anos, no máximo.

As estatísticas reproduzidas na American Historical Review  mostram os fatos reais.  Os criminosos comuns na Federação Russa em 1936 receberam as seguintes sentenças:  até 5 anos, 82,4%;  entre 5 e 10 anos,  17,6%.   Dez anos era a sentença de prisão máxima possível antes de 1937.  Os prisioneiros políticos condenados nos tribunais civis da União Soviética em 1936 receberam as seguintes sentenças:  até 5 anos,  44,2%;  entre 5 e 10 anos,  50,7%.  Quanto àqueles condenados aos campos de trabalhos forçados do “gulag”, onde as sentenças mais longas eram cumpridas, a estatística de 1940 mostra que aqueles que cumpriram até 5 anos de prisão representavam 56,8% e aqueles cumpriram entre 5 e 10 anos, 42,2%. Somente 1% foi condenado a mais de 10 anos.

Para 1939, temos as estatísticas produzidas pelos tribunais soviéticos.  A distribuição das sentenças de prisão é a seguinte:  até 5 anos,  95,9%;  de 5 a 10 anos,  4%;  acima de 10 anos,  0,1%.

Como se pode ver, a suposta eternidade das sentenças de prisão na União Soviética constitui um outro mito espalhado no ocidente para combater o socialismo. 





As mentiras sobre a União Soviética
(Uma breve discussão a respeito dos relatórios da pesquisa)

A pesquisa conduzida pelos historiadores russos mostra uma realidade totalmente diferente daquela ensinada nas escolas e universidades do mundo capitalista nos últimos 50 anos.  Durante esse meio século de guerra fria, várias gerações aprenderam apenas mentiras sobre a União Soviética, mentiras que deixaram uma profunda impressão em muita gente.  Este fato também é evidenciado nos relatórios feitos a partir das pesquisas francesas e norte-americanas.  Nesses relatórios são reproduzidos dados, cifras e tabelas que enumeram as pessoas que foram condenadas e aquelas que morreram, cifras que são objeto de intensa discussão.  No entanto a coisa mais importante a se observar é que os crimes cometidos pelo que foram condenados jamais são alvo de qualquer interesse.  A propaganda política capitalista sempre apresentou os prisioneiros soviéticos como vítimas inocentes e os pesquisadores aceitaram essa suposição sem questioná-la.  Quando os pesquisadores passam de suas colunas de estatística para seus comentários sobre os eventos, sua ideologia burguesa aflora – algumas vezes com resultados macabros. Os condenados sob o sistema penal soviético são tratados como vítimas inocentes, mas o fato fundamental é que a maioria deles era constituída de ladrões, assassinos, estupradores etc.  Criminosos desse tipo jamais seriam considerados vítimas inocentes pela imprensa se seus crimes fossem cometidos na Europa ou nos Estados Unidos.  Mas como foram praticados na União Soviética, a avaliação é diferente.  Chamar  de inocente um assassino ou uma pessoa que estuprou mais de uma vez é jogar um jogo muito sujo.  É preciso mostrar, pelo menos, algum senso comum ao se comentar sobre a justiça soviética, pelo menos em relação aos criminosos condenados por crimes violentos e à propriedade de se condenarem pessoas que cometeram crime desse tipo.

Os “kulaks” e a contra-revolução

No caso dos contra-revolucionários, também é necessário considerar os crimes dos quais eles foram acusados.  Eis dois exemplos para mostrar a importância dessa questão: o primeiro exemplo diz respeito aos “kulaks” condenados no início da década de 1930 e o segundo se refere aos contra-revolucionários condenados entre 1936 e 1938.

Segundo os relatórios da pesquisa, no que diz respeito aos “kulaks”, os camponeses ricos, havia 381.000 famílias, isto é, 1,8 milhão de pessoas enviadas ao exílio.  Um pequeno número dessas pessoas foi condenado a cumprir sentenças em campos ou colônias de trabalhos forçados.   Mas o que deu origem a essas punições?

Os camponeses russos ricos, os “kulaks”, haviam submetido os camponeses pobres, por centenas de anos, a uma opressão e exploração sem limites.  Dos 120 milhões de camponeses em 1927, os 10 milhões de “kulaks” viviam em meio ao luxo enquanto os restantes 110 milhões viviam na miséria.  Antes da revolução, esses últimos tinham vivido na mais abjeta pobreza.  Os “kulaks” obtinham sua opulência pagando mal pelo trabalho dos camponeses pobres e, quando estes começaram a se agrupar em fazendas coletivas, sua principal fonte de riqueza desapareceu.  Mas os “kulaks” não desistiram, e tentaram restaurar a exploração através da fome.  Grupos de “kulaks” armados atacavam as fazendas coletivas, matavam os camponeses pobres e trabalhadores do partido, ateavam fogo aos campos e matavam os animais de trabalho.  Provocando a fome entre os pobres, os “kulaks” procuravam garantir a perpetuação da pobreza e suas próprias posições de poder.  Os eventos que se seguiram não foram aqueles esperados por aqueles assassinos: agora, os camponeses pobres tinham o apoio da revolução e provaram ser mais fortes do que os “kulaks”, que foram derrotados, aprisionados e enviados ao exílio ou condenados a cumprir pena em campos de trabalhos forçados.

Dos 10 milhões de “kulaks”, 1,8 milhão foi exilado ou condenado.  Pode ter havido injustiças perpetradas no curso dessa luta de classes colossal no campo soviético, uma luta envolvendo 120 milhões de habitantes.  Mas podemos culpar os pobres e oprimidos, em sua luta por uma vida que merecesse ser vivida, em sua luta para garantir que seus filhos não morressem de fome ou crescessem analfabetos, por não serem suficientemente “civilizados” ou por não mostrarem clemência em seus tribunais?  Poderia alguém acusar pessoas que, por centenas de anos, não tiveram nenhum acesso aos progressos feitos pela civilização, por não serem civilizados?  E, digam-nos, quando é que o explorador "kulak" foi civilizado ou clemente em suas relações com os camponeses pobres durante anos e anos de exploração sem fim?

Os expurgos de 1937

Nosso segundo exemplo, relativo aos contra-revolucionários condenados nos julgamentos de 1936-38 que se seguiram aos expurgos do partido, do exército e do aparelho do estado, tem suas raízes na história do movimento revolucionário na Rússia.  Milhões de pessoas participaram da luta vitoriosa contra o czar e a burguesia russa, e muitos entraram para o Partido Comunista Russo.  Entre  esses havia, infelizmente, alguns que entraram para o partido por razões que não eram a luta pelo proletariado  e pelo socialismo.   Mas a luta de classes era tal que, com freqüência, não havia tempo nem oportunidade para testar os novos militantes do partido.  Até mesmo militantes de outros partidos que se diziam socialistas e haviam lutado contra o partido bolchevique foram admitidos no Partido Comunista.  A alguns desses novos ativistas foram entregues cargos importantes no Partido Bolchevique, no estado e nas forças armadas, dependendo de sua capacidade individual para conduzir a luta de classes.  Foram tempos muito difíceis para o jovem estado soviético, e a grande falta de quadros – ou mesmo de pessoas que pudessem ler – forçou o partido a fazer poucas exigências quanto à qualidade dos novos ativistas e quadros.  Por causa desses problemas surgiu, com o tempo, uma contradição que fendeu o partido em dois campos – de um lado, aqueles que pressionavam para que a luta avançasse no sentido de construir uma sociedade socialista e, do outro, aqueles que pensavam que as condições ainda não estavam maduras para a construção do socialismo e que promoviam a social-democracia.  A origem dessas idéias está em Trotski, que havia entrado para o partido em julho de 1917.  Trotski conseguiu, com o tempo, assegurar o apoio de alguns dos bolcheviques mais conhecidos.  Essa oposição unificada contra o plano bolchevique original proporcionou uma das opções políticas que foi objeto de uma votação em 27 de dezembro de 1927.  Antes de essa votação ser realizada, um grande debate se desenrolou por muitos anos e seu resultado em ninguém deixou alguma dúvida: dos 725.000 votos apurados, a oposição obteve 6.000, isto é, a oposição unificada era apoiada por menos de 1% dos ativistas do partido.

Como conseqüência da referida votação e quando a oposição começou a trabalhar por uma política contrária àquela do partido, o Comitê Central do Partido Comunista decidiu expulsar do partido os principais líderes da oposição unificada.  A figura central da oposição, Trotski, foi expulso da União Soviética.  Mas a história dessa oposição não terminou ali.  Mais tarde, Zinoviev, Kamenev e Zvdokine, bem como vários trotskistas importantes, tais como Pyatakov, Radek, Preobrazhinsky e Smirnov  fizeram sua autocrítica.  Todos eles foram novamente aceitos no partido como ativistas e assumiram, mais uma vez, seus cargos no partido e no estado.  No decorrer do tempo, tornou-se claro que a autocrítica feita pela oposição não tinha sido genuína, uma vez que os líderes oposicionistas se uniam do lado da contra-revolução toda vez que a luta de classes se acentuava na União Soviética.  A maioria dos oposicionistas foi expulsa e readmitida outras vezes antes que a situação se aclarasse completamente em 1937-38.




Sabotagem industrial

O assassinato, em dezembro de 1934, de Kirov, presidente do partido de Leningrado e uma das pessoas mais importantes do Comitê Central, deu origem à investigação que levaria à descoberta de uma organização secreta engajada na preparação de uma conspiração para assumir a liderança do partido e do governo do país por meios violentos.  Os conspiradores, que haviam perdido a luta política em 1927, esperavam agora ganhá-la por meio da violência organizada contra o estado.  Suas armas principais eram a sabotagem industrial, o terrorismo e a corrupção.  Trotski, a principal inspiração da oposição, dirigia suas atividades do exterior.  A sabotagem industrial causou prejuízos terríveis ao estado soviético. Por exemplo, máquinas importantes foram danificadas sem possibilidade de reparo e houve uma enorme queda de produção nas minas e fábricas. 

Quem, em 1934, descreveu o problema foi o engenheiro norte-americano John Littlepage, um dos especialistas estrangeiros contratados para trabalhar na União Soviética. Littlepage passou 10 anos trabalhando na indústria de mineração soviética – de 1927 a 1937, principalmente em minas de ouro.   Em seu livro  In Search of Soviet Gold  (Em Busca do Ouro Soviético), ele escreve:

“Nunca tive nenhum interesse nas sutilezas das manobras políticas na Rússia, na medida em que podia evitá-las;  mas  tinha que estudar o que estava acontecendo na indústria soviética a fim de fazer o meu trabalho.  E estou firmemente convencido de que Stálin e seus colaboradores levaram um longo tempo para descobrir que os comunistas revolucionários descontentes eram seus piores inimigos”.

Littlepage também escreveu que sua experiência pessoal confirmou a declaração oficial de que a grande conspiração dirigida do exterior estava empregando uma intensa sabotagem industrial como parte de seus planos para forçar o governo a cair.  Em 1931, ele já tinha se sentido obrigado a registrar isso, enquanto trabalhava nas minas de cobre e bronze nos Urais e no Cazaquistão.  As minas eram parte de um grande complexo de cobre e bronze sob a direção geral de Pyatakov, o vice-comissário do povo para a indústria pesada.  As minas estavam em um estado catastrófico em termos de produção e bem-estar de seus trabalhadores.  Littlepage chegou à conclusão de que estava em curso uma sabotagem organizada, que vinha da administração superior do complexo de cobre e bronze.

O livro de Littlepage também nos diz de onde a oposição trotskista recebia o dinheiro necessário para pagar por essa atividade contra-revolucionária.  Muitos membros da oposição secreta utilizaram seus cargos para aprovar a compra de máquinas de certas fábricas no exterior.  Os produtos aprovados eram de qualidade muito inferior à qualidade dos produtos pelos quais o governo soviético havia realmente pago.  Os produtores estrangeiros davam à organização de Trotski o excedente de tais transações e, como resultado disso, ele e seus co-conspiradores na União Soviética continuavam a fazer encomendas junto a esses fabricantes.

Roubo e corrupção

Este procedimento foi observado por Littlepage em Berlim, na primavera de 1931, ao comprar elevadores industriais para minas.  A delegação soviética era chefiada por Pyatakov, com Littlepage como o especialista encarregado de verificar a qualidade dos elevadores e da aprovação da compra.  Littlepage descobriu uma fraude envolvendo elevadores de baixa qualidade, inúteis para as finalidades soviéticas, mas, quando informou Pyatakov e os outros membros da delegação soviética sobre esse fato, eles reagiram com frieza, como se quisessem desconsiderá-lo, e insistiram para que ele aprovasse a compra dos elevadores.  Littlepage não queria fazer isso.  Na ocasião, pensou que o que estava acontecendo envolvia corrupção pessoal e que os membros da delegação haviam sido subornados pelos fabricantes dos elevadores.  Mas, depois que Pyatakov, no julgamento de 1937, confessou suas ligações com a oposição trotskista, Littlepage chegou à conclusão de que o que ele havia testemunhado em Berlim era muito mais do que corrupção em nível pessoal.  O dinheiro envolvido era destinado a pagar pelas atividades da oposição secreta na União Soviética, atividades que compreendiam sabotagem, terrorismo, suborno e propaganda. 

Zinoviev, Kamenev, Pyatakov, Radek, Tomsky, Bukharin e outros, muito amados pela imprensa burguesa, usavam os postos recebidos do povo soviético e do partido para roubar dinheiro do estado a fim de permitir que os inimigos do socialismo o utilizassem para fins de sabotagem e em sua luta contra a sociedade socialista na União Soviética.


Planos para um golpe

Roubo, sabotagem e corrupção são crimes graves em si mesmos, mas as atividades da oposição foram mais além.  Uma conspiração contra-revolucionária estava sendo preparada visando à tomada do poder de estado por meio de um golpe no qual toda a liderança soviética seria eliminada, começando com o assassinato dos membros mais importantes do Comitê Central do Partido Comunista.   As ações militares do golpe seriam realizadas por um grupo de generais chefiados pelo marechal Tukachevski.

Segundo Isaac Deutscher (ele próprio trotskista), que escreveu vários livros contra Stálin e a União Soviética, o golpe devia ser iniciado por uma operação militar contra o Kremlin e as tropas mais importantes nas grandes cidades, tais como Moscou e Leningrado.  A conspiração era, de acordo com Deutscher, liderada por Tukachevski, juntamente com Gamarnik,  chefe do Comissariado Político do Exército, o general Yakir, o comandante de Leningrado,  general Uborevich, o comandante da Academia Militar de Moscou, e o general Primakov, comandante da Cavalaria.

O marechal Tukachevski tinha sido oficial no antigo exército czarista e, depois da revolução, passou para o Exército Vermelho.  Em 1930, quase 10% dos oficiais (perto de 4.500) eram ex-oficiais czaristas.  Muitos deles jamais abandonaram sua ideologia burguesa e estavam só esperando uma oportunidade para lutar por ela.  Essa oportunidade surgiu quando a oposição começou a preparar o seu golpe.

Os bolcheviques eram fortes, mas os conspiradores civis e militares não mediam esforços para reunir amigos poderosos a seu favor.  De acordo com a confissão de Bukharin, em seu julgamento público em 1938, um acordo foi feito entre a oposição trotskista e a Alemanha nazista, segundo o qual grandes territórios, inclusive a Ucrânia, seriam cedidos aos nazistas em seguida ao golpe contra-revolucionário na União Soviética.  Esse era o preço exigido pela Alemanha por sua promessa de apoio aos contra-revolucionários.  Bukharin tinha sido informado sobre esse acordo por Radek, que havia recebido uma ordem de Trotski nesse sentido.  Todos esses conspiradores, que haviam sido escolhidos para altos cargos para liderar, administrar e defender a sociedade socialista, estavam, na realidade, trabalhando para destruir o socialismo.  Acima de tudo, é necessário lembrar que tudo isso estava acontecendo na década de 1930, quando o perigo nazista crescia sempre e os exércitos nazistas estavam incendiando a Europa e se preparando para invadir a União Soviética.

Os conspiradores foram condenados à morte como traidores, após um julgamento público.  Aqueles julgados culpados de sabotagem, terrorismo, corrupção, tentativa de assassinato e que haviam desejado ceder parte do país aos nazistas não podiam esperar outra coisa.  Chamá-los de vítimas inocentes constitui um erro completo.


Mais inúmeras mentiras

É interessante ver como a propaganda ocidental, através de Robert Conquest, tem mentido a respeito dos expurgos do Exército Vermelho.  Conquest diz, em seu livro The Great Terror (O Grande Terror), que em 1937 havia 70.000 oficiais e comissários políticos no Exército Vermelho e que 50% deles (isto é, 15.000 oficiais e 20.000 comissários) foram presos pela polícia política e foram ou executados ou condenados à prisão perpétua nos campos de trabalhos forçados.  Nessa alegação de Conquest, como em todo o seu livro, não há uma palavra de verdade.  O historiador Roger Reese, em seu livro The Red Army and the Great Purges (O Exército Vermelho e os Grandes Expurgos) expõe os fatos que mostram o real significado dos expurgos de 1937-38.  O número de pessoas na liderança do Exército Vermelho e força aérea, isto é, oficiais e comissários políticos, era de 144.300 em 1937, tendo aumentado para 282.300 até 1939.  Durante os expurgos de 1937-38, 34.300 oficiais e comissários políticos foram expulsos por razões políticas.  Entretanto, até maio de 1940, 11.596 já haviam sido reabilitados e reconduzidos a seus postos.  Isto significa que, durante aqueles expurgos, 22.705 oficiais e comissários políticos foram demitidos (cerca de 13.000 oficiais do exército, 4.700 oficiais da força aérea e 5.000 comissários políticos), o que representa 7,7% de todos os oficiais e comissários – e não 50%, como alega Conquest.  Desses 7,7%, alguns foram condenados como traidores, mas, em sua grande maioria, pelo que se depreende do material histórico disponível, simplesmente retornaram à vida civil.

Uma última questão.  Os julgamentos de 1937-38 foram justos com os acusados?  Examinemos, por exemplo, o julgamento de Bukharin, o mais alto funcionário do partido, que trabalhava para a oposição secreta.  De acordo com o embaixador norte-americano em Moscou na época,  um advogado de renome chamado Joseph Davies, que assistiu a todo o julgamento, Bukharin teve permissão para falar livremente durante todo o julgamento e expor seu caso sem nenhum tipo de impedimento.  Joseph Davies escreveu a Washington relatando que, durante o julgamento, ficou provado que os réus eram culpados dos crimes de que eram acusados e que a opinião geral entre os diplomatas que assistiam ao processo era que a existência de uma conspiração muito grave havia sido provada.


Aprendamos com a história

A discussão do sistema penal soviético durante a época de Stálin, sobre o qual milhares de artigos e livros mentirosos foram escritos e centenas de filmes foram feitos transmitindo falsas impressões, leva a lições importantes.  Os fatos provam, novamente, que são falsos os artigos e reportagens publicados na imprensa burguesa a respeito do socialismo.  A direita pode, por intermédio da imprensa, rádio e TV, que ela domina, causar confusão, distorcer a verdade e levar muitas pessoas a acreditar nas mentiras.  Isso é particularmente verdadeiro quanto se trata de questões históricas.  Quaisquer novas matérias jornalísticas apresentadas pela direita devem ser consideradas falsas até que o contrário seja provado.  Essa abordagem cautelosa é justificada.  O fato é que, mesmo sabendo a respeito dos relatórios da pesquisa histórica russa, a direita continua a reproduzir as mentiras ensinadas nos últimos 50 anos, embora tais mentiras tenham sido completamente desmascaradas.  A direita continua com sua herança histórica:  uma mentira repetida muitas vezes acaba sendo aceita como verdade.  Após os relatórios da pesquisa histórica russa terem sido publicados no Ocidente, alguns livros começaram a aparecer em diferentes países com o único propósito de chamar a atenção sobre a pesquisa e permitir que velhas mentiras sejam apresentadas ao público como novas verdades.  Esses livros são bem apresentados e recheados, de capa a capa, de mentiras sobre o comunismo e o socialismo.

As mentiras da direita são repetidas a fim de combater os comunistas atuais.  São repetidas de modo que os trabalhadores não encontrem nenhuma alternativa ao capitalismo e ao neoliberalismo.  Fazem parte da guerra suja contra os comunistas, os quais são os únicos que têm uma alternativa a oferecer para o futuro, isto é, a sociedade socialista.  Esta é a razão para o aparecimento de todos esses novos livros contendo velhas mentiras.

Tudo isso propõe uma obrigação a todo aquele que tenha uma visão socialista da história: devemos assumir a responsabilidade de trabalhar para transformar os jornais comunistas em autênticos jornais das classes trabalhadoras, a fim de combater as mentiras burguesas!  Esta é, sem dúvida, uma importante missão na atual luta de classes, que, no futuro próximo, irromperá novamente com força renovada.


(Extraído da revista North Star Compass– 280 Queen St. W., Toronto, Ontário, Canadá, M5V 2A1
Publicado pela Comissão Organizadora para o Conselho Internacional de Amizade e Solidariedade com o Povo Soviético de junho de 1998)

FONTE: http://pcrbrasil.org/mentiras-relativas-a-urss/

O PODER DO ESPERMA: SEMETERAPIA OU SEMENTERAPIA. QUE É ISTO?

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A sementerapia é uma prática alternativa, considerada por muitos uma medicina alternativa, que consiste simplesmente na ingestão do esperma. Acredita-se que a ingestão regular do esperma, pelo menos duas vezes por semana, leve a melhorias consideráveis na saúde das mulheres. Os estudos realizados em mulheres que praticavam este tipo de terapia denotaram benefícios como uma menor taxa de cancro no ovário, redução de problemas graves de acne entre outros. Segundo fontes de pesquisa, o esperma estimula também o sistema imunológico. Para reforçar estudos confirmam fazer bem a pele, tendo o mesmo efeito retardante do colágeno.
 Muitas mulheres têm "nojo" ou pudor do esperma. Será que estes tabus tem fundamento? Será que o esperma masculino é prejudicial ao organismo feminino de alguma maneira? A deglutição da ejaculação do parceiro causa danos a saúde? São estes assuntos que iremos abordar nesta postagem. Muitas mulheres dizem que sabem e conhecem o poder do esperma, mas será mesmo? O esperma contém uma multiplicidade de substancias responsáveis pelo seu sabor, melhor ou pior. Citamos algumas como: ácido ascórbico, cítrico e láctico, frutose, potássio, magnésio, zinco e vitaminas B12/E/C. Com essa constituição não é de admirar que algumas mulheres se queixem do sabor do esperma, no entanto neste aspecto você possui ao seu alcance a solução para que se deguste de forma saborosa e prazerosa. Estudos indicam que a alimentação que um Homem leva interfere diretamente no sabor e odor do esperma.
 Homens com uma dieta rica em vitaminas e frutas como a maçã, banana, pêssego, legumes e brócolis, possuem um esperma mais apelativo ao sexo oral. O esperma faz mal ao organismo feminino? Apesar de vivermos numa sociedade moderna, acreditem que ainda existem muitas mulheres com receio de engolir o esperma do parceiro. Isto se deve em parte a tabus criados durante a infância destas ou a medos irracionais de que engolir esperma acarretará problemas futuros para a saúde. O esperma é composto, como já foi referido em parte anteriormente, pelos espermatozoides, proteínas, frutose, vitaminas, sais minerais e outras substâncias menos importantes pelo que é altamente nutritivo, embora as poucas quantidades que a mulher ingira pouco irão alterar os níveis de nutrição do organismo, portanto o esperma não faz mal a saúde. Aliás, estudos recentes indicam que o esperma possui efeitos antidepressivos, o sémen contém hormônios responsáveis por alterar o humor, incluindo a testosterona e o estrogênio. Estudiosos alertam ainda que ingerir o fluido pode ter o mesmo efeito, a exemplo da pílula anticoncepcional, que conserva os esteróides depois de ser engolida. Descrição: clique aqui

Alguns Beneficios para a saude da mulher.
·  antidepressivo: um estudo sugeriu que a ingestão de esperma pode ter efeitos antidepressivos. O estudo comparou dois grupos de mulheres, um dos quais utilizados sistemas, contraceptivo, o outro não.
·  Prevenção de pré-eclampsia :. estudo de Carin Koelman, Dekker Gustaaf, e outros, demonstra os benefícios de tomar o esperma por meio de sexo oral na redução da incidência de pré-eclampsia da gravidez. Uma conclusão semelhante surge um estudo mexicano.
·  Facilitação da concepção em casais ipofertili:. Um estudo sugere a utilidade de exposição ao sémen na promoção concepção em casais ipoferti, provavelmente através de um mecanismo de tolerância imunológica.
·  Prevenção do câncer de mama : Um estudo publicado na revista Oncology sugere que a ingestão regular de esperma, reduz significativamente o risco de câncer de mama.
·  Estimulação do crescimento do cabelo: A espermidina , presente amina aromática, no entanto, não só mas também de esperma no leite ou outros fluidos corporais, é utilizado desde há vários anos contra a perda de cabelo.
·  Reduzir o risco de endometriose: um estudo de 619 mulheres chamadas Pêssego (PID Avaliação Clínica e Saúde) determinou que as mulheres que praticam o sexo oral e engolem o sêmen tem um risco significativamente menor de desenvolver endometriose do que aqueles que não a praticam, provavelmente através de uma estimulação imune desencadeada pelo presente tecido linfóide abundante na orofaringe.
Na busca incessante por compreender o mundo, nem mesmo os fluidos humanos passam longe do olhar da ciência. Conheça a seguir oito usos inusitados (dois dos quais não têm exatamente aval científico) para o esperma humano:
1 – Hidratante de pele
O fluido contém um antioxidante chamado espermina, que pode ser usado para suavizar rugas, deixar a pele mais macia e até mesmo combater acne. De olho nesse potencial cosmético, a empresa norueguesa Bioforskning sintetizou o composto e o colocou à venda como creme facial. Quem não se incomodar com a procedência do produto pode comprá-lo através dos sites Townhouse Spa (por aproximadamente R$ 500) e Graceful Services (por cerca de R$ 250).
2 – Ingrediente culinário
O cozinheiro Fotie Photenhauer elevou a um novo patamar a ideia de “pratos exóticos” em seu livro Natural Harvest (“Colheita Natural”), no qual compilou receitas preparadas com sêmen humano. Eis a descrição da obra (com alguns comentários nossos entre colchetes): “Sêmen não é apenas nutritivo, mas também tem uma textura maravilhosa e incríveis propriedades culinárias. Como bons vinhos [!] ou queijos  [!!], o gosto do sêmen é complexo e dinâmico. Sêmen não é caro de se produzir [de fato] e é normalmente disponível em muitos lares e restaurantes. Apesar de todas essas qualidades positivas, o sêmen permanece negligenciado como alimento [por que será?]“Este livro espera mudar isso“Assim que você superar a hesitação inicial, você irá se surpreender em aprender quão maravilhoso o sêmen é na cozinha. Sêmen é um ingrediente excitante que pode dar a cada prato que você fizer uma interessante reviravolta [especialmente se você contar o que usou]. Se você é um cozinheiro apaixonado e não tem medo de experimentar novos ingredientes, você vai amar este livro de cozinha!”.
3 – Pintura
O artista Martin Von Ostrowski se tornou conhecido por suas pinturas feitas com fluidos corporais (inclusive um retrato de Hitler pintado com fezes). Em 2008, o artista realizou uma exposição no Museu Gay de Berlim (Alemanha) com quadros pintados com sêmen. Levando em conta que cada quadro exigiria material de 40 ejaculações, a exposição provavelmente demandou que Von Ostrowski ejaculasse pelo menos mil vezes – a “tinta” era mantida congelada para não estragar.
4 – Tinta Invisível
Em um provável surto de criatividade, cientistas do Serviço Secreto de Inteligência Britânica descobriram que sêmen podia ser usado para produzir tinta invisível, que só se revela na presença de certos produtos químicos. As pesquisas foram realizadas na época da Primeira Guerra Mundial e seus resultados foram aproveitados durante o conflito.
5 – Antidepressivo para mulheres
A polêmica ideia motivou um estudo em 2002, que revelou que mulheres diretamente “expostas” a sêmen se mostravam menos deprimidas. Na época, os autores atribuíram esse efeito aos hormônios presentes no fluido.“De fato, o sêmen possui um perfil químico complicado, contendo mais de 50 diferentes compostos (inclusive hormônios, neurotransmissores, endorfinas e imunosupressores), cada um com uma função especial e em concentrações diferentes no plasma seminal”, explica o psicólogo Jesse Bering. Entre os elementos, estão cortisol (que aumenta afeição), estrona (que melhora o humor), prolactina (um antidepressivo natural), oxitocina (que também melhora o humor), melatonina (que induz sono) e serotonina (um dos mais conhecidos neurotransmissores antidepressivos).
6 – Controle de ovulação
Recentemente, pesquisadores da Universidade de Saskatchewan (Canadá) descobriram que há no sêmen uma proteína capaz de induzir ovulação – a mesma responsável por regular o crescimento, a manutenção e a sobrevivência de células nervosas. É possível que essa proteína atue sobre o hipotálamo e a glândula pituitária do cérebro feminino, provocando a liberação de hormônios responsáveis pela ovulação.
7 – Combate ao enjoo matinal
Uma ideia defendida pelo psicólogo Gordon Gallup pode chocar algumas leitoras: ele sugere que mulheres grávidas sentem enjoo porque seus corpos estão rejeitando o material genético do esperma; assim, ingerir o fluido poderia gradualmente fortalecer sua imunidade e reduzir os enjoos. O estudo foi apresentado este ano no encontro da Northeastern Evolutionary Psychology Society (EUA). Outra pesquisa, feita em 2000, mostrou que a prática de sexo oral pode ajudar a reduzir os riscos de pré-eclâmpsia em mulheres grávidas.
8 – Armazenamento de informação
Este ano, pesquisadores das Universidades de Harvard e Johns Hopkins (EUA) desenvolveram uma técnica para arquivar informações em DNA, aproveitando sua organização sequencial de dados. Por esse processo, é possível armazenar uma quantidade absurda de dados (1 petabyte, ou 1.024terabytes) em míseros 1,5 mg de DNA, quantidade presente em um cubo de 1mm³ de esperma.

http://profreporter.blogspot.com.br/2012/04/o-poder-do-esperma-masculino.html
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