Os textos que lerão abaixo são do professor e escritor Francisco Costa, eu pretendia escrever para o Blog sobre Fidel, mas não precisei no momento porque as postagens dele são muito elucidativas, publicarei daqui um tempo uma ressalva, no entanto, esse professor – que admiro e compartilho muitos de seus pensamentos e textos - sempre diz com todas as letras aquilo que um letrado que não é coxinha precisa saber...
POR [1]FRANCISCO COSTA
A mídia ocidental, particularmente a brasileira, teta que aleita a consciência dos alienados tupiniquins, não falou que Cuba tem o segundo IDH das Américas, atrás só do Canadá, na frente dos Estados Unidos, do México e do Brasil.
Não falou que, mesmo com o boicote internacional, sem que nenhum país fizesse o aporte de pelo menos um dólar para Cuba – eles - descobriram a vacina contra o câncer de pulmão, a cura do vitiligo e é o país mais adiantado nas pesquisas de uma vacina antiaids.
Quando todos os médicos do mundo recuaram da África, com medo de se contaminarem com o Ebola, os médicos cubanos os substituíram e debelaram essa praga que estava dizimando o povo africano, com risco de exterminar a espécie humana no planeta.
Para o Brasil formar médicos na mesma proporção em que Cuba forma, teríamos que formar mais de meio milhão de médicos, anualmente, e não formamos um quinto disso.
O Brasil exporta soja, os Estados Unidos exportam caças e soldados, Cuba exporta médicos, considerados os melhores do mundo (na ponte aérea Miami-Havana, metade dos passageiros são turistas e empresários, metade é de doentes buscando tratamentos alternativos).
O índice de analfabetismo na ilha é de 0,01% e só não é admitido zero porque lá todos estão obrigados a se alfabetizar e pode haver algum coxinha clandestino, desses que só colam figurinhas nas redes sociais, no Brasil.
Eu poderia me estender, apontando outros êxitos da revolução cubana, mas quero me deter na questão do regime assassino.
É verdade: em 50 anos os comunistas executaram aproximadamente 15 000 dissidentes, incluindo-se os espiões norte americanos, a elite da ditadura de Fulgêncio Batista, que antecedeu a Fidel, e corruptos da classe dominante. Lá não há Lava Jato, todos são iguais perante a lei.
Dividindo-se 15 000 por 50, chegaremos a 300 por ano, na média (ressalto que mais da metade dos 15 000 foram executados nos primeiros 5 anos do novo regime).
Regime cruel, que tira a vida de 300 seres humanos por ano.
Reportemo-nos agora para a Terra Brasilis, pátria de coxas, paneleiros e propineiros, para mostrarmos que não vivemos numa ditadura e que o regime não é cruel.
Segundo o IBGE, a partir dos registros policiais, são assassinadas 60 000 pessoas POR ANO, na pátria dos alienados, o equivalente a 200 anos da cruel ditadura cubana.
Quem mata, e a título de quê?
Aprofundando-nos nas pesquisas, veremos que 10% dos assassinatos ficam por conta da legítima defesa, crimes passionais, acidentes com armas de fogo... E 90% são execuções.
Essas execuções ocorrem em bairros nobres, em condomínios de luxo, ou nas periferias urbanas, nos guetos e favelas, nos bairros proletários?
Alguém já ouviu falar que policiais arrombaram portas de mansões a pontapés? E barracos? Já se ouviu dizer que policiais e milicianos espalharam balas perdidas em condomínios de bacanas? Quando Mauricinhos e Patricinhas se reúnem para orgias de cocaína e crack a polícia invade a cobertura de frente para o mar? Mas quando é num subúrbio...
A serviço de quem esta polícia está? Essa mesma polícia que reprime com violência as manifestações políticas dos insatisfeitos, usando os mesmos métodos. Do povo certamente não é.
E quais são as motivações, para justificar as execuções?
Narcotráfico. A Polícia Federal apreendeu um helicóptero com quase meia tonelada de pasta de cocaína. Na fazenda de outro Senador, que nada tem a ver com o helicóptero, foi encontrada uma bombona usada para transportar leite, cheia de cocaína (quase duzentos quilos). Foram investigados, foram presos?
Já o negrinho filho do operário, com algumas graminhas no bolso...
Roubo? Morrem porque afanaram uma bicicleta de mil reais, uma botija de gás, de cem reais, assaltaram e pegaram uns poucos mil reais?
Quantos essa mesma polícia matou, na Lava Jato, por terem roubado milhões de dólares?
Esta polícia tem lado? É mantenedora da ordem ou dos privilégios da classe dominante?
A definição clássica de ditadura é a imposição dos interesses de uma classe sobre a outra. Há democracia no Brasil?
Segundo a ONU, a polícia brasileira é a mais violenta do mundo.
A mídia que clama uma Cuba violenta é a mesma que fatura com a violência nacional, com programas de mundo cão, dirigidos às alienadas vítimas do sistema, aplaudindo a matança de pobres e defendendo ladrões ricos.
Em Cuba o sistema matou os que quiseram uma Cuba igual ao Brasil.
No Brasil, morrem porque não foram criados lá, com assistência médica, saúde, educação e emprego.
Para o brasileiro, ter liberdade é ter o direito de optar se vai comprar um tênis Adidas ou Nike, se vai ver a matança no programa do Datena ou em outro, similar...
Ser livre, para eles, é não ter formação nenhuma e por isso acreditarem-se sabedores de tudo, até a polícia chegar, a serviço de algum poderoso.
Continuando
OS COXINHAS DE LÁ MORRERAM AFOGADOS
Um coxinha, essa anomalia que substituiu o cérebro por um HD externo, da mídia, veio ao meu chat, navegando em desaforos, para me perguntar porque exalto Cuba.
Meu caro coxinha!
Imagine um país sem shoppings, sem Black Friday, sem roupas de etiqueta, restaurantes de luxo, igrejas promovendo a salvação imediata e curas milagrosas, carros de último modelo, mansões, iates... Uma merda, não é mesmo?
Agora imagine um país onde TODOS fazem as três refeições diárias, TODOS estudam ou estudaram, TODOS têm assistência médica e odontológica, TODOS têm consciência, e os órgãos internacionais classificam esse país como modelo nos sistemas de saúde e educação.
Para que isso seja possível é necessário que não haja uma maioria trabalhando para sustentar os que consomem nos shoppings, aproveitam o Black Friday, vestem roupas importadas, frequentam restaurantes de luxo, passeiam em seus carrões e iates de luxo e depois vão para suas mansões, descansar, ou para as igrejas, orar, para agradecer a Deus a graça alcançada.
Você falou mais, que Cuba é um país ateu. Não! É tão laico quanto o Brasil. A diferença está em que lá não existe a profissão de líder religioso, alguém que vive da fé alheia, fazendo fortuna.
Lá o sujeito é médico, engenheiro, pedreiro ou carpinteiro durante a semana, e no final da semana, depois de ter dado o seu quinhão para a sociedade, pode escolher se vai à praia, se vai encher a cara de rum, jogar beisebol, visitar um parente ou ir para uma igreja ou macumba, lá chamada de santaneria.
Lá, liderança religiosa como atividade principal é sinônimo de charlatanismo e vagabundagem.
Depois você apontou as filas. É verdade, lá há fila para quase tudo.
Não sei onde você mora, coxinha, mas imaginemos que no seu bairro morem cinco mil pessoas.
O açougueiro do seu bairro compra carne suficiente para quinhentos fregueses, para não encalhar, e a carne é vendida sem filas.
Já em Cuba forma-se uma fila de cinco mil pessoas, e todos compram a carne.
Aqui o poder econômico determina quem vai comer carne. Lá, a ordem de chegada na fila determina quem vai comer carne primeiro, entre TODOS.
E vem você com a conversa que em Cuba não há liberdade.
O que é a liberdade, o direito de ambicionar uma jóia e comprar uma bijuteria, desejar ir à Europa e não ter dinheiro para tomar um ônibus e ir ao bairro vizinho, sonhar bacalhoada e comer ovo frito, consultar o índice da Bolsa, o mercado de capitais, a cotação do dólar, como quem lê livro de ficção?
Ser livre é ter o direito de admirar o iate alheio, a mansão alheia, as viagens alheias, o carrão alheio, sabendo que nunca terá igual, ou desejar o que está ao seu alcance porque ao alcance de todos, igualitariamente?
Lá, não procure por joalherias, agências de câmbio, corretoras de valores, shoppings... Os cubanos não conhecem isso. Como não pode ser para todos, não é para ninguém.
Achei interessante como você cobrou de Cuba (e de Fidel), como se fosse um país gigantesco, super armado.
Saiba que Cuba é uma ilha menor que o estado de Santa Catarina, com uma população aproximadamente igual à da cidade de São Paulo, mais próxima dos Estados Unidos (Flórida) que o Rio de Janeiro de São Paulo, e no entanto ousou desafiar e resistir à maior potência bélica do planeta, mesmo sob boicote internacional, sem poder comprar nada e vender nada para nenhum país, buscando a auto suficiência em tudo. Isso por meio século.
Fosse um povo infeliz ou revoltado e teria mais facilidade de se entregar aos algozes que um país maior e mais distante. Se não o fizeram é porque estão satisfeitos.
Quanto a Fidel, leia a sua biografia, ultrapassa muitos heróis de ficção, fabricados nos laboratórios do capitalismo.
Por fim, você sabe do que mais gosto em Cuba?
Lá não tem coxinhas, morreram todos afogados em livros, reencarnando seres conscientes.