POR DAVID DA COSTA COELHO
Quando se trata da evolução tecnológica humana, há uma frase icônica, a de que a idade da pedra acabou não pela falta de pedra, mas sim porque o homem inventou algo melhor, superando aquela tecnologia; mas você conhece algo da tecnologia humana moderna que não utilize pedra? Das ruas e estradas por onde os veículos andem, as nossas casas, prédios, represas, portos, aeroportos, ou seja, nós jamais abandonamos a tecnologia da pedra, nos melhoramos o conhecimento dela para melhor nos servir, e é isso que veremos com o petróleo e as energias ‘limpas... ’
Há um mito na civilização moderna de que o petróleo é uma praga e está destruindo o planeta, mas foi graças ao ouro negro – petróleo - que se impediu as baleias de serem extintas pelos caçadores de baleia do século XIX pelo seu óleo usado na iluminação e outros derivados, que possibilitou a construção de motores a explosão – gasolina – e a compressão – óleo diesel – impedindo a destruição de florestas para produzir carvão para as máquinas e trens à vapor, e deixar de queimar madeiras para usar as cinzas como fertilizantes...
Foi o petróleo que permitiu a construção da civilização moderna, do surgimento da indústria química, espacial, médica, se for dito tudo que se faz com petróleo, eu teria que escrever um livro, mas a principal contribuição do petróleo está onde menos se espera; nas bocas de todos nós, e não é só no batom feito de petróleo, e sim na nossa [1]comida...
Sem petróleo não há fertilizantes sintéticos para fertilizar as lavouras do mundo inteiro e alimentar mais de 7 bilhões de pessoas, pois antes da descoberta do fertilizante sintético, as principais potências mundiais faziam guerras por esses recursos, ou insuflavam guerras entre nações para obter esses fertilizantes naturais acumulados ao longo de milênios, depositados em determinados tipos de pedras, ou nas fezes de pássaros e morcegos, pela sua grande concentração em determinados locais...
Mas em geral, todos os seres vivos depositam nitratos em suas fezes. Por isso hoje a China esta tornando os esgotos de todas as suas cidades um negócio da China, e sobra documentários, livros e trabalhos acadêmicos sobre isso porque na natureza há um ciclo da vida que se preenche quando seres vivos consomem matéria orgânica advindas de plantas e animais, e ao retornar ao solo, na forma de fezes e urina, devolvem para as plantas tais nutrientes.
Quando esse ciclo é interrompido, gera algo conhecido como ruptura metabólica. Isso faz com que os solos onde se planta a agricultura moderna fiquem cada vez mais pobres, necessitando de nutrientes orgânicos ou sintéticos para fazer as plantas crescerem, e como não há essa quantidade de nutrientes orgânicos a disposição no mundo, salvo em poucos países que os monopolizam, a opção mundial são os nutrientes advindos da indústria do petróleo, e não da suposta energia limpa, cujos componentes necessitam de peças advindos da indústria do petróleo...
A energia limpa tão propalada pelos insanos do aquecimento global que desconhecem que dentro em poucos anos caminharemos para uma mini idade do gelo, que não ocorreu ainda devido as erupções vulcânicas atípicas desde o Krakatoa até os dias de hoje, bem como a emissão de carbono e outros gases de efeito estufa. E o petróleo, como toda tecnologia essencial humana, precisa sim ser melhorado e muito, e a ciência moderna caminha nesse sentido...
Mas acreditar que a energia ‘limpa’ pode surgir por mágica no dia seguinte e mudar todas as coisas na terra, inclusive o tal aquecimento global, uma mentira conveniente, tendo em vista o histórico climático da terra e seu contraponto com o professor [2]Luiz Carlos Molion, voz contrária com argumentos científicos irrefutáveis...
Voltando a energia limpa, as vertentes mais utilizadas hoje são o vento, a solar, hidráulica, hidrogênio e a de baterias elétricas para veículos. Mas como podem ver pelos preços explosivos do gás na Europa, aumento de 250%, essas fontes não são confiáveis porque tanto a energia solar quanto a eólica precisam de condições climáticas perfeitas o ano todo para poderem ser fontes confiáveis e a disposição sempre que a indústria ou as casas das pessoas precisem, e isso não ocorre com a tecnologia ‘limpa ‘ atual.
As baterias elétricas para smartphones, máquinas fotográficas digitais, carros, drones e outros veículos inovadores precisam de um minério específico, Lítio, e ele existe em abundância no maior deserto de sal do mundo, que fica na Bolívia – o golpe militar feito por [3]Elon Musk e demais asseclas não foi feito pelo bem dos bolivianos e sim para tomar do povo daquela nação o seu minério – pois abriga quase metade de todas as reservas mundiais de lítio; mas você não viu os ativistas da energia limpa metendo o pau em tal conspirador, ao contrário, ele é endeusado como um grande inovador mundial na energia limpa, mesmo que com mãos sujas de sangue e cobiça...
Assim como ocorreu no século XIX com a “Guerra do Salitre”, patrocinada pela Inglaterra, potência da época em favor do Chile, contra o Peru e a Bolívia, para se apropriar do guano e dos nitratos, usados para fazer fertilizantes orgânicos. Com auxílio dos ingleses o Chile venceu a guerra e a Inglaterra teve um suprimento gigantesco destes dois produtos, e os países perdedores ficaram com a pobreza, exploração de seu povo e a perda de parte de seu território para o Chile...
Essa é outra faceta da energia limpa, ela será negociada se a nação for poderosa como a China, ou será tomada por golpe militar, ou pelo suborno e imposição de neoliberalismo a elite dominante da nação possuidora desta riqueza...
O poder não se importa com o meio ambiente ou aquecimento global. Por isso a China parou de vender ao mundo seus minerais de terras raras e desenvolve seu parque tecnológico para se tornar a maior potência mundial em áreas de energia limpa, mas claro sem deixar de lado o gás e o petróleo porque segurança energética não convive bem com utopias, coisa que a Europa esqueceu, mesmo após passar por duas guerras mundiais não pelo nazismo e imperialismo, como se ouve dos que não enfiam a cara nos livros, e sim pelo petróleo...
No nosso mundo existe uma regra simples para os grandes impérios, controle as fontes de energia e nada poderá se mover sem sua permissão, controle a comida e domine as nações pela fome, controle o dinheiro e não se importe com quem faz as leis – dólar - pois o dinheiro compra tudo, até guerras e conspirações.
A energia limpa é o resultado moderno desta nova guerra pelas riquezas do mundo e a exploração das nações pobres, e o lítio da Bolívia, do Chile, Austrália, Argentina, China, Brasil e Portugal com maiores reservas de lítio do mundo são o prêmio final. E para produzir baterias de lítio, é necessário o combustível fóssil porque o lítio não vai se transformar em bateria por mágica, é preciso um processo químico, e a química vem de combustíveis fósseis...
Até mesmo o hidrogênio combustível se encaixa neste mesmo problema porque é produzido em grande parte por gás natural, e se gasta uma quantidade imensa de energia elétrica para produzir e convertê-lo em hidrogênio, só valendo a pena se a conversão vier de energia solar ou eólica. Além de transportar para a distribuidora, que são raras, não havendo uma estrutura gigantesca para servir os donos dos veículos, e uma vez nos veículos, sua conversão em energia depende de baterias de célula de combustível, que gera energia elétrica por meio de reação eletroquímica...
Além do que, o hidrogênio é altamente explosivo, e isso é mais um risco aos motoristas. Ou seja, lindo no papel, mas ineficiente, por isso os carros elétricos com bateria são melhores e mais eficientes.
O Lítio é utilizado na produção de baterias recarregáveis, que naturalmente são produzidos nos países ricos e com tecnologia de ponta, a exemplo do Japão, EUA, China e Alemanha, mas em sua maioria, a matéria prima para elas sairão de nações pobres e em desenvolvimento, e esses países não obterão melhoras na vida de seus cidadãos, ao contrário, pois a exploração do século XIX só mudará a data para o XXI.
Com o tempo, o primeiro mundo mudará sua matriz energética e punira as nações pobres que eles exploram por usarem combustíveis fosseis. E assim como a vacina da Covid 19, será apenas para quem é rico e poderoso, e o restante das nações pobres seguirá seu destino de sempre, servir aos ricos e passar por barreiras sanitárias para não contaminar os países ricos.
Mas em se tratando de meio ambiente e destruição dos gases de efeito estufa, a mentira do aquecimento global, a natureza deu uma solução rápida e infalível, basta replantar mundialmente todas as arvores que os países ricos da terra destruíram com o advento da revolução industrial. Uma área do tamanho da Austrália totalmente verde faria o aquecimento global acabar no dia seguinte. Basta fazer uma campanha mundial para reflorestar o planeta e tudo se resolve, mas é mais fácil retirar água de pedra do que mudar a ignorância humana...
E com relação ao petróleo, gás natural, carvão, xisto betuminoso, e até mesmo hidrato de metano, o gás congelado nos oceanos e lagos profundos; ainda veremos por séculos o seu uso, exceto é claro se a China conseguir ainda nesta década a fusão nuclear como fonte de energia, pois neste dia o mundo será um planeta verde pois sobrara energia para irrigar desertos e torná-los florestas...
[1] Antes da química moderna do solo explicar detalhadamente seu funcionamento, já estavam ocorrendo em todo o mundo práticas que reduziam ou compensavam a perda de nutrientes: pousio, rotação de cultivos e, principalmente, a vinculação entre pecuária e agricultura, o que garantia a reposição de parte desses elementos mediante o uso do esterco. O desenvolvimento capitalista no século XIX, com suas enormes necessidades de abastecimento de fibras e alimentos para as cidades e indústrias, acelerou o consumo e a dispersão desses nutrientes do solo, além de sua capacidade de renovação. Essas observações vieram após o estudo da obra do químico alemão Justus von Liebig, que expôs o caráter fundamental de três compostos minerais para o desenvolvimento de plantas: nitrogênio, fósforo e potássio, os quais constituem a base dos modernos fertilizantes químicos (a conhecida fórmula NPK).
A escala dessa perda de nutrientes levou as potências industriais do momento, principalmente a Inglaterra, a encontrar maneiras de compensá-la mediante a importação de fertilizantes de diferentes partes do mundo. Um dos mais cobiçados e valiosos foi o guano, resultado do acúmulo de fezes de aves marinhas e morcegos. Como explicaram diferentes autores, como Bellamy Foster e Brett Clark, ao desenvolver o conceito de “fratura metabólica”, durante a segunda metade do século XIX, milhões de toneladas desse recurso foram extraídas no Peru e embarcadas principalmente para a Inglaterra e os Estados Unidos, mas também para a Holanda, Bélgica, França, Suécia, etc. Grande parte dessa extração foi realizada utilizando trabalhadores chineses em condições de semiescravidão, muitos dos quais morreram devido às terríveis condições de trabalho. A extração do guano foi seguida dos nitratos. A disputa pelo controle dos depósitos de nitratos do Atacama e de guano de Antofagasta provocou uma guerra entre o Chile, por um lado (com o apoio da Inglaterra), e a aliança formada pela Bolívia e pelo Peru, por outro: a chamada “Guerra do Salitre ”, que se estendeu entre 1879 e 1884. A vitória chilena garantiu à Inglaterra um suprimento estável desses recursos, que, desde então, entraram em constante declínio: não apenas foram extraídos em um ritmo muito maior que não permitiu sua reposição, mas que, no caso dos guanos, este foi impossibilitado fisicamente: as aves que originaram essa substância com suas deposições foram exauridas ou espantadas durante o processo de extração.
Na década de 1840, John Lawes descobriu o processo de fabricação de superfosfatos mediante aplicação de ácido sulfúrico a rochas fosfatadas: foi o primeiro fertilizante artificial, que logo começou a ser fabricado industrialmente. Para seu desenvolvimento na escala vertiginosa em que requeria a agricultura europeia, não eram suficientes as reservas europeias dessas rochas, e logo começaram a ser exploradas as minas de fosfato na Flórida, e décadas mais tarde no Marrocos e no Saara. De fato, o controle desse recurso foi uma das principais motivações do colonialismo francês e espanhol no norte da África. Posteriormente, a criação de indústrias nacionais de fertilizantes na URSS e na China levou à exploração de outros depósitos desses minerais, localizados nas áreas do Ártico, Cazaquistão e Jordânia. Quanto ao potássio, até a generalização do uso de potássio mineral, a principal fonte artificial havia sido a cinza vegetal, utilizada em vários lugares ao longo da história. Autores clássicos gregos e romanos, como Virgilio, Estrabón e Columela, já se referiam a esse uso pelos agricultores de sua época. Durante o século XVIII, havia um mercado florescente de cinzas de bétula provenientes do norte e leste da Europa, bem como de algas e plantas costeiras ricas em sais na região do Mediterrâneo. A crescente demanda levou a elevadas taxas de desmatamento, até que em 1861 abriu suas portas a primeira fábrica de potássio mineral, a partir da exploração dos recém-descobertos depósitos de potássio de Stassfurt. Posteriormente foram explorados outros depósitos importantes, como os da Alsácia, então sob controle alemão, e os de Suria, na Catalunha. Atualmente, a maioria das reservas mundiais está concentrada no Canadá, Bielorrússia, Rússia, China e Israel.
No início do século XX, o químico alemão Fritz Haber descobriu como extrair nitrogênio do ar, sintetizando a amônia. Até então, a única maneira como esse elemento passava para o solo era por meio de descargas elétricas de raios ou pela fixação que fazem diversos microrganismos. O vínculo de alguns deles com plantas leguminosas (como soja, ervilha e o trevo) torna seu cultivo útil para o aporte desse mineral. Karl Bosch aperfeiçoou o método de Haber para obter amônia sintética, que se espalhou pelo mundo após a Primeira Guerra Mundial e ficou conhecido como “processo Haber-Bosch”. Esse procedimento permitiu dispor de uma fonte abundante de fertilizante artificial, mas significou ao mesmo tempo que a produção de alimentos dependia absolutamente de combustíveis fósseis, uma vez que a matéria-prima utilizada para proporcionar o hidrogênio necessário na reação é fundamentalmente o gás natural, e em menor grau, o petróleo. Essa dependência foi exacerbada dramaticamente após a Segunda Guerra Mundial e, principalmente, após a chamada “Revolução Verde”, o pacote tecnológico promovido pelos Estados Unidos, a partir de 1960, que incluía a utilização de sementes híbridas, extensão da mecanização, uso massivo de pesticidas (muitos deles derivados diretamente do petróleo) e irrigação. Tudo isso acompanhado pelo estabelecimento de fluxos alimentares cada vez mais globais, absolutamente dependentes de combustíveis fósseis para transporte, embalagem e refrigeração.
http://www.ihu.unisinos.br/78-noticias/596115-a-agricultura-mundial-na-corda-bamba-dos-fertilizantes-quimicos
[2] Luiz Carlos Baldicero Molion é um meteorologista brasileiro. Professor e pesquisador da Universidade Federal de Alagoas. É um dos principais representantes do negacionismo climático no Brasil, alegando que o homem e suas emissões de gases estufa na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global.
[3] Na sexta-feira (24), Elon Musk, diretor da empresa Tesla, dos EUA, escreveu em sua conta no Twitter: “Vamos dar golpe em quem quisermos! Lide com isso”. A ameaça foi uma resposta a uma postagem enviada ao bilionário sobre seu interesse em impedir que o ex-presidente boliviano Evo Morales continuasse no poder.
O tweet que provocou Musk dizia: “Você sabe o que não interessa às pessoas? O governo dos EUA organizando um golpe contra Evo Morales na Bolívia para que você possa obter lítio lá”.
Em 12 de março de 2020, o Brasil de Fato publicou a reportagem "Elon Musk, a fábrica da Tesla no Brasil e a conquista do lítio sul-americano", de Vijay Prashad (historiador, jornalista e editor indiano) e de Alejandro Bejarano (músico, cineasta e gerente de redes sociais boliviano). O texto abordava os interesses de Musk em relação lítio das baterias que alimentam os veículos da Tesla tendo como pano de fundo a disputa que motivou o golpe de Estado contra Evo Morales, na Bolívia.
https://www.brasildefato.com.br/2020/07/25/vamos-dar-golpe-em-quem-quisermos-elon-musk-dono-da-tesla-sobre-a-bolivia