Por David da Costa Coelho.
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O inesquecível Leonel Brizola, em seus primeiros dias como governador do Rio de Janeiro, deixou bem claro qual seria sua principal politica, a EDUCAÇÃO. Ao longo e seu governo ele criou inúmeras escolas denominadas CIEP, mas o povo carinhosamente as denominou de Brizolões. Criticado pelos seus inimigos pela quantia de gastos com a educação em plena época de ascensão do neoliberalismo, a sua resposta foi pedagógica... ‘Melhor construir escolas e ensinar hoje as crianças a terem futuro, do que mais tarde ter de fazer presídios para prender aqueles que não se educaram, passando para o lado oposto aos educados, pois seu futuro seria a prisão ou cemitério .’
Para as pessoas que não sabem o preço do projeto brizolista após décadas, hoje um preso custa ao estado brasileiro, eu e você, em media 1800 reais mensais, o Brasil atualmente possui 500 mil presos, e mais 250.000 com mandados que precisam ser cumpridos. Ou seja, 500.000 x 1800: 900.000.000 x 12: 10.800.000.000 DEZ BILHÕES E OITOCENTOS MILHÕES DE REAIS POR ANO só para prender pessoas, pelo tempo de suas penas, cujo objetivo prisional seria reeducar o cidadão que cometeu um crime e reinserir o mesmo na sociedade.
Nas prisões eles seriam divididos de acordo com suas penas, e teriam aulas que os capacitariam ao mercado de trabalho, evitando assim uma reincidência, ou seja; mesmo na prisão não há como escapar da tal educação, mas como elas são verdadeiras senzalas entulhadas de gente – apesar dessa gigantesca quantia que pagamos para que funcione - o que existe lá é uma escola universitária do crime; onde os presos são graduados e passam a ostentar canudos do CV, PCC, ADA...
Como ainda faltam metade dos que não foram detidos, ao final gastaremos quase 17 bilhões de reais com presos a cada ano, não bastando isso, querem reduzir a idade penal para 16 anos, pois bem, eu aposto meu diploma de professor de História contra 1 centavo de qualquer politico, se aprovado tal projeto, daqui alguns anos, vão pedir para 14 anos pelos mesmos motivos de hoje, e por aí vai....
Como sabemos na pilantragem politica, evidente que poucos governadores deram sequencia ao projeto de Brizola, o mesmo ocorrendo no Brasil inteiro com a educação tratada como lixo, e os professores ainda pior que o mesmo lixo que jogamos fora, não só pelos governantes, como também alguns alunos que não mais os respeitam.
Em media um professor ganha cerca de 1000 reais mensais por contrato, sem passagem nem direitos trabalhistas, para cuidar de 200 alunos ao final de um mês. Cerca de 40 crianças por sala de aula, o que dá 1 real por aluno ao final do mês. Mas como diz o nosso personagem amado pelos professores de são Paulo,Geraldo Alckmin (PSDB): ‘Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não por salario, se quer ganhar melhor vai para o ensino privado.’ Como sabemos, esse é um motivo mais do que justo para sermos as lanterninhas mundiais em termos de conhecimento, projetos científicos, eternos compradores de tecnologia. Nações que se envolveram em guerras como o Vietnam e a Koreia do Sul, mesmo massacradas por guerras entre capitalismo e comunismo, são hoje exemplo de educação acima do nosso País.
Mas o que a educação tem haver com a violência juvenil que assola nossas cidades? Quase que mensalmente assistimos menores de 18 praticando crimes hediondos, cientes que ficarão detidos um mínimo de tempo por seus crimes bárbaros porque o ECAé leniente, os políticos querem que permaneça assim porque acabam tendo como justificar mais repressão social, desvio de dinheiro e luta contra o crime, uma bandeira de luta excelente para população amedrontada e eterna reeleição deles. Como sempre a culpa é da ausência de educação, pois quem faz as leis são os políticos, salvo raras exceções, a maioria deles são corruptos, ricos e com interesses apenas em suas falcatruas por mais poder e riqueza.
No filme ‘UM CANDIDATO MUITO LOUCO’, o personagem dizia em sua campanha que deputados e senadores deveriam ostentar em seus ternos , assim como na Formula 1, os ícones de propaganda que bancavam suas campanhas e os interesses que defendiam; possibilitando a seus eleitores saber em que empresa votava, já que os políticos não estão ali pelo e para o povo, e sim pelas corporações e seus lucros astronômicos.
E nesse quesito se encontra a pressão para reduzir a idade penal, porque se jogaria mais 100 ou 200 mil presos no sistema, e sabemos o custo disso... Não é necessário reduzir nada, e sim mudar a lei. Se um menor cometeu um crime hediondo, que fique preso o numero de anos que um adulto ficaria. Se for um crime pequeno, uma pena de acordo com o agravo. Porque jogar menores na escola do crime, nas senzalas que temos hoje, seria apenas aumentar o numero de soldados a disposição dos doutores da cadeia e facções criminosas carentes...
Hoje a elite vive cercada em seus condomínios de luxo, com grades, câmeras, segurança 24 horas, mas uma hora é obrigada a deixarem seus filhos e netos deixarem a ilha da fantasia, e assim como os dos pobres, eles também cometem crimes, brigam em torcidas organizadas, boates, e matam pessoas dirigindo seus carrões. Mas diferente dos negros, pobres e favelados, ao serem presos, apenas cometeram um ‘erro’, com bons advogados, segredo de justiça e ausente dos holofotes da mídia, em breve são soltos. Já aqueles das classes pobres e perigosas, sofrem todo rigor do que os policiais e delegados querem lhes imputar, entendemos, portanto que há também criminosos menores também de colarinho branco, e que a lei não é para todos...
Na escola do crime quase que exclusiva para as classes segregadas, muitos saem de lá revoltados, tornando se agora reincidentes, e mais tarde, acabam, cometendo mais crimes, alguns tão nefastos que fazem a farra dos programas jornalísticos e mídias sociais. E novamente entra o lobby da redução penal. Não há o mesmo no sentido de por politico corrupto na cadeia com prisão perpetua ou pena de morte ao estilo chinês a essa gente; agora para baixar a idade penal, não faltam motivos.
Se quiserem realmente impedir os crimes por menores, é fácil, peça a estes cidadãos que custam em media 166 mil reaispor mês, para dar leis no sentido de punir os crimes com o peso do ato tipificado, não importa se a criança tem 10, 15, 18. Que se criem não escolas do crime nas senzalas que chamamos de cadeias e cárceres, e sim centros de reabilitação com estudo técnico e profissional, que se fiscalize aonde vai cada centavo gasto nessa Disneylândia dos políticos e seus asseclas. E acima de tudo, votem em políticos que apoiem a educação, cobrem educação, lutem pela educação, porque sem ela, não existe nada mais a fazer pelo Brasil, a não ser lembrar tristemente a previsão de Brizola; construir presídios...