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EUA: PODEMOS CONFIAR NOS SEUS GOVERNANTES?

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Por David da Costa Coelho
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Segundo muitos políticos, acadêmicos, jornalistas e formadores de opinião, a democracia é o pior sistema de governo, depois de todos os outros. Bom, é da opinião deste que vos escreve, não há tal coisa, cada povo é governado segundo suas influencias históricas e sociais por uma pequena elite que se perdura hereditariamente há séculos, através de todos os meios possíveis e conspiratórios que visam amedrontar a população ou arrebanhar o consenso de formadores de opiniões; Patrocinados por eles para refletirem suas ideologias e intenções funestas. Embora as citações abaixo sejam separadas por mais de dois milênios, jamais deixam de ser atuais porque refletem o que descrevi acima, bem como a sequencia do que vira ao longo deste texto.
"- Cuidado com o líder que rufa os tambores da guerra para incitar coletivamente os cidadãos num fervor patriótico, pois o patriotismo é realmente uma espada afiada de dois gumes. Ambos incentivam o sangue, da mesma maneira que estreita a mente. E quando os tambores de guerra atingem um tom febril o sangue ferve com o ódio e a mente se fecha, o líder não mais terá qualquer necessidade de apodera-se dos direitos do cidadão coletivamente. Pelo contrário, coletivamente os cidadãos, excitados pelo medo, cegos pelo patriotismo, irão oferecer todos os seus direitos para o líder e assim se contentarão. Como sei disso? Pois isso foi o que eu fiz.  CAIO JÚLIO CÉSAR IMPERADOR ROMANO."
"- Naturalmente, as pessoas comuns não desejam a guerra, mas no final das contas são os líderes dos países que determinam a política a ser seguida. É tudo uma simples questão de arrastar as pessoas - seja numa democracia, seja numa ditadura fascista, seja num parlamentarismo ou num regime comunista. Reclamando ou não, o povo sempre pode ser conduzido de acordo com a vontade de seus líderes. Isto é muito fácil. Tudo o que você precisa fazer é dizer ao povo que "fomos atacados", e denunciar os pacifistas como sendo "antipatriotas" e expor o país ao perigo. Isso funciona sempre do mesmo jeito, em qualquer nação". HERMANN GOERING, MINISTRO DA PROPAGANDA DO PARTIDO NAZISTA.”
Foto: http://oportaldoinfinito.blogspot.com.br/2013/06/eua-podemos-confiar-nos-seus-governantes.html
Como visto acima, atravésda força, propaganda, patriotismo e heroísmo, os governantes de qualquer estado, independente da forma de governo podem fazer o que quer que desejem...  Além de não permitir que outros que não os membros da elite dominante governem, no entanto, entre eles mesmos há discordâncias, o que permite uma mudança na estrutura de comando. Há diversas obras acadêmicas sobre tal premissa, dentre elas a teoria das elites:
‘Martin Carnoy - Nos Estados Unidos e oficialmente nas democracias capitalistas a teoria pluralista é ideologicamente dominante e tem a liberdade individual como principio central. O povo, através das eleições detém o poder sobre os governantes e vê o Estado como um campo neutro de debate no qual os representantes refletem seus anseios. Considerações a respeito das relações econômicas e sociais entre os indivíduos têm questionado se o Estado democrático liberal é realmente democrático. “Para alguns a democracia está comprometida com o capitalismo industrial do século XX e para outros o que chama pluralismo é na verdade corporativismo.”.
Neste contexto, a democracia é de longe o mais canalhas de todos os sistemas em face de hipocrisia que destila aos demais, com a premissa da liberdade individual e independência dos três poderes porque sempre teremos no topo da pirâmide uma elite capitalista fascista que manipula todo sistema com o poder do dinheiro. “- Dê-me o controle sobre o dinheiro da nação, e eu não me importarei com quem faz suas leis. Baron Mayor Amschel Rothschild.- Os teóricos da formação do estado já atentavam contra essa triste realidade eleitoral dos governantes democráticos em eleições tipicamente censitárias, acumulação de mais riquezas por parte destes eleitos, manipulação dos interesses do estado ao longo dos séculos porque uma democracia comandada por ricos se manteria por guerras conflitos, conspirações internas e externas:


Engels - o Estado se caracteriza, em primeiro lugar, pela divisão dos súditos segundo o território. Essa divisão nos parece "natural", mas representa uma longa luta com a antiga organização patriarcal por clãs ou famílias. "O segundo traço característico do Estado é a instituição de um poder público que já não corresponde diretamente à população e se organiza também como força armada. Esse poder público separado é indispensável, porque a organização espontânea da população em armas se tornou impossível desde que a sociedade se dividiu em classes... Esse poder público existe em todos os Estados. Compreende não só homens armados, como também elementos materiais, prisões e instituições coercivas de toda espécie, que a sociedade patriarcal (clã) não conheceu".
Para Rousseau, ao contrário de outras teorias sociais daquela época, a sociedade civil é o modo como os homens são encontrados em sociedade na atualidade não uma construção ideal ou hipotética, mas uma realidade. Na natureza o homem é sem moralidade e sem maldade. O homem não é corrompido pela natureza, mas pela posse da propriedade e pela própria sociedade civil. A sociedade civil é corrupta e a natureza é um ideal pré-humano. A propriedade é a origem do mal e da desigualdade; o Estado e a sociedade civil são produtos da voracidade do homem, criação dos mais ricos para defender seus interesses, preservar a ordem, controlar as tentativas de usurpação e para legitimar a exploração do poder, apresentado como benéfico a todos, mas destinado a preservar a desigualdade.
Em sua obra Contrato Social, Rousseau concebe um Estado para garantir a igualdade e a liberdade, cujo poder reside no povo que renunciou a sua liberdade em favor do mesmo, que trata todos os cidadãos igualmente, é a vontade geral e tem seu poder na cidadania. O contrato social corria riscos em função da avidez do homeme, para que o Estado fosse expresso e mantido, mesmo defendendo a propriedade, era necessário limitar os direitos sobre a mesmade modo que não houvesse extremos de riqueza e de pobreza. Era a intervenção do Estado para preservar o próprio Estado. Esta intervenção se daria pelo fornecimento de dinheiro suficiente para evitar que os administradores e legisladores fossem tentados a ser corruptos, pela prevenção da extrema desigualdade da riqueza através da eliminação dos meios das pessoas acumulá-la e da proteção aos cidadãos de tornarem-se pobres e complementado pela educação públicada população do Estado. Se o Estado não garantisse a inexistência do excesso de riqueza ou pobreza iria imperar a tirania.
Como sabemos, não foi isso que ocorreu, hoje temos pessoas que sozinhas possuem muito mais dinheiro que vários países juntos, aquele grupo em ascensão financeira, a exemplo os donos de grandes corporações de mídia, internet, laboratórios farmacêuticos, de alimentos, combustíveis... Suas posses e interesses não só lhes permitem manipular o mercado a seus intentos, bem como criar e manter sua própria bancada politica, visando exclusivamente seus fins egoístas, como muito bem dito por Adam Smith em sua obra a Riqueza das Nações; premissa máxima do capitalismo liberal em suas eternas roupagens, claro que se algo não vai bem após manipular o sistema, evidentemente os governantes – oriundos da elite dominante – criarão leis e medidas econômicas que visam socorrer não os interesses de classes excluídas, eternamente explorada pelos mandatários, e sim aos grupos descritos, como nas varias crises do capitalismo. Hugo Chavez, alguns meses antes de morrer, deixou uma frase celebre aos crentes em aquecimento global:
‘ - Se o clima fosse um banco os políticos das nações ricas do planeta já o teriam salvado. ’
Embora este artigo sirva para qualquer país, não importando sua ideologia de governo, tendo em vista o exposto por Jean-Jacques Rousseau, nenhuma nação do planeta se encontra mais fiel a cada palavra deste texto do que os Estados Unidos. Um estado fascista, comandado por dois partidos supostamente diferentes, mas que fazem exatamente o que suas elites dominantes desejam com os recursos da nação voltados a seus interesses bem definidos... Que impõe sua pílula da democracia através do poder financeiro e das armas, foram à guerra contra outros países através da manipulação de seu povo em conspirações visando o patriotismo por terem sido atacados em diversos momentos de sua história... Fizeram isso na Guerra Hispano-Americana – motivados pela ‘misteriosa’ explosão do encouraçado Maine, na Baía de Havana. Usaram um navio cheio de pessoas para serem afundadas pelos alemães para poderem entrar na 1ª guerra mundial:
 O afundamento do Lusitânia: Cerca de dois mil viajantes, incluindo cem norte-americanos, foram mortos em 7 de maio de 1915, quando um submarino alemão torpedeou o Lusitânia. Antes do naufrágio, a embaixada alemã em Washington emitiu um alerta sobre a rota que navios civis americanos deveria fazer para não serem torpedeados, e que embarcações contendo munição seriam destruídas. Mas Jornais nos Estados Unidos se recusaram a imprimir o aviso ou reconhecer a alegação de que o navio de ‘passageiros’ levava também munições. Quase cem anos depois, em 2008, os mergulhadores descobriram o Lusitânia transportava mais de quatro milhões de cartuchos de munição de fuzil.
A sucessão de eventos semelhantes, bem como a transcrição dos mesmos poderia levar o tema a um livro, o que não é a causa em questão. Basta relembrar mais bandeiras falsas como guerra contra a Coreia do Norte, do Vietnam, a imposição de ditaduras em todos os continentes durante a guerra fria com o mito de luta contra o comunismo, mas que em verdade se adequava aos interesses exploratórios das elites americanas através de suas corporações. Auxiliadas naturalmente pela CIA e demais agências secretas deste país. Organizaram operações secretas não só nas nações do 3º mundo, mas também na Europa:
OPERAÇÃO GLADIO: TERROR PATROCINADO PELO ESTADO ATRIBUÍDA À ESQUERDA
Após a Segunda Guerra Mundial, a CIA e MI6britânico colaborou com a NATO sobre Operação Gladio, um esforço para criar uma "estada atrás do exército" para combater o comunismo no caso de uma invasão soviética da Europa Ocidental.Gladio rapidamente transcendeu sua missão original e tornou-se uma rede de terror secreto composto por milícias de direita, os elementos do crime organizado, provocadores e agentes secretos unidades militares.  "A Estratégia de tensão" Gladio foi projetada para retratar grupos políticos de esquerda na Europa como terroristas e assustar a população a votar em governos autoritários. Para realizar esse objetivo, agentes da Gladio realizou uma série de ataques mortais contra os terroristas que foram atribuídos a esquerdistas e marxistas.
Em agosto de 1980, agentes da Gladio bombardearam uma estação de trem em Bolonha, matando 85 pessoas. Inicialmente atribuídos às Brigadas Vermelhas, foi descoberto mais tarde que os elementos fascistas no interior das polícias secretos italianos e Licio Gelli, o chefe da loja maçônica P2, foram responsáveis ​​pelo ataque terrorista. Outros grupos fascistas, incluindo Avanguardia Nazionale e Ordine Nuovo, foram mobilizados e engajados no terror. A Operação Gladio finalmente custou as vidas de centenas de pessoas em toda a Europa. De acordo com Vincenzo Vinciguerra, um terrorista Gladio servindo uma sentença de vida para policiais assassinos, a razão para Gladio era simples. Ele foi projetado “para forçar essas pessoas e o público italiano, a recorrer ao estado para pedir mais segurança”. Esta é a lógica política que está por trás de todos os massacres e os bombardeios que continuam impunes, porque o Estado não pode condenar-se ou declarar-se responsável pelo que aconteceu.
 Dentro das maquinações que descobrimos diariamente sobre esse estado democrático mundial, a mais nova pílula que caiu no colo da imprensa, foi com relação à espionagem de cidadãos em nível global; coisa comum a nós que lidamos com as conspirações americanas e já sabíamos disso há décadas. Não que eles não tenham avisado aos incautos sobre isso em livros, filmes, seriados, documentários. Mas enquanto não é oficial, um jornalista que se pauta pela verdade ‘propalada pelo estado’, jamais pode levantar tal hipótese, já nós, professores de história, e também conspiradores, mestres em levantar tais engodos, não estamos presos a tais sonhos... Evidente que pagamos o preço por sermos chamados de malucos conspiradores, como em reportagem recente da Globo News, mas eis que semanas após, depois do escândalo das escutas, eles são forçados a se retratarem, com a desculpa de que agora não era mais conspiração, e sim uma verdade que envergonha o mundo, e mancha o histórico de democracia e ‘liberdade dos EUA.’
Mas o pior nesse programa não é saber que até as conversas eróticas que podemos ter com alguém pelo telefone, ou qualquer outro assunto sejam gravados, e sim o motivo de tal ato, a segurança dos Estados Unidos, com o mito de que podem ser atacados... Eu sou uma pessoa muito burra, admito isso sem dó nem pena, mas me parece um tanto exagero desta burriceacreditarquealguém pode atacar os EUA, a nação que possui o maior arsenal convencional de guerra da terra, gastando sozinha no orçamento militar a cada ano, mais que todos os outros países do mundo somados.
Se lembrarmos do número gigantesco de bombas atômicas em seu arsenal, capaz de evaporar qualquer cidade da terra que eles desejam, com seus ICBMS: MISSEIS BALISTICOS INTERCONTINENTAIS, com centenas de megatons, ou seja, milhões de toneladas de dinamite, as que caíram sobre o Japão na 2ª guerra eram fraquinhas, com cerca de 20 mil toneladas de TNT; mas destruíram somadas 200 mil pessoas em segundos, e ao longo dos anos chegou aquase 500 mil por radiação e câncer, as de hoje podem fazer esse número chegar à casa dos milhões em um segundo, com as bombas de Hidrogênio, capaz de fazer uma cidade como São Paulo virar o deserto do Saara num piscar de olhos, fica ainda mais difícil manter tal pensamento imbecil. Mais ainda ao nos recordarmos os países que possuem o poder de se contrapor aos EUA, por deterem arsenal nuclear, sendo, portanto invulneráveis as suas politicas imperialistas e ‘democráticas’, e jamais o fariam porque não haveria vencedor numa 3ª guerra mundial atômica... Nesse quesito, como aliados eventuais do clubinho atômicos americano temos a Inglaterra, França, Índia e Israel. Já os inimigos históricos são a China, Rússia, Paquistão e atualmente a Coreia do Norte, mas seu arsenal atômico ainda remonta a idade média da tecnologia, com armas iguais as que destruíram Hiroshima e Nagasaki.
Não bastando tudo isso, ainda possuem drones com tecnologia Stealth– invisíveis ao radar - podendo voar a altitudes muito acima da aviação comercial, e até mesmo militar, pois não leva piloto, carregando armas convencionais ou atômicas, e com elas destruir o que bem entendem. O Paquistão e o Afeganistão são exemplos clássicos da utilização destas armas americanas, o filme Jogos de Guerra, reeditado em sua nova roupagem, em seu minuto inicial mostra um desses aviões destruindo um grupo terrorista no deserto em algum lugar do mundo. Muitas mulheres e crianças no Afeganistão já foram vitimas dessas novas armas, claro que uma mera ‘fatalidade’, e as desculpas ao país já foram feitas, resta saber se as pessoas mortas por elas e suas famílias entenderam tal ato benéfico...
Em um mundo cada vez mais esquizofrênico, com as palavras de Júlio Cesar e Hermann Goering sendo usadas diariamente por nações comandadas por políticos fascistas, nos cabe aqui lembrar as tristes palavras de um professor de historia que não mais se encontra entre nós:
 ‘“O passado das civilizações nada mais é que a história dos empréstimos que elas fizeram umas às outras ao longo dos séculos...” Fernand Braudel.
Infelizmente, de todas as coisas boas de passado que poderíamos elencar, o que interessa a quem comanda e deseja se perpetuarem no poder é exatamente o oposto, manipular, conspirar, e usar de todos os meios possíveis para destilar o medo em todos aqueles que ousarem pensar. Afinal convencer os leigos de que é para a segurança deles que tais coisas são feitas não é nada tão difícil...

AS REDES DE ESPIONAGEM SECRETA DAS DEMOCRACIAS OCIDENTAIS
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Um momento tão marcante de hipocrisia, cinismo, submissão, violação do direito internacional, abuso do poder tecnológico e paternalismo ocidental merece um lugar destacado na história humana. O episódio infame que fez com que o avião do presidente Evo Morales fosse bloqueado em Viena com base em um rumor infundado lançado pela Espanha, segundo o qual o ex-agente da NSA norte-americana, Edward Snowden, se encontrava a bordo é a consequência de uma caçada humana lançada pelo Ocidente em nome de um novo delito: a informação.

Contra todas as regras internacionais, França, Itália, Espanha e Portugal negaram o acesso a seus espaços aéreos ao avião presidencial boliviano. Queriam capturar o homem que revelou como Washington, por meio de seu dispositivo Prism, espiona as comunicações telefônicas, os correios eletrônicos, as páginas do Facebook, os faxes e o Twitter de todo o planeta, incluídos os de seus próprios aliados europeus.

Segundo assegura o presidente austríaco Heinz Fischer em uma entrevista publicada no domingo, dia 7, pelo jornal Kurier, o avião do presidente boliviano “não foi controlado”. Fischer afirma que “não houve controle científico”. “Não havia nenhuma razão para fazê-lo com base no direito internacional. Um avião presidencial é um território estrangeiro e não pode ser controlado.”

Os dirigentes europeus só levantaram a voz quando se revelou o alcance massivo do programa de espionagem norte-americano Prism. E se entende por quê: poucos dias depois, o jornal francês Le Monde contava como a França fez o mesmo com seu “Big Brother” nacional. “A totalidade de nossas comunicações é espionada. O conjunto dos emails, SMS, as chamadas telefônicas, os acessos ao Facebook e ao Twitter são conservados durante anos”, escreve o Le Monde.

Em uma entrevista publicada no fim de semana passado pelo semanário alemão Der Spiegel, Edward Snowden contou que a Agência Nacional de Segurança dos EUA (NSA) “trabalha lado a lado com os alemães e os outros países ocidentais”. O agora ex-agente da NSA detalha que essa espionagem conjunta é realizada de maneira que se “possa proteger os dirigentes políticos da indignação pública”.

Em suma, os “aliados” se espionam entre si e, além disso, separadamente, espionam o mundo e quando alguém resolve denunciar a ditadura tecnológica universal torna-se um delinquente. Muitos assassinos, genocidas e ladrões de seus povos vivem comodamente exilados nos países ocidentais. Os Estados Unidos não negaram abrigo ao ex-presidente boliviano Gonzalo Sánchez de Lozada, A França tampouco fechou as portas ao ex-presidente do Haiti, o traficante de drogas e assassino notório Jean-Claude Duvalier, Baby Doc. Mas no caso de Edward Snowden, negou.

O ministro francês do Interior, Manuel Vals, disse que, no caso do ex-agente norte-americano solicitar asilo, não era favorável a aceitar o pedido. Snowden teria recebido uma resposta semelhante de mais de 20 países. Com isso, se converteu no terceiro homem da história moderna a ganhar a medalha de perseguido por ter alertado o mundo.

Além do próprio Snowden, integra essa galeria Bradley Manning, o soldado estadunidense acusado de ter vazado o maior número de documentos da história militar dos EUA. Em 2010, Manning trabalhava como analista de dados no Iraque. Entrou em contato com o hacker norte-americano Adrián Lamo, a quem disse que estava com uma base de dados que demonstravam “como o primeiro mundo explora o terceiro mundo”. Bradley Manning entregou essa base de dados inteira a Julian Assange, que a difundiu pelo WikiLeaks. Alguns dias depois, Lamo denunciou Bradley para o FBI.

Quem também pagou por fazer circular informação foi o próprio Assange. Protagonista de uma nebulosa história de sexo, Assange vive há mais de um ano refugiado na embaixada equatoriana de Londres. Dizer a verdade sobre como somos controlados, enganados, sobre como os impérios assassinam (vídeo divulgado por WikiLeaks sobre o assassinato de civis no Iraque), mutilam e torturam é um crime que não autoriza nenhuma tolerância.

O pecado de informar é tão grande que até a Europa se põe de joelhos diante dos Estados Unidos e chega ao cúmulo da vergonha que foi bloquear um avião presidencial. E quem participa do complô são as mesmas potências que depois, nas Nações Unidas, pretendem dar lições de moral ao mundo. O ministro francês de Relações Exteriores, Laurent Fabius, e o presidente François Hollande pediram desculpas pelo incidente. Mas o mal estava feito.

Segundo informações divulgadas pelo Le Monde, a “ordem” de bloquear o avião não veio da presidência francesa, mas sim do governo. Fontes do palácio presidencial francês e do governo, citadas pela imprensa, asseguram que a decisão foi tomada pela diretora adjunta do gabinete do primeiro-ministro Jean-Marc Ayrault, Camille Putois. Christophe Chantepy, diretor do gabinete, disse porém que “se trata de uma decisão governamental”. Houve um erro, como disse Laurent Fabius, e a França disse que lamentava por ele.

Nenhuma declaração pode apagar tremendo papelão. O incidente não fez mais do que pôr em evidência a inexistência da Europa como entidade autônoma e livre e também a recolonização do Velho Mundo pelos Estados Unidos. E isso não é tudo: assim como ocorre com a norte-americana, as grandes democracias espionam o mundo. Isso foi o que revelou o Le Monde no que diz respeito ao sistema francês. Trata-se de um procedimento “clandestino”, escreve o diário, cuja particularidade reside não em explorar o “conteúdo”, mas qual a identidade de quem intercambia conversações telefônicas, mensagens de fax, correios eletrônicos, mensagens do Facebook ou Twitter.

Segundo o Le Monde, “a DGSE (serviços de inteligência) coleta os dados telefônicos de milhões de assinantes, identifica quem chama e quem recebe a chamada, o lugar, a data, o tamanho da mensagem. O mesmo ocorre com os correios eletrônicos (com a possibilidade de ler o conteúdo das mensagens), os SMS, os faxes. E toda a atividade na internet que transita pelo Google, Facebook, Microsoft, Apple, Yahoo”.

Com esse sistema se consegue desenhar uma espécie de mapa entre pessoas “a partir de sua atividade numérica”. Sobre isso, o diário francês destaca que “este dispositivo é evidentemente precioso para lutar contra o terrorismo, mas permite espionar qualquer pessoa, em qualquer lugar, em qualquer momento”. A França conta com o quinto dispositivo de maior penetração informática do mundo. Seu sistema de espionagem eletrônica é o mais potente da Europa depois do britânico. A DGSE se move com um orçamento anual de €600 milhões.

Estamos todos conectados. Sem sabê-lo, participamos da irmandade universal dos suspeitos, das pessoas que vivem sob a vigilância dos Estados, cujas mensagens amorosas ou não são conservadas durante anos. Inocentes enamorados se misturam nas bases de dados com criminosos e ladrões, ditadores e financistas corruptos. Pode-se apostar com os olhos fechados que essas últimas categorias mencionadas viverão impunes eternamente.

Tradução: Marco Aurélio Weissheimer


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