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AS ARMAS SECRETAS DE ISRAEL

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DOCUMENTAL - LAS ARMAS SECRETAS DE ISRAEL
= RESUMO=
Em 5 de junho de 1967, deu-se início à Guerra dos Seis Dias. Conflito armado pelos israelenses, com o apoio dos EUA, atacaram o Egito, a Síria e a Jordânia.
Depois da vitória, os israelenses anexaram-se à península do Sinai, faixa de Gaza, Cisjordânia e colinas da Golan. Anos depois do conflito árabe-israelense, o Egito voltou a ocupar o deserto do Sinai. Em 1967, adiantando um ataque iminente do Egito e da Jordânia, Israel surpreendeu as nações aliadas, lançando um ataque preventivo e arrasador à força aérea egípcia. Em 5 de junho, ao amanhecer, a força aérea israelense (FAI), fez um ataque coordenado às principais bases aéreas do Egito, destruindo todos os seus aviões no solo e inutilizando as pistas, marcando o início da Guerra dos Seis Dias. No período da guerra, a FAI, destruiu 350 aviões árabes e perdeu 31. O exército Egípcio tinha 7 divisões e cerca de 950 carros de combate. O exército israelense montou a Operação Lençol Vermelho, fazendo um ataque-relâmpago. Em 8 de junho, os israelenses fizeram uma armadilha, destruindo 60 tanques, 100 caminhões e 300 veículos. Para reabrir o estreito de Tiran, foi enviado um grupo de combate para o sul da península, a fim de encontrar com as forças paraquedistas que saltavam em Sharma-el-Sheikh, não teve luta porque a guarnição egípcia havia se retirado. Dificilmente na história militar, ocorreu uma vitória tão ampla e que foi conquistada em tão pouco tempo, foram apenas 4 dias para derrotar um grande exército com 7 divisões.
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O presidente Nasser do Egito morreu em 1970, e Anuar Sadat assumiu seu lugar. Os dois eram bem diferentes na forma de governar, Sadat imprimia uma política mais moderada e pragmática.
Quando assumiu a presidência do Egito, sua preocupação inicial era de recuperar os territórios perdidos para Israel durante a Guerra dos Seis Dias. Por esse motivo, o Egito e a Síria arquitetaram uma nova ofensiva militar contra Israel.
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O ataque foi realizado no dia 6 de outubro de 1973, quando os judeus comemoravam o Yom Kippur, ou Dia do Perdão.
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O início da Guerra foi vantajoso para os árabes, o Egito obteve de volta um trecho da península do Sinai, a Síria recuperou as Colinas do Golam. Com a ajuda dos Estados Unidos, os israelenses venceram o conflito e expandiram suas fronteiras ocupando territórios da Síria, do Egito e da Jordânia.
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Com o Fim da Guerra do Yom Kippur importantes modificações ocorreram no aspecto geopolítico do Oriente Médio. A Síria aprofundou os laços com Moscou, já o Egito abandonou sua relação com a URSS, e se aproximou dos EUA.
IMPORTÂNCIA DE FORTALECER ISRAEL

Podemos concluir que Israel, por todas as suas características e pelo seu desenvolvimento histórico, representa uma peça-chave no embate civilizacional que permeia a dinâmica das relações internacionais neste início do século XXI. O impacto do Oriente Médio na estabilidade do sistema internacional ganhou outra dimensão a partir dos atentados terroristas de 2001 nos Estados Unidos. Os dois conflitos prolongados no Afeganistão e no Iraque, envolvendo forças ocidentais, os desafios abertos de Mahmoud Ahmadinejad, presidente iraniano, empenhado em aniquilar Israel e em levar adiante a expansão do programa de enriquecimento de urânio (doravante em escala industrial), as ações de países como a Síria e o Irã, que colaboram explicitamente com grupos terroristas que operam contra Israel, como por exemplo, o Hezbollah, e as atividades da Rússia, um país que se torna cada vez mais influente na região, constituem uma dinâmica que parece indicar que o Oriente Médio ainda deverá se manter por algum tempo como o foco principal das atenções no cenário internacional.

O Irã afirma-se cada vez mais em sua posição de “rogue state” e requer respostas mais duras da parte do Ocidente. Contudo, dificilmente os Estados Unidos poderão enfrentar mais uma guerra convencional na região. Devemos frisar, aqui, a palavra “convencional”. Diante da necessidade imperativa de neutralizar uma ameaça concreta à sobrevivência de algum de seus aliados, os Estados Unidos, que são a maior potência militar do mundo, dispõem de condições de agir, porém a um custo possivelmente muito elevado perante a opinião pública internacional. Além do mais, o desgaste político interno com a abertura de uma nova frente de batalha também seria muito grande e provavelmente insustentável.

A Europa, que conta há décadas com a ajuda do poderio militar norte-americano para a sua integridade e sobrevivência, dedicou-se a construir um paraíso onírico kantiano onde a utilização da força é praticamente impensável e toda e qualquer ameaça deve ser enfrentada através do diálogo e do multilateralismo institucionalizado. Internamente, dedicam-se à manutenção de seu modelo de Estado de bem-estar social, cujos efeitos já começam a se fazer sentir na economia da região. Diante do aumento da longevidade e da queda das taxas de natalidade dos europeus, a população está envelhecendo e há cada vez menos jovens disponíveis para sustentar a elevada e crescente proporção de reformados. O aumento paralelo da islamização do continente europeu, que podemos traduzir como captação de imigrantes de baixa qualificação, a elevada taxa de desemprego na União Europeia, situada em 7.9% em 2006 de acordo com a Eurostat, e a condenação de modelos como o da Suíça, um país que atrai empresas e investimentos através da aplicação de tributações mais, digamos, decentes, completam o quadro que indica que o atual modelo econômico europeu não deverá se sustentar por muito tempo.

Um ator importante, que está se tornando cada vez mais representativo no cenário mundial, é a Rússia. O país, pela sua própria configuração geográfica, sempre teve vocação imperial. O urso russo está enjaulado desde o fim da Guerra Fria, com a fragmentação do bloco soviético, porém a vocação russa independe de orientações ideológicas e de sistemas políticos internos. O país é uma potência terrestre que, se conseguir acesso aos mares quentes, tornando-se uma potência anfíbia, obterá um significativo incremento de poder. O geopolítico inglês Halford John Mackinder já tinha visto isso no início do século XX e toda a Doutrina Truman, formulada no início da Guerra Fria para conter o expansionismo soviético, baseava-se em considerações geopolíticas dessa espécie.

Independente das opções econômicas da União Soviética terem contribuído para o colapso do bloco e de sua população ter sido mantida, em sua maior parte, na miséria e na fome, se o país tivesse conseguido tornar-se uma potência marítima, na época, provavelmente teria conseguido estabelecer celeiros em outros lugares do mundo. Teria sido um império sustentável? Dificilmente. Ao contrário da sofisticada dominação hegemônica, que transnacionaliza os recursos de poder (“hard” e “soft”), a bruta dominação imperial perde a sua sustentabilidade através do progressivo esgotamento decorrente da transformação contínua de recursos econômicos em militares.

Contudo, o embate entre o urso russo e a baleia americana, chamados a “concentrar nas mãos o destino da metade do mundo”, conforme previsto por Alexis de Tocqueville ainda no século XIX, não terminou com o desfecho da Guerra Fria em 1991. É claro que nas dinâmicas mais complexas das relações internacionais do século XXI a continuação do confronto entre os Estados Unidos e a Rússia não se dará em um ambiente de bipolaridade. A Rússia disputará seus interesses com pelo menos dois países próximos que caminham a passos largos para o status de grandes potências: a China e a Índia. Saber trabalhar com esses dois Estados, portanto, será de fundamental importância para a estruturação de uma possível nova contenção e para o desenvolvimento da configuração mundial nas próximas décadas.

Diante de uma muito provável mudança de mãos da administração norte-americana para os democratas, geralmente avessos a pensar no longo prazo, cabe uma advertência para que nesse mesmo longo prazo não acabemos todos mortos: é necessário continuar fortalecendo os sistemas de inteligência norte-americanos, tanto de coleta quanto de análise de informações. A política internacional mostra tanto a sua face quanto as suas máscaras na diplomacia, porém a sua gestão real se dá nas atividades de inteligência. Recentemente, o presidente norte-americano George W. Bush aprovou uma nova estratégia de contra inteligência determinada a expandir as operações contra espiões e terroristas estrangeiros, ao mesmo tempo intensificando a coordenação entre agências norte-americanas, o que é fundamental para a despolitização da inteligência. Será que a próxima administração dará continuidade a essa estratégia? De acordo com notícia recente no The Guardian (13 de abril de 2007), as atividades da inteligência russa na Inglaterra alcançaram o mesmo nível da Guerra Fria.

Com a perda recente de grande parte de sua influência no Leste Europeu, devido à entrada de países dessa região na União Europeia, a Rússia está concentrando suas atividades principalmente no Oriente Médio. O Irã é visto por muitos analistas como um país que tem a pretensão de se tornar uma potência regional. Ora, ter essa pretensão é algo natural e inerente à condição anárquica do sistema internacional. Contudo, nos últimos tempos, o Irã age mais como peão da Rússia do que como potência autônoma. Na diplomacia aberta, a Rússia alinha-se ao mundo livre na condenação do programa iraniano de enriquecimento de urânio, porém no mundo real ela fornece armas convencionais e sistemas de defesa antiaérea para o Irã (como o TOR-M1, entregue ao Irã no início deste ano), além de criar dificuldades no Conselho de Segurança para a aprovação de resoluções mais duras contra esse país.

Alimentando as pretensões do Irã, a Rússia ganha um aliado significativo na região. No mapa do Oriente Médio, quem corre o risco mais imediato é Israel, tanto por razões geopolíticas quanto por motivos civilizacionais. Trata-se da única democracia de tipo ocidental na região, o que favorece com direitos de cidadania inclusive a minoria árabe no país. Israel também se identifica com o núcleo duro da ocidentalidade, o que lhe garante o ódio e a repulsa das correntes de pensamento que se autodenominam “progressistas”. Nos meios acadêmicos e informativos ocidentais, com frequência acusa-se Israel de praticar terrorismo de Estado. Contudo, pouco se diz acerca do verdadeiro terrorismo de Estado que é praticado por países como o Irã e a Síria, que armam e fomentam grupos radicais para o assassínio de civis israelenses. Quem critica as ações de represália de Israel como sendo “anti-humanitárias” para com a população civil palestina, geralmente esquece-se de mencionar que Israel age para defender os seus civis, enquanto os grupos terroristas islâmicos defendem-se com os seus civis, utilizando-os covardemente como escudos humanos.

Cercado por nações hostis desde a sua criação, Israel somente tomou a iniciativa nas agressões em 1956 e 1967. Nessas duas ocasiões, os ataques foram de natureza preventiva. A espiral de violência que ganhou intensidade durante todo o ano de 1955, alimentada por Nasser com sua ofensiva de guerrilhas contra Israel, e o incremento do dilema de segurança, ocasionado pela aquisição ostensiva de armas soviéticas pelo Egito, não deu muitas alternativas a Ben-Gurion. Com a nacionalização unilateral do Canal de Suez por Nasser em 26 de julho de 1956, em outubro desse mesmo ano o Reino Unido, a França e Israel lançaram a Operação Mosqueteiro contra o país árabe. A Campanha do Sinai, como é conhecida em Israel essa segunda guerra árabe-israelense, foi facilmente vencida por Israel, porém a vitória militar terminou ofuscada pelas pressões políticas dos Estados Unidos e da União Soviética dentro do contexto e da lógica da Guerra Fria. Em 1967, o ataque israelense foi uma antecipação aos movimentos do Egito e da Jordânia. Desde maio desse ano, os exércitos árabes já estavam reunindo forças ao longo das fronteiras de Israel e a frente árabe constituída pelo Egito, Jordânia e Síria recebia contínuo apoio soviético.

Atualmente, Israel convive em seu dia-a-dia com o flagelo do terrorismo, que interfere no desenvolvimento de suas atividades econômicas. Deve ser dito que, em termos econômicos, Israel nunca se voltou integralmente a favor do livre mercado. Porém, é necessário ressaltar que a prosperidade e o bem-estar econômico devem ficar sempre em segundo plano diante do objetivo primordial da segurança e da necessidade fundamental da sobrevivência. Não será o “livre comércio” e nem o “liberalismo” que conseguirão pacificar a região do Oriente Médio e tornar segura a vida dos israelenses. A estabilidade é consequência da implementação de boas escolhas estratégicas e não de idealismos que têm pouca aplicação diante de ameaças bastante concretas. Se queres a paz, prepara-te para a guerra (“si vis pacem, para bellum”), já dizia o escritor militar romano Vegetius, por volta de 390 a.C. Assim, deve-se primeiro garantir a sobrevivência através do fortalecimento das capacidades de poder perante os outros Estados da região. Depois, pode-se começar a pensar nos benefícios da paz para o desenvolvimento de relações econômicas que promovam o bem-estar e a prosperidade. Acusar Israel de ser um país “socialista” e reclamar da falta de engajamento dos israelenses em modelos de liberalismo econômico e político evidencia um elevado grau de miopia, em geral vinculado ao vício de concentrar-se nas efemeridades da pequena política e nos aspectos de caráter religioso, ideológico e cultural, em detrimento do contexto mais amplo das relações internacionais, onde não há muito espaço para opiniões de diletantes.

Apesar de todas as dificuldades que Israel enfrenta, desde 2003 o país vem realizando, com bastante sucesso, algumas mudanças em suas orientações econômicas. Israel é uma economia de mercado tecnologicamente avançada e equipamentos de alta tecnologia representam parte considerável de sua pauta de exportações. A participação do governo na economia, em geral bastante significativa, está diminuindo substancialmente. O país também apresenta uma interessante trajetória de crescimento nos últimos anos. Em 2004, seu PNB cresceu 4.8%. Em 2005, a taxa de crescimento foi de 5.2% e, em 2006, de 5.1%. A taxa de crescimento da economia israelense em 2006 foi elevada em comparação à média mundial e ultrapassou em quase dois pontos percentuais a média dos países da OCDE (situada em 3.2% nesse mesmo ano).

No índice de liberdade econômica publicada pela Heritage Foundation, cuja metodologia foi revista em 2007, Israel aparece no início do terceiro grupo, o dos países moderadamente livres, ocupando a 37ª posição logo abaixo da Coréia do Sul. O Brasil aparece nesse mesmo grupo, só que no outro extremo, ocupando a 70ª posição, abaixo da Tunísia (69º) e bem abaixo de Belize (56º). No que diz respeito a países da América Latina, o índice da Heritage coloca Israel somente atrás do Chile, que ocupa a 11ª posição e está no segundo grupo, o dos países em sua maior parte livres, de El Salvador, na 29ª posição e também no segundo grupo, e do Uruguai, situado no mesmo grupo de Israel, só que na 33ª posição.

O desempenho econômico de Israel e a possibilidade de voltar-se um pouco mais para a liberalização de sua economia devem-se, em parte, à presença norte-americana na região. A campanha dos Estados Unidos no Iraque, independente dos seus resultados mais visíveis serem aparentemente negativos, já deu pelo menos um fruto bastante significativo: contribuiu para aumentar a segurança em Israel. O regime de Saddam Hussein era um dos principais patrocinadores do terrorismo anti-israelense na região e a eliminação dessa ameaça permitiu que Israel pudesse ceder um pouco de espaço, nas suas preocupações, às reformas econômicas dos últimos anos.

Podemos concluir que Israel, por todas as suas características e pelo seu desenvolvimento histórico, representa uma peça-chave no embate civilizacional que permeia a dinâmica das relações internacionais neste início do século XXI. Devemos ter em conta que o fundamentalismo islâmico volta-se imediatamente contra o inimigo mais próximo, que é Israel, mas seu oponente é, de fato, a civilização ocidental como um todo. Não podemos desconsiderar também a Rússia, um país comprometido com a sua vocação histórica e que está sabendo tirar proveito das tensões no Oriente Médio para a concretização de seus interesses geopolíticos. Em um momento de fraqueza da identidade ocidental, fortalecer Israel também é importante porque a sobrevivência desse país envolve uma série de valores que deveriam continuar sendo caros ao Ocidente.

Diante da debilidade europeia, em termos militares, e da dificuldade que seria para os Estados Unidos entrarem abertamente em novos conflitos armados na região, talvez uma das melhores opções estratégicas disponíveis na atualidade seja fortalecer cada vez mais o Estado de Israel (tanto nos aspectos militares quanto econômicos). Apesar das dificuldades estratégicas que enfrenta desde o início de sua existência, ultimamente o país vem galgando posições no ranking mundial da liberdade econômica e no crescimento sustentável. Além disso, também possui uma indústria de alta tecnologia, o que o torna bastante atraente para a captação de investimentos – ao contrário da América Latina, onde seria irresponsável desperdiçar recursos, visto que a região, além de não representar tanta importância geopolítica quanto Israel no panorama atual, optou por estacionar em retóricas ideológicas da década de 1970.
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FONTE: Cláudio Tellez Matemático e Analista Internacional, é chileno e nasceu na Alemanha (Bochum) em 7 de novembro de 1976. Colunista do site Mídia Sem Máscara desde 2003 e do site Ratio Pro Liberte desde 2004, atualmente desempenha a função de Vice-Presidente de Formação e Projetos no Centro Interdisciplinar de Ética e Economia Personalista (CIEEP), onde também escreve artigos e resenhas de livros

Site: http://www.claudiotellez.org/
E-mail: mailto:%20claudio@tellez.com
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CONFLITO ÁRABE-ISRAELENSE

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LIVRO: EGITO - UMA VIAGEM AO BERÇO DE NOSSA CIVILIZAÇÃO (*)

AUTOR: FÉLIX MAIER

A diáspora judia

A presença judaica na antiga Palestina terminou depois que os romanos abafaram duas revoltas judias, uma em 70 e outra em 135 de nossa era.

A primeira revolta começou com judeus e samaritanos matando-se uns aos outros. Com a chegada do general romano Vespasiano e sua tropa de 60 mil soldados, os judeus refugiaram-se em Jerusalém. Com a morte de Nero, Vespasiano foi proclamado imperador, retornando a Roma. Seu filho Tito assumiu o comando da campanha contra os judeus e em 70 ocupou e destruiu a cidade de Jerusalém, promovendo um banho de sangue. Apesar de ordens contrárias de Tito, o Templo de Salomão, reconstruído por Herodes (2º Templo), foi demolido, permanecendo apenas uma parede do mesmo, que hoje conhecemos por "Muro das Lamentações". Somente uma pequena parte das muralhas da antiga cidade de Jerusalém não foi destruída.

No ano de 130, o Imperador Adriano começou a reconstrução da antiga Jerusalém em ruínas, com um templo dedicado a Júpiter. Devido a essa tentativa de paganização, os judeus rebelaram-se mais uma vez contra os romanos. Foram novamente massacrados e os que sobreviveram proibidos de pôr os pés na Cidade Sagrada. Jerusalém passou a se chamar Aelia Capitolina e os romanos aboliram o nome "Judéia". A partir de 135, a população judia remanescente na Palestina restringiu-se a um pequeno número, completando-se a diáspora dos judeus, que a partir de 70 começaram a se espalhar por todos os cantos do mundo.

Após o domínio árabe, que começou em 637, permeado por um curto domínio do Reino Latino de Jerusalém - dos Cruzados (1099-1291) -, os muçulmanos governaram a Palestina até 1917, quando as tropas britânicas expulsaram as forças turcas do país e estabeleceram um domínio até 1948, data de criação do Estado de Israel. Embora os turcos otomanos tivessem permitido o retorno à Palestina de refugiados judeus perseguidos pela Inquisição espanhola, a maioria deles preferiu escolher outros países.

A partir da década de 1880, intelectuais judeus do leste europeu criaram um movimento político chamado "sionismo", que pretendia restabelecer na Palestina um Estado para o povo judeu espalhado pelo mundo. A palavra "sionismo" vem de "Sião", antigo nome da cidade de Jerusalém. O judeu húngaro Theodor Herzl publicou Der Judenstaat (O Estado Judeu), abordando idéias de assentamentos judeus na Palestina, a Eretz Israel ou a "pátria histórica dos judeus". Em 1897, Herzl organizou o Primeiro Congresso Sionista, na Suíça, e foi criada a Organização Sionista Mundial. Foi cogitada a criação de um Estado judeu em outro território, fora da Palestina. Foram propostos a Argentina, o Chipre e o Sinai. Até a Uganda foi oferecida. Os judeus, porém, permaneceram fiéis ao sonho de estabelecer uma nova pátria na Eretz Israel.

Embora existissem menos de 1.000 judeus em Jerusalém até o século XVI, na década de 1880 esse número aumentou para 25.000, contra 600.000 cristãos e muçulmanos. O motivo dessa imigração era fundamentalmente religioso. As aliot ou "levas de imigração" para a Palestina intensificaram-se a partir do movimento sionista, formando uma base econômico-social de inspiração socialista, com a criação dos kibbutzim, as famosas colônias agrícolas judaicas. Em 1914, cerca de 30 colônias sionistas já haviam se estabelecido na Palestina, somando 40.000 judeus na região, embora houvesse crescente restrição dos otomanos.

A partilha da Palestina

Em 2 de novembro de 1917, o Governo britânico reconheceu a "Declaração Balfour" - de seu Ministro do Exterior, Arthur James Balfour -, que concedia o direito do estabelecimento de um lar judeu na Palestina. A Palestina tinha sido tomada dos turcos pelos ingleses ao fim da Primeira Guerra Mundial e a Liga das Nações concedeu ao Reino Unido mandato sobre a Palestina, para que principiasse a criação do Estado judeu.

Com o crescimento do antagonismo árabe-judeu, começou a haver restrições à imigração judia para a Palestina. Em 1922, Winston Churchill publicou o Livro Branco, que restringia oficialmente a imigração dos judeus. É a época em que aparecem os primeiros grupos terroristas judeus, como o Irgun de Menachen Beguin, aterrorizando árabes, britânicos e os próprios judeus que não apoiavam suas ações. Violentos distúrbios ocorreram em 1929 e 1936, quando foram atacadas muitas aldeias judaicas. Nessa mesma época, milhares de judeus europeus imigraram para a Palestina, fugindo do nazismo.

O hebraico ressurgiu como língua oficial para os judeus na Palestina, um idioma falado e vivo, graças principalmente ao trabalho de Eliezer Ben-Iehudá.

Com o fim da II Guerra Mundial, o problema da Palestina apresentava outro aspecto. Seis milhões de judeus haviam perecido no holocausto nazista e o movimento sionista passou a exercer uma maior pressão internacional para a criação do Estado judeu. Assim, a questão palestina foi levada à Assembléia-Geral da ONU, em Flushing Meadows, presidida pelo embaixador brasileiro Osvaldo Aranha. Em 29 de novembro de 1947, foi votada a partilha da Palestina, prevendo um território judeu e outro palestino, com 33 votos a favor, 13 contra e 10 abstenções. Jerusalém teria status de cidade internacional.

Convém salientar que a ONU destinou aos judeus as terras mais férteis da Palestina, como a planície costeira e a planície do Esdrelon, além do Lago da Galiléia. Embora a população árabe, na época da partilha, comportasse 2/3 da população total da Palestina, de 1.936.000 habitantes, a ONU lhe destinou apenas 42,88% do território, com terras arenosas e pobres.

Em 14 de maio de 1948, em Tel Aviv, David Ben-Gurion leu a proclamação da independência do Estado judeu. Oito horas após esse ato, o Estado de Israel foi invadido por tropas de países árabes vizinhos.

À espera do "5º round"

No "boxe" árabe-israelense, eles finalizaram o "4º round" em 1973. Depois de enxugarem seu suor com a toalha, tomarem um novo fôlego, quando ocorrerá o "5º round"?

Horas após a criação do Estado de Israel, o Egito, a Síria, a Jordânia e o Iraque atacaram o país judeu, não aceitando a decisão da ONU sobre a partição da antiga Palestina. Após essa guerra vitoriosa, Israel aumentou seu minúsculo território em 50%.

Os palestinos, em sua maioria, fugiram para a Jordânia, convictos de que os árabes venceriam a guerra e que poderiam voltar depois para suas casas. Israel arrasou vilas-fantasma inteiras dos antigos moradores e proibiu a volta dos mesmos após a guerra, iniciando-se assim a diáspora palestina. Muitos palestinos estabeleceram-se no Egito, no Líbano e principalmente na Jordânia. Outros atravessaram os oceanos para procurar novo lar, inclusive no Brasil. No Egito há muitas indústrias de renome comandadas por palestinos, como a Cristal Asfour.

[[[A parte árabe da antiga Palestina, que deveria formar o novo Estado palestino, foi anexada pela Jordânia em 1950.]]]

Os guerrilheiros palestinos começaram a entrar em choques violentos contra o Exército da Jordânia, culminando em 1970 num sangrento massacre de palestinos, conhecido como "Setembro Negro". Os sobreviventes foram expulsos para o sul do Líbano, onde Yasser Arafat montou seu quartel-general.

O "2º round" começou em 1956, quando Násser nacionalizou o Canal de Suez e proibiu o seu uso a Israel. O Estado judeu ocupou a Península do Sinai e a Faixa de Gaza, pertencentes ao Egito. Sob pressão internacional, Israel foi obrigada a retornar a seus antigos limites. Para fazer valer a resolução da ONU, dentre a forças internacionais de paz enviadas para o Sinai e Gaza, convém salientar a presença do Batalhão Suez, composto pelos boinas azuis brasileiros, que se fizeram presentes na região a partir de 1957.

Em 1967, foi um "knock-out" que Israel aplicou nos árabes logo no primeiro assalto - usando mais uma vez um termo do boxe. Em apenas 6 dias, Israel tomou toda a Península do Sinai, a Faixa de Gaza, toda a margem oeste do Rio Jordão (Cisjordânia) e as Colinas de Golã, na Síria. Os aviões no Cairo sequer conseguiram alçar vôo. Foram bombardeados no solo.

Há analistas que consideram aquele conflito como a "guerra da água", o líquido precioso que Israel foi buscar no solo da Cisjordânia, nas nascentes do Rio Jordão (Colinas de Golã), além de passar a ter completo controle das águas do Jordão. No recente tratado de paz com a Jordânia, Israel se comprometeu a desviar uma parte da vazão das águas do Rio Jordão ao país vizinho. Muitos apostam que uma futura guerra na região, se houver, será uma guerra pela água.

Durante a Guerra de 1967, aumentou o terrorismo de Israel contra os palestinos dos territórios ocupados. Muitas aldeias inteiras foram destruídas pelos judeus, os tratores alisando o terreno, a população tendo que fugir para escapar do massacre. As terras dos "ausentes" foram confiscadas para instalação de bases militares e assentamentos agrícolas. Formaram-se "cinturões" de assentamentos judeus em torno das principais cidades da Cisjordânia, como Hebron, Belém, Ramallah, Jericó e Nablus, além de Jerusalém. De 1967 até 1983, foram instaladas 163 colônias (kibbutzim) na Cisjordânia e 12 em Gaza. No Golã sírio foram estabelecidos 29 kibbutzim entre 1967 e 1980. Enquanto os colonos judeus na Cisjordânia podiam perfurar poços artesianos de até 300 m de profundidade, os palestinos só podiam atingir 100 m. Além disso, foi fixado para os palestinos um limite máximo de água bombeada por dia. Todos os governos anteriores ao atual governo de Yitzak Rabin procuraram acelerar o ritmo de assentamentos nos territórios ocupados, com a intenção clara de saturar a área com população judia, de modo que a ocupação judaica se tornasse irreversível.

Além da ocupação dos territórios árabes efetuada na Guerra de 1967, deve-se destacar a invasão no sul do Líbano, em 1978, a partir de quando Israel passou a ocupar 10% do território libanês. O objetivo prioritário daquela operação foi o de apoderar-se das águas do rio Litani. A autoproclamada "zona de segurança" israelense no sul do Líbano, desta forma, destinou-se a aumentar em 50% a captação de água no país e não a defender o país contra ataques árabes a partir do Líbano, como a mídia israelense tem propalado.

Em 1969 e 1970 houve a chamada "Guerra de Atrito" entre Israel e o Egito, ao longo do Canal de Suez, onde Israel havia instalado a fortificada linha de defesa Bar Lev. As tropas de ambos os lados faziam escaramuças, com perdas de vidas humanas, devendo ser destacada a operação cinematográfica de Israel ao apreender uma estação de radar egípcia no lado ocidental do Canal. Porém, a "Guerra de Atrito" não pode ser considerada uma guerra convencional.

Entre 1948, ano de criação do Estado judeu, e 1970, mais de 1.300.000 imigrantes judeus se instalaram na Palestina, aumentando a população judia de 700 mil para 3.000.000. A Lei do Retorno concede, ainda hoje, cidadania israelense a qualquer judeu no exterior que chegue para viver no país. Após o fim da União Soviética, houve grande fluxo de judeus russos a Israel, além de judeus africanos, como os falashas etíopes, atraídos pela política desenfreada de assentamentos do governo Yitzhak Shamir, principalmente nos territórios ocupados. Porém, após a Guerra do Golfo, com a nova situação política no Oriente Médio em direção à paz entre árabes e judeus, os EUA negaram um empréstimo de 10 bilhões de dólares a Israel, para congelar a política de rápida ocupação do solo da Cisjordânia. Entre 1990 e 1993, 550.000 imigrantes se estabeleceram no Estado judeu. Em 1994, foram apenas 78.000.

No "4º round", em 1973, houve uma fenomenal reação do adversário de Israel, na chamada Guerra do Ramadã, como a chamam os egípcios, ou Guerra do Yom Kippur, assim conhecida em Israel. Num ataque fulminante, o Egito furou a fortificada linha de defesa Bar Lev, ao longo do Canal de Suez, e se aprofundou nos desertos do Sinai, ao mesmo tempo em que a Síria avançava pelo norte do Mar da Galiléia. A data escolhida para o ataque não podia ter sido melhor: no dia 6 de outubro comemorava-se a festa religiosa do Yom Kippur, em Israel, o "Dia do Perdão", num sábado, quando tudo pára naquele país, inclusive a transmissão das emissoras de rádio e televisão.

O Egito havia se preparado muito bem para a revanche, criando sua 4ª Força Armada, a Força de Defesa Aérea - lição aprendida no vexame dos seus aviões sendo bombardeados no Cairo em 1967. Com seu enorme arsenal soviético e uma eficaz proteção antiaérea contra ataques de seu inimigo, o Egito obteve logo nas primeiras horas de combate importantes vitórias.

Aprofundaram-se no Sinai 250 aviões de combate egípcios que destruíram, na primeira hora, 3 aeroportos, 10 bases de mísseis superfície-ar, 3 postos de comando israelenses e centros de monitoração e interferência eletrônica. Como se pode ler no livro The Ramadan War, 1973, de Hassan El Bardi e outros, caiu por terra o mito da invencibilidade israelense. O front do Canal de Suez foi testemunha de 2.000 peças de artilharia que despejaram 3.000 toneladas de explosivos em 53 minutos. Menos de seis horas após o início do combate, 5 Divisões egípcias cruzaram o Canal, 80.000 soldados furaram a até então inexpugnável Linha Bar Lev. Hoje, na região do Lago Timsah encontra-se um memorial à Guerra, no local onde havia uma das mais fortificadas cidadelas israelenses.

É muito provável que o Egito e a Síria tivessem chegado a Tel Aviv, não fosse a rápida ponte-aérea de suprimentos feita pelos americanos, além de fornecerem fotos aéreas de posições egípcias e sírias para Israel. Os americanos teriam sido chantageados por Israel se não fornecessem rápida ajuda: os judeus poderiam utilizar suas armas atômicas. Segundo uma reportagem do Herald Tribune, de 21 Out 91, Seymour M. Hersh afirma em seu livro The Samsom Option que para o Estado judeu não restaria outra senão A Opção Sansão. Essa opção, como o Sansão da Bíblia, era o de, morrendo, matar o maior número de inimigos. Ou seja, se necessário, usariam as bombas atômicas contra as nações árabes que estavam ameaçando Israel e também contra algumas cidades soviéticas. Mesmo com o perigo de Israel desaparecer do mapa. O holocausto, a batalha de Armagedon, poderia ter ocorrido naquele conflito.

Segundo o mesmo livro, as bombas nucleares israelenses saíram dos silos para serem instalados em lançadores pelo menos três vezes: duas vezes durante a guerra de 1973 e uma vez durante os ataques iraquianos de mísseis Scuds durante a Guerra do Golfo, em 1991.

Os israelenses, até hoje, nunca confirmaram seu arsenal atômico, avaliado em mais de 100 ogivas nucleares pelo livro The Samsom Option. O complexo nuclear israelense estaria instalado nos subterrâneos de Dimona, no Deserto do Negev. O livro afirma, ainda, que Israel colocou minas nucleares terrestres nas Colinas de Golã e que possui centenas de bombas de nêutrons capazes de destruir grande número de tropas inimigas.

Até hoje, a imprensa ocidental sempre se refere à Guerra do Yom Kippur como mais uma vitória israelense, tentando diminuir o valor do surpreendente ataque egípcio. Isso não é novidade, pois a literatura ocidental também nunca deu o devido valor às antepassadas façanhas de Saladino frente aos Cruzados na Terra Santa. A verdade é que por muito pouco Golda Meir e Moshe Dayan não viram seu diminuto país ser varrido da face da terra.

Com a ameaça dos soviéticos frente à ajuda americana na guerra de 1973, é assinado um armistício. Após muitas negociações, incluindo a reunião em Camp David, nos EUA, Anwar Al-Sadat, do Egito, e Menachen Beguin, de Israel, assinaram um Acordo de Paz, em 1979. Esta decisão ocasionou o assassinato de Sadat por extremistas muçulmanos, que não aceitavam negociar com o Estado judeu. Sem dizer que Sadat oferecera asilo político ao antigo Xá do Irã, Rehza Pavlavi, destronado por Khomeiny, o que irritou todos os xiítas do mundo. Com o Acordo, Israel se comprometeu a devolver o Sinai ao Egito, o que veio a ocorrer somente em 1982.

Devido à ajuda americana aos judeus, os países árabes boicotaram a venda de petróleo ao Ocidente. Os preços quadruplicaram da noite para o dia, afetando a economia de todos os países dependentes da importação do petróleo. O Brasil, que tinha baseado seu Programa Nacional de Desenvolvimento em cima de um petróleo barato, sofreu duro golpe, pois importávamos mais de 80% do óleo cru. Com os preços altos, os grandes países produtores de petróleo - o cartel da OPEP - enriqueceram-se rapidamente, a exemplo da Arábia Saudita, graças à chamada "guerra do petróleo" de 1973.

A guerra de 1973 foi a mais custosa de todas as guerras que o Egito teve com Israel, tanto em vidas humanas, quanto em material bélico. Ainda hoje vêem-se muitas carcaças de carros de combate no Sinai, bem como esqueletos humanos inteiros pros¬trados nas escaldantes areias do deserto. Volta e meia há gente indo pelos ares, após pisar numa mina que não foi desativada. Isso acontece, muitas vezes, em praias lindíssimas do Mar Vermelho, por onde passam muitos turistas. Critica-se o Egito por não ter mapeado suas minas, o que permitiria sua destruição após a guerra.

Até o recente Acordo de Paz com a Jordânia, o Egito era o único país árabe que tinha relações diplomáticas com Israel, porém frias. Dois terços do Exército egípcio encontram-se estacionados perto do Canal de Suez, onde tropas se movimentam continuamente em acampamentos provisórios. Não há intercâmbio cultural entre os dois países e o comércio bilateral é insignificante. Nas escolas egípcias, quando se estuda geografia, os mapas não apresentam o Estado de Israel e sim a Palestina. O nome "Israel" não é se¬quer pronunciado. Salah, o egípcio que trabalhava na aditância militar, só se referia a Israel como Phalistina (Palestina) - nome proveniente dos antigos habitantes da região de Gaza, os filisteus.

Uma vez eu disse a alguns egípcios no British Council, onde estudava inglês, que iria conhecer Israel. Eles se espantaram e procuraram me demover da idéia, dizendo que era muito mais interessante visitar a Jordânia, por exemplo. Eu achava que aqueles alunos tinham a mente mais aberta que a população menos esclarecida, pois desejavam trabalhar no Canadá, Estados Unidos ou na Austrália, em busca de um futuro mais promissor, já que no Egito a perspectiva de emprego era sombria. Para isso estavam estudando o inglês. Nunca imaginava que o preconceito contra os judeus era tão forte entre estes.

Nos últimos 15 anos, o vôo de turistas de Israel para o Egito não teve sua contrapartida, apesar do Acordo de Paz entre os dois países. Enquanto 1 milhão de turistas israelenses visitaram o Egito na década de 80, somente 3 mil egípcios visitaram Israel no mesmo período. Continua a barreira ideológica dos egípcios, que vêem Israel como agressor, querendo exterminar os palestinos. Mesmo o Papa Shenouda III, o Patriarca da Igreja Copta, do Egito, disse ao Al-Ahram nº 161 de 24-30 Mar 94: "Nós, os coptas, não visitaremos Jerusalém enquanto não pudermos lá andar lado a lado com nossos irmãos muçulmanos".

Os árabes criticam, até hoje, a política expansionista de Israel, temendo que o país judeu estenda seus limites desde o Vale do Nilo até o Eufrates. Parece uma acusação sem fundamento. Porém, se observarmos o mapa do "Grande Israel" estampado em uma moeda israelense de 100 sheqalim, não podemos deixar de dar razão aos árabes.

No momento, com a nova situação criada no Oriente Médio, após a Guerra do Golfo, não se vislumbra de imediato um novo choque entre os contendores. Com o Acordo de Paz entre Israel e a OLP de Yasser Arafat, em 13 de setembro de 1993 - o que valeu o Prêmio Nobel da Paz em 1994 para Yasser Arafat, Yitzak Rabin e Shimon Perez -, a situação da contenda árabe-israelense toma novos rumos, até então considerados inimagináveis. Engatinhando como nação em Gaza e no enclave de Jericó, não se sabe ainda se a autodeterminação dos palestinos será mesmo efetivada. Há que se considerar as dificuldades financeiras do incipiente Estado palestino, os ataques dos grupos extremistas, quer judeus, como a Espada de Davi, quer islâmicos como o Hamás e a Jihad Islâmica, que não aceitam sequer a existência do Estado de Israel, e a disposição de Israel implementar, no futuro, a completa devolução da Cisjordânia.

Com o atual governo Mubarak alinhado aos Estados Unidos, o que torna sua cabeça uma mira em potencial das metralhadoras dos fundamentalistas islâmicos, é mais provável que um ataque contra Israel pudesse partir da Síria ou do Iraque. Porém, a Síria, sem o antigo apoio soviético e mais contido, visando a recuperação das Colinas de Golã, não se arriscaria a invadir o Estado judeu e ter que enfrentar as modernas armas americanas. O Iraque, por hora, está se recuperando da surra sofrida na Guerra do Golfo, em 1991, e não arriscaria uma aventura semelhante à que tentou no Kuwait. Assim, quem poderia iniciar o "5º round"?

Com o Acordo de Paz com Israel, o Egito recuperou todo o Sinai e sua auto-estima como nação. O dia 6 de outubro, data do início da Guerra do Ramadã, é um feriado importante no país - Dia do Exército -, assim como a data da devolução do Sinai, comemorada no dia 24 de abril. Todos os anos são chamados veteranos de guerra para essas comemorações que visam enaltecer os feitos de guerra do país, em 1973, após as várias derrotas fragorosas anteriores.

Para o Egito, a paz com Israel é fundamental. Já desistiu da devolução da Faixa de Gaza. Quer que esse território, junto com a Cisjordânia, forme um Estado palestino. As guerras só trouxeram prejuízo para o Egito, o êxodo rural aumentou, a cidade do Cairo inchou e está um caos, a falta de empregos é crônica.

Um Egito governado por muçulmanos fundamentalistas poderia fornecer meios de se armar a "lona" para mais uma contenda árabe-israelense, o "5º round". Esse perigo existe, pela ação desencadeada por extremistas, com ataques a turistas, policiais, intelectuais, cristãos coptas e autoridades governamentais, visando minar o governo com a crise social que se alastra. O turismo caiu de 50 a 70% nos últimos 2 anos, os hotéis estão vazios, assim como os famosos navios que fazem os cruzeiros no Nilo. Como sabemos, o turismo é a segunda maior fonte de moeda estrangeira, depois do Canal de Suez. Uma parcela considerável da população egípcia vive dessa renda.

O conflito árabe-israelense é satirizado pela magistral pena do chargista egípcio Gomaala, do jornal Al-Ahram, editado em inglês, principalmente no que tange à parcialidade da ONU e dos EUA frente àquele problema, sempre em detrimento dos árabes. Os árabes, não sem razão, sempre perguntam por que os EUA não procuram impor aos israelenses a Resolução 242 do Conselho de Segurança das Nações Unidas, de 1967, que exige até hoje a retirada de Israel dos territórios ocupados, da mesma forma que impuseram pela força a saída de Saddam Hussein do Kuwait, após a Resolução 660 do mesmo Conselho de Segurança. Ou a imposição da Resolução 425, de março de 1978, que exige a retirada de Israel do sul do Líbano. Enfim, na época de Cristo a Palestina era regida pela pax romana. Hoje, pela pax americana...

O jornal Egyptian Gazette rebatizou a Guerra do Golfo como sendo uma guerra árabe-israelense. Teríamos tido, assim, o "5º round" e não sabíamos. Esses exageros são comuns na imprensa egípcia, principalmente aquela que não aceita a influência americana na região e a situação de Israel, ainda com poder de mando.=

FONTE: http://www.batalhaosuez.com.br/historiaConflitoArabeIsraelenseCapIII.htm

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