Por David da Costa Coelho
As pessoas fazem estardalhaço na internet por várias coisas, algumas seguindo o raciocínio de manada, postando e repassando idiotices, sem contestar a informação ou a idoneidade ou motivo por traz dela. Ou quando se aplica a coisas que realmente tem fundamento, foi contextualizado por conhecedores do assunto e estudiosos, cabendo para isso, ainda assim; mais aprofundamento porque a opinião de qualquer ser humano nunca esta totalmente livre de ranços de sua cultura, religião e politica. Com os animais não poderia deixar de ser diferente porque nós somos os únicos seres que tem consciência da vida e da morte, eles, no entanto, vivem apenas por instinto.
Os seres vivos de carne e osso, ao longo de milhares de anos desde a evolução e supremacia humana, são nosso alimento, nossas pragas, nossas oferendas aos deuses do panteão [1]henoteista, e monoteísta; os islâmicos ainda hoje fazem o sacrifício de cabras e bois eu seu dia sagrado [2]Eid al-Adha. Os membros de religiões henoteista e animistas no mundo inteiro também. Alguns [3]judeus ortodoxos fazem sacrifício de animais, e o costume pode estar de volta porque segundo a lei deles, deve ser feito nas proximidades do templo sagrado, onde é o muro das lamentações...
As religiões de cunho africano como Umbanda e Candomblé, usam o sangue e carcaças de animais em suas festas e ritos de celebração de suas divindades, ou até mesmo oferendas que são postas em encruzilhadas, matas e cachoeiras, como forma de alimentar os deuses em seus pedidos. Algumas partes desses animais são consumidas quando em festas de matança pelos [4]Ogans, outras no entanto, devem ser deixadas inteiras e intocadas aos deuses em despachos, como dito acima, o que deixa o povo das demais religiões que discordam da pratica não só de cabelo em pé, como taxam aquilo de crime hediondo aos direitos dos animais...
Nos dias de hoje isso cria muita polêmica no Brasil, principalmente em face de religiões como o protestantismo e o cristianismo creditarem à Umbanda e o Candomblé como religiões demoníacas; e tais oferenda seriam coisas terríveis, oferecidas ao demônio e seus enviados para acabar com a vida das pessoas ou agradar as divindades maléficas do credo. Se tais religiões existissem na Europa renascentista, católicos e protestantes não teriam se matado aos milhares, pois teriam um inimigo comum que os unisse na sandice particular de matar quem pensa o deus diferente deles...
Ao contrario disso, as religiões de origem africana, seguidas por ¼ da população brasileira, são apenas outras que tem o mesmo caminho da qual todas se originaram, e ainda mantem suas tradições ancestrais de oferendas aos seus santos, deuses e entidades do além. O catolicismo, com sua semana santa em que só se deve comer peixe, também é semelhante porque seres vivos também serão mortos em nome da divindade suprema, copiada ao longo de séculos de um sincretismo de inúmeros povos. A carne consumida em nome do nascimento desse deus é uma celebridade de morte animal na escala de bilhões de seres, o natal celebra um nascimento divino; mas a festa sangrenta deste credo fica por conta dos Perus, frangos, carne de porco, evento também compartilhado também por protestantes. Não esquecendo o dia de ação de graças nos EUA, em que se mata em média 50 milhões de Perus para o evento de agradecimento aos índios que lhes deram meios de sobreviver ao chegarem à América. Assim como os perus, os índios receberam o mesmo tratamento caridoso...
Neste quesito de extermínio de animais em homenagens a datas cívicas e religiosas, só escapam os vegetarianos porque comer carnes para eles é um crime. No entanto, também são hipócritas porque vivem em uma sociedade onde o [5]boi e a vaca estão presentes em tudo de suas vidas... Além dos mais, as plantas também são seres vivos, mas só porque não possuem um cérebro centralizado, como no reino animal, acham que não estão vivos e podem comer sem culpa. Bom, as plantas não possuem só a energia vital que adoramos consumir no almoço, jantar e dejejum, elas reagem a carinho e sentimentos, comprovado em inúmeros estudos científicos, portanto, podemos compreender uma inteligência ampla, só que nossa ciência ainda não a estudou a esse ponto. As supremas mentes vegetarianas imaginam que se o ser vivo não tem um cérebro num lugar central, acham que não há inteligência, portanto é menos terrível comer uma alface que um boi...
A bem da verdade, não existe um único ser vivo neste planeta, do reino animal, que não precise da energia vital das plantas, dos fungos e bactérias para sobreviver, mas após morrer, seu corpo será decompostos por vermes, fungos e bactérias, que alimentarão as plantas; e os seres vivos superiores. Um ciclo perfeito há bilhões de anos, portanto, certas futilidades, aos olhos da natureza e da evolução, são apenas sandices temporárias humanas. Nossos ancestrais compreenderam isso quando se delineou o animismo, porque a energia vital esta em tudo. E nas oferendas de seres vivos aos seus deuses diversos, pretendiam com suas orações, endereçarem esse poder as divindades, para que elas atendessem seus pedidos módicos de saúde, sexualidade perfeita, bens materiais e longevidade pessoal.
Com relação à ciência, mesmo estando no século XXI, ela ainda utiliza animais em milhares de pesquisas que salvam vidas, ou que são apenas direcionadas para vaidades inúteis, manipuladas pela mídia, para pessoas que não pensam. A exemplo do Shampoo para crescer cabelo, esmalte para fortalecer unha, e tantas outras besteiras para pessoas que não conseguem entender que o corpo produz as coisas de dentro de suas células para os órgãos; assim sendo se existisse o tal Shampoo para crescer cabelo, por que ainda existem bilhões de carecas no mundo? Embora possa parecer uma idiotice, muitas indústrias se utilizam de animais para pesquisas que simplesmente dão nojo de tão inúteis. Dizer que podemos excluir os animais de todas elas, é ser tão hipócrita quanto um vegetariano que não deixa a vida no mundo civilizado, cheio de produtos a base de carne, e não vai viver numa ilha a base de verduras.
O que precisamos tanto no mundo religioso, civil e cientifico, é de menos exagero e mais consenso com a realidade que nos permeia. Quando as pessoas entenderem que a terra é um campo de passagem, não importa sua religião, ciência ou ateísmo, vaidade ou forma de consumir alimentos; e sim como podemos conviver com os outros seres que não pensam, mas nos servem como alimentos, oferendas ou cobaias. Talvez chegue um dia que as religiões estejam menos presas a seus passados originais e não utilizem mais os mesmos a suas divindades. Da mesma forma que a computação quântica possa no futuro classificar dados tão avançados, que façam o uso de cobaias tão necessárias quanto esfregar pedras para fazer fogo. Mas como dito, essas coisas demandam tempo, até lá, que o fundamentalismo de todas as esferas, quem sabe, sejam menos atuantes...
[1] Crença na existência de vários deuses, mas só um é venerado como deidade suprema, um exemplo simples seria Zeus, do panteão grego, ou Odim do panteão Viking.
[2] Aspectos relacionados ao Sacrifício de Animais (Udhia): O Normal no Ato do Sacrifício é que seja feito para as pessoas vivas, conforme feito pelo profeta Mohammed e seus companheiros onde faziam o sacrifício por eles e por seus familiares, ao contrário do que muitas pessoas pensam que é um ato exclusivo a ser dedicado para as pessoas mortas; sendo que o sacrifício para os mortos se divide em três categorias: - [1] Fazer o sacrifício para si e para os seus familiares vivos e dedicar também o mesmo para os familiares já mortos, conforme era feito pelo Profeta. -[2] Fazer o sacrifício para as pessoas mortas conforme suas recomendações e testamentos enquanto vivas, o que é confirmado pelo versículo do Alcorão sagrado (E quem o altera, após ouvi-lo, apenas , haverá pecado sobre os que alteram. Por certo, Allah é Oniouvinte, Onisciente). – [3] Fazer o sacrifício para os mortos de uma forma independente dos vivos, como uma boa ação, dessa forma é considerado válido, sendo que não foi constatado que o profeta Mohammed, fez o sacrifício especialmente e somente para os mortos, pois ele não fez ao seu tio Hamza, um dos mais próximos familiares a ele e nem pela suas esposa Khadija, e não foi constatado também que os companheiros do profeta fizeram isso durante a sua vida. Vale a pena ressaltar o erro que muitos muçulmanos fazem, sacrificar um animal pelo seu parente no mesmo ano que morre, sendo que esse sacrifício é exclusivo a ele, pois pensam que não é válido associar outras pessoas neste sacrifício, pois não sabem que é preferível fazer por si mesmo e por todos seus familiares, sendo assim a dedicação e o ato de adoração tem retorno para todos, tanto os vivos como os mortos. Proibições: Ao entrar no mês islâmico lunar Zil-hijjah, a pessoa que for executar o sacrifício do animal esta proíbida de: cortar o cabelo, cortar as unhas, ou remover algo de sua pele, até que termine de sacrificar, isto conforme narrado por Bukhari e Muslim, onde o profeta diz: (Se entrar nos dez dias de Zil-hijjah e quiser fazer o sacrifício, então não corte seus cabelos nem as suas unhas). Sendo que se a pessoa cometer essa falha, e cortar seu cabelo ou unhas de propósito, ela deve se arrepender e não voltar ao mesmo erro, e seu sacrifício continua válido ao contrário de que muitos acreditam, mas se o fizer sem perceber, ou sem saber que não é válido o seu sacrifício continua valendo. A regra pode ser quebrada caso haja necessidade tal como: cortar a unha por dor, ou cabelo muito comprido acima dos olhos, ou retirar pelos devido a uma ferida.
[3] Durante a semana de comemorações da páscoa judaica, foram iniciados nesta sexta-feira, os sacrifícios no monte do templo, algo que segundo os próprios judeus, não acontecia a quase 2000 anos. Seria este acontecimento, o cumprimento da profecia de Daniel 9:27? "Ele confirmará uma aliança com muitos por uma semana [sete anos], mas na metade da semana [três anos e meio, 42 meses ou 1.260 dias] fará cessar o sacrifício e a oferta de cereais."
[4] AXÒGÚN, que sacrifica para os orixás.
[5] Primeiro de tudo, vamos entender o que é veganismo e, para isso, vamos ver sua origem: o vegetarianismo. Não, os dois não são a mesma coisa.