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CONTOS DE TERROR: O TORTURADOR...

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Por David da Costa Coelho

Peter era da CIA, durante décadas ele foi enviado a países da América Latina, África, Ásia E Oriente Médio. Sua missão era simples, extrair confissões de prisioneiros que realmente tivessem valor, já que sobre tortura, muitas delas eram mentiras para impedir a dor, assim ele idealizou uma série de técnicas que forçariam seu alvo a contar o que desejava saber. Evidente que nesse processo ele tinha prazer pessoal, pois estava no controle, detinha o poder de vida e morte não só de seu interrogado, como de todas as pessoas que ele conhecia e se importava. Não bastando isso, ele tinha um motivo familiar para tal. Seu pai foi morto num campo de prisioneiros de guerra no Vietnam, sob tortura, o que lhe fez procurar a carreira da medicina e se qualificar em áreas que o tornaram um dos melhores espiões da agencia...
Durante a guerra do Iraque, ele teve acesso aos generais de alto escalão. O objetivo da agencia não era saber onde se encontravam mais rebeldes, e sim onde Saddam Hussein guardava os bilhões de dólares que não estavam em bancos na Europa ou nos EUA, completamente bloqueados. A agencia sabia que era algo em torno de 20 bilhões, espalhados em locais secretos desde a [1]1ª guerra do golfo, nos anos 1990, mas daquela vez não era interessante para os americanos retirar o ditador do poder. No entanto, essa agora era outra guerra e história, os EUA tinham que deter as reservas de petróleo para suas multinacionais, cobrindo muitos dos gastos da guerra, e lhe dando mais folego para o dólar, já que muitos países pretendiam comprar o ouro negro com outras moedas o que prejudicava os EUA...
O baralho com o rosto dos principais lideres do Iraque foi jogado como panfleto de aviões aos milhares, e as ricas recompensas por cada um daqueles homens fez com que todos os generais fossem pegos rapidamente. É claro que a imprensa não sabia que a CIA já tinha todos eles, a noticia que recebiam é que as buscas pelos graduados continuavam. Muitos desses líderes tinham suas famílias seguras na Europa, assim podiam ser torturados, mas de nada adiantaria, já que estavam dispostos a morrer pela sua fé; o islamismo, ou por sua ideologia. Mas eles desconheciam os tentáculos da CIA no mundo inteiro, sua falta de senso aos direitos humanos e acordos mundiais contra toda forma de tortura. No mito do patriotismo e segurança nacional, seja ela politica, econômica ou conspiratória, a agência e associados era superior a Nicolau Maquiavel ou Sun Tzu.
O primeiro paciente de Peter, Ismael Ibin Mohamad, era o 2º no comando de Saddam, além disso, era primo em primeiro grau dele, portanto sabia muitos segredos da nação. Mas como já esperado, sentia se intocável porque suas três esposas e filhos moravam na França, tinham dinheiro em contas na Suíça para viverem vidas dignas por três gerações. Portanto estava disposto a sofrer o que fosse, Allah sabia que nada sairia de sua boca. Os americanos iriam mata-lo de qualquer forma. Só que ele desconhecia as capacidades de seu algoz e torturador. Uma das suas especializações era a anestesia. E com ela, ele podia fazer o paciente não sentir nada, ou entrar numa técnica conhecida de perda de tempo e realidade.
Sem nada perguntar ao general, o militar foi anestesiado para ficar grogue, e depois exposto a imagens de sua família recém-filmadas na Europa. Suas esposas e filhos eram os personagens da tela, ele tinha dez ao todo. Sendo quatro mulheres. O menor de todos possuía 15 anos. As imagens vinham em fotos bem rápidas, e nos intervalos, imagens subliminares rápidas de corpos destruídos por torturas. Após esse processo, ele foi para segunda parte do processo, onde era sedado para sono profundo de dias, mas recebia estimulantes para acordar, em uma semana como prisioneiro, o general acreditava que já estava ali por meses. Dormindo e acordando por uma hora, alimentado apenas de soro com nutrientes básicos, seu corpo outrora forte e musculoso também sentiu a tortura psicológica e ele perdeu 30 quilos rapidamente, já que o local onde estava era frio...
Após uma semana, ele estava pronto para as perguntas, mas para o general, já estava ali há meses.

- Não tenho interesse em matar o senhor ou lhe causar dor física, desejo apenas que nos informe em quais mesquitas estão os dólares que estão destinados a comprar soldados e armamentos para uma resistência sem futuro. Causando mortes dos nossos soldados e refletindo em desastres à população civil. Se nos ajudar, um sósia seu será morto e ocupará seu lugar, e lhe deixaremos voltar paras suas mulheres e filhos em um de nossos aviões. O senhor, entretanto, continuará nos dando informações ao longo dos anos, mas poderá ser livre na Europa, desde que não se envolva mais com seu passado...

Mohamad riu daquela proposta, não havia nada a dizer para aqueles infiéis, além do mais, nada podiam fazer com sua família na Europa, e essa era a falha dos ocidentais, eles respeitavam as regras. A sua resposta foi cuspir no chão, com a arrogância de quem se acha ainda no poder, mesmo após perdê-lo. Suas contas na suíça, tinham 1 bilhão de dólares só para uma resistência em longo prazo, e se ele ficasse sumido por um ano - coisa que já se aproximava em sua mente – representantes fieis ao islã, tinham instruções para irem em determinados locais, abrir armários secretos e ter acesso a contas que permitiriam a [2]Jihad contra os infiéis..
Com sua calma e paciência tradicional, Peter recolocou o general em sua técnica anterior de sono e despertar, deu-lhe inúmeros diuréticos para que ao acordar ele tivesse que urinar, para reafirmar as horas dormindo, embora se passassem apenas meia hora, duas horas ou seis. Para evitar as caibras, o soro tinha muito potássio. Em uma semana o general emagreceu a ponto de ficar cadavérico. As sessões de cinema com sua família era a única coisa que o mantinham com sua fé. Mas algo mudou. Ele foi amordaçado, sentado nu em uma cadeira, vendo as cenas que jamais imaginou, seus filhos pegos pela CIA nas escolas, suas esposas também prisioneiras. Depois todo levadas amordaçados a um galpão com diversos homens com espadas.
Viu no filme o numero das contas bancarias que elas tinham acesso para sobreviver, bem como as respectivas senhas. Sabia que elas tinham sido torturadas para revelar aquilo. O medo agora não era mais por sua alma, e sim pelos seus filhos. Junto deles  havia mais três mulheres islâmicas com o mesmo numero de crianças. Então todos foram encapuzados, colocados para andar numa roda, com uma musica tocando, e quando ela parava. Um soldado pegava uma das mulheres, ele não sabia se era sua esposa, ou outra do grupo, pois a roupa era igual. Ela foi posta de joelhos. Seu pescoço decepado, e a cabeça caiu rolando. As lagrimas de dor e incerteza devastaram sua alma. O processo se refez até que só havia o mesmo numero de sua família, outras 13 pessoas estavam mortas no chão. Para ele, talvez sua família, e não os estranhos. Ao final eles foram sentados em cadeiras e suas mascaras retiradas, sua família estava salva, Allah é grande e misericordioso.
Peter sabia que o homem estava destruído na alma, no corpo, e no que restava de esperança. Era hora de receber seu premio:

- Como já lhe disse, não tenho nenhuma intenção de lhe causar dor física, o mesmo não posso dizer de meus superiores, sua família não foi massacrada porque ainda tenho esperança com você. A minha proposta continua a mesma. Aceite e poderá ter tudo que lhes foi tirado. Recuse, e desta vez não haverá mais ninguém para acompanhar naquele espetáculo nefasto. Eu tenho mulher e filho, e isso me deixou doente de ver. Senti sua dor, e sua incerteza.
Peter era um mestre na manipulação, e sabia que após um tempo, prisioneiros podiam adquirir afinidade com seu raptor e torturador, ainda mais se durante as conversas se colocasse também como personagem semelhante.

O general decidiu que não valia mais a pena continuar impondo sofrimento a sua família, era por eles que havia resistido a tudo para se mantiver fiel ao islã e a sua nação. Com um aceno de cabeça, ele concordou, mas estava fraco demais para poder falar. Acordou três dias depois mais forte após receber varias transfusões de sangue, e nutrientes no soro. Estava num lugar que era uma das antigas mansões do ditador, e para sua surpresa, suas esposas e filhos também estavam ali ao acordar. Embora o medo estivesse nos olhos de sua família, ele os tranquilizou porque faria tudo que os americanos desejavam; e em breve estariam todos livres, refazendo a vida na Europa. Sem jornais e revistas, apenas alimentos e livros sagrados, aos poucos ele estava pronto a indicar os locais onde estava a fortuna almejada.
Os locais indicados foram cercados por soldados, e agentes da CIA, cofres secretos em mesquitas e no deserto revelaram os bilhões de dólares. Como deviam dar algo aos abutres da imprensa e ao povo americano, para justificar a guerra ao terror, um bilhão de dólares foi entregue a coalizão e virou noticia no mundo inteiro. O presidente Bush não saia da TV, concedendo entrevistas e dizendo que todos do baralho seriam presos e condenados pelos seus crimes contra a humanidade. Evidente que nenhum repórter, exceto de redes árabes, perguntaram se o presidente americano também seria julgado porque milhares de iraquianos estavam sendo mortos por bombardeiros ‘cirúrgicos’ de aviões não tripulados e misseis lançados de navios a esmo.
Um sósia do general Ismael Ibin Mohamad, estava entre um grupo que foi morto num bombardeio, num dos redutos de insurgentes. Ao ver aquelas imagens, o general vivo e agora saudável com sua família, sabia que estava seguro. Ele tinha sido avisado que se revelasse todos os segredos, estaria salvo, afinal Peter era um homem de palavra. E até agora tudo havia sido cumprido. Ele entregou a conta secreta da suíça, e de posse dela, o dinheiro foi transferido para uma conta secreta da agencia, meses depois, mais 19 bilhões de dólares se juntaria no caixa da agencia. Essa era outra fonte de renda, retiravam de traficantes bandidos e de contas secretas de generais e ditadores de países dominados. A outra era o trafico de drogas, o Afeganistão era um local onde os americanos possuem uma plantação de opio e derivados que rendia muito dinheiro para agencias secretas.
Os imóveis da família na Europa foram vendidos, suas contas esvaziadas, na residência, toda família ganhou novos documentos oficiais, de acordo com eles, todos teriam nascido no Kuwait. Uma cirurgia plástica mudou a aparência do general. Ele agora se chamava Hassan al Hammad, um rico comerciante de uma importadora de produtos químicos. De general a informante e laranja da cia, sua missão, encontrar interessados no que ele vendia, armas químicas e biológicas. Papel que ele desempenhou por cinco anos, dando aos americanos conexões que lhes permitiram grandes sucessos estratégicos e políticos.
 Mas a CIA é uma agencia que não negocia com terroristas, após sugar tudo que o general sabia, ele é a família são enviados a uma viagem de negócios a Europa. Ficariam num hotel 5 estrelas em Paris. Sua família estava satisfeita de voltar a Europa após todo aquele sacrifício que  tinham sofrido.  Mas jamais chegariam lá. Ao entrarem no avião particular, a família foi dopada com sonífero na agua e bebidas. Em seguida foram levados ao deserto, receberam tiros na nuca, seus corpos foram dissolvidos em produtos químicos e jogados na areia para serem evaporados pelo sol. A ordem para a morte de todos veio de Peter, era sua politica particular jamais deixar um interrogado vivo, mesmo que tivesse que aguardar estrategicamente alguns anos para isso...








[1] Guerra ocorrida em 1991, contra o Iraque, para libertação do Kuwait, liderada pelos Estados Unidos, os aliados europeus e a Arábia Saudita. A crise teve início em 2 de agosto de 1990, quando o Iraque, sob a liderança do presidente Saddam Hussein, anexou o Kuwait com o objetivo de controlar as reservas petrolíferas. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) exigiu a retirada incondicional do Iraque até 15 de janeiro de 1991. Um exército composto por meio milhão de soldados, chefiado pelos Estados Unidos, lançou uma forte ofensiva terrestre, libertando o Kuwait em 27 de fevereiro. Em abril o Iraque aceitou o cessar fogo, porém sofreu duras sanções econômicas por não entregar seu armamento químico e bacteriológico.

[2] Jihad significa esforço, em árabe, e é utilizada para caracterizar qualquer esforço que tenha sido utilizado em alguma ação. O termo é muito utilizado pelos praticantes da religião muçulmana, mas também pode ser usado pelos que não são. Está presente no Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, pelo qual regem suas vidas, e consta também nas falas do Profeta Muhammad, que dividiu jihad em duas, a maior, que significa a luta da pessoa consigo mesmo, e a jihad menor, que é o esforço que os muçulmanos fazem para levar a religião islâmica para outras pessoas. Segundo o Corão, quem nela participar participará da felicidade no paraíso. O jihadismo é o conjunto de práticas do Jihad, que também é considerado "um esforço de acordo com Alá".
Guerra Santa: O Ocidente considera que Jihad é uma guerra, que tem o objetivo de transformar as pessoas em praticantes do islamismo e fazer com que eles pratiquem atentados e se tornem homens-bomba. Já os muçulmanos, dizem que essa é uma definição equivocada, que jihad não tem nada a ver com guerra, e sim no empenho que os praticantes devem ter em seguir a religião.

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